História Burn (Jariana) - Hey Baby

— Nós não fizemos nada. — repito.

  — Como assim, não rolou nem beijo?. — pergunta, indignada.

Nego. Mary sabe muito bem como eu sou, deveria acreditar em mim. Mas não posso culpa-la, pois eu quem estou mentindo aqui. Isso me deixa triste, eu nunca tinha mentindo para ela... A única pessoa que tenho ao meu lado.

  — Nunca ganhei um urso desses. Ele deve ser muito fofo, não?. —pergunta, com um bico nos lábios.

Sorrio, abraçando o mesmo em meus braços.

  — Na verdade não. Ele é bem... frio.

  — Não parece ser seu estilo. Talvez você prefira os bad boys.

  — O que? Claro que n-não.

  — Angel, pare de mentir para si mesma. Bom, eu vou sair. Nem me dou ao trabalho de chamá-la, já sei a resposta. — diz, levantando-se e saindo de meu quarto.

Suspiro pesadamente e pego meu celular. Releio às mensagens de Justin, novamente. Fazem apenas minutos que não o vejo e já estou com saudade. Reprimo dentro de mim a vontade de mandar-lhe uma mensagem. Se ele quiser minha companhia, certamente irá me chamar. Mas ele disse que posso passar em sua casa quando quiser... Não teria coragem de aparecer lá, não sei se ele me trataria bem. Por que ele me chamou para sair? Ele disse que nunca tinha chamado alguém para sair antes... isso significa algo? Mas é claro que não, não se iluda!. Resmungo um pouco e aperto o grande urso de pelúcia.

Eu me odeio por amá-lo tanto.

Não aguento mais sentir isso e não ter nenhuma retribuição. Não que eu o culpe. Afinal por que ele iria gostar de mim?. Talvez eu devesse parar de me importar com ele, é simplesmente não ligar. Sim, está decidido. Não irei mais correr atrás dele, e sei que ele não correria atrás. Então, talvez, hoje tenha sido nosso último dia juntos. Isso faz meu coração doer e uma lágrima escapa, mas eu limpo-a rapidamente.

Quem sabe um dia eu encontre alguém. Eu sei que nunca amarei ninguém como o amo, mas talvez com convivência eu acabe achando alguém para passar a vida. Meu maior sonho seria... casar com Justin, ter filhos e assim por diante. Mas já sei que isso é impossível. E sei que tenho que parar de pensar nele. Mas não consigo evitar.

Merda.

Eu sou tão boba.

Decido começar a assistir uma série nova pela Netflix, mas antes desço e procuro algum salgadinho para beliscar. Depois de pelo menos vinte minutos escolhendo, uma me chama atenção. American Horror Story... com certeza é de terror. Espero conseguir dormir hoje.

Assisto atentamente abraçada em meu urso enquanto como meu salgadinho.

•

•

•

Como mais um pouco de pipoca enquanto assisto o quarto episódio de American Horror Story. Essa série é simplesmente viciante, acabei de descobrir que gosto de terror.

Meu celular vibra. Deve ser Mary.

Hey baby

JB.

Meu coração dispara drasticamente e eu não consigo evitar de sorrir grandemente. Aperto mais o urso contra mim. Oh meu Deus, o que o fez fazer isto?.

Olá

Respondo, mas minha vontade era de dizer-lhe "Olá, como você está? Estou com saudade".

Espero ansiosamente e impacientemente sua resposta. Já faz quase um minuto, por que ele demora tanto para responder?.

Como você está?

JB.

Rapidamente respondo:

Estou bem e você?

Melhor agora :)

JB.

Meu celular cai em meu peito.

Ele esta melhor agora, pois esta falando comigo, é isso mesmo? Não, não tem nada haver comigo.

Como?

Tenho certeza que se ouvisse isso vindo dele pessoalmente, eu iria desmaiar.

O que você está fazendo?

JB.

Okay, ele me ignorou e mudou de assunto. Mas essa não foi a pior coisa que ele já fez comigo.

Estou em casa e você?

Também... sabe quando você quiser, ou precisar de alguma coisa, me procure.

JB.

Esse não pode ser mesmo ele. Tenho que ter certeza, e se for alguém que pegou o celular dele e está me fazendo de boba?.

Toca três vezes e ele atende.

– J-justin?.

– Hey baby.

– V-você está bem?.

– Na verdade não... Por que ligou?.

– Ahm... n-nada, eu só queria perguntar isso mesmo. Ent-

– Por que você insiste em correr atrás de mim? Eu realmente não entendo, porra...

– O que? B-bom, fazemos isso quando gostamos de alguém.

– Você não gosta de mim.

– V-você não sab-

– Se você gostasse não teria feito aquilo...

- Aquilo, aquilo o que?.

– Foda-se.

Ele desliga a chamada na minha cara.

Como assim aquilo?... Eu tenho que conversar com Mary. Ela é minha única amiga, minha irmã, não deveria esconder nada dela. Espero que ela não fique chateada.

Tento esquecer minha conversa com Justin e continuo a assistir American Horror Story. Me distraio um pouco em algumas partes, mas balanço minha cabeça e fixo minha atenção na serie.

•

•

•

A primeira coisa que faço quando acordo é olhar o relógio. São quase dez horas da manhã. Não acordei tão tarde assim, levando em conta que assisti netflix até as duas da madrugada.

Depois de alguns minutos levantei-me de minha confortável cama e começo a fazer minha higiene matinal. Coloco uma calça moletom larga e uma blusinha justa. Desço para a cozinha calmamente, nenhum rastro de Mary. Será que ela voltou ontem?.

Penso em mandar uma mensagem, mas desisto. Começo a preparar um café da manhã com waffles, morangos e um pouco de café.

No meio do café Mary entra na cozinha descabelada e com o mesmo vestido de ontem. Seguro-me para não rir de seu estado. Acho que ela nem ao menos escovou os dentes.

  — Eu fiz café.

  — Estou vendo. — diz com a voz rouca, e senta-se à minha frente.

Observo Mary dar uma mordida em um waffle e penso se devo, ou não, contá-la sobre ontem.

  — Eu tenho que te contar uma coisa... Promete não ficar brava?.

  — Não posso com essa sua carinha de cachorrinho abandonado. Anda conta logo!.

  — Lembra daquele encontro que eu tive?. — Mary assente — Então... o cara com quem eu sai era... E-era o Justin.

Fecho os olhos e aperto a caneca de café em minhas mãos.

  — Eu já sabia.

Abro imediatamente os meus olhos e a olho confusa .

  — Você acha que eu sou idiota? Primeiramente: você não iria sair com alguém que não fosse ele. Segundamente: você não me contou como foi.

Rio. Talvez Mary me conheça muito bem.

  — Foi... Foi bom. Ele me deu esse urso, não me deixou pagar por nada, ficou bravo com uns caras que ficaram me encarando e disse que eu podia aparecer em sua casa quando quisesse.

  — O que? Tem certeza de que não foi um sonho? Não, se fosse um sonho você não teria o urso gigante.

  — E ontem a noite ele me ligou. Disse que quando eu precisasse de algo era só pedir-lhe e depois disse que, se eu gostasse mesmo dele não teria feito aquilo.

  — Aquilo o que?.

  — Eu não sei!.

  — Culpa das drogas. Já disse para você esquecê-lo, ele provavelmente está brincando com você.

  — Ele não parecia estar mentindo.

Mary suspira.

  — Apenas tome cuidado. Você já sofreu e ainda sofre muito por causa dele. Mas parece que só pelo fato dele ter lhe dado um pouco de atenção, você já está melhor, mais animada. Deus me ajude a não amar ninguém.

  — Amém. Mas um dia sua hora chegará.

Justin

  — Esqueça, Niall. Eu já ganhei.

  — Você ainda nem a beijou, e a aposta começou a duas semanas.

  — Posso fazer isso e muito mais em poucos dias.

  — Então por que não faz, uh?. Acha que me engana, seu boco?. Mas me conte como foi seu primeiro encontro. — diz, parecendo uma adolescente.

  — Nada demais. Ela me chamou de Jus, acredita?. — sorrio distraído.

  — Hum... Jus, gostei do apelido. Eu quero conhecê-la um dia.

  — O que? Por que? Ela é só uma garota qualquer, não tem nada de especial. — minto.

  — Então não se importaria se eu a convidasse para sair?.

Travo o maxilar e aperto a caneta em minha mão sentindo o metal dobrar.

  — Ela não aceitaria.

  — Como pode ter tanta certeza? O irlandês aqui tem seu charme.

Rio pelo nariz.

  — Claro que tem. Agora saia da minha frente tenho que resolver uns assuntos.

Quando estou sozinho forço-me ao máximo para tirá-la de minha mente, mas parece impossível.

Porra..

— Oi chefe.

— James, preciso saber como foi o percurso de exportação.

— Tudo certo, senhor. Como sempre.

— Era só isso. Dê o combinado aqueles vagabundos e nem um centavo a mais.

— Sim, senhor.

Tudo está correndo bem, isso deixa-me um pouco mais tranquilo.

O trabalho que tenho é um dos mais arriscados, ainda mais quando se é uma das pessoas mais procuradas do mundo. Mas como sempre fui cuidadoso nunca descobriram minha identidade.

Pego meu telefone e disco o número de um dos meus seguranças. Depois de poucos minutos ele está em meu escritório.

  — O que o senhor deseja?. — ele parece assustado, mas eu aponto para a cadeira em minha frente. Ele senta na mesma sem pensar duas vezes.

  — Bom, você se lembra daquela garota baixinha que esteve aqui a cerca de um mês?.

  — Lembro, sim senhor.

  — Ótimo. Você lembra se ela e Zayn saíram ou algo assim?.

Ele hesita um pouco.

  — Acho que saíram uma vez. O senhor Malik parece gostar dela.

  — Sim, eu sei. Quero que a partir de agora você a vigie vinte e quatro horas por dia. Não é por nada mas eu confio mais em você para isto. Não fale com ela, não toque nela e nem ao menos pense nela. Não que alguém seja burro ao ponto de me desobedecer... Enfim, seu salário irá duplicar e quando alguém lhe perguntar porque mudou seu turno, apenas ignore.

  — Sim senhor, obrigado.

Sorrio de lado. Agora irei saber cada passo de minha pequena.