Eu ouvia uma gritaria, várias pessoa aglomeradas a minha volta, todos ingerido bebidas alcoólica, que não conseguiam nem terminar uma frase com clareza.
Todas elas gritavam coisas desconexas, mas o principal no meio de tudo era, "Vai, vai, vai", "Ruby, Ruby, Ruby" ou "Justin, Justin, Justin"
Quando eu terminei aquela garrafa inteira de vodca, bati a mão na mesa. Forcei minha visão para focar e tudo a minha volta parar de rodar, senti um leve embrulho no estômago, foi passageiro, porém sei que a ressaca vai ser péssima no dia seguinte.
Justin terminou logo depois de mim, vi uma irritação em seu olhar, ele odiava perder, mesmo que fosse pra um amigo dele.
— Pode ir me dando o dinheiro, seu cuzão. — Digo uma voz meio embargada.
― Tá ficando boa em Ruby, filha da puta. — Diz colocando quinhentos dólares na minha mão.
― Sempre fui, Bieber. — Pisco pra ele, que revira os olhos.
Logo fomos sentar na mesa onde está o resto do pessoal. Fiz um toque com todos e me sentei.
― Quem ganhou dessa vez? — Ryan pergunta.
― A mamãe aqui. — Falo me gabando, colocando os braços em volta de Julie.
― Tá mais pra papai. — Chaz brinca e todos rimos. Lhe mando um dedo.
― A minha mulher é a melhor mesmo. — Julie me puxa para um beijo, e eu correspondo, lógico.
― Porra, duas mulheres gostosas se beijando, eu fico até excitado. — Chris diz colocando a mão nas partes baixas e eu acerto um tapa em sua cabeça.
— Vou no banheiro agora, amor, já volto. — Julie me avisa. Assenti e ela foi, logo sumindo na multidão.
― Vamos em um racha amanhã? Tem um tempo que não vamos em um. — Justin pergunta e todos concordam.
― Não dá. — Respondo, bebendo um pouco de minha cerveja.
― Ruby recusando rachas? Ai meu Deus! Vamos cancelar. — Bieber diz, fingindo uma indignação.
― Me amam tanto assim que não podem ir sem mim, viado?
― Não, porque vai chover. — Rimos. Justin é um babaca mesmo!
― Não, porque... — Olho para os lados, para ver se vejo Julie se aproximando, quando não a vejo, prossigo. — Amanhã completamos três anos de namoro, vou levar ela em um restaurante e pedi-la em casamento. — Eles ficam chocados.
— Porra, não tô crendo, parabéns mano. — Justin me abraça.
― Caralho, Ruby, você é foda. — Foi a vez de Ryan.
― Parabéns, vão colar velcro pra porra né, safadas. — Chris me abraça também.
― Já fazemos isso. — Falo com uma cara maliciosa e eles riem.
― Quando quiserem uma suruba, não esquecem dos amigos não. — Tinha que ser o Chaz pra fazer um comentário idiota desses, repetiu o ato dos meninos e sussurrou um "parabéns" em meu ouvido.
Logo vimos Julie vindo me nossa direção, e o assuntou morreu.
― Adivinhem que eu vi? — Perguntou com uma cara meio pasma. — Paul.
― Ele não tinha morrido? — Justin pareceu pensar, confuso.
― Era o que todos nós achávamos, a droga dele era boa pacas. — Comento.
―Verdade, quando falaram que ele morreu, vários comerciantes que tinham ele de fornecedor, ficaram na merda — Ryan pontua.
― Menos nós, porque somos fodas. — Chris sempre muito humilde.
― Já são cinco horas, e eu to uma porra de cansada, vamos, amor? — Pergunto a Julie. Ela assentiu.
Me despedi de todos e quando estávamos saindo, Chaz gritou "Cuidado com as unhas pra não machucar a xereca em", esse menino tem sérios problemas.
***
Julie e eu fomos nos afastando da multidão até chegarmos aonde o carro estava estacionado. Quando cheguei perto do mesmo, enfiei a mão no bolso para pegar a chave, demorei pra caramba, pois minha visão estava embaçada.
― Deixa que eu faço isso. — Julie veio até mim e pegou as chaves da minha mão, afinal, eu não estava conseguindo nem discernir qual era o carro e qual era a alucinação, estava vendo tudo ao estilo Doble.
Entramos no carro e batemos a porta, encostei minha cabeça no banco. Estava vendo tudo rodando já.
― Você sabe que dia será amanha? — Julie perguntou, quebrando o silêncio que estava dentro do carro
― Claro que eu sei! — A olhei. – Amanha é sábado.
― Eu não acredito que você esqueceu, Ruby. — Bateu no volante.
― Ei, calminha amor, eu não me esqueci do nosso aniversario de namoro. — A acalmei. — Fica tranquila que eu tenho tudo sobre controle. – Lhe dei um selinho rápido.
― Esse ano eu vou te superar. — Me olhou rápido. — Esse ano duvido que o seu presente vai será melhor do que o meu.
Todo ano era assim, Julie tentava me superar nos presentes de nossas datas especiais, como aniversario, dia dos namorados e aniversario de namoro, mas nunca conseguia, iludida, eu sempre a surpreendo.
― Eu duvido muito. — Ri fraco. — O meu vai superar o seu. — Ela estacionou em frente a sua casa.
Sim, nós morávamos na casa dela. Desde quando eu me assumi como lésbica, meus pais não aceitaram muito a ideia, e, como já podem imaginar, me colocaram para fora de casa. Foi numa dessas, que eu entrei na vida do crime, comecei a morar junto com os garotos, mas quando comecei a namorar com Julie, vim morar na casa dela.
— Me conta, anda. — Ela insistiu, enquanto entrávamos em casa.
— Amanhã eu te conto. — Disse subindo as escadas.
— Mas amanhã não vale, é o dia. — Falou manhosa.
— Por isso mesmo. — Me virei e sorri.
Subi ate nosso quarto e entrei no banheiro, me despi rapidamente e entrei debaixo da ducha. Eu precisava de uma ducha de água fria para por a cabeça no lugar. Quando acabei, vesti uma blusa qualquer e me joguei na cama e apaguei.
***
Acordei no dia seguinte com uma dor de cabeça da porra, levantei e olhei no relógio, marcava onze horas, droga, eu já deveria está acordada. Me sentei na cama e olhei para um lado, havia uma bandeja de café da manhã, só podia ser parte do presente de Julie, a maioria deles já era manjado por mim. Peguei a bandeja li o bilhete e comecei a comer, pois estava com uma fome da porra.
Depois disso, me arrumei e fui me encontrar com os garotos, aliás, tinha que ficar marcando bobeira enquanto Julie foi trabalhar. Cheguei, abri a porta sem avisar e já fui entrando, afinal, já sou de casa.
— Viados, o que você tem para mim hoje? — Falei, me jogando no sofá.
— Ué? Você por aqui? — Chris perguntou, se sentando no sofá com um pacote de cheetos e refrigerante.
— To sem nada pra fazer. — Falei pegando o refrigerante de sua mão e dando um gole.
— Você não deveria está treinando seu pedido de casamento? — Chaz perguntou.
— Não preciso de treino. — Falo convencida.
— Eu não acredito que você vai se casar. — Ryan disse.
— Agora ela vai ser um pai de família. — Justin completou debochando.
― Idiota. — Joguei uma almofada nele. — Melhor do que ficar ai, igual vocês, na putaria.
― Essa é nossa vida. — Chaz deu de ombros.
— Você acha mesmo que com sete bilhões de pessoas nesse mundo, nós iremos nos amarar com uma só? — Chris questionou.
— Sim. — Respondi.
— NÃO! — Gritaram em uníssono.
— Você são uns idiotas. — Falei. — Eu encontrei a mulher da minha vida, e vou me casar com ela.
— Ter filhos e blá, blá, blá. — Justin completou. — Só que você está se esquecendo que vocês duas tem a mesma coisa, e fêmea com fêmea não encaixa, tem que ter um macho no meio.
— Isso é só um detalhe. — Pontuei.
— Ruby, você não era assim. — Chaz falou. — Você está ficando muito sentimental. — Me olhou. — Está parecendo viado!
— Vira homem, Ruby! — Ryan deu um tapa em minha cabeça e os outros riram.
— Vocês são uns cuzões, sabiam? — Peguei o controle da TV da mão de Chris.
— Falou o pai de família. — Ryan debochou.
***
Acabei passando o dia lá com eles, jogando vídeo game, zoando. Fomos ver como estava andando o movimento na boca de fumo na qual nós comandávamos. O dia se passou, quando olhei no relógio já era sei e meia, Julie chegaria a qualquer momento.
Fui para casa, tomei um banho, coloquei uma roupa mais formal. Uma calça jeans, blusa social, blazer, e gravata frouxa. Sentei na poltrona da sala para espera-la. Deu sete horas da noite e a porta se abriu e ela entrou.
— Isso já faz parte do seu presente? — Ela perguntou, ao me ver sentada na poltrona.
— Eu acho que sim. — Levantei-me e fui até ela, segurando seu rosto com uma mão e sua cintura com a outra e a beijei.
— Eu já estou gostando. — Disse em meus lábios.
— Então vai se arrumar, porquê ainda tem mais. — Dei um tapa forte em seus glúteos, que a fez gemer.
— É pra já. — Me deu mais um selinho e subiu as escadas rapidamente.
E eu fiquei ali, na sala mesmo. Se passou trinta minutos e ela desceu, estava vestindo um vestido preto justo ao corpo, cabelos presos, brincos grandes e salto. Estava linda.
— Como estou? – Perguntou, quando acabou de descer as escadas.
— Linda, perfeita. — Fui até a mesma e a estendi a mão. — Vamos?
— Mas é claro. — Fez uma reverencia e pegou minha mão.
Fui conduzindo-a até o carro, aonde abri a porta para que ela entrasse. Entrei também e rumamos em direção o restaurante.
— Para onde você irá me levar? — Perguntou curiosa.
— Você já vai ver. — Sorri.
***
Não demorou muito para chegarmos a frente do restaurante, abri a porta para que ela saísse e a conduzi até o interior do restaurante. Esse era um dos restaurantes mais caros da cidade e para conseguir uma reserva, tinha que pedir com quase um mês de antecedência. Um dos funcionários nos conduziu até a nossa mesa, nos sentamos.
Pedimos a entrada, o pato principal, a sobremesa e estava chegando a hora do pedido, dava para ver no rosto dela que a mesma estava ansiosa, pois eu estava enrolando ela ao máximo para não desconfiar de nada.
— Aqui está senhora. — Um garçom disse e nos serviu duas taças de vinho tinto, e se retirou.
— Você poderia me contar qual é o presente? — Falou ansiosa.
— Calma. — Beijei sua mão.
— Eu estou ansiosa, Ruby. — Falou manhosa. — Não me torture.
— Está bem. — Hoje estamos completando três anos que eu te tenho só para mim. — Peguei suas mãos e falei olhando fixo em seu olhos.
— Você está me deixando mais ansiosa. — Falou. Ri.
— Eu não quero te perder e nem te dividir com ninguém. — Continuei. — Por isso, eu decidi dar mais um passo em nossa relação. — Soltei sua mão e me levantei da cadeira. — Julie Johnson. — Me ajoelhei em sua frente e tirei uma caixinha do bolso, vendo seus olhos já estavam marejados.
— Ruby…
— Você aceita se casar comigo? — Abri a caixa, revelando um anel dentro da mesma.
— Sim, sí, yes!
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