História Busan e você - Capítulo único.

As luzes da cidade de Busan eram admiradas pelos olhos de Jimin, que brilhavam saudosos. As lembranças graciosas de sua cidade natal inundavam por completo sua mente, o sentimento de nostalgia fazia o coração do rapaz de madeixas louras bater forte com a alegria que era estar de volta para o local no qual presenciou acontecimentos tão bons e memoráveis.

Estar em sua cidade natal trazia-lhe boas lembranças. Fazia tempos que não visitava a cidade, então estar ali depois de tanto tempo era estranho, apesar de bom. 

Caminhava com calma pelas ruas movimentadas de Busan, pois não tinha pressa alguma. Estava ali depois de anos afastado, e nada passava despercebido pelos seus olhos; não queria perder nem um detalhe sequer. 

Odiava andar ou caminhar na maioria das vezes, mas estar andando pelas ruas iluminadas de Busan a uns bons minutos trazia-lhe uma sensação boa, uma sensação de paz, de liberdade, então não se importou se estava andando a cinco, dez ou quinze minutos.

O vento fresco da noite bagunçava seus cabelos, mas não se importava, estava apenas querendo achar a boate que marcou de ir sozinho à noite, apenas para esfriar a cabeça, pois estar em Busan fazia-lhe lembrar especialmente dele, daquela pessoa.

Balançou a cabeça, tentando não pensar muito. Já havia chorado demais quando foi embora. 

Enquanto empurrava os pensamentos para o fundo de sua mente, avistou, finalmente, o letreiro vermelho neon com o nome da boate. A frente do local estava bastante movimentada, e do lado de fora já era possível escutar a música alta. Não conhecia aquela música, mas era muito boa. Passou sem muita dificuldade pelas pessoas, conseguindo entrar na boate lotada, mas não se assustou, estava acostumado com locais assim em Seul. Procurou pelo bar, não demorando a achar, logo pedindo um copo de Sex on the beach. 

Bebia calmamente enquanto observava a movimentação da boate, percebendo em como ela era realmente famosa pelo grande movimento de pessoas. Às vezes era interrompido com uma cantada, um convite ou um elogio, mas recusava todos, aquela noite era apenas para esfriar a cabeça, curtir um pouco sua cidade natal. 

Seu corpo mexia-se levemente com o ritmo da música enquanto bebia de sua bebida. Sua mente estava em branco, sua cabeça estava leve e não pensava em mais nada. Apenas aproveitava o clima da boate, a música, e todo falatório das pessoas, que apesar de alto, não era irritante.

Estava relaxado.

Pediu uma Piña colada, logo saindo do bar, dirigindo-se ao palco quando uma música incrivelmente boa começou a tocar. Uma voz suave e afinada soava pelas caixas de som espalhadas pela boate, mas não entendia o porquê havia sentido um arrepio ao ouvi-la. Caminhou com pressa em direção ao palco que ainda não havia achado, mas não foi muito difícil pois logo avistou centenas de corpos dançando animadamente para lá e para cá ao som da música agitada. 

Passou com dificuldade pelas pessoas, sendo empurrado para todos os lados, mas seu corpo simplesmente travou quando seus olhos avistaram o palco. Suas mãos suaram, seu coração acelerou feito louco dentro da caixa torácica, e suas pernas tremeram.

Ele estava ali. O garoto por quem ainda é apaixonado, apesar de todos os anos, estava ali, cantando animadamente enquanto tocava sua guitarra com agilidade e perfeição. Seu sorriso era enorme, e parecia tão feliz. Seu corpo dançava conforme o ritmo da música, animado como todas as pessoas ali presentes.

Mesmo depois de todos esses anos, nunca seria capaz de esquecer o rosto do garoto por quem sempre fora apaixonado. Nunca esqueceria de sua voz — mesmo que agora estivesse mais madura — de seu sorriso e, principalmente, daqueles olhos repletos de estrelas. Ele estava muito diferente, muito mesmo, mas nunca esqueceria seu rosto, nem mesmo se quisesse.

Aquele homem não parecia o Jungkook de quem Jimin se lembrava. Seus braços totalmente livres de manchas agora eram totalmente tomadas por tatuagens incrivelmente lindas, e seu cabelo que sempre estava perfeitamente cortado como uma linda tigelinha, estava comprido, preso por um coque desleixado. O garoto magrinho também já não existia mais, pois os músculos eram totalmente visíveis naquela regata branca. E seu rosto… o rosto infantil havia ido embora, agora só conseguia enxergar um rosto másculo, bem marcado e, ah… tão, tão bonito.

Mas aqueles sentimentos que tentou guardar a sete chaves voltaram à tona. A lembrança do dia que teve que ir embora de Busan estava fresca em sua memória, e se lembrava perfeitamente de como doeu ir embora sem poder confessar seus sentimentos para o melhor amigo. Doeu ir embora sem poder sequer despedir-se da pessoa que mais amava. 

Também lembrava do dia em que estava com Taehyung — um de seus melhores amigos — em seu quarto e de como contava animadamente sobre seus sentimentos por Jungkook, sorridente, de como planejava se declarar. Mas infelizmente nenhum dos dois percebeu a mãe espiando por entre a porta entreaberta. Seus pais não conseguiram aceitar que seu filho adolescente estava genuinamente apaixonado por outro garoto, e decidiram mudar-se às pressas, para cortar o mal pela raiz. Eles nem procuraram entender seu filho.

Não sabia quando começou a lacrimejar, tentando de todas as formas não deixar as lágrimas rolarem pelo seu rosto, mas nem havia percebido com sua cabeça ocupada demais com pensamentos e lembranças dolorosas. 

Olhou mais uma vez para Jungkook, assustando-se quando viu os olhinhos naturalmente grandes e brilhosos lindamente fixados em seu rosto. Arregalou os olhinhos vermelhos, estático, sem conseguir reagir ou simplesmente sair dali. Mas ele sabia que não queria sair para um outro lugar qualquer. Ele queria falar com Jungkook, queria o abraçar, sentir seu corpo e poder dizer tudo o que ficou preso em sua garganta por todos esses anos.

Seus olhos brilhavam como nunca, e seu olhar era carregado de sentimentos nunca falados. Ele lhe encarava como se pudesse ver todos os seus segredos, todos os seus sentimentos. Não tinha mais um sorriso em seu rosto, mas em momento algum parou de cantar. Ele aparentava querer chorar, mas tentava com todas a forças não fazê-lo na frente de todas aquelas pessoas, e seu rosto vermelho e olhos grandes e brilhosos mostravam isso.

Não pararam de se olhar em momento algum, nenhum dos dois tinha a coragem de desviar o olhar, e ficaram assim até que a música acabasse. Olhar para ele era tão bom, se sentia em casa, se sentia abraçado, mais uma vez. E quando a música finalmente terminou, ele pôde ver o mais novo se apressar em descer do palco, deixando seus amigos confusos, mas não se importou com explicações, e não demorou mais nenhum segundo para correr em sua direção. 

Só conseguiu respirar novamente quando sentiu seu corpo ser envolvido pelos braços alheios, apertando-lhe com tanta saudade, tanta dor. Sentir seu cheiro novamente acalmava seu corpo e sua mente, e surpreendentemente ele ainda tinha o cheirinho de que lembrava-se. E era tão bom… se sentia em casa naquele abraço, se sentia protegido e se sentia amado. E mais uma vez, não se surpreendeu quando sentiu seu ombro molhar, e muito menos quando ouviu o soluçar do homem.

— Eu senti tanto a sua falta… — Ouviu a voz trêmula falar baixinho, tão baixo que quase não conseguiu ouvir. Não percebeu quando começou a chorar, mas não se importava, nada mais importava naquele momento. 

— E eu senti tanto a sua, Jungkook… — respondeu baixinho, fungando enquanto tentava não soluçar. — Me perdoa por ter ido embora, eu não queria, eu não qu-

— Shhh, não foi culpa sua. — Fungou mais uma vez, não conseguindo conter os soluços. Jimin nunca tinha visto Jungkook tão vulnerável como estava naquele momento. — Eu estou tão feliz que esteja aqui… cheguei a pensar que eu nunca mais veria você — com dificuldade, disse, apertando cada vez mais o abraço, não querendo soltá-lo nunca mais.

— Se acalme, por favor — disse baixinho quando viu que o mais novo soluçava cada vez mais alto. Tentando não chorar ainda mais, continuou: — Estou aqui, e não vou embora nunca mais. Eu te prometo — sussurrou baixinho em seu ouvido, vendo o mais novo se acalmar aos poucos. 

Afastaram-se minimamente, mas nada que pudesse desfazer o abraço. Finalmente pôde ver o rosto de Jungkook de perto, e tratou de oferecer seu melhor sorriso, mesmo estando com o rosto todo molhado. Jungkook ainda fungava, e seus olhos vermelhos estavam baixos e inchados, mas sem demora arrancou um sorriso lindo de dentes avantajados do mais alto. Gargalhou apaixonadamente quando viu as ruguinhas ganhando forma na região de seus olhos, era tão bonito. Seu rosto ainda estava vermelho e molhado, e sua pouca maquiagem estava minimamente borrada, mas nem isso conseguia deixá-lo feio. Jungkook sempre seria a pessoa mais linda desse mundo para si, e nada mudaria isso.

Jungkook deixou um beijo sutil em sua testa, logo tratando de dizer com a voz rouca e minimamente falhada pelo choro:

— Vamos para um lugar mais calmo. 

Andaram pela boate de mãos dadas, não demorando para encontrar a saída. Passaram pelas pessoas lado a lado e logo estavam andando pelas ruas ainda bastante movimentadas. Não disseram nada durante o trajeto, Jimin apenas seguia Jungkook com um sorriso enorme no rosto. Estava tão feliz que tinha medo de explodir, e sabia que Jungkook sentia o mesmo, pois seu sorriso de orelha a orelha não abandonava seu rosto. Trocavam olhares como na antiga adolescência, quando eram dois adolescentes apaixonados, e as mãos dadas só fazia o coração de ambos dançar loucamente dentro da caixa torácica.

Jimin encarava as mãos enlaçadas, imaginando como seria andar de mãos dadas com Jungkook antes de ir embora. Perguntava-se por que não se declarou antes, por que não expôs seus sentimentos para o melhor amigo antes de tudo acontecer. Mas ele sabia que foi por medo. Era um garoto gostando de outro garoto, naquela época — e ainda nos tempos de hoje — era inadmissível duas pessoas do mesmo sexo se gostarem, e Jimin nem sabia se Jungkook gostava de garotos como ele.

Dissipando seus pensamentos negativos, Jimin logo avistou uma linda praça, não muito movimentada, habitada por alguns casais. Não foi difícil achar um banco disponível, então logo acomodaram-se, lado a lado. Jeon observava as estrelas enquanto mexia carinhosamente com a mão do mais velho, tímido demais para olhar em seus olhos.

— Eu nunca parei de pensar em você — disse Jungkook, calmamente, depois de um período em silêncio. — Nunca parei de pensar em como seria vê-lo novamente. 

Jimin lhe encarou, enxergando a dor nos olhos escuros. O moreno tinha uma expressão pensativa e relaxada, mas o loiro conseguiu enxergar sua tristeza. Mordeu os lábios nervosamente, sentindo que choraria a qualquer momento.

— Eu sempre imaginei como seria a sensação de te encontrar. — Olhou para Jungkook, mesmo que seus cabelos balançados pelo vento dificultasse sua visão. — Ou como seria sua reação quando eu finalmente contasse pra você que eu, sabe... te amo… — O Jeon levou seu olhar para o loiro, observando as bochechas coradas, e apertou sua mão suavemente. — Mas, naquela época, eu ficava pensando… como eu vou explicar para um garoto de quinze anos que eu amo ele como casais se amam. — Sorriu, sentindo saudade daquela época. 

— Naquela época eu pensava: por que quando Jiminie está perto, meu coração acelera, minhas mãos suam e fico nervoso? — Gargalharam com as lembranças. Eles dariam tudo para poder voltar no tempo. — Eu só fui entender o que sentia quando você foi embora. — Seu sorriso desapareceu, lembrando de como tudo aquilo foi doloroso nos dias que se seguiram.

Quando Jimin foi embora, o mundo de Jungkook desabou. Ele só tinha quinze anos e seu melhor amigo havia ido embora. Estava confuso sobre o que sentia, e aquilo estava deixando-lhe extremamente triste e aborrecido por não saber o que era aquilo e por que sentia aquilo. Quando o seu melhor amigo — e aparentemente o garoto de que gostava —, foi embora, foi como se nada mais importasse. 

Foram tempos extremamente difíceis para ambos os garotos, e agora eles só queriam esquecer de tudo aquilo. Afinal, estavam finalmente juntos, e só queriam aproveitar todos os momentos que teriam daqui pra frente.

Jimin apoiou a cabeça no ombro do mais novo, tentando lhe passar conforto. Estar com ele novamente era tudo aquilo que tinha sonhado, e aproveitaria ao máximo todos os dias de sua vida ao lado dele.

— Eu sinto muito por ter ido embora sem me despedir — falou em um muxoxo. Não gostava nem de pensar em como foi difícil ir embora. Jungkook negou, pois sabia que não era culpa dele. — Mas quero que saiba que nunca parei de pensar em você. — Olhou para o mais novo, vendo que ele o encarava.

— E eu nunca parei de pensar em você. — Sorriu, tirando a franja loira dos olhos do mais velho.

Ficaram em um silêncio confortável, olhando para as estrelas que sorriam para eles. Os pensamentos nunca deixando a cabeça do casal, mas, ao contrário do que se pensa, eram pensamentos incrivelmente bons e que os deixavam de bochechas vermelhas.

Jungkook, sem que Jimin percebesse, estava em uma luta interna em sua mente, que dava sugestões completamente absurdas e repentinas. Mas, depois de tanto pensar, teve um impulso de coragem, e virou-se totalmente na direção do Park, segurando sua mão suavemente, e encaixando sua outra mão na bochecha macia do baixinho. 

Suas mãos suavam e sua perna não parava quieta. Seu coração pulava feito louco dentro do peito e começou a gaguejar, mas tomou coragem e disse:

— Jimin, eu- — Antes que pudesse completar sua fala, Jungkook avistou, não muito longe, um homem arrastando um carrinho com vários balões. Avistou um de seu interesse, e não demorou a ficar de pé, pegando uma quantidade de dinheiro no estojo de sua guitarra. — Me espere aqui, Jiminie.

O Park acompanhou os movimentos de Jungkook com os olhos, franzindo a testa em confusão pela pressa do garoto. Viu-o falar rapidamente com o homem, pegando um dos balões, e vindo logo depois com um em formato de coração em suas mãos.

— Então, Jiminnie… — Sorriu nervosamente, percebendo que iria começar a suar, mas tentou se controlar. — Eu sei que isso pode ser meio impulsivo, sabe, meio doido na verdade, haha — disse rapidamente, tentando não ficar mais nervoso do que já estava. Jimin encarava-o com ar de riso, pois era muito fofo ver seu garoto se atrapalhando todo. — Mas eu quero ficar com você, quero muito mesmo! Quero namorar você e te chamar de meu namorado há muito tempo… eu amo muito você, sempre amei e eu não consigo mais te tirar da cabeça, e eu estou muito nervoso agora, eu acho que você percebeu, então seria legal você responder agora se me daria a honra de ser meu namorado ou não… — Deu uma risada nervosa, sentindo seu coração bater forte quando viu Jimin gargalhar lindamente em sua frente. 

— Você já deveria saber que minha resposta é sim, Jungkookie…  — falou manhosamente, fazendo um biquinho, mas se surpreendeu quando o mais novo avançou em si com tudo, apertando-lhe em um abraço, não demorando para ouvir um fungado. Desatou a rir, lembrando de como seu garoto podia ser sentimental.

— Não ria, hyung… — ditou baixinho, com um biquinho nos lábios.

— Eu te amo tanto… — Afundou o rosto no pescoço tatuado, fechando com força as pálpebras molhadas, temendo que tudo aquilo fosse um sonho.

— Eu te amo muito mais! 

Afastaram-se, podendo olhar um nos olhos do outro, mesmo que estivessem completamente tímidos. Jungkook observou os olhos miúdos e afiados do mais velho, vendo como eles poderiam ficar incríveis sobre a luz da lua. Ainda lhe admirando, segurou seu rosto com as duas mãos, aproximando-se e encostando os lábios finos sutilmente sobre os lábios grossos e macios do loiro. Afastaram-se mais uma vez, e nem Jungkook e nem Jimin viram o momento em que o mais baixo se manteve de joelhos no banco, e se jogou nos braços tatuados, encostando as bocas com pressa.

O Jeon fechou seus olhos, admirando o gosto doce da bebida em sua língua. Jimin segurou seu rosto, beijando-o delicadamente, tentando seguir os movimentos afoitos do mais novo. Um dos seus maiores desejos desde a adolescência era poder beijar Jimin, sentir o gosto de sua boca e experimentar a maciez de seus lábios, e esse dia havia chegado, depois de anos esperando e, ah… era muito melhor do que qualquer coisa que sua mente poderia projetar.

Apertou firmemente a cintura alheia, sentindo o mais velho desmanchar seu coque mal feito, infiltrando as mãos em seus cabelos levemente ondulados. Jimin sentou lentamente sobre as coxas do mais novo, procurando a melhor posição para beijar seu garoto. Os músculos quentes brigavam por espaço, e Jungkook beijava-lhe com tanto amor e carinho, que suspirava a cada segundo, e sentir Jimin sorrir durante o beijo era tão bom… céus, iria explodir.

Separaram-se quando o oxigênio se fez necessário, mas não queriam se afastar em hipótese alguma, então permaneceram abraçados, sentindo o coração um do outro bater fortemente. Fecharam os olhos, suspirando alegre e calmamente. Estavam em paz, finalmente estavam em paz.

Jimin permaneceu em seu colo, abraçados, fazendo um carinho nos cabelos levemente bagunçados, enquanto o Jeon acariciava suas costas calmamente, em um silêncio confortável, apenas com o leve burburinho das pessoas conversando na praça.

— Você ficou lindo de cabelo longo — comentou baixinho, sentindo o vento fresco os abraçar. Colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha repleta de piercings, enquanto voltava a acariciar os cabelos castanhos.

— E você não cresceu nada. — Riu sapeca, sentindo Jimin soltar-se de si em questão de segundos.

— Você é péssimo! — Revirou os olhos, batendo sem muita força no peitoral forte. Mas, quase que imediatamente, suas bochechas tomaram uma cor vermelha quando sua mão pousou no peitoral malhado, julgando-se internamente quando sua mente projetou imagens de um Jungkook sem camisa. — Hmm… pelo jeito você andou malhando. — Droga! Havia pensado alto demais!

— Hyung, por que suas bochechas estão tão vermelhas? — Sorriu, vendo o loiro desviar o olhar tímido. Sentia saudades de provocar seu hyung.

— É o vento gelado! Isso! — Abraçou seu próprio corpo, mas não demorou para perceber que realmente estava esfriando. 

— Acho melhor voltarmos — disse preocupado, abraçando o corpo do mais velho, tentando lhe esquentar. — Não quero te ver doente. 

— Tudo bem. — Beijou os cabelos castanhos, fazendo um carinho na orelha gelada. — Para onde vamos? — perguntou genuinamente. — Não quero voltar para a boate. — Fez manha, convencendo o mais novo rapidamente. Sempre foi assim, desde adolescentes.

— Venha, vou te apresentar meu apartamento. — Sorriu, dando batidinhas na coxa do mais velho, que logo saiu de seu colo. Pegaram seus pertences e deram as mãos, saindo do parque às pressas, querendo fugir do vento que ficava mais gelado a cada esquina. 

Depois de alguns minutos de caminhada em um silêncio confortável, onde só se era possível ouvir a movimentação do comércio e dos carros na rua, Jimin olhou sutilmente para Jungkook, observando o quanto ele tinha crescido. Não era mais seu menininho de olhos esbugalhados que tinha medo de trovões, agora ele era um homem, um homem de verdade. O Jeon lhe olhou, pegando-o no flagra, mas sorriu, formando ruguinhas em volta de seus olhos, e Jimin observou que aquela característica não havia ido embora com o tempo. 

Sorriu mais uma vez, tímido, abaixando a cabeça, pensando em tudo que havia acontecido naquela noite. Sentia-se tão feliz só por estar segurando sua mão enquanto andavam pelas ruas frias de Busan. Olhou para Jungkook mais uma vez, este que já o olhava, e sorriu pela milésima vez naquela noite, pois estar do lado dele era incrível. Sentia-se completo, amado e protegido, tudo aquilo que ele achava nunca poder sentir.

Ambos dormiram naquela noite com a mente tranquila, sentindo-se as pessoas mais sortudas do mundo por ter alguém tão especial dormindo ao seu lado. E ao acordar, sorriram mais uma vez, pois finalmente sentiram que as coisas estavam em seu devido lugar.