História Burn - Avery Burn.

Avery Burn

Um remix de Someone Else da Miley Cyrus, feito por mim, tocava em meus fones enquanto eu remexia um pouco o corpo, possuída pela alegria e energia.

Os equipamentos à minha frente me fizeram sorrir ainda mais, eram meus. Não de Algum amigo ou do curso que já fiz. Eram meus, apenas meus.

E isso me deixava feliz.

Uma garota de 18 anos que sonha em ser DJ, isso é loucura.

Mas os loucos, os loucos são felizes.

Aqueles que possuem música em suas veias, que apenas com uma batida se animam.

Ah, isso é ser feliz.

Muitos diziam que isso não leva em nada, me mandavam desistir e fazer uma boa faculdade. Eles realmente não conhecem Avery Burn.

Desistência não é uma palavra que fazia parte do meu vocabulário. E nunca iria fazer.

O mesmo para faculdade. Passar anos e anos em um lugar com pessoas decididas, que se dedicam a uma coisa que não tem graça. Ah, olho para eles e vejo como estou bem assim.

Música corre em minhas veias. Literalmente. Meu pai era um músico. Não fazia sucesso, tocava em bares à noite e para mim. Ah, para mim ele tocava muito.

Ele estaria orgulhoso de me ver se ainda estivesse aqui.

Minha mãe nunca aceitará. Nunca me apoiará. Mas eu nunca precisei do apoio de ninguém.

Meu padrasto era outro que não gostava, mas nunca reclamava e quando ouvia meus barulhos, elogiava.

Dougie, ou melhor, Doug, meu irmão mais novo, possuirá sete anos e era tão louco pela música como eu. Dizia que um dia, iria seguir meus passos. Uma decepção para mamãe, para mim, um orgulho.

Era mais que gratificante ver que alguém se interessa pelo seu trabalho, por menor que seja.

Mas acredito que vou crescer. Acredito que Martin Garrix, minha maior inspiração, ainda gravará comigo. Ah, acredito em muitas coisas.

Quero crescer, baladas e matinês são ótimas para agitar, mas eu quero agitar o mundo.

Quero ver aquelas pessoas pulando e gritando ao ouvir meu som.

É para isso que estou aqui.

E ninguém vai me derrubar.

– Burn! – a voz fina e calma de Marly, minha melhor amiga, soou.

– Oi Ly. – sorri para a mesma.

– O quê você tem ai? – perguntou ao tentar pegar meus fones. Desliguei o aparelho, gargalhando.

– Se você for ao Allows mais tarde você saberá. – disse com orgulho o nome da boate que iria tocar hoje. Ainda não era muito, mas eu me contentava com o pouco que abriria muitas portas.

– Avery Burn, ou melhor, Burn vai tocar na melhor boate da Bélgica? Você é um orgulho Burn! – destacou meu sobrenome, ou melhor, nome artístico. Burn significa fogo. Vermelho como meu cabelo. Quente como tudo que corria em mim.

– E você vai estar lá para me ver. – disse sorrindo.

– Posso saber aonde, mocinha? – Angel Burn, ou melhor, minha mãe, entrou na sala acompanhada de Doug, que correu até mim e me deu um abraço.

– Allows mãe, Allows! – disse animada, dando-a um abraço.

Sabia que ela não gostava do que eu fazia, mas ela sorriu e pareceu animada.

– Posso ir? – Doug sorriu angelical. Merda. Eu não conseguia negar nada a ele.

– Hoje não pequeno. Não é coisa pra sua idade. – ele ficou emburrado.

– Sempre isso. – cruzou os braços.

– Quando eu for fazer meu próprio show você vai a todos, ok? – disse e ele assentiu, voltando a sorrir.

Minha mãe nos olhava com desgosto, mas não liguei.

– Oh, olá Marly! Não te vi! - Angel disse, dando um abraço rápido em Marly.

Marly era produtora. Arranjava algumas coisas pra mim e havíamos virado amigas. Ela ainda não havia crescido, mas quando eu crescesse, levaria ela para o topo comigo. E vice-versa.

Mamãe ficou conversando cerca de uma hora com a gente enquanto Doug jogava vídeo game.

Ela precisou ir embora para comprar algumas coisas, e por incrível que pareça, desejou-me boa sorte. E eu não podia ter ficado mais feliz.

– Vou pra casa me arrumar, te vejo mais tarde? - Marly disse. Assenti, mandando um beijo quando ela passou pela porta.

Tomei um banho rápido, sem lavar o cabelo, já que havia lavado-o mais cedo.

Coloquei um short jeans branco juntamente com uma regata que possuía alguns detalhes e uma touca preta na cabeça. Estava bom afinal.

Fiz uma maquiagem leve, apenas base, pó compacto e corretivo para tirar as olheiras. 

Peguei meus equipamentos e saí de casa indo direto para a garagem e pegando minha Range Rover.

Minha família não era rica, apenas vivíamos bem. Maicon, meu padrasto, tinha uma famosa agência de bancos aqui na Bélgica, e minha mãe trabalhava lá como banqueira. É, vivíamos bem.

Cerca de meia hora cheguei à Allows, que já estava começando a lotar. Mostrei minha pulseira de DJ ao segurança que me deixou entrar.

Arrumei meus equipamentos na área designada para mim. Arrumei a playlist de músicas e quando acabei aquilo ali já estava lotando.

Comecei com o remix de Someone Else da Miley que eu havia preparado hoje, levando todos ao delírio.

A Allows era uma loucura, aquilo ali estava maravilhoso.

As pessoas dançavam, gritavam e pulavam, me levando ao delírio.

Marly apareceu ali para falar comigo e apresentar seu ficante, mas eu estava tão em êxtase que fiz questão de dar muita atenção para eles.

E no final da noite, com o suor escorrendo pelo meu corpo e meu sorriso quase rasgando meu rosto, mais que nunca eu tive a certeza: era isso que eu queria para mim. E nada nem ninguém me fariam desistir. Meu caminho estava escrito, por linhas tortas ou nem tanto, pessoas iriam me acompanhar e torcer para eu chegar ao fim da linha, outras, torceria para me ver cair. Mas eu não cairia? Por quê? Eu tenho fogo em minhas veias. Eu estava disposta a chegar até o fim, e bom, eu não costumo desistir de nada.