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História Broken Home - Bored to death


Escrita por: prozac

Notas do Autor


Hey!
Dessa vez decidi deixar algumas pequenas observações antes do capítulo.
Primeiramente, essa capítulo será na voz de Michael, o que facilitará a compreensão de tudo que será tratado;
Em segundo, realmente recomendo que leiam o capítulo ouvindo Kids - Mgmt, sério.
Em terceiro, espero que realmente entendam.
Amo cada um de vocês, Val.

Boa leitura.

Capítulo 6 - Bored to death


 

There's an echo
Pulling out the meaning
Rescuing a nightmare from a dream

The voices in my head are always screaming
That none of this means anything to me

And it's a long way back from seventeen
The whispers turn into a scream
And I
I'm not coming home

Save your breath
I'm nearly
Bored to death
And fading fast
Life is too short to last long.

Blink-182

 

 

Michael

Eu era completamente apaixonado por ela. O que era bem idiota, por sinal. Eu não deveria, eu sabia, eu queria não sentir as coisas boas que sentia, mas era impossível. Eu bati meus punhos contra o volante, queria gritar para os quatro ventos o quão injusto era amar uma garota perdida. Eu não poderia pensar nela agora, ou eu não conseguiria enxergar através da cortina de lágrimas.

Eu havia deixado ela lá, plantada na areia, enquanto implorava para que eu ficasse. Eu vi o desespero em sua voz, o calor em seus olhos... por um momento, pensei em ceder. Balancei a cabeça. Eu não podia, não era saudável, ela não era saudável para ninguém. Mesmo amá-la era doloroso.

Eu mordi minha língua com força, até sentir o gosto de sangue. Odiava os caras com quem ela já esteve. Odiava intensamente cada um. Eu deveria saber que a maneira frenética com a qual saia e procurava por sexo era um problema, ela estava desequilibrada, apenas transferiu seus pensamentos autodestrutivos para outro setor.

E eu achei que havia a salvo na época. Sorri enquanto uma lágrima me escapava. Ela nunca ligou realmente, só precisava de alguém idiota o bastante para ajuntá-la da sarjeta depois, e esse era sempre eu. Mas eu amava cada coisa em Sally, cada olhar perdido, cada fio longo e escuro, cada movimento do seu quadril. E agora eu havia deixado ela sozinha.

 Michael, você não deveria ter sequer querido conhecê-la.

Eu sibilei pra mim mesmo, tentando convencer-me que era o correto. Ela gostava de ser independente, sempre esbravejava e dizia que não precisava de mim, mesmo depois que eu a salvava de uma possível overdose. Suas palavras ácidas não me afetavam, eu ficava grato apenas por ela estar ali, respirando. No mesmo mundo que eu.

Mas eu era apenas uma conveniência para ela. O cara que segurava seu cabelo quando vomitava, o que lhe carregava no colo até o quarto e lhe cobria para dormir, o que lhe servia como válvula de escape sexual, quando ainda precisava de mais.  Ela via o sexo que fazíamos como algo banal, eu tinha certeza, mas a conotação era totalmente diferente pra mim. Eu a venerava, porém não importava, eu não era ninguém.

Os momentos que eu mais amava, era quando ela adormecia em meus braços, no sofá da sala, ou no banco traseiro do carro. Eu podia fingir então que a garota que eu amava não iria me machucar, pois me amava também. Mas ela não era inofensiva, mesmo dormindo. Ela tinha o rosto mais lindo ainda quando estava desacordada.

— Eu odeio você, Salem!

Eu gritei uma mentira, acelerando mais pela via.

Ela era assim desde quando a conheci, aos quatorze anos. Sua tia ainda morava em sua casa, fazia três anos que sua mãe havia morrido, espancada, ela me disse, pelo namorado. O cara fugiu e apenas Salem o conhecia, mas não se lembrava do nome, pois sua mãe já havia tido vários. Sei que isso a influenciou de alguma forma, direta e completamente. Ela amava a mãe.

E estava quase se tornando ela. Mordi os nós dos meus dedos. Lembrando-me dos estágios pelo qual passamos juntos, sua depressão e os cortes, e em seguida as pílulas. Eu consegui livrá-la disso, consegui fazer com que tivesse vontade de continuar aqui, comigo, ou pelo menos era nisso que eu acreditava. Ela me fez acreditar. Sua melhora veio depois da primeira vez que transamos. A ocasião veio em minha memória.

— Você deveria voltar lá pra baixo, é sua festa. — Ela disse, eu não podia enxergá-la corretamente com as luzes apagadas. Do andar de baixo, mgmt tocava.

— É uma festa de debutante, é de Harper, não minha.

Ela assentiu, cruzou as pernas em cima da minha cama. Usava converse pretos.

— O que nós vamos fazer? Não quero outra partida de sete minutos no céu. Os garotos da nossa sala são nojentos.

You were a child, cr...

— Todos eles? — Eu perguntei, de repente toda a minha segurança havia evaporado. Era incrível como ela conseguia ter poder sobre mim com seus comentários.

— Nem todos eles.

— Sally, eu quero te beijar. — Disse, em disparada.

Ainda hoje me pergunto o que teria acontecido se não tivesse lhe dito aquilo. Era virou o rosto pra mim, os olhos gigantes e alarmados, mas havia aceitação também. Quando ela se inclinou para mim, achei que poderia desmaiar. Ela tocou meu pescoço e pressionou os lábios contra os meus. Aquilo explodiu em mim como a porra de uma bomba.

Eu era uma massa gigante de hormônios em combustão na época, correspondi fervorosamente, intensifiquei o beijo até que eu estava sobre ela, deitada. Eu tremia muito e pensei que pudesse infartar tamanha a minha excitação, eu não pude me controlar, quis tudo, quis ela inteira pra mim. Desci minha mão para de baixo de sua blusa, e ela não me impediu. Parecia gostar tanto.

— Porra, Sally. Você é linda.

Ela não respondeu. Sua resposta foi arrancar minha camiseta pelos ombros. Eu tinha a mão em suas coxas, estava subindo a saia que usava, encostei em seu centro e percebi que estava encharcada. Eu suguei o ar entre meus dentes. Cara, eu não fazia ideia na época, mas ela já me dominava totalmente.

Era riu e segurou meus braços, inclinando-me pra trás e tomando o controle. Cai deitado, com ela sentada sobre meus quadris. Ela começou a se movimentar, eu achei que não fosse aguentar.

— Se quer repetir isso algum dia, é melhor não gozar já.

Ela advertiu-me. Eu assenti, controlando-me, enquanto ela terminava de tirar do caminho todas as camadas de tecido que nos mantinham distantes. Quando eu entrei dentro dela, tive a sensação de lar. É estranho dizer isso e nada erótico aparentemente, mas foi. Eu me senti no melhor lugar do mundo: envolto por Salem.

Agora eu sentia falta daquela época, não que o sexo tenha ficado pior. Não mesmo. Ela parecia uma ninfa do sexo que avançava a cada vez que chegava a um orgasmo. Eu sentia falta da forma inocente com a qual tratávamos tudo, pelo menos eu. Depois que terminamos, exaustos, eu agarrei seu pulso envolto em bandagens, e depositei um beijo em cada um.

— Isso não combina com você.

Ela levantou uma sobrancelha, estava deitada sobre meu corpo.

— Automutilação?

Eu procurei seus olhos, ali, na escuridão. Enxerguei a centelha verde, incandescente, sempre enxergaria.

— A ausência de vida, quando você é tudo que move a minha.

Éramos amigos a anos, embora já naquela época eu quisesse ser muito mais. Ela deveria saber naquela hora que me destruiria, provavelmente soube, mas não se importou o suficiente. Eu estava rendido de qualquer forma, iria rastejando para o inferno caso ela desejasse isso. Agora eu me encontrava em um particular.

A estrada passava como um borrão por mim, eu enxergava cenas antigas ao invés das curvas sinuosas. Eu deveria ter buscado me concentrar, mas nada conseguia bloquear minha mente quando imagens dela me inundavam. As tristes, alegres, as sorridentes, as desesperadoras. Eu a amava profundamente em cada uma dessas situações.

As pistas duplas se reduziram a apenas uma, eu dirigia sem rumo, acabara de passar por uma ponte, estava na rota 66. As placas de regulamentação diziam que eu deveria reduzir a velocidade para quase metade da que eu me encontrava, mas meu pé parecia feito de chumbo sobre o pedal. Eu precisava da velocidade, ela pulsava na mesma velocidade que meu coração, já cheio de agulhas e espinhos infeccionados pelo tempo. Um coração negro, jorrando veneno.

A curva não estava sinalizada e não tive tempo de contorná-la. Era fechada demais. Pisei no freio como último recurso, e as rodas travaram, me levando diretamente até os abetos centenários. Morrer essa noite não estava nos meus planos, mas a percepção de que aconteceria não me pareceu difícil de ser assimilada.

Eu estava a cento e dez quilômetros por hora e iria colidir com uma árvore. Também não era uma morte muito louvável, mas provavelmente era melhor que ser encontrado no chão de um motel de rodovia, com um pote laranja de antidepressivos ao seu lado. Isso não queria dizer que não estava apavorado, eu queria viver, mas não sabia como poderia. É impossível explicar como é enxergar sua morte, os milésimos passando, o barulho do para-choque explodindo em mil pedaços, cedendo a pressão como vidro e o chão. O impacto me tomou antes que eu pudesse de fato ver o fim de tudo, o carro inclinou-se e eu bati a cabeça com força contra a volante. Na escuridão do meu último segundo, pensei ter visto-a sorrindo pra mim.



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