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História Buon Compleanno, Abbacchio - Oneshot


Escrita por: tenmei

Notas do Autor


Então... Eu tô um pouquinho atrasada pro aniversário do nosso ex-policial gótico preferido, mas o que vale é a intenção, né?
Eu não pensei muito sobre o contexto dessa história, tempo e lugar onde ela se passa. Vamos só fingir que a parte 5 acabou bem e todos eles vivem juntos e felizes, ok? :')

Buon compleanno = feliz aniversário, em italiano.

Boa leitura!

Capítulo 1 - Oneshot


Abbacchio não gostava de comemorar o seu aniversário. 

Não gostava do simbolismo daquela data. 

Um ano a mais. Um ano a menos. 

Pensar em comemorar a passagem de mais um ano implicava em aceitar o fato de que o tempo havia passado e ele inevitavelmente acabava ficando pensativo sobre os acontecimentos daquele último ano. Consequentemente, pensar sobre os acontecimentos dos últimos doze meses lhe fazia mergulhar em uma vastidão de pensamentos sobre o seu passado como um todo.  

O passado do qual ele parecia estar sempre correndo, sempre fugindo, mas do qual jamais poderia se ver livre graças a um sentimento que insistia em cutucá-lo como um pequeno parasita em sua mente: a culpa. 

Ainda estava deitado em sua cama após acordar, olhando para o teto enquanto tentava criar coragem para iniciar aquele dia, quando ouviu o som de uma batida na porta. Aquele foi o impulso necessário para que ele afastasse os lençóis e se colocasse em pé.  

Abbacchio não gostava de comemorar o seu aniversário, mas sabia que seus companheiros não deixariam aquele dia simplesmente passar em branco. 

Enquanto se dirigia até a porta, passando a mão pelos longos cabelos platinados, já se perguntava qual seria a primeira pessoa que iria parabenizá-lo naquele dia. Havia uma pequena expectativa de quem ele gostaria que fosse, mas ela acabou se extinguindo quando ele abriu a porta do quarto e se deparou com aquela figura de cabelos rosa-choque. 

- Bom dia, Abbacchio. - Trish falou com um sorriso amplo. A jovem pareceu hesitar por alguns breves instantes antes de dar um passo em sua direção e passar os braços pelo seu corpo em um abraço rápido. - Feliz aniversário! 

- Ah... Obrigado. - Abbacchio se limitou a dizer. Aquele tipo de contato não era algo que ele aceitava com frequência por parte das outras pessoas. Mas naquele dia, e vindo daquela jovem, ele não via motivos pra recusar. 

- Aqui. Seu presente. - Trish falou quando se afastou do seu corpo, lhe estendendo o pequeno objeto que só então Abbacchio havia percebido que ela estava segurando. A garota não havia se dado o trabalho de embrulha-lo com um papel de presente, de modo que ele reconheceu a embalagem de batom assim que ela lhe entregou. – É a sua cor preferida. E essa marca é ótima.  

Abbacchio abriu a tampa do batom para observar a cor roxa intensa da maquiagem enquanto ouvia a explicação de Trish sobre como aquela era sua marca de cosméticos preferida.  

Ele agradeceu mais uma vez antes que a jovem se afastasse pelo corredor da casa.  

Só então ele pôde seguir até o banheiro anexo ao quarto para fazer sua higiene pessoal após acordar, levando consigo o batom que havia ganhado na intenção de usá-lo naquele dia especial, pesando em fazer isso muito mais por consideração à garota que havia lhe dado o presente do que pelo fato de querer realmente celebrar aquele dia.  

Após pentear os longos cabelos platinados e passar o batom nos lábios, Abbacchio deu uma boa olhada para a própria imagem no espelho do banheiro, pela primeira vez pensando que, talvez, aquele dia não fosse tão ruim assim uma vez que ele estaria cercado de pessoas que, como Trish, se importavam o suficiente para fazer algo especial para ele.  

Quando ele saiu do banheiro e voltou ao quarto, no entanto, aquele pensamento sumiu por alguns instantes e uma impaciência tomou conta de si.  

Cuidadosamente colocado na mesa de cabeceira ao lado da sua cama, havia um buquê de lírios brancos acompanhado de um pequeno cartão. 

Abbacchio não precisava pensar muito ou sequer usar o seu stand para descobrir quem havia deixado aquelas flores ali após se esgueirar em silêncio para dentro do seu quarto enquanto ele usava o banheiro. 

Ele se aproximou para ler o que estava escrito no cartão. 

 

“Buon compleanno.” 

                    - GioGio. 

 

- Esse moleque... Tsc.– Abbacchio resmungou para si mesmo com irritação antes de abrir a gaveta da sua mesa de cabeceira e guardar o pequeno cartão ali dentro.  

Após colocar o buquê de flores novamente sobre a mesa de cabeceira, ele saiu do quarto para seguir até a cozinha. 

Antes mesmo de chegar até o cômodo, já podia ouvir as vozes exaltadas de Mista e Narancia que estavam ali dentro. Aqueles sons o faziam sentir que o dia havia realmente começado. Ele colocou a mão na maçaneta da porta e respirou fundo antes de entrar na cozinha. 

- Eu te disse pra não deixar a temperatura do forno tão alta! - Mista falava para Narancia com um tom acusatório. 

Na bancada ao lado dele, ainda exalando fumaça, havia uma assadeira com o que parecia ser um projeto fracassado e completamente queimado de um bolo, mas que olhando de longe também poderia parecer um pedaço de carvão. Fora isso, o restante da cozinha estava um completo caos, com utensílios sujos espalhados pela pia e pela mesa. 

- Mas eu queria que o bolo ficasse pronto pra ele comer no café da manhã! - Narancia se defendia enquanto também usava um tom de voz alto. 

- E agora o bolo tá queimado! - Mista falou novamente, apontando para o pedaço de carvão fumegante ao seu lado. 

- Não teria queimado se você tivesse tomado conta do forno como você disse que ia fazer! - Narancia agora gritava enquanto assumia uma postura hostil, como se estivesse pronto para atacar Mista com algum dos talheres que estavam sobre a mesa ao seu lado. 

Abbacchio, que havia ficado estático por alguns instantes enquanto observava aquele caos, finalmente se pronunciou. 

- O que vocês estão fazendo?! - a voz do ex-policial se sobressaiu às vozes dos outros dois rapazes, fazendo com que ambos olhassem para ele como duas crianças que haviam sido flagradas fazendo bagunça. 

Narancia estava com manchas brancas de farinha na bochecha e na testa. 

- Abbacchio, feliz aniversário! - Narancia falou com um sorriso amplo enquanto se aproximava. 

- Feliz aniversário! - Mista também falou com um sorriso enquanto dava um passo para o lado para esconder atrás dele o bolo queimado sobre a bancada. 

- Obrigado. - Abbacchio falou enquanto estendia uma das mãos para limpar a farinha no rosto de Narancia. - Por que vocês estão tentando destruir a cozinha assim tão cedo? 

- Eu queria fazer um bolo de aniversário pra você, mas acho que não deu certo... - a voz de Narancia agora soava um tanto entristecida. 

- E ele me pediu pra ajudar. - Mista falou de onde estava. 

- Mas tudo o que você fez foi atrapalhar! - Narancia novamente exaltou o tom de voz. 

- Eu só estava tentando seguir a receita! - Mista retrucou. 

- Ei, ei, ei... Tá tudo bem. Não tem problema. - Abbacchio falou antes que os dois rapazes voltassem a discutir, indo até um dos armários da cozinha para procurar o objeto que ele havia ido buscar ali: uma jarra de vidro. 

- Mas eu queria mesmo te dar um bolo de aniversário. - novamente, a voz de Narancia soou tristonha e agora até mesmo seu olhar havia baixado em uma expressão infeliz. 

Mista, atrás deles, observou o rapaz mais jovem com certa pena, também parecendo um pouco chateado com a situação. 

Abbacchio realmente não fazia questão de um bolo de aniversário tanto quanto não fazia questão de ganhar presentes ou fazer qualquer tipo de celebração. Ainda assim, por mais que aquele fosse o seu dia, ver o espírito abatido de Narancia, que geralmente era animado e descontraído, não era algo que ele gostaria de presenciar naquela data. 

- Tá certo... Então mais tarde a gente sai pra comprar um bolo. - Abbacchio falou, sugerindo aquela ideia muito mais para alegrar Narancia do que por qualquer outro motivo. - Agora limpem essa bagunça. 

- Ok, pode deixar! - o sorriso amplo e característico voltou às feições do rapaz mais jovem, que prontamente se animou para começar a reunir as louças sujas espalhadas pela cozinha.  

Mista também pareceu ter seu ânimo revigorado, assentindo e então começando a ajudar Narancia a organizar o local. 

- Você que vai pagar o bolo. - Mista falou em um tom de provocação. 

- Você é quem deveria pagar porque foi você quem deixou queimar! - Narancia devolveu a provocação. 

- Mas eu te disse que não era pra deixar a temperatura do forno tão alta! - Mista retrucou outra vez. 

Os dois rapazes pareciam estar prontos para entrar novamente naquela discussão e Abbacchio aproveitou aquela oportunidade para sair dali, não podendo deixar de emitir um riso baixo e contido enquanto se afastava. 

Já havia subido as escadas e estava voltando para o seu quarto quando uma voz chamou a sua atenção, fazendo com que ele se virasse para trás. 

- Abbacchio! - Fugo falou enquanto o alcançava, exibindo um sorriso gentil e discreto. - Feliz aniversário. 

- Obrigado, Fugo. - Abbacchio respondeu, retribuindo o sorriso. 

- Isso é pra você. - o rapaz falou enquanto lhe estendia um exemplar de um livro envolto em um laço de fita vermelho. 

- Ah, não precisava. - ele respondeu enquanto pegava o presente. - Um livro? 

- Sim. Eu li ele há algumas semanas atrás e imaginei que você fosse gostar. É um suspense policial sobre um assassinato em um trem. 

- Um suspense policial... - Abbacchio falou enquanto observava a capa do livro. Era exatamente o tipo de presente que ele poderia esperar do jovem loiro à sua frente. Ele tentou não pensar de forma negativa ao ser associado àquele gênero literário. 

- Espero que você goste. Depois de ler me diz o que achou. - Fugo falou enquanto se afastava pelo corredor. 

Abbacchio apenas assentiu em silêncio e voltou até o seu quarto.  

Após dar uma última olhada no livro, ele o deixou sobre a cômoda e foi até o banheiro levando consigo a jarra de vidro que havia trazido da cozinha para enchê-la de água. Não demorou para voltar ao quarto e pegar o buquê de flores que havia ganhado para colocá-las ali dentro. 

Estava ocupado acomodando os lírios brancos dentro da jarra com água, de modo que não notou a figura que o observava em silêncio, parado na porta do seu quarto, que estava aberta.  

- Bom dia, Leone. - Bucciarati falou, fazendo sua presença ser notada. 

Abbacchio teve um pequeno sobressalto, se virando em direção à porta para encontrar o capo o encarando com um sorriso dócil. 

- Bom dia. - o platinado respondeu. 

- Olha só... O dia mal começou e parece que você já ganhou vários presentes. - Bucciarati falou enquanto entrava no quarto e cautelosamente fechava a porta atrás de si, observando os objetos sobre o móvel. 

- É, isso foi uma surpresa pra mim também. 

Abbacchio não estava mentindo. Apesar de saber que os seus companheiros não deixariam aquele dia passar em branco, ele não imaginava que cada um deles fosse se empenhar tanto em lhe fazer algo especial, mesmo que o resultado fosse desastroso como no caso de Mista e Narancia. 

- Pois eu vim te trazer mais dois presentes. - Bucciarati falou enquanto lhe estendia a garrafa de vinho Castle Silent que ele havia trazido consigo. - Aqui, o primeiro. 

- Obrigado, Bruno. É o meu preferido. - Abbacchio falou enquanto observava a garrafa, não contendo o sorriso em seu rosto quando seu olhar voltou ao homem à sua frente. 

- Eu sei disso. - aquele sorriso dócil voltou aos lábios do capo. 

- E qual é o segundo presente? - o mais alto falou enquanto cuidadosamente deixava a garrafa sobre a cômoda junto das outras coisas que ele havia ganhado. 

A resposta para a sua pergunta não veio através de palavras. 

Abbacchio pôde perceber o pequeno sorriso que se formou nas feições de Bucciarati, apenas por alguns breves segundos, antes que ele desse um passo confiante em sua direção e, extinguindo a distância que havia entre eles e apoiando as mãos em seus ombros, ele ergueu o próprio corpo até que fosse possível alcançar os lábios do platinado em um beijo suave e carinhoso. 

As mãos do mais alto foram até a cintura do capo, mas não demorou para que seus braços o envolvessem por completo em um abraço tão terno e apaixonado quanto aquele beijo. 

Afastaram o rosto instantes depois, mas mantiveram os corpos unidos por mais algum tempo. Bucciarati deslizava as pontas dos dedos pelos longos fios de cabelo branco do mais alto enquanto que Abbacchio o mantinha em seus braços de forma carinhosa. 

- Feliz aniversário, Leone. - Bucciarati falou, finalmente recuando o corpo. 

- Obrigado... - ele respondeu, levando uma das mãos ao rosto do capo para deslizar o polegar pelos seus lábios a fim de limpar as manchas do seu batom roxo que haviam ficado na boca do outro rapaz. - Eu quero que você venha beber esse vinho junto comigo hoje à noite. 

- Pode contar com isso. - Bruno sorriu novamente quando Abbacchio terminou de limpar sua boca, só então se afastando dele e se dirigindo novamente até a porta do quarto. - Vamos tomar café? 

- Claro, eu desço em um minuto. - Abbacchio também sorriu de forma discreta, vendo Bucciarati apenas assentir em silêncio e sair do quarto para se dirigir até a cozinha. 

Ele então se virou para o espelho da cômoda ao seu lado para também limpar e retocar sua maquiagem borrada antes de ir se juntar aos companheiros, dando uma última olhada para os presentes que havia ganhado e só então saindo do quarto. 

Parando pra pensar, talvez naquele ano Abbacchio tivesse realmente algum motivo para querer celebrar aquela data. Pela primeira vez ele se pegou pensando sobre o futuro de forma otimista em vez de pensar no passado de forma amargurada. Sentir-se acolhido e apreciado pelas pessoas que o cercavam já parecia um motivo suficiente para que ele olhasse para aquele dia com uma perspectiva diferente dos anos anteriores.  

Abbacchio não gostava de comemorar o seu aniversário. 

Ou pelo menos não gostava até aquele dia. 


Notas Finais


É isto. Feliz aniversário pro Abbacchio!
Ele é um dos meus personagens preferidos da parte 5 e eu apenas não podia deixar passar em branco porque eu já tinha essa história prontinha na minha cabeça.

Ah, eu sou burra e esqueci de mencionar na história: o livro que o Fugo dá pro Abbacchio é "O Assassinato No Expresso Oriente", da Agatha Christie.

Obrigada a quem leu!


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