História Bringing to Reality - Palavras escondidas

Os poucos passos que teve de dar para entrar na casa de Hyunjin, foram os mais difíceis e travados que já deu em sua vida. Após o mesmo fechar a porta atrás de si, o guiou descendo três degraus do piso lustroso de madeira e seguiu para a sala bem espaçosa da casa.

 

Jeongin sentiu-se imediatamente envergonhado quando se deparou com três dos amigos de Hyunjin ali. Os garotos que riam e conversavam, enquanto faziam suas atividades, desviaram seus olhos para a entrada da sala, olhando diretamente para Jeongin que, também percebia eles lançarem olhares questionadores para Hyunjin ao seu lado.

 

A sala ficou tão silenciosa que Jeongin achava ser capaz de ouvir os passos de uma formiga se passasse por ali. Ninguém falava nada, e Jeongin não seria o primeiro a dizer. Hyunjin saiu do seu lado, dando alguns passos até o sofá e sentando-se no braço do mesmo.

 

― Pessoal esse é o Jeongin. Ele veio ter uma aula comigo hoje. ― disse Hyunjin. Jeongin o olhou confuso. Aula? Se questionou mentalmente.

 

― Ah, você não é aquele garoto que queria perder o bv? ― um garoto baixo e magro perguntou se aproximando, fazendo Jeongin arregalar os olhos e sentir seu espírito abandonar seu corpo. ― Eu sou o Han, mas pode me chamar de Jisung todos dois são meu nome mesmo. ― e soltou uma risada animada.

 

Jeongin continuava sério e paralisado, enquanto olhava para o tal de Jisung rindo como se tivesse ouvido a coisa mais engraçada do mundo.

 

― Jisung! ― Hyunjin disse alto e sério, fazendo o garoto o olhar confuso.

 

― Que foi? ― perguntou.

 

― Só cala a boca. ― mandou.

 

― Eu hein, só estou tentando ser simpático. ― se desculpou.

 

― Pois é melhor não tentar nada. ― continuou Hyunjin.

 

― Não liga pra ele Jeongin. ― disse o garoto de cabelos em um loiro alaranjado. ― Eu sou Félix. ― se apresentou sorrindo simpático.

 

Jeongin apenas forçou um pequeno sorriso, e não conseguiu falar nada. Sua garganta estava travada e só desejava que Hyunjin o tirasse imediatamente dali. Estar exposto daquela forma aos amigos dele, sendo que todos sabiam sobre ele querer perder o bv graças a Seungmin que, saiu perguntando para Deus e o mundo quem queria o beijar era muito vergonhoso. Também se sentia de certa forma humilhado, pois se lembrava muito bem de que ninguém o quis por o acharem feio e nerd.

 

― Aquele é o Changbin. ― continuou Félix, apontando para um garoto sentado à mesa e usando um notebook. Mas Jeongin não conseguia ver seu rosto direito, por causa do capuz preto que ele usava para cobrir metade de seu rosto.

 

― Changbin! ― Jisung exclamou alto indo até o garoto e tirando o capuz de sua cabeça, revelando os fones de ouvido. O tal Changbin o lançou um olhar mortal, antes de mandar Jisung pra puta que pariu.

 

― Não chama minha mãe de puta! ― gritou Jisung e dali em diante os dois começaram uma série de xingamentos contra o outro.

 

Félix seguiu rapidamente até os dois tentando parar com a discursão. Jeongin olhou para Hyunjin que observava tudo de braços cruzados, enquanto negava com a cabeça. O mesmo parecendo sentir que estava o observando, desviou seu olhar para Jeongin parado no meio da sala e levantou-se do sofá. Hyunjin percebeu que o mesmo estava incomodado e evitava o olhar, enquanto piscava os olhos algumas vezes.

 

― O que foi? ― perguntou desconfiado.

 

― Nada. ― disse baixo e a voz um pouco embargada o denunciou, fazendo Hyunjin tentar olhar em seus olhos.

 

― Você está bem? ― perguntou segurando em seu braço e o virando para si. Jeongin o olhou por um instante, mas logo desviou e Hyunjin pode ver seus olhos levemente avermelhados e um tanto quanto marejados.

 

Jeongin não respondeu, somente assentiu e Hyunjin suspirou alto começando a sentir sua cabeça doer. Seus três amigos não paravam de discutir e Jeongin não queria falar consigo, pois estava claramente magoado com algo que, já começava a desconfiar, fazendo sua consciência pesar.

 

― Silêncio! ― gritou irritado, assustando Jeongin e fazendo os três pararem com a discussão. ― Eu vou subir com o Jeongin e não quero ser incomodado. ― avisou aos três os olhando sério. ― Vem comigo. ― disse segurando no braço de Jeongin e o guiando para as escadas também de madeira.

 

― Boa aula pra vocês! ― Jisung desejou, e Jeongin entendeu muito bem o tom malicioso do garoto.

 

Definitivamente, não gostou nenhum pouco dele. Jisung parecia ser do tipo que falava e falava, soltando piadinhas sem se importar de estar ou não magoando alguém.

 

Changbin nem mesmo fez questão de olhar para si, somente se importava em estar em paz no seu mundinho e que se danasse o resto. Egoísta, não precisava de gente assim para amizade.

 

E Félix, bom, para si foi o único que pareceu realmente se importar consigo e ser simpático. De fato, acreditava que não tinha errado traçando um perfil para ele, Félix parecia ser legal.

 

Jeongin enquanto subia os degraus da escada com Hyunjin atrás de si, contava todos tentando se distrair. Sentia-se inseguro e ainda mais nervoso por desconfiar que estivesse indo para o quarto dele.

 

― Me desculpe por ter apresentado você a eles. Tinha esquecido do quão idiota eles são. ― disse Hyunjin.

 

― Ainda bem que sabe, e agora também sei porque você também é assim. ― respondeu sem o olhar.

 

― Acho que tem razão. ― concordou soltando uma leve risada.

 

Jeongin parou de subir os degraus e virou-se para Hyunjin que parou também, o olhando.

 

― Por que você concorda com as coisas que digo e mesmo assim não muda? ― perguntou de cenho franzido. ― Eu já chamei você de idiota e muitas outras coisas, mas você somente concorda e não faz nada.

 

― E o que quer que eu faça? Que mude assim que ouvir você, como se fosse uma voz de comando? ― perguntou debochado.

 

― Não é isso... ― começou, mas foi interrompido.

 

― Então é o quê? ― continuou se aproximando e o encarando de perto. Jeongin engoliu em seco. ― E se eu dissesse pra você se afastar de Seungmin, porque ele é um mentiroso e olha só, parece que também não sabe guardar segredos, porque saiu perguntando para os meus amigos quem deles podia tirar o seu bv assim, como se não fosse nada demais.

 

Jeongin queria empurrar Hyunjin escada abaixo porque ele tinha razão. Não era fácil, e mesmo sabendo que Seungmin estava mentindo e também não se importou em expô-lo daquela forma, não conseguiria se afastar dele tão facilmente, sua amizade com ele iria completar dois anos, tinha muita coisa envolvida, muitos momentos juntos.

 

Hyunjin ainda o encarava, esperando uma resposta, mas Jeongin não conseguiu o responder, e o mais alto percebendo que não teria uma resposta, apenas suspirou passando na frente e continuando a subir as escadas. Jeongin suspirou alto, voltando a seguir o outro, agora um pouco mais devagar, pois já sentia seu pé reclamar no lugar do corte.

 

Sabia que aquela conversa não seria fácil e já estava receoso com o que estava por vir, mas precisava se manter firme e ir até o final com aquela história. Controlar todos seus sentimentos era de grande importância, pois mais um vacilo daquele na frente de Hyunjin não conseguiria alcançar o que pensou em fazer desde o começo.

 

...

 

 

A última porta do final do corredor foi aberta e Hyunjin deu espaço para que Jeongin entrasse. E olhando mais uma vez para o maior ao seu lado, Jeongin entrou hesitante no quarto, juntando as mãos em frente ao corpo, enquanto observava curioso o novo espaço.

 

Quando parou no meio do quarto, ouviu Hyunjin fechar a porta e se virou, vendo o garoto se aproximar um pouco parecendo estar ansioso.

 

― Pode ficar a vontade. ― disse ele. Jeongin arqueou uma sobrancelha.

 

― Então eu posso pular na sua cama? ― perguntou e nem sabia por que estava tentando quebrar aquele clima tenso ali dentro.

 

― Não tão à vontade assim. ― respondeu ele querendo sorrir, mas voltou a ficar sério.

 

Jeongin estava completamente sem jeito, por estar ali no quarto de Hyunjin, ainda mais pelo mesmo não falar nada. Somente se olhavam esperando um falar algo, então logo desviavam observando o quarto. Uma agonia e ansiedade subiam por seu peito e Jeongin estava disposto até a ouvir alguma piada de mau gosto vinda de Hyunjin, só não queria mais ficar naquele silêncio sufocante.

 

O quarto de Hyunjin era menos organizado que o seu. Tinha alguns livros sobre a cama, toalha em cima da cadeira, escrivaninha com muitos papéis espalhados, sapatos jogados pelos cantos, sem falar no lençol da cama todo bagunçado.

 

― Eu passo pouco tempo aqui, por isso está sempre essa zona. ― explicou ele, quando percebeu seu olhar avaliador sobre o lugar.

 

― E os seus pais? ― perguntou. Se ele não ficava muito no quarto, então tinha que ter alguém que limpasse pra ele.

 

― Meus pais moram em Los Angeles. ― disse fazendo Jeongin o olhar surpreso.

 

― Você mora sozinho aqui? ― quis saber.

 

― Não, quer dizer, no começo sim, mas depois que conheci aqueles três e Minho, eles vieram morar aqui, pagando aluguel, claro. ― disse e Jeongin assentiu.

 

― Então vocês não são exatamente amigos, mas apenas colegas que dividem a casa. ― concluiu e Hyunjin negou com a cabeça.

 

― Nos tornamos amigos com a longa convivência. ― explicou.

 

― Mas por que seus pais não moram com você? ― perguntou curioso e Hyunjin sorriu de lodo.

 

― Você faz perguntas demais Jeongin. ― começou enquanto se aproximava. ― E que eu saiba, você só tem direito a uma e nem é sobre minha família.

 

Jeongin bufou frustrado, Hyunjin sempre fazia aquilo, o deixava perguntar sobre várias coisas e depois quando ficava muito envolvido no assunto, o mesmo o cortava, lembrando que não era sobre aquilo que tinham que conversar.

 

― Se você não quisesse responder, teria me interrompido desde o começo. ― rebateu, enquanto cruzava os braços quando Hyunjin parou em sua frente.

 

― Será que devemos fazer um novo acordo então? ― sugeriu ele arqueando uma sobrancelha e dando passos cautelosos em sua direção, fazendo Jeongin dar alguns para trás em alerta.

 

― De acordos com você eu quero é distância. ― disse e Hyunjin prendeu uma risada quando Jeongin esbarrou com a escrivaninha atrás de si, ficando sem saída.

 

O mais alto tinha um sorrisinho arteiro no canto dos lábios e Jeongin tinha a impressão de que o quarto tinha esquentado, o fazendo sentir vontade de levantar a mão e abanar seu rosto.

 

Quando Hyunjin fez menção de dizer algo, ouviram o som de gritos e até algo se quebrando no andar debaixo. Jeongin viu a expressão de Hyunjin ficar irritada e se perguntou se ele sempre tinha que lidar com as brigas dos amigos.

 

― Volto daqui a pouco. ― o avisou, antes de se afastar e abrir a porta do quarto saindo rapidamente.

 

Jeongin respirou fundo, soltando a respiração que nem tinha percebido estar prendendo. Só podia estar querendo morrer mesmo. E era tudo culpa de Hyunjin, ele que o deixava daquele jeito, roubava todo seu espaço o deixando até com dificuldade em respirar.

 

Idiota. Pensou.

 

Jeongin aproveitando que Hyunjin não estava observou melhor os detalhes do quarto dele. Os lençóis da cama eram todos em cores frias, em tons de branco e cinza e, estava uma completa bagunça, sinal de que Hyunjin não arrumava a cama quando levantava.

 

O quarto era bem claro, com as paredes em tom pastel, e os móveis e piso de madeira, deixando tudo bem natural. A sua direito tinha uma janela grande, a mesma estava aberta e a cortina fina e branca puxada para o lado, o dando a vista do pequeno jardim ― esse muito bem cuidado e verde ― deixando uma sensação de calmaria se espalhar pelo quarto.

 

Havia alguns pôsteres colados na parede perto da porta, e mesmo não conhecendo muito sobre aquilo, tinha certeza que era de dançarinos famosos, pois os movimentos em que foram capturados nas fotos, o fazia pensar em pessoas que dançavam muito bem.

 

Virou-se de frente a escrivaninha onde antes estava encostado e observou melhor a bagunça ali em cima. Tinha o notebook, livros, folhas de um papel que desconhecia e algumas revistas que de novo destacava pessoas executando alguns passos de dança, mas, o que lhe chamou mais atenção foi o porta-retratos que estava quase escondido por trás das várias folhas ali. Jeongin pegou o mesmo fazendo com que algumas folhas caíssem, e observou a foto. Na mesma, Hyunjin parecia mais jovem, e estava entre um homem e uma mulher, provavelmente seus pais.

 

O garoto sorria muito e abertamente, ao ponto de seus olhos ficarem completamente fechados. De fato, pareciam muito felizes, e só reforçava o que tinha se questionado ainda pouco, sobre o porquê de Hyunjin não morar com os pais.

 

Deixando o porta-retratos no lugar, juntou as folhas que tinham caído e arqueou uma sobrancelha enquanto as olhava atentamente. Eram desenhos e muito bem feitos de casas, quartos, prédios, reconheceu do próprio quarto dele e da lateral da casa do vizinho ― essa que estava olhando enquanto comparava com o desenho.

 

Jeongin estava impressionado, Hyunjin desenhava tudo perfeitamente, sem deixar um detalhe sequer passar despercebido. E outro que lhe chamou bastante atenção, foi da fachada de sua escola, incluindo até as árvores altas ao redor e os jardins. Sorriu pequeno observando os detalhes, parecia que ele tinha desenhado o modelo e logo depois entregado para um engenheiro tomar as devidas providências para a construção da mesma.

 

― O que está fazendo? ― Jeongin largou imediatamente as folhas que segurava para colocar as mãos no peito, tamanho susto que levou. ― Foi só eu sair pra você aproveitar e mexer nas minhas coisas, não é? ― perguntou Hyunjin de braços cruzados. Jeongin se virou para ele inflando as bochechas, irritado.

 

― Céus, você quer me matar do coração? ― perguntou tentando controlar a respiração. ― E eu não estava mexendo em nada, você que deixa suas coisas todas jogadas por aí. ― continuou, enquanto se abaixava para juntar as folhas que tinha derrubado.

 

― Não é porque deixo tudo espalhado que você tem o direito de sair pegando tudo. ― disse ele se aproximando, fazendo Jeongin se afastar para o lado, enquanto observava o maior juntar todos os desenhos rapidamente, também não se esquecendo de pegar os que segurava.

 

― Me desculpe então! ― disse irritado. Eram apenas desenhos, não entendia porque ele parecia tão nervoso.

 

Depois de observar Hyunjin organizar todas as folhas em um monte e guardar dentro de uma gaveta, Jeongin ainda viu uma folha no chão, perto da cama. Não pensou duas vezes e foi até a mesma pegando rapidamente antes que Hyunjin visse.

 

― Você desenha muito bem, por que não gosta que vejam seus desenhos? ― perguntou analisando a própria fachada da casa dele desenhada.

 

― Porque não. ― respondeu ele indo até Jeongin para arrancar a folha de sua mão, mas o mesmo não deixou, afastando à mesma e escondendo atrás de suas costas.

 

― "Porque não" não é a resposta. ― disse fazendo Hyunjin suspirar alto.

 

― Você escreve muito bem, por que ainda não terminou sua história? ― devolveu ele com outra pergunta, pegando Jeongin desprevenido.

 

― Você leu...? Como? ― perguntou nervoso e Hyunjin aproveitou para puxar a folha de sua mão amassando. ― Como descobriu? ― quis saber, mas o Hwang apenas sorriu debochado. Não tinha como Hyunjin saber, pois nunca disse para ninguém o site em que postava, nem Seungmin sabia. ― Fala logo!

 

― Por que está nervoso Jeongin? Se posta é para que todos leem. ― disse e Jeongin sentiu vontade de voar no pescoço dele e o estrangular. ― Tenho meus meios de descobrir.

 

 ― Você não deveria ter lido! ― disse irritado. Não gostava que ninguém que o conhecia pessoalmente lesse suas histórias.

 

― E por quê? ― perguntou ele arqueando uma sobrancelha.

 

― Porque não! ― cruzou os braços.

 

― "Porque não" não é a resposta. ― respondeu da mesma forma em que tinha feito há alguns minutos.

 

Jeongin o deu as costas, enquanto mordia o lábio inferior descontando sua raiva ali. Hyunjin era tão... Argh, nem sabia descrever. Apenas sabia que ele o deixava com muita raiva ao ponto de fazê-lo tremer. Ele planejou tudo, fingindo-se de vítima, não querendo que visse seus desenhos, apenas para aproveitar o momento certo e tocar no assunto de suas histórias.

 

― Pensei que já tinha escrito sobre o beijo dos personagens. Não foi por causa disso que aceitou me beijar? ― dizia atrás de si, e Jeongin teve a impressão de que ele se aproximou ainda mais. ― O que foi, o beijo que te dei não foi o bastante?

 

Parecia que seu cérebro retumbava junto às batidas de seu coração. Começava a se sentir confuso e não entendia como o assunto sobre desenhos foi mudar tão rápido para o beijo. Que raiva sentia de Hyunjin! Por que ele tinha que o lembrar? Sabia que era sobre os personagens, mas ele não precisava tocar naquele assunto, pois sua mente traiçoeira logo o fazia se lembrar imediatamente do dia em que se beijaram.

 

Respirou fundo e tentou se acalmar, enquanto voltava a se virar ficando de frente pra ele.

 

― Eu me enganei, pensei que conseguiria escrever, mas ainda não sei... Talvez seja apenas um bloqueio mesmo. ― tentou explicar.

 

― Talvez você não esteja mais tão envolvido com os personagens. ― disse e Jeongin o encarou.

 

― O que quer dizer? ― perguntou. Sabia muito bem o que era, mas queria ouvir do próprio Hyunjin.

 

― Que tudo continua igual, os personagens, o que eles sentem e o momento do beijo. O problema é você que se desligou deles, e não consegue mais lembrar como eles se sentem. ― disse ele e Jeongin desviou os olhos, pensativo.

 

As palavras de Hyunjin pareciam fazer sentido em sua cabeça. Quando abria o documento e lia sobre as últimas falas e a descrição do momento, não conseguia sentir-se tão envolvido como antes, quando parecia sentir de verdade o que eles sentem um pelo outro. Agora parecia apenas um leitor, que lia tudo com olhos simples e não com os olhos de antes, onde via muito mais do que estava apenas ali escrito.

 

― De qualquer forma, não foi pra falar disso que eu vim aqui. ― disse desviando do assunto.

 

Hyunjin concordou e se afastou, indo até sua cama e sentando-se na mesma. O mesmo apontou para seu lado e Jeongin franziu o cenho, sabendo muito bem que aquilo não se tratava de nenhum gesto educado ou gentil, mas sim de uma provocação, pois tinha certeza que Hyunjin sabia que não aceitaria se sentar naquela cama, muito menos ao lado dele. Por isso, foi até a escrivaninha sentando-se na cadeira, vendo Hyunjin sorrir de lado enquanto negava com a cabeça.

 

― Então, o que quer saber, lembrando que é sua última pergunta. ― disse Hyunjin.

 

― Queria entender muitas coisas, por isso, espero que me responda sinceramente, sem esconder nada. ― pediu.

 

― Estou ouvindo. ― disse o encarando atentamente, mas com uma sombra de impaciência em sua expressão.

 

Jeongin olhou para seus dedos em seu colo ainda em dúvida se deveria perguntar aquilo. De todas as outras perguntas que preparou, uma não conseguia sair de sua cabeça. E de todas as informações que ficou sabendo, que ele não tinha enganado Seungmin, e de certa forma foi até sincero, deixando claro que não correspondia aos sentimentos do amigo, Hyunjin não lhe parecia ter sido tão ruim e desprezível como o amigo falava.

 

Mas agora, lembrando-se das conversas com Seungmin, Jeongin percebeu um ponto em que o amigo sempre fazia questão de tocar. Jeongin achava que era nele que Seungmin concentrava mais sua raiva e mágoa, e queria muito saber o que Hyunjin teria a falar sobre.

 

― Hyunjin, eu entendo que você ficou com Seungmin, mas não tinha intenção de ter algo sério, como um namoro. ― começou e o outro arqueou uma sobrancelha. ― Só que isso não era motivo pra parar de falar com ele e deixar de serem amigos.

 

― Eu tentei falar com ele. ― disse e Jeongin o olhou sério.

 

― Não foi isso que Seungmin disse. ― respondeu e Hyunjin franziu o cenho. ― Você nem falou com ele no dia seguinte, na verdade, fingiu que ele nem existia, e finge até hoje. ― disse inconformado.

 

De tudo que soube até ali, aquela era a parte em que Jeongin ficava mais irritado. Tudo bem não querer ficar com uma pessoa porque não pode corresponder aos sentimentos dela, mas fora aquilo, Hyunjin e Seungmin tinham uma amizade, eles deveriam ter considerado pelo menos aquilo.

 

― Jeongin... ― começou, mas foi interrompido.

 

― Eu quero saber por que você não falou mais com ele, sendo que vocês eram amigos. Por que fingiu que nada aconteceu e simplesmente o ignorou? ― perguntou.

 

― Como eu disse, eu tentei falar com ele, o Seungmin que não quis. ― disse parecendo estar frustrado.

 

― Você nem ao menos o olhou, como tentou falar com ele? ― perguntou confuso.

 

― No outro dia eu fui procurar ele antes das aulas iniciarem, mas a Momo me encontrou antes e disse que Seungmin não queria nunca mais olhar na minha cara. Então eu não insisti, se ele não queria mais ser meu amigo o problema era dele.

 

― Quer dizer que você... Não, espera! ― disse confuso e se levantando.

 

― A amizade pra mim está acima de qualquer lance, e eu queria explicar pra ele para continuarmos como amigos, mas ele não quis saber de conversar. ― continuou pensativo.

 

Jeongin sentia uma agitação estranha dentro de si, e sua respiração acelerava conforme sua mente encaixava as peças. Como assim Hyunjin tentou falar com Seungmin? Se lembrava bem de que seu amigo disse que ele agiu como se nem tivessem se conhecido. E Momo tinha falado com Seungmin antes? Não, tinha algo errado, Seungmin não faria aquilo, ele provavelmente tentaria conversar com Hyunjin e acertar as coisas, como ele esperou pra fazer, mas com certeza Momo já tinha falado com Hyunjin antes, o fazendo pensar que Seungmin estava com raiva e não quisesse ser mais seu amigo, resultando no afastamento e os dois pensando mal um do outro.

 

Sorriu incrédulo e indignado. Não conhecia Momo, e não gostava de julgar ninguém sem provas, mas tudo indicava que ali tinha dedo dela no meio. Se fosse como estava pensando, Momo fez com que Seungmin e Hyunjin se afastassem, sem nem ter chances de conversarem antes.

 

― O que foi? ― ouviu Hyunjin perguntar, o tirando de seus devaneios.

 

Jeongin o encarou, vendo o mesmo levantar da cama e se aproximar, parando em sua frente.

 

― Hyunjin, você deveria ter conversado com ele. ― disse e o mesmo bufou frustrado enquanto revirava os olhos.

 

― Eu não sou de ficar insistindo nas coisas Jeongin. ― disse.

 

― E você simplesmente acreditou de olhos fechados no que a Momo disse? ― perguntou cruzando os braços.

 

― Ela é minha amiga, e era de Seungmin também. ― disse analisando seu rosto. ― O que está insinuando? ― perguntou desconfiado.

 

― Que ela mentiu pra você. ― disse vendo Hyunjin forçar um rápido sorriso, enquanto se afastava passando a mão pelo cabelo.

 

― Eu a conheci muito antes de Seungmin, a Momo não teria motivos pra fazer isso. ― disse não querendo acreditar.

 

― Eu não a conheço, mas pelo que vi ela gosta muito de você, isso já é o bastante para ela ter seus motivos. ― disse desviando os olhos para a porta, quando Hyunjin voltou a lhe olhar de cenho franzido. Seu coração sempre ficava inquieto e sua mente não ajudava em nada quando os via juntos. O nível de intimidade parecia bem elevado, e Momo não escondia o quanto gostava de Hyunjin. ― E o que você acabou de dizer não bate com o que Seungmin me disse.

 

Hyunjin ficou sério e voltou a se aproximar ainda mais, o fazendo dar um passo para trás, mas forçando a se manter firme.

 

― E quem garante que ele não mentiu pra você de novo? ― perguntou fazendo seu olhar vacilar. ― Você sabe que ele queria me prejudicar, ele pode ter inventado.

 

Jeongin já estava ficando cansado de toda aquela conversa que, tinha certeza que não demoraria a virar uma discussão. Hyunjin era amigo de Momo, e acreditava nela. E ele era amigo de Seungmin, e é claro que acreditava nele, mesmo após descobrir sobre o que ele lhe escondia. E o que o fazia ter certeza que Seungmin o disse a verdade, sobre Hyunjin não ter ido falar com ele, era a mágoa em seus olhos. O ponto que o fez ter toda aquela raiva guardada por ele, era justamente por achar que Hyunjin fez pouco caso, que não se importou nem em reatar a amizade, apenas seguiu em frente.

 

― E se por acaso a gente fosse amigos, mas nos desentendesse, e a Momo chegasse pra você, e dissesse que eu tinha falado que não queria conversar, que nossa amizade tinha acabado... O que você faria? ― o questionou, olhando bem em seus olhos. Era apenas uma suposição, mas por algum motivo que não sabia, queria saber de verdade se ele apenas acreditaria nas palavras da loira, sem se importar em ouvir sua versão.

 

― Isso é diferente, não somos amigos. ― disse ele se afastando e indo até a cama se sentando. Jeongin sentiu como se agulhas finas perfurassem seu coração, o fazendo morder o canto da bochecha esquerda dentro da boca.

 

― Então apenas acreditaria nela, não iria querer ouvir minha versão? ― perguntou baixo, sentindo sua bochecha doer.

 

― Eu não sei, depende... ― disse dando de ombros.

 

Jeongin controlava o máximo sua respiração que, queria ficar desregulada, tamanha vontade de gritar tudo que tinha vontade de dizer pra ele.

 

― Depende de que Hyunjin? ― perguntou cansado. Que grande motivo o faria querer ouvir sua versão? Para Jeongin, não precisaria de um, iria querer falar cara a cara com ele e não decidir por causa do que outra pessoa disse.

 

Vendo que o mesmo somente o olhava, Jeongin suspirou vencido e negou com cabeça, começando a caminhar em direção à porta, mas quando tentou abrir a mesma, não conseguiu, pois estava trancada.

 

― Aonde vai? ― ouviu Hyunjin perguntar ainda da cama.

 

― Embora, já terminei por aqui. ― disse o olhando.

 

Hyunjin o encarou sério e Jeongin devolveu o olhar, ainda com a mão no trinco da porta, esperando que ele abrisse a mesma.

 

― Ainda não. ― disse o maior.

 

― Não quero saber de mais nada, pra mim já ficou tudo esclarecido. ― disse irritado. ― E agora você pode ficar tranquilo, porque não vai mais ser torturado com minha presença. Não era isso que você queria? ― perguntou.

 

Hyunjin soltou uma risada forçada, enquanto se levantava da cama, dando alguns passos em direção a Jeongin com o semblante voltando a ficar sério.

 

― Eu fico em dúvida se essa esperteza toda sua te deixa lerdo para outras coisas, ou se você simplesmente se finge. ― disse e Jeongin ficou confuso. ― Essa conversa ainda está longe de terminar Jeongin. Você sabe por quê?

 

― Não. ― disse desviando os olhos para a cama atrás dele. ― E também não quero saber, suas respostas já foram o suficiente para concluir tudo.

 

― Pois agora sou eu que quero tirar uma dúvida, e algo me diz que você tem uma mínima ideia do que possa ser, já que não consegue nem me olhar. ― disse fazendo Jeongin o olhar imediatamente.

 

Jeongin sentia todo seu sistema nervoso entrar em alerta, fazendo sua mão tremer levemente sobre o trinco da porta ― esse que segurava com força, descontando todo o nervosismo que sentia ali. Hyunjin o encarava sem pudor nenhum, enquanto se aproximava ainda mais, de forma cautelosa, como se medisse todos os passos que dava.

 

Jeongin pressentia que aquilo era perigoso, e que precisava sair dali, precisava sair da mira daqueles olhos que, pareciam saber exatamente o que estava pensando. E quando Hyunjin parou próximo a si, bem em sua frente, Jeongin já estava prestes a se fundir com a porta.

 

― Digamos que eu errei e que não deveria ter ouvido Momo, e que por culpa dela Seungmin pensa que sou um imbecil. Mas, que diferença vai fazer, já passou. ― disse e Jeongin relaxou um pouco, pensando sobre aquilo.

 

― Quando eu decidi te perguntar sobre tudo isso, foi na intenção de poder ajudar ele de alguma forma, mas agora eu sei que o único que pode fazer isso é você. ― concluiu o olhando sincero. ― Você deve conversar com ele Hyunjin, explicar o que aconteceu, ele vai entender, e não vai mais carregar essa raiva que só faz mal a ele.

 

― Você realmente se importa com ele. ― disse baixo o olhando sério. Jeongin assentiu. ― Eu falo com ele. ― disse fazendo Jeongin arregalar os olhos levemente.

 

― Sério? ― perguntou com um sorriso querendo aparecer.

 

― Sim, vou me desculpar e explicar tudo que aconteceu. Também vou falar com Momo e saber se realmente Seungmin disse aquilo. ― disse analisando o rosto feliz do garoto em sua frente. ― Mas com uma condição.

 

Jeongin piscou confuso, enquanto o sorriso pequeno que tinha aparecido morria aos poucos. É claro, já deveria ter desconfiado que não fosse tão fácil assim.

 

― Você não pode ter uma simples conversa sem querer algo em troca? Isso é por você e Seungmin. ― disse indignado.

 

― Eu sei, mas eu também quero saber algo de você. ― disse e Jeongin suspirou agoniado com uma ansiedade que só crescia.

 

― Então o que é? ― perguntou impaciente.

 

― Você tem que dizer primeiro sim ou não. ― disse deixando Jeongin mais confuso.

 

― Sim. ― disse rápido. Seja lá o que fosse não perderia a oportunidade de fazer com que Hyunjin conversasse com Seungmin.

 

O encarou, esperando ansioso por alguma pergunta ou acordo que ele proporia, mas Hyunjin ficou calado, permanecendo apenas o olhando de volta, e quando percebeu seu olhar mudar para um mais intenso, desviando de seus olhos para sua boca, Jeongin congelou engolindo em seco.

 

A mão direita dele pousou ao lado de seu rosto, fazendo uma leve caricia com o polegar e desceu até o canto de sua boca, onde fez o contorno de seu lábio inferior.

 

Jeongin tinha seus olhos levemente arregalados, presos nos de Hyunjin que, estava ocupado, enquanto acompanhava cada toque que deixava no rosto alvo do garoto encurralado entre ele e a porta.

 

E quando a mão saiu de seu rosto para segurar em sua nuca de maneira firme, Jeongin arrepiou-se naquela região sentindo seu coração falhar algumas batidas, enquanto Hyunjin se apressava em quebrar a distância entre seus corpos e rostos, encostando suas testas e fazendo Jeongin semicerrar os olhos, enquanto levava as duas mãos para o abdômen dele, impedindo qualquer outra aproximação.

 

― Hyunjin... ― sussurrou, e era pra sair em forma de questionamento, repreensão, nem sabia, só não era pra ser tão fraco daquela forma.

 

Hyunjin o encarou e Jeongin viu o quanto suas pupilas estavam dilatadas, indicando o desejo que sentia. Desviou os olhos, envergonhado, sentindo seu rosto muito quente, aliás, não só seu rosto, mas todo seu corpo, como se estivesse com febre.

 

― O que disse? ― sussurrou ele.

 

― Hum? ― murmurou confuso, mas sem voz para questionar ou coragem de o olhar.

 

― Você disse sim. ― sussurrou contra seus lábios os fazendo entreabri-los.

 

Jeongin tinha sua respiração pesada e sentia ainda mais dificuldade em respirar com a de Hyunjin indo de encontro a sua. Fechou os olhos, quando o sentiu segurar em seu queixo e levantar seu rosto. Logo em seguida, suas mãos foram tiradas do abdômen dele e sua cintura foi enlaçada, colando seus corpos. Jeongin segurou hesitante nos braços do maior, quando sentiu os lábios dele sobre os seus.

 

Não conseguia pensar em nada, sua mente antes tão tumultuada de pensamentos atropelando outros pensamentos, evaporou tudo que continha ali, focando-se apenas em sentir aqueles lábios macios sobre os seus.

 

Jeongin soltou a respiração quando Hyunjin separou seus lábios daquele selinho forte.

 

Não sabia o que estava fazendo, não sabia por que Hyunjin o tinha beijado, não sabia por que tinha gostado e também, não sabia por que seus lábios ainda formigavam querendo mais.

 

Ao contrário do que pensava Hyunjin não se afastou, e continuou com as mãos em sua cintura e suas testas coladas.

 

Jeongin abriu aos poucos seus olhos, vendo os do maior encarando seus lábios. Algo dentro de seu peito pareceu crescer o dando a sensação de que iria explodir e nem sabia de quê. Seu coração batia tão apressado, e admitia que estava com medo, medo de todas aquelas sensações que pareciam lhe sufocar.

 

― Por quê...? ― sussurrou confuso.

 

Hyunjin o olhou por um instante, mas não respondeu, apenas voltou a olhar para seus lábios, se aproximando de novo e os encostando, pegando Jeongin de surpresa quando puxou seu lábio inferior lentamente, para logo o soltar.

 

Jeongin o encarou, olhando no fundo daqueles olhos escuros, onde um brilho bonito parecia lhe atrair igual imã. Hyunjin não o respondia, mas parecia querer dizer algo através de seu olhar, enquanto se aproximava algumas vezes, fazendo menção de novamente o beijar, mas sempre desviando no momento e parando no canto de seus lábios, acabando por deixar Jeongin de certa forma frustrado e ansioso.

 

Não aguentando mais aquela provocação, levou uma de suas mãos até a nuca dele e o puxou para si, selando os lábios dele com os seus. E como se apenas estivesse esperando por aquilo, Hyunjin o segurou com força o puxando contra si, fazendo um gemido de surpresa escapar por entre os lábios de Jeongin, e logo sentir a língua do maior pedindo passagem, esta que foi concedida.

 

Quando teve sua língua tocada pela do outro, Jeongin não conseguiu controlar um arrepio descer por sua coluna. Não sabia como descrever aquilo, era a primeira vez tendo um beijo profundo! Não deixava de ser estranho para si nos primeiros segundos, mas por outro lado, também não deixava de ser intenso. E mesmo com Hyunjin o beijando devagar, com uma de suas mãos ao lado de seu rosto, o guiando, Jeongin estava receoso, mas não deixava de tentar o acompanhar, mesmo que de uma forma meio atrapalhada.

 

Hyunjin o empurrou devagar para trás, fazendo o menor novamente se encostar-se à porta, e Jeongin levou sua outra mão ao lado do pescoço dele, o afastando.

 

Os dois garotos se encararam, tentando controlar suas respirações ofegantes, ao mesmo tempo em que buscavam por ar.

 

― Como você não percebe, hein? ― Hyunjin perguntou baixo.

 

― O quê? ― murmurou Jeongin, ainda extasiado, voltando a fechar os olhos quando Hyunjin passou a deixar alguns beijos por seu rosto seguindo até o pé de seu ouvido.

 

― Eu gosto de você. ― sussurrou ali, fazendo Jeongin se encolher um pouco.

 

Pelos céus, seu coração faria um buraco em seu peito, tinha certeza. Nem conseguia abrir os olhos, não tinha coragem de encarar Hyunjin, não depois do que ele disse.

 

― Eu não consigo parar de pensar em você, desde que nos beijamos àquele dia. ― confessou ele, segurando no queixo de Jeongin e o erguendo. ― Eu sei que também sente o mesmo. ― continuou, fazendo o menor abrir os olhos rapidamente. ― Pensa que não percebi a forma em que me olha, ou como fica nervoso perto de mim e, às vezes, perde até a fala...

 

Jeongin sentia-se um livro aberto, onde alguém o lia sem dificuldade nenhuma. Não conseguia falar nada, definitivamente, sua voz foi parar em algum lugar desconhecido dentro de si. E o que lhe deixava mais atônito, era que concordava mentalmente com o que ele dizia, só tinha medo de admitir para si mesmo que o motivo de pensar tanto naquele garoto, era porque estava gostando dele.

 

― E-eu... Eu também não paro de pensar em você... ― soltou, não aguentando mais esconder aquilo até de si mesmo.

 

Um sorriso foi crescendo no canto dos lábios de Hyunjin, e o mesmo não demorou nem mais um segundo para segurar seu rosto com as duas mãos, voltando a tomar seus lábios com os dele. Jeongin envolveu seus braços no pescoço dele, buscando algum apoio, mesmo que estivesse sendo pressionado contra a porta atrás de si.

 

Hyunjin sugava seus lábios com força, e tocava suas línguas ainda de forma tímida, sabendo que ainda sentia-se hesitante em beijar daquela forma. E Jeongin sentia-se tão extasiado, que não se importaria em morrer sem ar, pela forma intensa em que Hyunjin o beijava, roubando rapidamente o pouco fôlego que lhe restava.

 

Contudo, o beijo assim como foi iniciado de forma rápida, também foi terminado, quando batidas na porta atrás de Jeongin os assustou, fazendo-os se separar. Jeongin olhou para Hyunjin assustado ― esse que tinha uma expressão nada boa.

 

― Oh Hyunjin! ― puderam ouvir logo em seguida a voz de Jisung, fazendo Hyunjin fechar os olhos e respirar fundo.

 

― O que você quer Jisung? ― perguntou ele, controlando a voz.

 

― Eu sei que você disse que não queria ser incomodado, mas é que o Chan está aí e quer falar com você. ― avisou e Jeongin franziu o cenho. Chan? Será mais um dos amigos de Hyunjin? Pensava.

 

― Diz pra ele que já vou descer. ― disse e Jisung somente concordou com um murmúrio.

 

Quando ouviu os passos de Jisung se afastando, voltou a olhar para Jeongin que o encarava de forma curiosa.

 

― Quem é Chan? ― perguntou baixo. Hyunjin apenas sorriu de lado.

 

― Você logo vai saber. ― disse.

 

Jeongin desviou o olhar, o empurrando levemente e saindo dos braços dele. De costas para Hyunjin, pressionou os lábios um no outro, pensando rapidamente em algo para dizer.

 

― Não pense que você vai fugir. ― disse Hyunjin e jeongin virou-se para ele. ― A nossa conversa ainda não terminou. ― disse se aproximando, mas Jeongin desviou dele, parando perto da porta.

 

― Eu tenho que ir. ― disse. Não era o que queria dizer, após aquelas revelações de sua parte e de Hyunjin, principalmente dos beijos, mas sua mente parecia tão bagunçada, e seu coração não tinha mais forças para bater desenfreado, como fazia já alguns minutos.

 

Hyunjin o encarou por alguns segundos, mas logo concordou. Jeongin suspirou aliviado, e o maior o segurou pelo braço, abrindo a porta e o guindo pelo corredor. O caminho de volta até a sala foi rápido, mas também estranho. Jeongin lembrava-se de ter subido até ali quase discutindo com o outro, e agora, voltavam sem dizer nada, apenas se olhando de vez em quando, com sorrisos querendo aparecer.

 

Quando chegaram até a sala, os amigos de Hyunjin os olharam curiosos, e Jeongin se surpreendeu com a presença de Christopher ali. Espera! Quer dizer que ele é o tal de Chan? Se perguntou mentalmente.

 

― Hyunjin. ― disse ele sorrindo, enquanto se levantava do sofá e se aproximava. ― Jeongin? Nossa não esperava encontrar você por aqui. ― disse surpreso.

 

― Oi, Christopher. ― disse hesitante, afinal, aquele era o nome dele mesmo?

 

― Jeongin estava tendo aulas com o Hyunjin. ― disse Jisung animado.

 

Christopher apenas arqueou as sobrancelhas, sem dizer nada, enquanto olhava para Hyunjin ― esse que saiu do lado de Jeongin, voltando a sentar no braço do sofá.

 

― Legal, depois quero ver como você está se saindo. ― disse o platinado a Jeongin que, só ficou ainda mais confuso e morrendo de medo de alguém perguntar algo relacionado às aulas que nunca existiram.

 

― Ele está se saindo bem, não é, Jeongin? ― Hyunjin o perguntou e Jeongin captou um tom de provocação ali, sabendo muito bem que ele estava se referindo a outra coisa.

 

― Claro. ― disse e sorriu forçado. E quando seus olhos miraram o relógio pequeno em cima da mesinha, só faltou cair duro ali. ― E-eu tenho que ir. ― gaguejou querendo se teletransportar até sua casa.

 

― Agora? ― perguntaram Hyunjin e Christopher ao mesmo tempo.

 

― É, agora! ― disse rápido.

 

Hyunjin se levantou indo até Jeongin, mas Christopher também se aproximou, fazendo os dois o olhar.

 

― Você melhorou depois daquele dia? ― perguntou e Jeongin assentiu. ― Você tem o meu número se precisar de qualquer coisa. ― avisou ele e Jeongin sorriu pequeno.

 

― Sim, obrigado. ― disse e Hyunjin não demorou em segurar em seu braço, o guiando para fora da casa.

 

― Você tem o número dele? ― perguntou, enquanto atravessavam a rua. ― Desde quando? ― perguntou querendo parecer desinteressado, mas não era bem o que a expressão fechada dele dizia.

 

― Desde o dia que ele me ajudou quando passei mal. ― disse e logo chegaram na parada, onde esperaria por um táxi.

 

― Ele parece gostar de você. ― disse o olhando sério.

 

― Ele é legal. ― disse tentando se manter tranquilo, quando Hyunjin se aproximou o suficiente, mas não o tocou.

 

― É, ele é legal, tão legal que às vezes irrita. ― disse parecendo estar irritado.

 

― O que quer dizer? ― perguntou confuso.

 

― Que eu não vou competir com ninguém. ― disse e Jeongin arqueou uma sobrancelha. ― Você já é meu. ― ditou paralisando todos os músculos de Jeongin apenas com aquela simples frase.

 

Dando uma rápida olhada em direção a sua casa, Hyunjin voltou a olhar para Jeongin, segurando em seu queixo e deixando um beijo rápido, onde Jeongin sentiu que não teria mais forças para resistir a qualquer toque vindo daquele garoto.

 

Estava perdido mesmo.