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História Burning Desire - Fingimento


Escrita por: FanfictionMe

Capítulo 5 - Fingimento


Olá, meu nome é Rose Weasley e está tudo bem. Era meu mantra a cada cinco minutos, ecoando sem parar na minha mente. Tudo em vão. O mundo parecia estar menor e sufocante. Meus sorrisos falsos não davam conta do pânico interno. Eu não parava de pensar. A leve suspeita de estar apaixonada por Alvo me aterrorizava, eu não podia. Mas ao mesmo tempo, esse sentimento entrava em conflito com uma sensação horrível de ciúmes. Maldita corvinal filha de uma Skeeter.

— Rose, seus olhos estão inchados e vermelhos. Não adianta secar essas lágrimas. — Disse Annie, me assustando. Não pensei que ela viria até a biblioteca, mas meu estado catatônico no resto do dia deveria a ter alertado.

— Estou bem. — Funguei, desviando os olhos dela e olhando atentamente para meu dever. — É só um resfriado, vai passar. Tem uma bala de gengibre aí? — Forcei meu melhor sorriso falso.

— Você é minha melhor amiga, eu sei quando está resfriada e quando está magoada. — Retrucou a mesma, mesmo assim, me jogou uma bala de gengibre, que eu imediatamente coloquei na boca e sorri. — É o Alvo não é?

— O Alvo que exploda. — Disse sem pensar, me arrependendo um segundo depois. Eu estava praticamente entregando que ele era o motivo, puta merda.

— Rose, eu não entendo. — Falou Anne com uma voz que deixava sua frustração aparente. — Alvo é tudo que você odeia, bagunceiro, lerdo e meio burro. Ele é seu oposto máximo. E não venha me dizer que os opostos se atraem, não pode ser isso.

— E se for Annie? — Falei desistindo da minha fachada controlada. — Eu não quero que seja mas… Aquele beijo, aquela noite. Significou muito mais do que deveria para mim. Ele é meu primo e comprometido. Tinha como ser pior?

— Não mesmo. — Concordou Annie com os olhos esbugalhados e eu não pude evitar rir. Annie era um ponto de sustentação na minha vida. — Bom, mas se você quer saber, eu acho que ele também gosta de você.

— Annie, você tem andando onde? Não o viu com a Belle em todo lugar? Ele não para de esfregar sua melhor conquista na cara de todo mundo. — Suspirei contrariada. Ela não só era mais bonita do que eu, como era um apetrecho social melhor.

— Rose, ele nunca quis assumir nada com ninguém de um jeito tão sério. Aí vocês se beijam e ele faz isso. — Ela falava como se estivesse ensinando o alfabeto para uma criança de quatro anos. — Você acha que não é um tipo de mensagem para você? Um fique longe, nós não podemos.

— Você é inacreditável, Annie! — Grunhi, um pouco alto demais até. — Mesmo que se por algum motivo inexplicável sua teoria absurdamente sem sentido estivesse certa, você mesma está dizendo que é um fique longe e não podemos. Somos primos, não é?

— Bom, casamento entre primos não é exatamente incomum no mundo mágico não é mesmo? Para manter o sangue puro. — Ela revirou os olhos de leve e eu acompanhei.

— Claro, diga isso para a minha família. Mãe, pai, por favor me deixe dar uns amassos no meu primo! — Falei com a minha melhor imitação de voz de novela mexicana. Annie precisou tampar a boca para não alertar todos da biblioteca. — Por favor, só uns beijinhos!

Eu estava rindo, mas por dentro, em pânico. Eu me sentia cada vez mais tentada, tentada a gostar dele. Mas eu era o que mesmo para ele? Um trapo. Ele tinha me beijado por pena e agora estava se agarrando com uma garota muito melhor e eu remoendo os últimos acontecimentos sem parar. Por que eu tinha que ser tão idiota assim? Por que do nada meu coração tinha que despertar justamente para a pessoa errada? Por que diabos, justo ele tinha que ter me beijado?

— Falando sério Annie, isso não tem futuro. — Respirei fundo, como se precisasse de um pouco de coragem para falar aquilo em voz alta. — Ele não está interessado em mim, de maneira alguma. Ele sente dó de mim. Ele me acha uma coisa usável como um trapo. Uma sopa.

— Pelo amor de Merlin, o que você está falando? — Falou ela, se exaltando pela primeira vez e um “shhh” ecoou pela biblioteca, mas a expressão de espanto dela não se alterou em nada.

Eu contei para ela toda a cena que eu tinha presenciado entre Scorpius e Alvo. A face de espanto deu lugar ao mesmo sentimento que eu sabia que Alvo sentia por mim… pena. E eu podia ver nos olhos dela, mesmo que talvez ela não dissesse isso, que ela também tinha certeza que ele não gostava de mim agora. Meus olhos arderam, como se quisessem pedir permissão para chorar. Eu engoli a seco toda a tristeza que insistia em me invadir e simulei um sorriso fraco para ela.

— Realmente, ele é um idiota. — Foi tudo que ela disse e percebi que nem ela sabia mais o que dizer. Eu concordei fracamente com a cabeça. — Vamos começar o dever, certo?!

A falsa animação dela não era muito convincente, mas eu também tentei o meu melhor e sorri.

O Salão Principal estava barulhento demais para o meu gosto. Annie estava com cólica, então só me restava ficar sozinha na mesa. Não seria a primeira vez e normalmente não era tão ruim, mas com Alvo Potter fazendo elogios altos para Belle. Porcaria de vida. Bufei sozinha, ninguém estava prestando atenção em mim mesmo.

Na verdade, toda a mesa da Grifinória parecia incomodada. Eu estaria incomodada mesmo sem a confusão de sentimentos que nos envolvia atualmente. Sinceramente, quem aguenta um casal falando “quer patê meu tutti-frutti?” ou “meu docinho de abóbora quer um sorvetinho?”. Era simplesmente insuportável. Scorpius parecia muito perto de enfiar o sorvetinho goela a baixo dos dois. Eu não podia deixar de achar toda aquela situação.

— Por favor me deixa sentar do seu lado ruiva. — Murmurou alguém fazendo sombra em cima de mim. E quando olhei para cima, eu aposto que fiz uma cara de surpresa digna de memes. — Fecha a boca e abre espaço, vai, logo, por favor!

Eu me afastei o suficiente para Scorpius se sentar. A cara de frustração dele era realmente assustadora. Mas eu imaginava o motivo. Eu estava quase matando o casalzinho estrela e eu só fazia as refeições com eles, imagina passar o dia com o casal de pombos atolados em açúcar?

— Por que veio ficar comigo, hein? Cadê o resto do esquadrão incrível? — Perguntei com um sorriso irônico e ele revirou os olhos para mim. Scorpius em geral teria respondido com uma tirada, para ele ter aquela reação, seu nível de frustração era maior do que eu imaginava.

— Todos já se retiraram e eu não vou deixar de comer por causa daqueles dois. — Disse ele e realmente, em um segundo seu prato estava transbordando de comida e ele parecia não poder conter a fome. Quanta classe, nem parece que vem de família rica.

— Come sozinho ué, precisa da minha ajuda para levar o garfo até a boca? — Perguntei, não conseguindo conter um riso. Ele tirou um pouco da carranca e se permitiu sorrir um pouco também.

— Aqueles dois são duas bombas de bosta, francamente. — Resmungou ele. — Não param com essas coisinhas de casal. Preferia ele passando o rodo em geral.

Eu não fiz nenhum comentário, eu sabia que ele me considerava uma das peguetes de Alvo, mesmo aquilo não fazendo nenhum sentido. Um selinho por dó não me fazia nada dele na realidade. Senti uma tensão do lado do Scorpius, quando ele percebeu o que estava dizendo e como aquilo me envolvia. Mas continue com a cara inexpressiva, fingindo não ter visto nada no seu comentário.

— É, os primeiros dias de namoro são assim. Se acostume docinho de abóbora. — Eu falei, fazendo uma imitação ruim da voz nasalada de Belle. Ele simplesmente não podia parar de rir.

— Eu vou colar em você que nem chiclete nesses dias então, você tem imitações muito melhores do que os garotos.— Eu ri, exasperada. Merlin me livrasse do Malfoy e suas intermináveis piadas na minha cola 24 horas!

— Eu hein, cola nas amiguinhas de Belle, que eu não te quero não. — Eu disse e ele fez um careta de lobisomem abandonado nada convincente.

— Ah, Rose, me rejeitando assim você me magoa. — Eu apenas o empurrei de leve enquanto agora comia meu sorvete. Era divertido ficar com Scorpius assim, quando ele e Alvo não estavam tentando ser os melhores do mundo juntos.

Mas o momento divertido logo ficou desconfortável. Scorpius disfarçava seu interesse até um certo ponto, mas depois começava a me olhar de um jeito sonhador. Eu corei, sem conseguir controlar. Não, eu não gostava de Scorpius daquele jeito, mas qualquer interesse masculino me constrangia. Além do mais, ele era o melhor amigo do Alvo, nunca podia estar com ele sem pensar no meu primo. E ele não tinha exatamente me defendido quando Alvo me chamou de sopa, não é mesmo?

— Você vai superar Malfoy. E sinceramente, quanto tempo acha que o casal modelo vai durar, hein? — Indaguei, tentando parecer desinteressada. Não sabia se estava funcionando, porque eu simplesmente estava me corroendo para saber. — Alvo troca mais de namorada que a Skeeter de fofoca.

— Ah, sei lá. — Ele suspirou, parecendo meio frustrado. — Ele só fala dela e de como gosta dela, que ela é linda e maravilhosa, que está apaixonado. Nunca o vi assim por ninguém. Até de casamento ele falou, disse até que os filhos deles vão ser lindos.

Se minha pergunta tivesse realmente soado despretensiosa antes, minha expressão deveria ter entregado tudo. Senti o sangue fugir do meu rosto e podia apostar que estava mais pálida. Nem em um milhão de anos eu imaginei Alvo falando de filhos e casamento. Talvez quando tivesse 40 anos e não fosse mais tão popular com garotinhas, mas jamais tão cedo, tão novo… Tão apaixonado. Por mais que eu não tivesse chances com ele, não achei que Belle fosse a tal, a escolhida, o amor de sua vida. De repente, eu não conseguia mais raciocinar direito.

— Hm, que fofinho. — Fiz o melhor para soar normal, encarando meu prato ainda pela metade. Não conseguiria mais comer nada, não conseguiria mais fazer nada. — Bom, Malfoy, sua presença é muito agradável, mas vou ver se Annie está melhor.

— Mas você nem comeu Weasley! — Exclamou ele, parecendo exasperado. Dei aos ombros e levantei em um impulso, enquanto ouvia mais um risinho apaixonado de Belle. Por que tão cruel Merlin?

— Não estou com fome. Vou ir antes que ela durma. — Murmurei. Malfoy me mirou brevemente enquanto eu me arrumava para ir. Eu podia jurar que seus olhos estavam cheios de fúria e uma tristeza indefinida.

— Claro Rose, vai ver como Annie está. Boa noite. — Disse ele, em uma voz sarcástica e ao mesmo tempo, extremamente ácida e dura. Funguei e me virei de vez, correndo para fora do Salão como se minha vida dependesse disso. Não aguentaria outro apelido estúpido daquele casal estúpido.

Enquanto corria para o banheiro assombrado do castelo, apenas para não ter que lidar com ninguém no dormitório, lágrimas invadiram meus olhos e não pude evitar. Como poderia? Eu tinha que admitir que aqueles fingimentos não eram práticos, eu não podia esconder de mim mesma que estava gostando dele, mas eu também não queria aceitar.

Só que eu podia aguentar, não é? O que era mais um tempo fingindo, uma hora todo esse deslumbramento por ele acabaria. Foi só por causa do beijo, tudo voltaria ao normal quando o êxtase daquele beijo passasse. Eu só não podia deixar ninguém descobrir. No entanto, as palavras sarcásticas do Malfoy estavam ecoando na minha mente. Algo me dizia que ele sabia e que eu não era tão boa em fingir assim.



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