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História Broken Soldier - Everybody Hurts


Escrita por: Wild_World

Notas do Autor


VOLTEIIIIIIII, POVO. Então, amanhã é meu aniversário e o presente é de vocês! Olha, eu tinha escrito um capítulo super inspirado e foda, mas meu computador deu problema e eu perdi tudo. QUE ÓDIO. Mas agora escrevi outro, acho que está legal também. ESPERO QUE GOSTEM.

Capítulo 7 - Everybody Hurts


“Acordei e me olhei no espelho
ainda a tempo de ver
meu sonho virar pesadelo”,
disse Paulo Leminski

 

Alguns dizem que a realidade é um estado de espírito. Como dizia René Descartes “Ego cogito ergo sum”, traduzindo ao pé da letra, penso logo existo. A dúvida por cada ideia que não seja clara e distinta é natural. A verdade inquestionável é que, a partir do pensamento, da idealização, existimos, criando então a certeza absoluta.

Existem algumas vezes em que paramos de nos sentir como seres de verdade. Aquela sensação latente de imponência, como se o mundo girasse e você mesmo ficasse no mesmo lugar. Algo faz com que nossos pés não se movam e então, finalmente, o tempo corrói e apodrece tudo aquilo que algum dia já importou. Tempo cruel e irrevogável.

As vozes no fundo da cabeça de Lauren sussurravam em seus ouvidos que, quanto mais negasse as raízes do que lhe acontecia, mais fundo elas cravariam em si. Negava a doença de espírito que cismava em tirar-lhe a cabeça e as noites de sono. Mesmo as lágrimas secas nos olhos não descendo, a alma quebrada continuava a espalhar seus estilhaços para todos os lugares.

Não queria, mas era impossível controlar-se.

Passava constantemente por uma pessoa normal. Forçava o sorriso no rosto enquanto o olhavam e, quando finalmente encontrava-se com a escuridão do quarto, deixava que os demônios lhe jogassem pedras e mais pedras. Impunha que estava tudo bem, que nada acontecia, porém, outra verdade irrevogável era que o distúrbio passava tomando conta de seu corpo.

Alguém finalmente se encontrava com aqueles tantos enigmas que compunham a cabeça de Lauren Jauregui.

                - Não! – Gritava enquanto os olhos forçavam a fechar-se. – Não!

Camila acordou espantada. Os orbes nem abertos estavam quando já conseguia sentir a pessoa ao seu lado remexendo-se na cama. Os braços, inquietos, corriam por todo o lençol, traçavam caminhos longos e brutos, tirando os elásticos do pano branco que cobria o colchão. Cabello levantou-se rapidamente do colchão, sentindo os olhos arregalarem, mesmo ainda pesados pelo sono.              

                - Lauren. – Chamou calmamente enquanto tratava de recompor sua respiração. – Lauren, acorde.

                - Não vá embora! Espere! – Gritava.

                - Lauren. – Tocou seu ombro, que foi retirado por um movimento brusco.

                - Por favor, fale comigo. – Continuou a outra, enquanto as lágrimas insistiam em escorrer por todo seu rosto. – Eu te imploro.

Aqueles minutos de terror, que pareciam eternos na mente de Camila, finalmente se cessaram, junto aos gritos pavorosos. Lauren Jauregui sentou-se na cama com a rapidez de um jaguar. Os olhos verdes se abriram, agora vermelhos e molhados. As mãos percorreram o caminho mais rápido até o peito, tentando acalmar os batimentos descompassados do coração. A gota de suor que escorreu de sua testa, fria, caiu, entrando em contato com o pano. O peito subia e descia como os trotes de um cavalo. Os dedos foram até os olhos, tentando secar as lágrimas que desciam, porém estas eram tomadas por outras ainda mais novas. Procurou ao redor, encontrando Camila em pé, perplexa e com o olhar assustado.

                - Por favor, me desculpe. Eu sinto muito, achei que não iria acontecer essa noite. Desculpe. – Falava Lauren nervosa para a garota.

Os cabelos de Camila estavam bagunçados angelicalmente. A blusa da banda que Lauren tanto gostava, The 1975, estava amarrotada enquanto tomava aquele corpo como seu. Os orbes ainda pequeninos graças ao sono.

Sem nada dizer, sentou-se na cama e amarrou Lauren em seu abraço. Sentia a pele fria da outra contrastando com a sua, quente. Os batimentos do coração continuavam acelerados, porém, com o tempo, passaram a se acalmar. As poucas lágrimas que ainda desceram daqueles olhos verdes que tanto amava admirar, molharam um pouco da blusa. Sem contar que esta blusa tinha seu cheiro. Cheiro que deixava Camila dos céus até o inferno.

                - Desculpe. Sinto muito. – Continuou a murmurar, com a voz embriagada. – Não queria. Estou fazendo de sua noite um desastre completo.

                - Não está não. – Acariciou levemente os cabelos negros da mais velha. – O simples fato de estar com você já me faz ser a pessoa mais feliz do mundo, não se preocupe. – Continuou as carícias. – Não se desculpe, nada disso é sua culpa.

Camila permaneceu abraçando a outra, fragilizada. Em todo aquele tempo que começaram a amizade, nunca conseguira ver a outra de modo tão quebrado, tão real.

                - O que tanto passa na sua cabeça¿ - Perguntou Camila, uma pergunta mais para si mesma do que para Lauren.

                - Eu vi coisas que nenhum ser humano deveria ter visto. Senti dores que nenhum ser humano deveria ter sentido. Ouvi coisas que nenhum ser humano deveria ter ouvido. – Confessou após um tempo de silencio. – Sinto muito por você, por Luke, por minha família, pelos soldados, pelas pessoas.

                - Quem é Luke¿ - Questionou, querendo mudar o rumo da conversa.

                - É meu melhor amigo. Quer dizer, era. – Riu, sem graça. – Ele morreu. Morreu na guerra. Morreu em um lugar onde ninguém saberá seu nome. Morreu por uma pátria que está nem aí. – Tomou a corrente nas mãos, ouviu a plaqueta bater contra o anel. – Ele ia pedir a namorada em casamento quando voltasse de lá. – Mostrou o pequeno objeto de ouro puro e o diamante brilhando a luz da noite. – Quando morreu, pediu para alguém me dar isto. Talvez ele tenha um plano reservado para mim, um destino. O problema é que não sei o que está acontecendo. Apenas sei que sinto saudades dele.

                - Eu sinto muito. – Apertou-a ainda mais contra seus braços.

                - Eu também.

Sem quebrar o abraço, deitaram na cama. Lauren deitada no braço esquerdo de Camila. E, esta, fazendo desenhos no couro cabeludo da outra. Cabello conseguia sentir a respiração quente e calma de Jauregui contra sua pele, causando em arrepios mais rápidos que carros de corrida por todo o corpo. O coração chacoalhava. Pegou as mãos de Lauren envoltas em seu braço, imóveis.

Como René Descartes previra, Lauren não sabia diferenciar aquele momento de realidade ou sonho.

Nos braços de Cabello, ela finalmente dormiu.

Camila nunca havia visto mulher mais linda em toda sua vida. Seus cabelos pretos como aquela noite, espalhados pelo travesseiro branco, emanavam o cheiro doce, agradável. Lauren era linda de todos os jeitos, linda como uma poesia barroca. Aqueles olhos verdes, aqueles que Cabello não veria pelo resto da noite, pareciam grandes espelhos onde Camila se perderia por horas e horas. Não poderia admitir, mas estava caindo pela soldada. Lauren Jauregui era um enigma. Porém, era aquele enigma gostoso que Camila adoraria adentrar.

 As mãos de Lauren se encaixavam perfeitamente nas suas, pareciam feitas uma para a outra. Continuou a brincar por horas e horas com as mãos daquela que dormia, sentindo a pele branca e macia contrastando com a sua pele bronzeada. Tão delicada, tão perfeita. Aquilo não poderia estar acontecendo.

Beijou o topo da cabeça de Lauren. Meu Deus, aquilo era o que Camila queria pelo resto de sua vida. A endorfina correu. Finalmente, apenas como a noite de testemunha, dormiu sorrindo.

 

 



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