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História Broken Open - Retrato de Família.


Escrita por: PinkNeonFantasy

Notas do Autor


Música do capítulo: Family Portrait - Pink.
Boa leitura <3

Capítulo 55 - Retrato de Família.


Fanfic / Fanfiction Broken Open - Retrato de Família.

Broken Open

PinkNeonFantasy

Chapter 55 - Family Portrait.

Eu fugi hoje, fugi do barulho, fugi

Não quero voltar para aquele lugar, mas não tenho outra alternativa, outro lugar

Não é fácil crescer na 3ª guerra mundial

Sem nunca saber o que pode ser o amor

Vai ver, não quero que o amor me destrua como fez à minha família

Odeio momentos como esse. Odeio momentos em que tenho que fazer alguém parar de chorar e se sentir melhor, pois sou péssima nesse tipo de coisa. Eu nunca fui boa em dar conselhos, eu nunca fui boa em fazer as pessoas pararem de chorar, e aparentemente, elas adoravam me procurar para chorar suas mágoas... Quer dizer, antes era assim, antes dos boatos e toda confusão se formar na minha vida. Talvez eu tenha cara de alguém boa em dar conselhos, no entanto eu sou péssima naquele tipo de coisa.

E naquele momento eu estava sentindo um misto de sentimentos que se misturavam no meu peito de forma horrível e me faziam sentir culpada, pois eu não sabia o que fazer. Gerard estava agarrado à mim como uma criança assustada em noite de tempestade. Ele fungava baixinho e suas lágrimas desciam pela lateral de seu rosto, pelo fato de estarmos deitados na pequena cama de solteiro e ele estar praticamente em cima de mim, chorando, e molhando a regata larga com listras cinza-claro e branco da minha blusa que usava como pijama de vez em quando.

Mas a minha blusa que se danasse. Eu acariciava os fios macios e escuros de seus cabelos enquanto ele me apertava contra si, como se caso ele me soltasse eu pudesse sumir ou algo assim. Eu queria falar alguma coisa para que ele se sentisse melhor, para que ele parasse de chorar como uma criancinha e me dissesse o que realmente aconteceu para que ele ficasse naquele estado, mas ele continuava naquele estado depressivo e angustiante.

- O que aconteceu Gerard? - Perguntei em um sussurro.

Ele mordeu o lábio inferior e manteve seus olhos fechados, apertando com força o tecido da minha blusa. Eu suspirei baixinho e passei meus dedos fechados por seu rosto, limpando suas lágrimas. Ele respirou fundo e abriu seus olhos, eles estavam vermelhos e inchados ao extremo. Gerard me soltou lentamente e se sentou na cama, limpando seu rosto com as mangas da blusa branca que usava.

Eu me sentei também, me virando e me fazendo ficar de frente para ele, por mais que cada um estivesse sentado em uma beirada diferente da cama. Vi-o engolir a seco e respirar fundo varias vezes. Passou sua mão pálida e um pouco tremula pelos cabelos, jogando-os para trás e deixou seus dedos deslizarem por seu cabelo e parar em sua nuca.

- Era tudo mentira... - Ele sussurrou completamente rouco. Um arrepio subiu pela minha espinha e eu estremeci. - Tudo.

- Tudo... O quê? - Perguntei me aproximando um pouco dele. Ele manteve seu olhar baixo e uma fina lágrima escorreu por seu rosto, lágrima essa que eu limpei com os nós dos meus dedos.

- Minha família. Minha vida. Meus pais. Tudo. - Ele levantou o olhar marejado pra mim e eu respirei fundo. - Eu acabei de descobrir que Lindsey e Jimmy não são meus pais, que toda minha família me enganou e enganou Michael esse tempo todo. - A voz de Gerard falhou um pouco e ele engoliu a seco e jogou a cabeça para trás, piscando, como se isso fosse evitar de mais lágrimas cairem de seus olhos. - Que todas às vezes que Lindsey me olhava ela via um bastardo, e que Jimmy me odeia imensamente porque sou filho de outras pessoas. - Gerard respirou fundo e acabou até fazendo um pequeno bico quando soltou o ar. - E, olha só, para completar a desgraça - Gerard abriu um pouco os braços e deu um sorriso pequeno no tamanho, mas imensamente amargurado. - Minha mãe verdadeira é a pessoa que eu achava que era minha tia perfeita, e que ela não me quis porque ela é uma prostituta de luxo na França e que se tivesse filhos para criar estragaria sua vida de luxo paga pelos clientes dela.

Eu arregalei os olhos e coloquei a mão na boca, me sentindo incapaz de falar alguma coisa. Gerard fechou os olhos e passou as mãos pelo rosto. Ele suspirou alto e enfiou os dedos entre os cabelos, empurrando-os para trás. Eu me aproximei, colocando minhas mãos em seus ombros, parando de joelhos atrás dele e então ele ergueu um pouco o corpo e eu deslizei minhas mãos por seus braços e o abracei de um jeito meio estranho, mas ele ergueu a mão e entrelaçou nossos dedos.

Apertei meus dedos nos seus e beijei sua cabeça, inalando o cheiro de seus cabelos e fechei os olhos por alguns segundos.

- Vai ficar tudo bem. - Sussurrei.

Gerard desentrelaçou nossos dedos e me puxou até que eu estivesse sentada em seu colo. Eu podia ver sua tristeza, e sua decepção e eu queria tirar aqueles sentimentos ruins de dentro dele, mas eu sabia que não podia, então simplesmente o abracei o mais forte que pude.

- Obrigado. - Ele sussurrou beijando o topo da minha cabeça. - E eu sinto muito, não deveria ter te acordado. - Ele lamentou e virou o corpo, me colocando sobre a cama novamente. - Você deve dormir agora. - Sussurrou se levantando.

- Está louco? - Puxei a manga de sua blusa. - Até parece que vou dormir agora! - Me pus de pé. - Quer sair? Espairecer um pouco é uma boa ideia.

- Talvez eu faça isso, mas você volta a dormir. - Ele murmurou colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

- Fica quieto. - Resmunguei e o empurrei, fazendo-o se sentar na cama. - Vamos fazer o seguinte: Eu vou vestir uma roupa mais quente e nós vamos sair. Eu não vou deixar você sozinho, nem adianta! - Cortei-o antes mesmo que ele pudesse falar algo como pretendia.

Fui até o armários e peguei um pullover preto com enfeites de taxinhas nos ombros e vesti por cima da blusa que estava usando para dormir. Tirei o shorts preto curto que eu estava usando e vesti uma legging preta e peguei a primeira meia que achei e coloquei-a, calçando o converse preto que achei perto da cama.

Gerard me observava em silêncio, com um semblante meio vazio, meio tristonho e suas mãos estavam juntas sobre suas coxas. Peguei um pergaminho e uma pena e escrevi apressadamente um pequeno bilhete para Frank, pois não sabia se voltaria antes dele e sua família acordarem.

" Frank

Me desculpe sair no meio da noite sem avisar nada, mas Gerard está com um grave problema familiar e eu preciso estar com ele nesse momento. Quando voltar eu lhe conto tudo o que aconteceu, não creio que vou demorar muito, mas se demorar, não se preocupe, eu estou bem. Peça perdão aos seus pais caso a minha saída no meio da noite cause algum transtorno, mas eu realmente não poderia deixar Gerard sozinho nesse momento.

Logo estarei de volta, beijos

Lily. "

- Você não precisa fazer isso. - Gerard disse com voz fraca quando dobrei o bilhete. - Você não precisa ir comigo, sério, eu nem deveria ter atrapalhado seu sono... Eu só... Queria estar perto, nem que fosse um pouquinho. - Gerard desviou o olhar. - Você é a única pessoa que poderia me dar apoio, mesmo que estivesse dormindo. - Gerard engoliu a seco. - Estar perto de você me faz bem.

Eu mordi os lábios, me controlando para não soltar um "Owwnt" naquele momento, por dois motivos: Primeiro porque Gerard estava mal, totalmente melancólico naquele momento, e ele tinha tendências à se tornar hiper mega fofo quando estava melancólico, mas mesmo ele estando super fofo, ele ainda estava triste e me derreter como manteiga parecia ser insensível com ele naquele momento. E em segundo lugar; eu tinha que me mostrar forte naquele momento, pois ele precisava de um apoio e eu deveria estar ali para o que ele precisasse, como ele esteve quando eu precisei.

Estiquei melhor o lençol da cama e deixei o bilhete em cima da mesma, peguei a mão de Gerard e ele suspirou baixinho, me levando até a janela do quarto. Ele abriu suas enormes asas e saiu pela janela primeiro, me puxando logo em seguida. Enlacei minhas pernas em sua cintura e meus braços por suas costas, apoiando minhas mãos em seus ombros, enquanto seus braços estavam firmes em volta da minha cintura.

Enquanto nos distanciávamos da casa dos Iero eu apoiei minha cabeça em seu peito, e escutei seu coração batendo. Me permiti fechar os olhos e aproveitar da sensação de estar segura com Gerard, mas me proibi dormir. Minutos depois eu senti um pequeno impacto e ao abrir os olhos notei que Gerard tinha pousado sobre um gramado. Sai de seu colo e observei em volta. Dali nós podíamos olhar para a Brooklyn Bridge que, mesmo estando em plena madrugada, estava mais linda ainda e cheia de luzes.

Olhei para Gerard que encarava o nada, e suas asas não estavam mais à mostra. Puxei-o levemente pela mão, fazendo-o me olhar e nos sentamos ali mesmo. Afaguei seus cabeços e ele deitou sua cabeça no meu colo, olhando para as luzes da ponte.

- Foi horrível o modo como eles me contaram, sabe? - Gerard murmurou engolindo a seco. - Eles surtaram quando eu cheguei em casa, por nada sabe? Mas eu ignorei e fui para o meu quarto. Eu faço isso quase sempre, tento ignorar eles para que a gente não acabe brigando. - Gerard passou a língua pelos lábios, molhando-os e respirou fundo. - Mas quando eu sai do meu quarto algum tempo depois de ter tomado banho, a briga recomeçou e em meio aos gritos Jimmy jogou na minha cara que eu não era filho dele, e que todos esses anos ele estava criando dois malditos bastardos dentro de casa.

Gerard fechou os olhos e lágrimas começaram a cair de seus olhos.

- Daí a Lindsey começou a chorar e o Jimmy saiu de casa fechando a porta com força e de modo dramático. - Gerard passou os dedos pelos olhos, limpando as lágrimas e revirou os olhos logo depois. Fechei e abri os dedos lentamente entre seus cabelos. - Daí a Lindsey disse que a tia que eu tanto adorava era a minha verdadeira mãe. Mas que Donna era uma prostituta de luxo que era sustentada por vários homens importantes e casados na França. - Gerard engoliu a seco e passou a mão pela lateral do rosto, limpando os vestígios de suas lágrimas, encarando as estrelas brilhando lindamente no céu escuro de NY.

Gerard bufou, mas eu sabia que por dentro ele estava uma confusão completa. Que estava lutando contra o choro e que estava entalado em sua garganta, e que estava doendo falar aquilo pra mim, mas eu sabia e ele também sabia, que ele precisava desabafar ou acabaria explodindo.

- Eu nunca soube exatamente o que Donna fazia na França. Ela só vinha para New  York, me tratava e tratava Mikey como as melhores pessoas do mundo e trazia presentes, fazia comidas que eu e Mikey sempre adoramos e nos tratava imensamente bem, nos abraçava e nos dava um carinho que Lindsey e Jimmy nunca nos deram. Então, dias antes de eu ir para Hogwarts ela voltava para França e nós só nos víamos no outro ano, mas eu aguardava ansioso pelas férias só para poder vê-la. - Gerard fechou os olhos e respirou fundo.

- Mas então Lindsey acaba com todo esse conto de fadas da tia perfeita, dizendo que Donna engravidou e me deixou com Lindsey, para que ela cuidasse e quatro anos depois apareceu com Michael. Que Donna nunca quis nenhum de nós dois, pois se ela precisasse cuidar de nós acabaria com sua vida de luxo. - Gerard abriu os olhos e me olhou. - Então agora eu não sei o que fazer... Eu não sei o que pensar, eu não sei como agir ou como contar isso para o Mikey. Eu não sei. 

Eu suspirei, sem saber exatamente o que falar para ele. Então o silêncio reinou entre nós de modo tenso. Ele mantinha seus olhos fechados agora e eu estava com mil e uma dúvidas em minha cabeça. Eu não sabia exatamente o que fazer à não ser afagar os cabelos dele gentilmente e me manter em silêncio.

Respirei fundo. - Mas isso não faz tanto sentido. - Sussurrei e ele abriu os olhos. - Pois... Se Jimmy não é seu pai... E sua herança Tépsteduce? - Perguntei confusa.

- Jimmy não é e nunca foi um Tépsteduce. - Gerard murmurou. - Bem, como você já leu em livros alguns meses atrás, todos os Tépsteduce são homens. Meus avós maternos tiveram apenas três filhas mulheres. Eu herdei isso do meu avó materno, não do meu pai, e como meus avós maternos não tiveram filhos homens, a herança passou para seus netos. Eu e Michael.

Balancei a cabeça levemente. Escutei passos próximos de nós e meu coração acelerou, há menos de 5 metros de nós estava um grupo de cinco garotos de aparentemente 18 à 20 anos, eles bebiam e riam alto.

- Não se preocupe, eles não nos vêem. - Gerard murmurou. Eu o encarei confusa. - Lembra da sensação de estar aquecida perto de mim mesmo quando está muito frio? - Gerard se levantou do meu colo e sentou-se ao meu lado. - É como uma barreira que se forma à nossa volta, e, em casos como esse, essa barreira pode ocultar nossa presença. Eles não vêem que estamos aqui, é um modo estranho de manter você protegida.

- Você e seus dons me surpreendem à cada dia mais. - Suspirei e ele inclinou-se para o lado, apoiando-se em mim. Ele fechou os olhos e o grupo de garotos passou correndo ao nosso lado, rindo alto e eu percebi duas meninas que não estavam com eles antes. - Mikey não ouviu a discussão?

- Não. - Gerard murmurou ainda de olhos fechados. - Graças à Deus ele estava dormindo e não ouviu nada.

- Mikey e seu sono pesado. - Comentei com um leve sorriso.

Aos poucos o céu foi ficando mais claro, a cada segundo e eu sabia que mesmo que não parecesse para nós, as horas já haviam se passado. Pelo jeito como Gerard pegou a minha mão e segurou-a enquanto observava o céu tornando-se alaranjado durante aquele amanhecer, eu sabia que ele não queria voltar para casa. E eu entendia perfeitamente o que ele estava sentindo.

- Não é fácil crescer em um lugar onde só há brigas. - Ele murmurou e eu o olhei. Seus olhos estavam marejados novamente e eu apertei sua mão com força. - Eu me conformei com o fato de que nunca seríamos a família mais perfeita do mundo como às que aparecem nos outdoors, mostrando uma família perfeita e feliz. Eu sabia que nós nunca teríamos muito equilíbrio naquela casa. - Gerard olhou em volta e eu entrelacei nossos dedos. - Mas eu nunca liguei muito para isso porque toda família briga, certo? Mas só que... A minha família é uma farsa completa.

Eu o olhei lutando para não chorar com ele, apesar das lágrimas estarem quase transbordando e que minha garganta estava ardendo na mesma medida que meu peito se apertava a cada palavra.

Então ele virou-se e me olhou dentro dos olhos. - Mas sabe por que eu ainda não enlouqueci completamente com essa história? Por que estou me mantendo firme ainda e não fui beber em um bar de esquina qualquer por aí que venda bebidas para menores, como eu fazia no quarto ano? Porque eu sei que eu vou ter uma família linda e feliz ainda. Com você... - Gerard sorriu de leve e passou o dedo pelo meu rosto, limpando uma lágrima que que nem eu havia percebido que estava rolando. - Com nossos filhos e com Mikey.

Eu sorri enquanto não conseguia mais segurar as minhas lágrimas e deixando-as rolando pelo meu rosto. Enlacei meus braços em seu pescoço e o abracei forte.

- Eu estou aqui pra você.

***

- Vai ficar mesmo bem? - Perguntei aflita. Na verdade eu não queria deixar Gerard ir para casa dele, apesar de saber que era necessário que ele fosse e conversasse com Lindsey e Jimmy. Ele assentiu.

- Não quero ir, mas preciso. - Ele engoliu a seco. - Por Mikey. Preciso resolver essa situação.

Eu assenti e passei meus dedos pelos seus cabelos. Ele sorriu e deu um sorriso tristonho. Ele ergueu a mão e passou o polegar pelos meus lábios, contornando-os.

- Tudo bem. Mas eu vou estar aqui para te ajudar em tudo que for. - Passei meus dedos pelas suas bochechas e ele fechou os olhos aproveitando o carinho. Aproveitei a deixa para me inclinar para cima e beijá-lo.

Quando ele foi embora e eu entrei na casa tudo estava silencioso de mais, então eu tinha chegado antes que todos acordassem. Subi as escadas o mais silenciosa que consegui, mas quando estava abrindo a porta do quarto onde eu estava Frank apareceu no fim do corredor vestindo pijamas e coçando os olhos.

- Onde você se enfiou? - Ele perguntou com o meu bilhete em mãos. 

- Pensei que todos ainda estivessem dormindo. - Comentei em um sussurro.

- Eu acordei cedo por bobeira e fui ver se você estava bem, daí achei isso. - Ele passou a mão pelos cabelos. - Qual foi a encrenca em que o Way se meteu dessa vez? - Perguntou erguendo as sobrancelhas. Da janela no final do corredor a luz solar adentrava e iluminava o corredor com piso de madeira, e as paredes brancas.

Abri a porta do meu quarto e fiz gesto para que ele entrasse. Quando fechei a porta olhei em volta. A janela estava fechada - presumo que seja Frank quem fechou - mas mesmo fechada os raios de sol adentravam através do vidro e iluminava o quarto. O chão do quarto assim como o corredor era de madeira, a minha coberta estava no chão e eu nem me lembrava de tê-la derrubado ali, mas tudo bem. As portas do guarda-roupa estavam abertas e isso eu me lembrava de ter deixado, assim como os meus chinelos que deixei entulhados pelo quarto. O lençol da cama estava mais ou menos arrumado e as cortinas brancas na janela estavam abertas, permitindo ainda mais luz de entrar no quarto.

Frank se encostou na parede enquanto eu arrumava o quarto. Quando terminei e olhei no relógio que estava jogado dentro do meu malão, percebi que era relativamente cedo. 6;30 am.

- Pode me contar agora? - Frank sentou-se na minha cama e eu assenti me sentando ao seu lado e tirando o converse que usava.

- Gerard e Mikey são adotados. - Contei e Frank me olhou curioso e meio perplexo. - Quer dizer, mais ou menos. - Frank adquiriu um semblante confuso. - A mãe biológica de Gerard e Mikey é a mulher que eles sempre acharam que era a tia deles, e que ela não quis criá-los pois ela é uma prostituta de luxo na França.

- Puta merda. - Frank resmungou. - E o que você foi fazer?

- Fiquei com ele perto da Brooklyn Bridge. Ele estava mal e precisava desabafar.

- E ele não podia esperar amanhecer? - Frank ergueu a sobrancelha e eu lhe lancei um olhar fulminante.

- Ele não quis me acordar, mas mesmo assim eu acabei acordando quando ele acariciou o meu rosto.

- Como foi que ele entrou aqui? - Frank franziu a testa. - Ah, você deixou a janela aberta de novo?

Assenti. Fui até o guarda-roupa e peguei uma roupa simples, um short jeans, uma camiseta branca com frases em preto, meu chinelo cinza claro. Frank virou-se de costas pra mim para que eu me vestisse.

- Mas... Como é isso que aconteceu com ele? - Frank perguntou. - Tipo... Como ele descobriu isso?

- Ah foi horrível. - Contei lembrando das palavras do próprio Gerard. Escutei passos no corredor, logo descendo as escadas. Fiz uma careta ao notar a dificuldade em abotoar o short. Eu estava gorda de mais. - Foi em meio à uma briga. - Vesti minha camiseta e prendi meus cabelos em um coque alto e um tanto apertado, deixando alguns fios soltos na lateral do rosto. Peguei a roupa que estava usando antes e fiz uma pequena trocha.

- Ele é insuportável, mas também a vida dele é uma desgraça né. - Frank jogou-se na cama. Tive que concordar e me sentei na cama. - E aquele livro que a Momsen te deu? Você nem leu né.

- Tenho um livro para terminar ainda. - Suspirei. - Com essas confusões acontecendo na minha vida não consigo terminar um livro que está comigo à quase um ano.

- E aquele teu gato que me odeia? Não vi ele por aqui.

- Eu não sei... - Olhei para a janela, vendo o céu azul clarinho lá fora. - Às vezes eu desconfio que ele não é um gato de verdade.

- Como assim? - Frank virou-se de bruços na cama e me encarou curioso.

- Sabe, é meio estranho ele sumir assim do nada... Não come à comida que eu coloco nos potinhos para ele, e nos feriados e dois dias antes das férias ele sumiu.

- Eu tenho um palpite. - Frank contou.

- Eu também. Mas conte-me o seu palpite. - Pisquei.

- Bem, é óbvio que o seu gato tem outro dono. Ele apareceu do nada, e às vezes some do nada. Ele não fica muito tempo com você, isso para mim quer dizer que seu gato já tem um dono que não é você. - Frank piscou.

- Eu estava pensando em outra coisa... - Murmurei.

- O quê?

- Que talvez esse gato seja Gerard.

Frank me encarou por alguns segundos e então riu.

- Acho que não. Ele teria que ser um Animago então, e pelo que eu sei, o Way não é tão bom assim em Transfiguração.

- Mas... É estranho o modo dele, pois, toda vez que Gerard teve um contratempo, o gato sumiu! Por exemplo, naquelas semanas em que Gerard ficou na ala hospitalar, o gato não apareceu, só foi aparecer quando Gerard saiu da enfermaria.

- Ah, mas... Por que raios o Way se tornaria um Animago? Só para ficar perto de você? Bem, depois de tudo eu não duvidaria, no entanto a animagia é uma magia complexa e demora anos para ser completada.

- É mas meu avô se tornou animago no quinto ano. - Ergui as sobrancelhas.

- É mas ele começou a estudar essa magia nos primeiros anos em Hogwarts para conseguir se tornar animago no quinto ano. Ele não conseguia se tornar um animago tão rápido. Então Gerard teria que ter começado no primeiro/segundo ano. - Frank entrelaçou os dedos. - E porque ele começaria lá nos primeiros anos em Hogwarts? Tiago Potter tinha um motivo, o amigo dele, e Gerard? E como já disse, Way é meio ruim em Transfiguração.

Eu balancei a cabeça. Fazia sentido. O cheirinho de café adentrou no quarto e meu estômago roncou. Frank riu e se levantou.

- Bora tomar café. - Ele me puxou para cima, me levantando da cama e correu para fora do quarto.

Apesar do café de Linda Iero ser maravilhoso e de que os pais de Frank fossem uns amores. Eu estava sem muita vontade de comer. Sim, eu estava com fome, mas eu não conseguia engolir muita coisa. Meus pensamentos estavam em Gerard e eu me perguntava se ele estava bem, e o que ele estava fazendo naquele momento.

Eu não podia deixar de me sentir preocupada. Como ele contaria aquele tipo de coisa aop Mikey? Eu queria saber se ele estava se alimentando como eu naquele momento. Após o café o pai de Frank saiu para o trabalho e eu ajudei Linda e Frank à arrumar a casa.

Quando terminamos de arrumar a casa Linda foi para seu escritório. Ela estava terminando de escrever um livro. Frank e eu subimos e eu fiquei observando-o compor. Frank mandava muito bem na guitarra e fazia músicas ótimas.

- Terminei. - Ele sorriu largando o lápis.

- Canta pra mim. - Pedi. Eu estava sentada no chão, perto de sua cama, com os braços apoiados no colchão da cama e com o queixo apoiado sobre os braços.

"...Meus amigos, podemos fazer qualquer coisa
Mas deveríamos?
Se as coisas acabam assim, blá, blá, blá
Estou tentando me segurar no que amo
E não estragar tudo
Eu estrago tudo

Ninguém se importa, de qualquer maneira..."

Frank tinha uma voz bonita e eu sempre gostei de ouví-lo cantar. Ele compunha ótimas músicas e eu tinha me apaixonado por aquela que ele tinha acabado de compor. This Song Is a Curse. 

- Se um dia eu montar uma banda eu vou chamar você para fazer parte dela. - Eu sorri. Ele riu e colocou a guitarra de lado.

- Você deveria fazer mesmo. - Ele me olhou. - Você tem uma voz bonita.

Fiz uma careta. - Mas às músicas que eu faço são muito melancólicas. - Encolhi os ombros. Alguém bateu na porta e segundos depois Linda entrou no quarto com um sorriso pequeno e parecendo meio forçado.

- Lily... Seu pai e seus irmãos estão lá embaixo querendo falar com você.

Meu estômago se embrulhou e eu senti uma vertigem rápida. E, mesmo sem nem ter falado com eles, eu já sabia, não sabia como eu sabia, mas eu sabia que... Algo de ruim tinha acontecido.



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