História Broken - De Cabeça Pra Baixo

Mas eu não podia evitar. E também não podia sair correndo e deixar aquela baderna acontecendo ali exatamente por minha causa. É inevitável.

— O QUE PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO? — Cordélia olhava para os lados rapidamente, confusa e ao mesmo tempo desapontada

— O que NÓS estamos fazendo? Não foi o que VOCÊ fez? Não pensou na felicidade do seu filho? Não pensou nas consequências que isso traria para os dois? Ou melhor, acho que você sabe o que essas palavras significam. Conheço você à pouco tempo, mas o suficiente para saber que você não merece nada. Não merece ter essa família enorme que tinha um certo carinho por você. Não merece ter um filho como o Laito, não merece ter tudo o que tem. É impressionante como a vida é injusta com alguns, não é? O Laito e a Hannah sempre foram unidos, amavam um ao outro, e o que aconteceu? Eles se seperaram. E você? Má, horrível e se coração sempre consegue o que quer. Mas isso acaba aqui. Agora. — impressionantemente a Vick falou isso tudo em voz alta, com os olhos cerrados de ódio nos de Cordélia. Todos que estavam ali presentes, se viam atordoados com tudo o que presenciavam

— VOCÊ NÃO TEM MORAL PARA FALAR ISSO, SUA VADIA! — retrucou ela, gritando mais forte ainda

— E OLHA SÓ QUEM FALA DE MORAL? — Vick levantou o pulso para bater nela, só que uma mão masculina a segura, impedido de dar um tapa

— Chega, Victoria. — disse Subaru num tom sério — Não vale perder tempo com essa mulher. — pôs a outra mão no ombro da garota

Eu não conseguia fazer absolutamente nada. Era como se meus músculos se contraíssem e me mandassem ficar lá, parada, totalmente imóvel. As pessoas arrumavam um jeito de sair dali, mas sua curiosidade não as deixava. Laito permanecia na minha frente, pronto para defender-me de qualquer ataque gressivo da Yui ou da Cordélia. Mas eu realmente acho que elas não vão fazer isso.

— Laito, eu não estou me sentido bem... — apoiei meu rosto lavado de lágrimas em seu braço

— Nenhum de nós estamos... — acariciou minha cabeça e em seguida a beijou — Nos vamos sair daqui. Só vamos esperar a poeira baixar. — me abraçou forte, respirando fundo

— E-eu não consigo fazer nada... — falei em meio a soluços — Laito... Me desculpa... — intensifiquei o choro, desesperada. Me doía muito não poder fazer algo contra aquilo tudo. Eu não tinha capacidade de fazer algo. Eu sou a mais fraca.

— E você não vai! Hannah, isso tudo pode estar acontecendo da pior maneira possível, mas tudo vai acabar bem, ok? É só uma questão de tempo. — me abraçou mais forte que antes

Eu não sei o que esta havendo comigo, sério. Pensei que seria apenas mais um dia doloroso tendo que lidar com isso tudo que está acontecendo, de fato realmente foi. Mas me conforta um pouco que este pesadelo está perto de acabar, pelo menos isso.

— ENQUANTO SUA NAMORADINHA CHORA FEITO UMA CRIANÇA, VOCÊ AINDA NÃO REPARA NO QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?! — depois de minutos calada, Yui estourou sua garganta num grito que acho que toda a vizinhança escutou. Eu odeio ter que admitir isso, mas a Yui tem razão. Eu não posso nem devo ficar desse jeito. Acanhada, escondida. — FUI EU QUE PASSEI OS ÚLTIMOS SETE ANOS AO SEU LADO! FUI EU QUEM TE ENCHEU DE CARINHOS, MESMO VOCÊ NÃO QUERENDO! FUI EU QUEM TE VIA CHORAR POR ESSA MULHERZINHA, MESMO SABENDO QUE NÃO PODIA FAZER NADA! — empurrou a mesa de doces em cima dos bancos

— MAS APESAR DE TUDO ISSO EU NUNCA CHEGEI A TE AMAR! VOCÊ NÃO ENTENDE ISSO? — Laito gritou também

— É MENTIRA! VOCÊ ME AMA E NUNCA TEVE CORAGEM DE ADMITIR ISSO! SABE PORQUE? VOCÊ TEME QUE ELA SAIBA DE TUDO! — Yui já estava alterada; e quando seus olhos rosados miraram em mim, seu ódio ficou maior, e acabou avançando ferozmente pra cima de mim.

Agora eu não podia fraquejar. Era agora a hora de acertarmos as contas, Yui Komori.

— NÃO ENCOSTA EM MIM! — A empurrei, fazendo-a cair no chão — Acha que depois de todos esses anos fazendo o Laito de brinquedinho, ele iria realmente te dar uma segunda chance? Quando se ama de verdade, não existe ninguém que o faça apagar as memórias nem o sentimento da pessoa. Ah, acho que você não sabe o que é o amor; não sabe e acho que nunca irá saber. Sabe o motivo? VOCÊ NÃO TEM SENTIMENTOS. NÃO EXISTE SENTIMENTOS DENTRO DE VOCÊ. — Inesperadamente, Yui me surpreendeu com um soco no rosto; mas eu já estava arrumando forças o suficiente para não deixar que as mesmas coisas se repetissem novamente. Só que de um jeito pior, e diferente

— Você não entende? Nem procura entender? Seu namorado me ama! Sempre me amou! Você tem medo de ser deixada sozinha novamente! Ninguém te ama porque você não tem graça! Com esses seu jeito tosco e fraco, ninguém iria realmente se interessar por você! E eu? Eu sou mais bonita, mais inteligente e mais esperta que você. Por isso tenho todos esses caras aos meus pés. Tem que acei... — meus tímpanos estavam prestes a estourar só de ouvir aquela voz fina e basicamente irritante, ao se dirigir á mim. Dessa vez, fui eu quem bati nela.

— Se acha que sou tosca e sem graça, — a observei ironicamente passar a mão na bochecha — não me viu entrar em ação ainda, vadia.

Laito me afastou de perto dela, consciente de que nós duas frente à frente não levariam as coisas adiante. Me olhou como se quisesse dizer: “vamos para por aqui ”, mas ao mesmo tempo ele se mostrava orgulhoso por me ver dizer à Yui, o que ele queria ter dito desde que ela voltou para a mansão. Estava fazendo Intercâmbio na Rússia. Quem sabe não seria melhor se ela tivesse ficado por lá mesmo?

Nós nos calamos por alguns momentos, analisávamos o que estava acontecendo. Até Kanato chamar a atenção, ao ~quase~ ter gritado o nome da mãe.

— M-mãe? — Kanato largou Teddy no banco e foi lentamente para perto da mãe, que estava com as duas mãos entrelaçando os cabelos roxo-claro em coque, os assanhando completamente; eu não daria alguns minutos para ela voltar a gritar e falar um monte de coisas absurdas — Mãe, o-oque está havendo? — seus olhos encheram de lágrimas

Meu Deus, não era para isso acabar assim.

— SAIAM DE PERTO DE MIM! — berrou — ERA PARA A YUI E O LAITO ESTAREM CASADOS! NÃO TENTANDO SE MATAREM! — começou a andar em círculos

— Acalme-se! — Laito tentou interferir — Você sabia que isso aconteceria! Sabia que eu não ia deixa isso barato! — disse, voltando a alterar o tom vocal

— Laito, talvez não seja uma boa ideia falar desse jeito... O-olha só o estado dela... — agarrei seu braço, tentando alertá-lo antes que algo pior acontecesse

— Ela tem razão! — Kanato o afastou pra trás — Ela precisa... — não conseguiu terminar de falar. Ou melhor, ninguém mais conseguiu, após ver o que Cordélia fez naquele momento

Inevitavelmente, Cordélia estava com uma arma perto de si. Não vi de onde ela tirou, mas estava perto. Apontada para sua própria cabeça, faltando pouco para apertar o gatilho. Eu estava pálida, os convidados já haviam ido embora a um tempo, só estávamos nós: eu e os Sakamaki's; aquilo não poderia resultar numa morte... Não agora. A Cordélia era um monstro, mas eu não queria vê-la morrer na minha frente.

— MÃE! NÃO FAÇA ISSO! — Kanato avançou até ela, afim de segurar a arma; mas isso só piorou, ela acabou apontando a arma para ele

— PRA TRÁS! — gritou — NÃO QUERO NENHUM DE VOCÊS PERTO DE MIM!

— Meu Deus... Quem merda vai tirar essa arma da mão dela...? — disse Subaru passando a mão na testa 

— Hannah... — Laito cochichou pra mim — Vamos sair daqui... — antes que eu pudesse abrir a boca, ele correu me puxando pela mão

— Mas Laito... — tente falar algo

— Não diga nada! Só corra! — abriu o portão com agilidade

Seria certo deixarmos as coisas desse jeito e fugir?