História Brown T-Shirt A.B.O Jikook - 85

Aquele foi o jantar mais tenso que Jimin presenciara em toda a sua vida.

Superou até aquele em que sua mãe e seu irmão brigaram, porque Jihyun brigou com um garoto e quase foi expulso da escola particular e cara.

O alfa lúpus da família era quem deixava tudo mais pesado, e depois da "conversa" com Jeongguk no escritório, ele parecia ainda mais nervoso. Seu olhar rubro fuzilava o alfa mais novo, que por sua vez não soltava Jimin por nada.

- Ya, ômega. - Soltou os talheres, fazendo um barulho irritante contra o prato de louça. Jimin ergueu a cabeça lentamente, endireitando sua postura e tentando não parecer nervoso. - O que você fez com meu filho? - Falou a última palavra com um tom diferente, cruzando as mãos sobre a mesa e prestando atenção em Park, que por sua vez estava confuso.

- Perdão, o que? - Corou de vergonha, e o Jeon mais velho bateu a mão na mesa, o que fez Jungkook pensar em levantar, mas Jimin apertou a mão dele, o mantendo ali.

- Meu filho gosta mesmo de você, a ponto de me desafiar. Então eu penso que você deve ter feito algo. Por um acaso você está grávido ou algo assim? - Perguntou, rindo irônico e olhando para Yeojin, que somente mantinha a cabeça abaixada.

- SungChan, já chega! - O moreno rosnou alto, seus caninos saltando e assustando Jimin, que nunca tinha o visto daquele jeito. - Não fale assim de Park Jimin! Mesmo se ele estivesse grávido, não seria capaz de usar isso como uma arma para me "prender"! Não insulte meu ômega!

- J-Jeonggukie... N-não precisa se estressar. Eu... Eu já estava de saída. - Sussurrou, sentindo seus olhos marejarem. Definitivamente, seus sogros lhe odiavam. - Se cuide e coma bem, por favor. - Beijou a têmpora do alfa, antes de sair da sala de jantar apressado.

- Com licença, eu perdi a fome. - O alfa lúpus se levantou, com um sorriso cínico estampado nos lábios.

- De jeito algum, você fez meu ômega ir embora e age como se tivesse sido ofendido?! - Gritou, enquanto o seguia pelo corredor.

- Vá estudar, garoto. Eu não aguento mais viajar tanto, então se forme logo e cuide desse hospital. - Resmungou, entrando no escritório novamente e levando um cigarro até os lábios. O menor foi atrás, tão nervoso que suas mãos suavam e seu pescoço dava leves tiques.

- Eu não vou me formar em medicina, pai. Eu tranquei a faculdade. - Pela primeira vez na vida, ele viu o pai pasmo. Provavelmente, o alfa puro pensava que o filho mais novo nunca o desafiaria tanto.

- O que?

- Eu tranquei a faculdade essa semana e semestre que vem começo a fazer fotografia. Eu nunca quis fazer Medicina e nem nada disso, você sabe. - Fechou a mão em punhos, respirando fundo tentando não demonstrar nervosismo.

- Você vai fazer o que eu quiser que faça, você não entendeu que enquanto morar na minha casa e for sangue do meu sangue você tem que me obedecer?! - Rosnou, batendo a mão na mesa de madeira e acabando por derrubar tudo que estava ali.

- Não, eu não vou! - Rosnou de volta, avançando em passos largos até estar na frente do homem mais velho. - A vida é minha, e não importa se eu vivo debaixo do seu teto, eu saio se você pedir! Eu não me lembro de você ter brigado com Junghyun quando ele disse que não assumiria o hospital! Por quê a responsabilidade sempre cai em mim? Eu sei que sou seu único filho que ainda não se atou, e que o hospital tem que continuar na família, mas fotografia é onde eu me dou bem, e é isso que eu vou fazer! Se não quiser aceitar isso, pode mandar algum dos seus capachos me sequestrar e me matar como eu sei que você já fez com algumas pessoas!

O alfa mais novo não teve muito tempo pra pensar antes de sentir seu rosto doer e ele ir ao chão, conseguindo se apoiar em uma cadeira antes que batesse a cabeça. Um gosto metálico se instalou em sua boca, e ao levar a mão até o lábio inferior, percebeu que ele estava cortado.

- Você é totalmente o contrário dos seus hyungs. Só é semelhante na aparência, de resto você não tem nada deles. - Murmurou, antes de sair da sala.

Jeon franziu as sobrancelhas, totalmente confuso. Hyungs? Mas ele só tinha Junghyun como irmão! De quem seu pai estaria falando? Provavelmente estava ficando louco de vez.

- Jungkook! - Yeojin entrou chorando na sala, indo ajudar seu filho a se levantar. - Você está bem? Ele te machucou? - Tocou a bochecha machucada do garoto e em seguida o lábio, preocupada. O moreno se afastou rapidamente, estranhando tanta afeição por parte da mulher.

- Foi... só um soco. Não está doendo. - Respondeu, se sentando na cadeira e tentando respirar fundo. Realmente, o local atingido não estava doendo, foi só na hora do impacto. O alfa comum estava tão confuso e a adrenalina em seu corpo estava tão alta, que ele simplesmente não sentia nada. - Mas você não se importa, não é?

- Eu me importo! Eu sempre me importei com você esse tempo todo! Tudo o que eu fiz foi pensando em você! - Gritou, em meio a soluços altos.

- Pensando em mim, Yeojin?! Você praticamente me abandonou quando eu era pequeno!

- Eu fiz isso porquê não queria que acontecesse com você o que aconteceu com... - Se interrompeu, arregalando os olhos. O moreno se levantou e a segurou pelos ombros, sacudindo-a.

- Com quem, Choi Yeojin?! O que aconteceu com quem?! Me diz!

- É melhor você se sentar, eu tenho coisas a contar. - Controlou o choro, sorrindo triste.

O Jeon mais novo, completamente pasmo, se sentou, e sua mãe se sentou em sua frente, segurando suas mãos como nunca havia feito antes. Ela esperou pacientemente até que ele se acalmasse, o observando atentamente.

- O que está acontecendo?

- Logo depois de eu ter me casado com seu pai, eu fiquei grávida de Junghyun, como você sabe.

- Sim, e depois eu nasci. O que tem isso a ver?

- Na verdade não. Quando Junghyun tinha 6 anos, eu fiquei grávida de novo, de Sungjin. Meu menino alfa puro. - Mordeu o lábio inferior, triste por lembrar de tudo aquilo de novo. - Seu pai herdou o hospital e começou a administrá-lo, mas nós ainda ficávamos em casa, cuidando deles. Éramos uma família feliz, sabe? - Sorriu, lembrando de seus garotos brincando com Sungchan no jardim, correndo dele. - Mas então, as viagens começaram, e o hospital começou a ficar famoso. Nós quase não tínhamos tempo para ficar em casa, e então contratamos uma babá pra cuidar de SungJin, já que Junghyun já estava bem crescidinho. Aquela desgraçada. - Falou entredentes, os punhos se fechando de raiva. - Um dia, quando nós voltamos, Junghyun estava dopado no quarto e não conseguíamos encontrar Sungjin e nem a babá.

" - Lu YiChen! - A ômega gritou desesperada, abrindo todas as portas da casa e não encontrando nada.

- YiChen, onde você está com o meu filho?! - SungChan gritou, procurando pelo lado de fora, com Junghyun em seu colo.

Yeojin abriu a porta do quarto de Sungjin e abriu o guarda-roupas, encontrando-o vazio. Uma dor aguda se alastrou pelo peito da jovem, e ela caiu de joelhos, se encolhendo ali até que seu marido chegasse e a abraçasse apertado. Lágrimas corriam pelos rostos do casal, e Yeojin apertava a blusa de seu alfa.

- Ela o levou, Chanie. Ela levou o meu filho, Sungchan! "

- Espera, espera. Você acabou de me contar que eu tenho um irmão mais velho, e que ele foi sequestrado por uma babá chinesa? Você sabe que não estamos em um dorama, certo? - Riu amargo, se levantando. Yeojin o puxou de volta, se curvando.

- Acredite em mim, é tudo verdade!

- Mesmo que seja, não explica o motivo de meu pai me odiar, e nem o porquê de eu não ser um alfa puro.

- É por isso que eu preciso terminar!

- Vá em frente. - Deu de ombros.

- Nós passamos três anos procurando por Lu YiChen e por meu filho. Mas parece que esse não era o nome dela, então ficamos sem rastros. Depois de todo esse tempo, desistimos. Nunca conseguiríamos. Nossa família se quebrou depois disso. Seu pai vivia trancando no escritório ou no hospital, sozinho e as vezes, com Junghyun. Eu sentia que ele colocava a culpa em mim, porque fui eu quem a contratei. Eu pus uma oportunista na nossa casa. Ele nunca me perdoou. - Deu algumas batidinhas embaixo dos olhos, secando as lágrimas. - Em um dos meus heats, eu fiquei grávida de novo. Dessa vez foi uma menina, ômega. Ela nasceu com uma dificuldade respiratória, e depois de quatro meses, eu tinha perdido mais um filho.

- Por isso eu não sou alfa puro... - Murmurou, tudo ficando claro em sua cabeça.

- Eu tinha desistido de tentar ter outro filho, mas quis tentar por insistência de Junghyun, que já tinha 10 anos e queria um irmãozinho. E então você veio, perfeito, sem "defeito" algum. Alfa comum. Eu fiquei tão feliz e ao mesmo tempo tão receosa... Seu pai também ficou feliz, e Hyun então... Nem se fala. - Riu. - Mas o problema, é que você era idêntico a Sungjin. O mesmo nariz, os dentinhos fofinhos de coelho... Mas a personalidade totalmente diferente. Isso perturbou SungChan de um jeito incrível. Ele desenvolveu uma rejeição por você, e eu não pude evitar. Ele se afastou de todos nós, e quando você completou dois anos eu decidi me afastar também, porque estava tão quebrada, e eu tinha medo de te perder também. Por isso eu nunca te expus na mídia,e fingi indiferença. Mas eu tinha Junmi aqui, ela passou a ser meus olhos e ouvidos aqui, sempre. - Se ajoelhou, curvando-se para o filho. - Mianhae, Jeongguk!

- Yeojin, Yeojin! - A abraçou, mesmo que achasse o ato muito invasivo. - Está tudo bem agora. - Não estava. O alfa não achava justo seu pai o castigar somente por ser parecido com o filho perdido. Não era sua culpa. - Então aquela câmera que tinha "SJi" escrito atrás era de Sungjin? - Questionou, sentando-se sobre os calcanhares para conseguir ficar de frente para o rosto da ômega, que assentiu lentamente.

- Ele gostava de fingir que estava tirando fotos com a câmera de plástico que tinha, então eu comprei aquela Polaroid branca e o dei de aniversário, depois de colocar todos aqueles adesivos. Ele dizia que queria ser "fotografeiro". - Riu, nostálgica. - Nem deu tempo dele aprender a usá-la. - Olhou para o teto branco, deslizando nervosamente suas mãos pelo tecido da calça de seda cara e respirando fundo.

- Eu gostava bastante daquela câmera, também. Foi a primeira da coleção, Junmi me deu ela, mas foi escondido.

- Sim, e eu surtei porque aquela Polaroid me lembrava muito dele. Me desculpe por ter feito aquilo.

- Nós vamos encontrá-lo, Yeojin. - Jungkook afirmou, batucando os dedos longos no ombro da loira e inclinando a cabeça pro lado rapidamente. - Não importa aonde eu vá procurar, eu vou encontrar SungJin hyung.

- Nem sabemos se ele está vivo, Jeongguk. Em 22 anos nós não obtivemos nenhuma informação sobre Lu Yichen, ou seja lá qual for o nome dela, e nem de SungJin. Não temos como achá-lo.

- Yeojin, não duvide de mim. - Riu baixinho, antes de se levantar do chão e ajudar a ômega a se levantar também. - Eu consigo fazer tudo o que eu quero. E eu quero encontrar o meu irmão. - Jogou o cabelo pra trás, sorrindo de lado. - Eu vou pro meu quarto agora, com licença. - Foi em direção ao corredor, mas Choi segurou seu pulso delicadamente.

- Jeongguk. - Sussurrou, cheia de remorso. - Você... pode me chamar de mãe? - O alfa sorriu pequeno, hesitando um pouco antes de apertar o ombro dela com afeição.

- Se você não me abandonar de novo, eu posso. - Ela assentiu veementemente, sendo pega em um abraço desengonçado.

- Eu tenho uma coisa pra te dar. Eu acho que está no meu quarto. - Correu até a suíte no final do corredor, voltando com uma caixinha em mãos. - Eu planejava te dar isso à algum tempo, mas não achei oportunidade. - Entregou a caixa para o moreno, que franziu o cenho antes de abri-la.

- Mas... É a Polaroid que você quebrou. - Murmurou confuso, passando os dedos sobre os adesivos infantis ali.

- Na verdade, é outra. Eu passei uns bons minutos colando os adesivos. Mas está aí. Feliz aniversário. - Sorriu largamente.

- Eu... Obrigado, Omma-nim.