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História Bromance - Decisões


Escrita por: Otakornio

Notas do Autor


Hehe! *desvia de faca* Okay, eu tenho uma desculpa! Eu já tinha escrito esse cap. há um tempinho (eu tinha começa o 12º tb), mas eu não gostei de como ficou e ele ficou aqui me esperando. Daí eu decidi juntar o 11º e o 12º :3 No original, ia ter muito diálogo de um único assunto e vocês iam se cansar. Espero que vocês gostem de como ficou \õ/
Até as notas finais \o\

Capítulo 11 - Decisões


Fanfic / Fanfiction Bromance - Decisões

Decisões

 

 

        Tudo estava escuro, silencioso. Uma neblina escondia o céu, as nuvens e as estrelas. Centenas de pessoas estavam em suas casas, no conforto de suas camas, no desconforto de seus sofás ou no chão, dormindo. O frio se arrastava pelos corpos dos poucos adolescentes fujões ou estrangeiros deitados nas calçadas. Calmaria. O escuro trazia sossego.

        Até que duas, três, quatro luzes apareceram vagarosamente. Foi o suficiente. As outras luzes sentiram-se seguras e seguiram as primeiras. Oito, nove, dez luzes estavam afobadas. Preparavam-se para a entrada triunfal do rei. Cobrindo as estrelas que dormiam com um lençol azul claro, afastando a neblina que atrapalharia a visão dos súditos, clareando o céu escuro... tudo velozmente para o rei.

        Enquanto os raios de luz trabalhavam, apressados, crendo que todos os súditos dormiam, um garoto de pele levemente bronzeada estava deitado de bruços no chão do seu quarto, com um lençol fino cobrindo abaixo de seu quadril. A janela estava aberta e, por isso, alguns dos trabalhadores invadiram seu quarto. Ao seu lado, um cão de pelagem alaranjada lhe farejada, como se não o reconhecesse.

        O animal choramingou, confuso com a confusão do ser humano.

        "Droga! Droga!", seu rosto estava escondido entre seus braços, "Por que eu fiz aquilo? Por que eu o beijei?", apertava os olhos com força, "Por favor, Sasuke, não me odeie! Não me odeie!", implorava mentalmente. Estava arrependido.

        – Caim! Caim! – Kurama choramingou e logo em seguida lambeu-lhe o ombro.

        Horas atrás, num impulso vindo pela vontade de fazer um rosto mal humorado sorrir, sua boca pressionava lábios finos e gelados por causa do sorvete. Naqueles segundos, ignorou tudo ao seu redor. Toda a sua atenção estava tomada na boca com um leve gosto de gergelim. Esquecera completamente a consequência de seu ato. Foi de repente – nem pensara em beijá-lo até acontecer. Virou-se para continuar a falar da sua ideia de achar os assassinos de Mikoto e o desejo lhe dominou. Já havia sentido vontade de beijá-lo, abraçá-lo e ir mais além, mas sempre conseguiu se reprimir. Por que dessa vez fracassou?

        – Kurama. – sentou-se, abraçando todo aquele pelo laranja – O que eu faço? Se Sasuke me odiar, eu não vou ter mais ninguém. Eu queria que mamãe e papai estivessem aqui, – sentiu os olhos arderem com a lembrança dos pais comendo a lasanha, um prato estrangeiro, que fizera – aí eles poderiam me ajudar. Karin... – fechou os olhos – Karin nunca me escuta. Ela está sempre com Suigetsu ou no hospital. – O animal farejou-lhe nos ombros, o que lhe fez sorrir levemente – Está com fome? – tentando se distrair, não se lembrar de Sasuke ou dos seus pais.

        Kurama lambeu-lhe a orelha. Entendeu o gesto como um sim.

        Levantou-se. – Vem comigo.

        Foi até a cozinha pouco clareada pelos raios solares. Não conseguiu dormir a noite toda. Abriu o balcão e pegou um saco de ração para cachorros. Despejou uma parcela no comedouro duplo para cães e encheu o outro espaço com água.

        Apoiou-se de costas na pia, com o beijo que trocara com o seu melhor amigo em mente. Sasuke havia ficado paralisado, sem reação. Aproveitou essa chance para experimentar completamente seus lábios, mas quando moveu a boca, fora empurrado. Rejeitado. Sasuke olhou para si com uma expressão confusa, hesitante. Antes que o mesmo falasse algo, Naruto correu, e seguiu todo o caminhou para sua casa a pé.

        “Eu não devia ter feito nada antes de falar com ele...”. Não apenas por ele ser outro garoto... se Sasuke fosse uma garota, ainda assim, Naruto tinha em mente que não tinha o direito de beijá-lo de repente.

        Ouviu Kurama bebendo água e sentou no chão. Não sabia se queria ir para o colégio no outro dia. Ou melhor, em poucas horas. Tinha que conversar com Sasuke, claro, porém tinha medo de ser rejeitado outra vez. Rejeitado como amigo.

        – Au! – sua atenção foi tomada pelo cachorro que latia para a porta do quarto de hóspedes.

        – Karin não está aí, Kurama. Ela 'tá fazendo hora extra.

        Sua prima é enfermeira. Esta passa mais tempo no hospital no que na própria "casa". Quando o louro era criança, sentia-se muito solitário quando chegava da escola e não tinha ninguém para lhe dar as boas vindas, mas agora não se importa mais. Acostumou-se.

        Kurama se aproximou e deitou com a cabeça apoiada nas suas coxas. Naruto alisou, com as mãos, seus pelos.

        – Eu queria fazer isso parar. – olhou para o chão que anos antes seus pais se contorciam de dor. Ainda via-os ali quando sentava na cadeira de frente a pia e mirava o chão. Foi o mesmo lugar que esteve quando eles se foram. Ficara tão assustado na hora que não quis acreditar no que fez. – Eu quero dormir. Estou morrendo de sono. – deitou no chão, ao lado do melhor amigo do homem. Dormiria ali mesmo por alguns minutos antes dos seus sonhos serem perturbados. – Quando eu acordar, serei meu próprio detetive. – passou a mão no pêlo macio do seu cão – Um detetive solitário. Se Sasuke não quer me ajudar, eu vou pesquisar sozinho sobre a Maldição. – o cão latiu – Você pode ser meu ajudante, Kurama. – riu baixo – Seria muito bom se você falasse. – fechou os olhos – Amanhã, eu vou começar meu primeiro – bocejou – caso.

*

        Os feixes de luz haviam concluído, mais uma vez, sua missão. Tudo estava em ordem – pouca neblina estava presente, algumas aves cantavam lindamente, as nuvens haviam se retirado para não atrapalhar a visão magnificente, a lua observava de longe com sua beleza misteriosa... Oh, ali está ele! O rei! O rei rútilo caminha lenta e majestosamente!

        Os animais preguiçosos acordavam somente para contemplar o grande rei que aparecia para iluminar o dia. Todos os que abriram os olhos observavam-no, admirados.

        Exceto um garoto de pele pálida acobertado entre os seus lençóis. Seu rosto afundava no travesseiro, impedindo-o de ver o grande Sol nascente. Pobre garoto. Não sabia que formosura estava perdendo.

        Virou a cabeça para o lado, liberando-se do travesseiro, e tocou os próprios lábios com os dedos da mão esquerda. Seus batimentos cardíacos aceleraram ligeiramente.

        “Por que você fez isso, Naruto?”, abriu os olhos, vendo fracamente seu braço graças à luz que atravessava o lençol, “Você não gosta de Hinata?”.

        Ficara sobressaltado quando os lábios carnudos se chocaram contra os seus. Não conseguia acreditar. Por que o louro havia feito aquilo? E Hinata? Estavam querendo provar alguma coisa? Ele havia percebido como Sasuke se sentia? Não duvidava – aquele Uzumaki tinha uma leitura e interpretação de sentimentos fantásticos. Iria rir de si se correspondesse? Falaria ou mostraria (de alguma forma) para Fugaku? Ficara tão alarmado que mal aproveitou o ato que tanto desejou.

        “Não, Naruto não faria uma brincadeira tão estúpida”, fechou os olhos novamente, “Então... por quê?”.

        Deitou-se de lado, encolhido na cama. Havia sonhado, nas quatro horas que conseguiu dormir, com aquele beijo. Mas ao contrário do que aconteceu realmente, Naruto sorria e segurava seu rosto com as mãos no término – ele não havia corrido.

        “Você realmente ouviu minha conversa com Itachi, não foi?”, agarrou-se mais ao lençol.

        Quando sentira que o loiro iria aprofundar o beijo, afastou-o. Queria perguntar-lhe o porquê de ter feito aquilo, porém antes que dissesse qualquer coisa, o outro fugiu. Sem dúvida estava compungido.

        Tocou o beiço novamente. Ainda sentia a pressão da outra boca contra a sua. Deveria ter deixado o beijo durar mais tempo, assim, se o louro passasse a lhe ignorar, já havia experimentado seus lábios completamente ao menos uma vez.

        Afundou o rosto no travesseiro. Talvez fosse melhor não ir ao colégio em poucas horas. Poderia ser um problema.

        “É, talvez”, pensou colocando a mão entre suas pernas, “Talvez seja melhor não ir”, o beijo em sua mente estava sendo adulterado pela sua imaginação.

~ * ~

        Apoiou o rosto na mão esquerda. Seu caderno estava aberto e cheio de anotações. Um dos alunos – Kiba – segurava uma nota de ¥1000 que pegava fogo, mas não queimava. Era um pouco filósofo: o fogo que não queima. Gostava de química, porém estava entediado naquele dia. Talvez fosse saudade do loiro que sempre sentava perto de si. Ou por ter sido obrigado pelo seu irmão a ir ao colégio. “Suas respostas estarão lá”, foi o que ele disse.

        Itachi confabulou com Sasuke na hora em que o acordou. Ele disse ao caçula que quando chegou do trabalho – às seis horas da manhã – Naruto lhe telefonou para tirar uma dúvida. Perguntou-lhe se o que ouviu, sobre Sasuke ter dito que o amava, é verdade ou uma brincadeira. O louro estava nervoso. O moreno também ficou nervoso ao confirmar que o seu amigo, de fato, lhe ouviu. Fez várias perguntas ao primogênito, das quais não foram respondidas. Itachi simplesmente lhe mandou ir para o colégio, pois “suas respostas estarão lá”.

       “Na mistura de álcool isopropílico e água ocorre a combustão do álcool, onde é liberado calor. Ao mesmo tempo em que ocorre a combustão do álcool, ocorre a absorção deste calor pela água, não existindo calor suficiente para que a nota se queime.” – anotou o que Kiba disse após a experiência.

        Ouviu a risada de Ino. – Essa foi a pior até agora. Kiba não tem criatividade.

        Ino Yamanaka, uma garota sincera, sem medo dizer o que pensa, e mandona. Seu cabelo está sempre preso com um rabo de cavalo alto e um de seus olhos verdes (o direito) quase nunca sai do esconderijo, que é uma franja loira.

        – Por que você está dizendo isso, Ino-san? – Lee perguntou – Eu achei a experiência de Kiba muito interessante!

        – Não estou dizendo que não é interessante. – ela cruzou os braços – Eu falei isso porque o professor fez a mesma coisa ano passado. Ou seja, “sem criatividade”. E essa explicação dele... Kiba é igual a Naruto. Sem dúvida, ele não sabe o que está falando nem o que está fazendo e memorizou a explicação de um livro ou de um site da internet.

        “Dobe”, Sasuke olhou para o seu lado esquerdo. Estranhou o fato de não sentir uma mão direita bater na sua mão esquerda enquanto escrevia.

        – Obrigado, Inuzuka. – Yamato, o professor de química passou os olhos pelo laboratório escolar – Lee-san, você é o próximo.

        – Sim, sensei! – levantou-se e se curvou.

        Sasuke suspirou, entediado. Abaixou a cabeça, escondendo-a entre seus braços e fechou os olhos. Não ia dormir. Não era um vagabundo tal como o dobe. Estava ouvindo o que Rock Lee falava. Sempre prestava atenção nas aulas. Não ia dormir...

        Estava caminhando entre as árvores. Fugia da briga dos pais no seu próprio lar ao lado do seu fiel amigo, Dino-chan. Observava, distraído, as árvores e casas ao seu redor.

        Mas uma coisa chamou sua atenção. Um garoto. Um menino loiro deitado nas raízes de uma jabuticabeira.

        – Meu nome é Naruto. Naruto Uzumaki... – foi o que ele disse com sua voz engraçada e alegre. “Naruto”, um nome estranho. Que tipo de pessoa dá o nome de uma comida ao seu próprio filho? Mas, não somente seu nome era incomum, a sua aparência e personalidade também eram. Ele era diferente de todas as outras crianças que conhecera no Clã.

        E essa diferença que lhe deu curiosidade em conhecer seu novo colega.

        Estava triste. Um ano havia se passado, porém não conseguia esquecer as palavras que seu pai lhe disse naquele dia desgostoso. Não eram apenas as palavras. Desde aquele dia, Fugaku não lhe olhava nos olhos nem falava consigo. Estava sendo ignorado pelo próprio pai.

        Caminhou pela casa, tristonho. Pouco conseguia sorrir desde então. Perdera completamente a vontade de brincar ou conversar com outras crianças. Um sentimento ruim nasceu dentro de si. Tinha pesadelos – Itachi tampou seus olhos, mas conseguiu ver como a sua mãe... se foi. Queria acabar com essa tristeza de alguma forma, qualquer que fosse. Não importava como.

        Abriu a porta.

        – Sasu, vamos brincar de fazer origami? Eu sei fazer uma raposa! – e se deparou com o loirinho sorridente.

        Ali pensou, pela primeira vez, que sua infelicidade poderia ser destruída pelo seu, como gostava de dizer, amigo.

        – Ufa! – deitou-se no tatami. – Finalmente acabei. – havia ficado a manhã e parte da tarde de castigo. Tratou mal uma professora. – Não foi minha culpa. – sentou-se, emburrado – Ela me pediu para fazer um desenho para o Dia das Mães. – abraçou as próprias pernas – Eu disse que não queria fazer – abaixou a cabeça e começou a se balançar – e ela me fez aquelas perguntas... Eu a mandei calar a boca... Eu não queria responder...

        Itachi e Fugaku pediram para a professora lhe dar cem perguntas para responder em uma ficha. Assuntos diversos de todas as matérias em qualquer nível. E isso foi apenas o castigo sugerido pela sua família. A professora lhe pediu para escrever quinhentas vezes “Eu prometo respeitar todos os educadores” com os kanjis mais bem desenhados que podia fazer. Sua mão esquerda provavelmente iria doer por toda sua vida.

        Levantou irritado. Pegou os vários papéis que teve que usar para completar o castigo e saiu do quarto. Ia mostrar tudo ao pai. Ele iria sentir orgulho de si, com certeza. Duvidava que Itachi houvesse respondido tantos quesitos aos nove anos.

        – Oh, Sasu. Você me assustou! – ao abrir a porta do quarto, deparou-se com um menino loiro e um cachorro laranja. – Vamos brincar de frisbee com Kurama? Eu sei que você tem um daqueles discos!

        Tentou reprimir a vontade de jogar todo o trabalho que fez no chão e correr para pegar seu disco.

        Mas foi muito difícil.

        Passou a mão na cabeça. Naruto. Naruto. Naruto. Por que esse nome não saía da sua mente?

        Ouviu a campainha tocar e abriu a porta.

        – Sasuke, vamos jogar futebol? Eu convidei Lee, Gaara e Neji.

        Naruto. Sorriu. Sentiu-se feliz por ter sido convidado – apesar de ele lhe convidar para praticamente todas as brincadeiras.

        Tentou conter a vontade de pular em cima do amigo e abraçá-lo com toda sua força.

        Mas foi muito difícil.

        Envolveu o pescoço do loiro sentado na sua frente, sentindo o calor quase absurdo do seu corpo.

        – Au! – Kurama latiu, animado.

        – Não precisa me abraçar pra pedir um taiyaki. – colocou todo o doce na boca, sentindo o sabor do azuki adocicado – Pode pegar quantos quiser. Karin comprou vários. – engoliu – Na verdade, eu acho que foi Suigetsu que comprou pra ela, mas ela deu todos para mim! Tem muitos e ela me mandou comer todos hoje.

        – Eu vou pegar. – abraçou-o mais forte. – Obrigado.

        – O que foi? – tocou suas costas – Você está triste? Está com vontade de chorar? – abraçou-o de volta. – Pode chorar, Sasu.

        – Não estou triste. – riu baixo – Eu só gosto muito de você, Naru. – desfez o abraço e pegou um taiyaki na mesa.

        – Por isso me abraçou? – o moreno assentiu – Ah... Eu também gosto muito de você, Sasuke. – sorriu, mostrando os dentes.

        Sorriu de volta. Estava feliz. Realmente estava feliz.

        Mas por que estava feliz?

 

        – Uchiha-san! – abriu os olhos ao ouvir uma voz masculina chamando seu nome – Hã? Está dormindo? Uchiha-san! – falou mais alto, caminhando em direção ao moreno que estava com a cabeça abaixada. – Honestamente, eu não esperava essa atitude do senhor Uchiha.

        – Eu estou acordado, sensei. – levantou a cabeça.

        Parou de onde estava. – Por que não respondeu quando eu o chamei?

       – Eu estava pensando no que falar na explicação. A reação do qual optei não é simples para alguns alunos. Pensei em explicar mais facilmente, especialmente para eles.

        Acenou a cabeça. – Muito bem. Venha até aqui. Estamos esperando você. – voltou para sua cadeira.

        – Certo... professor. – levantou e pegou os equipamentos necessários.

        Shikamaru bocejou. Sakura sorriu:

        – Ele é tão esperto...

        Andou em direção à mesa extensa de frente aos alunos. Sentiu-se confortável ao imaginar um louro lhe dizendo “Você é incrível!” após a apresentação. Entretanto, naquele dia o idiota não estava para elogiar tudo o que fazia.

        “Onde você está, Naruto?”, colocou tudo em cima da mesa, “Eu preciso falar com você”. Decidiu que, quando encontrar o loiro, irá perguntá-lo o porquê naquele beijo e o que ele significa.

*

        Bateu na porta. Eram dez horas da manhã, não estava incomodando ninguém. Só esperava que o Uchiha dentro daquela casa pensasse o mesmo.

        Olhou ao redor. Podia ouvir o barulho de uma única cigarra entre as árvores. Itachi lhe disse, uma vez, que somente os machos cantam porque querem atrair as fêmeas. E, normalmente, elas cantam em épocas quentes (primavera ou verão) para acasalar. “Essa cigarra está apressada para reproduzir”, olhou para a nespereira em que o som aparentava vim. Isso o animou, afinal era um aviso de que o verão estava próximo. E isso significa férias de verão.

        Bateu na porta mais uma vez. Escolheu especificamente aquela casa porque foi onde Raiden Uchiha morava. Sabia que ele tinha uma esposa e um filho. Não era difícil conhecer todos de uma vila pequena.

        Bufou e fechou os olhos, respirando fundo e visualizando novamente seu beijo com Sasuke. Havia beijado-o! Mesmo. Mal acreditava. Aquele foi seu glorioso momento de coragem.

        E medo.

        – Bom dia, criança. – abriu os olhos e viu uma mulher que aparentava ter cinquenta anos – Ora, ora. Você não é aquele garoto? Amigo do pequeno Sasuke? Mas ele não está mais tão pequeno, não é? Você também cresceu... Yamazaki-san?

        – Uzumaki. – corrigiu-a.

        – Sim, sim, Uzumaki-san. – sorriu consigo mesma – Um redemoinho na montanha¹. O que deseja?

        – Eu quero conversar com a senhora. Eu posso?

        – Claro, entre. – andou para o lado, dando espaço para o loiro passar.

        – Com licença. – tirou os sapatos e trocou-os pela surippa² do gekan³.

        Sentou-se no sofá e aceitou o chá oferecido. Precisava falar com aquela mulher.

        – Você tem sorte, criança. – pegou um prato de porcelana com desenhos da cultura do seu país – Mais cedo, eu estava planejando comer rakugan⁴ enquanto bebia o chá da tarde e fiz cinco deles. – colocou dois doces com formatos diferentes em cada prato – O gosto está maravilhoso. Eu fiz questão de provar um depois que os fiz. – derramou o chá verde nas xícaras enfeitadas. Trouxe as duas xícaras para a mesinha de frente para o sofá (voltando logo após, para pegar o rakugan) e assentou ao lado o loirinho. – E então? Sobre o que você quer conversar comigo?

        – Eu quero falar sobre o seu marido, Raiden Uchiha. – percebeu que a senhora ficou incomodada – Eu sei que é um assunto delicado, mas, por favor, me escute. Eu sou um... detetive, digamos assim, e sou responsável pela descoberta do que iniciou a Mald... Digo, de quem é o assassino. Sei que sou muito novo para isso, mas precisávamos de alguém que o assassino ou a assassina, não excluímos a chance de ser uma mulher, não desconfiasse. Estou aqui para ajudar vocês. – precisava passar confiança, demonstrar que estava falando sério e que não estava mentindo (apesar de estar). – Quero saber se a senhora conseguiu ver quem... fez isso... com o seu marido, ou viu algo estranho, como uma pista. – pegou o rakugan com formato de peixe e deu uma mordida.

        – Você é mais esperto do que eu pensava. – bebericou o chá, ainda com a expressão de incômodo – Eu sempre ouvi Sasuke lhe chamar de “idiota” ou de “burro”. – colocou a xícara na mesa – Mas eu também o escutei dizer que odeia quando você se finge de idiota. – olhou para os olhos do visitante – Você está mentindo para mim, não é? Nenhuma agência, nem pais, arriscam crianças inexperientes com a vida. Vocês são ingênuos, não sabem em quem confiar.

        – Uchiha-san, – sorriu – por que eu mentiria? Por que eu viria para a casa de uma mulher viúva para perguntar sobre o seu... fale...cido marido? Além do mais, eu não tenho pais nem família. Se eu morrer, ninguém vai ficar triste.

        Pegou o doce em forma de folha e mordiscou. – Eu não vi nada. Naquele dia, naquele feliz e infeliz dia, eu levei meu filho para o seu primeiro dia na faculdade. – sorriu de lado, olhando para o teto – Ryota fez um curso público, e quando ele passou foi uma imensa alegria! Eu e Raiden estávamos muito orgulhosos. Ryota tinha uma chance de ter uma vida melhor do que a vida que tínhamos aqui. – colocou o rakugan mordido de volta no prato – Meu marido não pode vir conosco para a faculdade. Raiden tinha que trabalhar. – olhou para os olhos do visitante – Quando eu voltei, ele já estava morto. Saí da minha casa feliz e quando voltei, fiquei consternada.

        – Mas não tinha nem uma pista? Você não procurou por nada que desse uma dica?

        – Criança, eu procurei qualquer vestígio do indivíduo em todas as madeiras dessa casa, e do que não é de madeira também. Procurei em todos os lugares, porém nada havia. Uma impressão digital, uma marca de sapato; nada! Seja lá quem for o cretino que está fazendo essas atrocidades, não é um cidadão qualquer; ele é esperto, tem cuidado no que está fazendo.

        – Hum... Obrigado. – experimentou o chá verde – A senhora, por favor, poderia manter essa conversa em segredo?

        – Claro, criança. Mas tenha cuidado no que está fazendo, não é todo assassino que consegue se esconder da polícia sem nem um indício por dezessete anos.

~ * ~

        “Ele não está aqui”, Sasuke desistiu de chamar o louro na porta da casa do mesmo.

        Caminhou na calçada, com as mãos nos bolsos. Eram quatro horas da tarde – não tinha visto Naruto o dia todo. Decidiu voltar para a própria casa a pé: queria pensar no beijo e no que exatamente diria ao seu amigo.

        Levantou a cabeça e viu dos olhos azuis preocupados, e lábios carnudos com um pequeno sorriso de lado. Uma das mãos levemente escuras por causa do sol segurava uma sacola de plástico pequena de um Pet Shop.

        – Naruto... – observou o seu amigo desviar do seu caminho e ir para a própria casa, que não estava longe. Seguiu-o. – Nós temos que confabular. Ou conversar, se você não sabe o que significa "confabular".

        – E se eu não quiser "confabular"? – pegou a chave que havia colocado dentro da sacola, já que não tinha bolsos.

        – Se não quiser falar comigo, ao menos escute o que eu quero lhe dizer.

        – Certo... – abriu a porta e trocou os sapatos pela surippa marrom.

        Sasuke colocou uma surippa azul e entrou na moradia bagunçada. Sentou no sofá – que estava com o cheiro característico dos cachorros – e esperou o loirinho sentar ao seu lado. Tinha em mente que Naruto não iria lhe oferecer chá nem nada que ele pudesse fazer com as próprias mãos; Naruto nunca cozinhava.

        – Sasu, você quer um biscoito de arroz? – estava na cozinha segurando um saco cheio de biscoitos brancos.

        O moreno recusou. Ele colocou a própria bolsa escolar nas pernas e abriu-a, tirando de lá quatro papéis.

        – Eu trouxe os deveres de casa de hoje. – folheou os papéis – Aqui tem a anotação dos experimentos químicos; eu escrevi quem os fez, o que eles fizeram e a explicação. Tem também páginas do livro de uma atividade de Japonês, com vinte quesitos. E, por fim, cinco questões de uma atividade de Biologia.

        O loiro se aproximou. – Obrigado, Sasuke. – pegou os papéis – Ainda bem que não tem muita coisa para fazer. – e colocou-os em cima da mesa.

        – Eu não vim aqui somente por esse motivo. – olhou para o olhos brilhantes e preocupados do amigo – Naruto, diga-me com sinceridade, por qual motivo você me beijou ontem?


Notas Finais


¹Eu fiz uma piadinha :v Yamazaki significa "extremidade da montanha" e Uzumaki significa "redemoinho".
²Surippa é um tipo de chinelo ou pantufa japonesa utilizada para andar nos ambientes interiores das residências japonesas.
³"O genkan é uma espécie de pós posto de fronteira entre o mundo exterior e o santuário da casa. Mesmo quando entrar em sua própria casa, o ato de tirar os sapatos é um símbolo de abandonar as preocupações e problemas, bem como a sujeira do mundo exterior." (ta em aspas porque eu tirei de um blog)
Acho que vocês já viram personagens de animes (Ouran High School Host Club que o diga) deixando os sapatos num lugar mais baixo da casa (que é na entrada ou saída) e colocando pantufas logo em seguida. Eu pesquisei sobre isso e achei bem interessante: eles tiram não somente por higiene física (pra ñ sujar a casa com os sapatos), como também por higiene espiritual - ao tirar os sapatos, são libertas todas as “energias impuras” de fora da casa. Tirando os sapatos sujos e deixando-os na genkan, essas energias não vão invadir a harmonia do Lar. Sendo estrangeiro ou não, você tem que seguir isso como se fosse uma regra.
⁴Rakugan é um doce japonês muito fofo *-*
E, pra quem não sabe, sensei significa professor(a).

Quem gostou desse lado de Naruto? :3
;-;

Nesse capítulo, eu vou agradecer à LYLE! Seu comentário foi o segundo e eu ri pra caramba :') É sério. Obrigada por ter me feito rir e obrigada por comentar )o)
Eu não queria agradecer a mesma pessoa do capítulo passado, então só vou fazer um cometário: SWEETTYE, eu amei seu comentário u.u
E também quero agradecer à nova leitora SIEME-CHAN! Haha, obrigada por comentar :') Sasuke é um ciumento mesmo u-u


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