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História Bya Kko - A Carpa e o Macaco.


Escrita por: Nepni

Capítulo 4 - A Carpa e o Macaco.


A história da Bela e a Fera, fala sobre um homem cruel que é submetido a uma maldição que só se quebraria caso ele encontrasse o amor verdadeiro. Para conseguir isso ele sequestra uma moça pobre e a faz ficar separada da única família que lhe resta, em seu castelo escuro e assustador, a aprisionando por vários meses até que ela começa a amá-lo. Quando eu era pequena nada me parecia mais real do que isso, pra mim esse era o ideal do amor, mudar completamente uma pessoa para melhor, e isso imaginar meu príncipe como uma fera que eu transformaria em príncipe.

Caso não saibam, existe uma coisa chamada síndrome Estocolmo; É quando uma pessoa submetida a um cárcere continuo acaba se familiarizando e se apegando ao seu agressor, isto é, Bela nada mais era, que uma pessoa de psicológico fraco que se afeiçoou a um homem que só lhe fez mal, entrando em uma síndrome, logo o final do filme é somente coisa da cabeça dela, acredite, ninguém muda seu verdadeiro ser. Sendo assim não era, e jamais seria, amor verdadeiro na vida real. Queira você ou não essa é a verdade. As perguntas inconvenientes sobre minha idade, sobre meu estado civil, e dar a mim um “escravo pessoal” que é seu próprio braço direito me faz pensar que sua esperança é me fazer sucumbir a essa síndrome.

                Sendo assim, como sempre, há mais coisas me perturbando nessa espécie de cela bem decorada que me deram, um exemplo é esse meu “escravo pessoal”, Yasutake desapareceu, mesmo tendo-o chamado por muito tempo de dentro meu quarto, eu nada ouvi, ele não comparece mais as refeições, ninguém nem mesmo fala sobre ele. Na verdade ninguém nem mesmo fala comigo.

Estou fingindo que minha conversa com Tal não existiu a três dias, assim como todos ao meu redor estão fingindo que não houve desastre no meu quarto. Novas roupas foram me dadas antes que me perguntassem que tipo de roupa eu gosto. Devidamente arrumadas e dobradas elas foram colocadas depois do primeiro café na manhã no segundo dia. Tudo em um amarelo vivo, branco ou tons pasteis. Tudo extremamente tradicional japonês e como eu não fazia ideia do que colocar e aonde colocar velhinhas, pequenas e caladas sobem ao meu quarto e entram sem bater todos os dias de manhã e antes do almoço, na primeira vez foi um susto, mas já me acostumei a não ter o que falar com elas, já que na quinta vez eu nem me esforçava mais, era isso ou andar nua. Claro não é como se eu fizesse muita coisa no meu dia, e além disso é inverno no Japão, ninguém fala comigo e eu não falo com ninguém, nem nas refeições em “família”.

Acho que meu senhor, vulgo Tai, percebeu esse meu distanciamento para com todos em Amaterasu e deu início ao seu plano de me ensinar, dado duas semanas desde nossa conversa ele parou de comparecer aos jantares e se reservou a outra ala mais afastada da que eu estava me forçando a comer sozinha com suas irmãs que claramente me odiavam. Tirando é claro a doce Azuma, que sempre tentava ao máximo me fazer sentir bem.

No terceiro dia de manhã, porém, ele se juntou a nós e informou que eu participaria das atividades das irmãs e à partir de hoje poderia andar aonde quisesse dentro da casa, desde que fosse acompanhada delas. Eu esperava que Miname fizesse uma cara feia quando ouvisse isso, mas ela nada fez a não ser cuspir discretamente um pedaço de ovo em um guardanapo e permanecer calada durante todo o resto do café da manhã. A primeira a se mostrar disposta a passear comigo novamente, foi Azuma, obviamente, com sua culinária misteriosa. Ela se mostrou extremamente agradável, e me levou para conhecer a cozinha, que continha vários empregados como em um restaurante, andando de um lado por outro gritando em japonês.

- Que tal eu te ensinar a fazer o prato delicioso? – disse ela com suas bochechas rosadas e com aquele sorriso amável. No momento em que ela entra, todos fecharam suas bocas e saíram de forma rápida, deixando para trás apenas homens pequenos que eu supôs que fossem encarregados de ajudarem em qualquer coisa pequena que ela pedisse.

- Eu não sei se seria uma boa ideia... – comecei.

- Você vai adorar o prato que meu irmão mais gosta de comer! E além disso é fácil! – mesmo com a interrupção abrupta, eu tentei sorrir como ela, pensando que talvez ela não tenha me ouvido.

- Nunca sou muito boa na cozin...

- Mas onde eu teria deixado aquela frigideira que comprei com Kita? – ela se abaixou e tentou achar algo entra as prateleiras embaixo – Um homem adorável Kita, eu adoraria um dia fuder com ele. – meu olhos se arregalaram de tao forma que meu cachos mudaram ligeiramente de lugar, ela ainda não conseguia achar a frigideira, um homem deu passo à frente, mas a mão dela bateu no balcão como o irmão fez uma vez a quatro dias atrás, sem nem ao menos levantar a cabeça, e o homem voltou ao seu lugar com uma perceptível gota de suor passando por sua testa. Isso me deixou intrigada.

- Bom, queira me desculpar, mas não pretendo...

- Achei! – ela disse batendo a frigideira no balcão, um garoto mais jovem do lado oposto ao homem deu um pulinho de susto. Eu iria tentar mais uma vez falar a ela que não gostaria, e jamais me colocaria na posição de cozinhar para o irmão dela, até ver que, com a força com que bateu a frigideira no balcão seu fundo, além de se voltar pra cima, rachou. Poderia ser um defeito, mas eu não seria ingênua ao ponto de ignorar os sinais. Azuma estava com uma raiva tremenda, ela não queria me ensinar nada e escondia muito mal suas pretensões.

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                No segundo dia, Nishi, a carpa, veio conversar comigo. A fria e passiva Nishi, ela é uma mulher belíssima porem extremamente fechada e reservada, seu olhos eram como labaredas azuis que brilhavam no escuro, quando me chamou pra passear percebi que era a primeira vez que ouvia sua voz, firme, até um pouco rouca como de quem não bebeu água na quantidade devida. Ela tem um ar de mais velha, mesmo sendo a do meio, esperava que o passeio com ela fosse dos piores e que me deixasse ainda mais assustada do que já estava, antes mesmo de chegarmos no nosso destino eu estava suando frio e tendo tremores pelo corpo todo. Seu programa para nós foi uma aula de escrita e fala japonesa básica, e invés de ser aonde eu esperava que fosse, como na ala vermelha ou na ala verde para não sermos incomodadas, ela se dirigiu para sua própria ala, a ala que mais gostei da casa; a ala azul.

Pelo justo fato do meu sentimento de prisão a ala azul parecia ainda mais limpa e aconchegante do que quando cheguei, a presença animal abafava os homens grandes e seus ternos e máscaras. Me sento próximo ao rio corrente enquanto dela conversa rapidamente com um de seus homens me mantendo mais afastada. De forma tão rápida e organizada que quase levei um susto, os carpas se foram completamente. Estamos sozinhas. Ela se senta de frente pra mim com uma pilha organizada de papeis, pincel e um vidro de tinta, um arrepio perpassou minha coluna, sua presença é tão poderosa que muda o ambiente, quase que escurecendo o sol

- Não vou ensinar frases idiotas de turista, vou ensinar palavras importantes para meu irmão e para essa casa, afinal é somente isso que você terá por muito tempo. – ela pega na minha mão enquanto fingi arrumar as folhas em branco, e eu sinto como se o tempo parasse. – eu estou feliz por você – nenhuma expressão de felicidade, apenas frieza - e por isso quero te ajudar com isso. – e foi ai que ela sorriu. Seu sorriso, diferentemente de seu expressão séria, é comparável ao sol. Uma sensação estranha me acomete e penso ser um mal entendido, por um minuto pensei ter entendido que a ajuda era com outra coisa.

- Obrigada. – devolvi um sorriso sincero. Eu não estava confiando inteiramente mas meu suor frio, junto a tremedeira, parou, e por isso me senti grata.

- A primeira palavra que tem que saber é Kekkon, significa casamento. – ela bateu com o dedo indicador duas vezes no chão, isso me incomodou, mas nada disse. Repeti o que disse testando a pronuncia. – muito bom, a segunda é um pouco mais difícil, Giri no imōto, significa cunhada. – ela bateu novamente o dedo indicador no chão, uma vez apenas, e então continuou falando outras palavras, bolo, bebida, padre, coisas que envolviam o tema porém, nenhuma das outras vezes teve a presença das duas batidas. - Vamos então aprender sequências, por exemplo, Saisho ni; primeiro, e não confunda com Hatsune; que é primogênito – duas batidas. - Anzende mugai; significa seguro e inofensivo assim como meu irmão... – uma batida - Oh! Tive uma ideia, vou dar algumas personalidades depois de cada número porque ai você pode ouvir as pessoas elogiando você – Duas batidas. Só se você estiver falando no oposto, o suor frio voltava agora a percorrer em minha testa, uma ideia cruza meu cérebro como uma navalha, você está falando o oposto, e se é assim, primogênito é o primeiro filho a nascer, o código das batidas, duas é não, significa o oposto, uma é sim.... – Daini; segundo, Omoiyari to nintai; compassiva e paciente. – Miname, a próxima a me levar em um belo passeio, o oposto, sádica e impulsiva. – Daisan; terceiro. Komyunikēshon to antei, comunicativa e estável – por um segundos ela passou calada, mas mesmo sabendo que se tratava dela ela bateu duas vezes, introvertida e instável – Banne; quarto, Shinrai to aijō, minha querida irmã certamente é confiável e amorosa – duas batidas, parece que a mulher mais amável não é tão amável assim.

                Ela continuou a aula e pediu desculpas pelas batidas dizendo ter um tique nervoso, porém, se fosse mesmo isso, ainda que segurasse a mão entre os dedos, eles ainda se mexeriam e de forma aleatória, isso não aconteceu, eles permaneceram parados longe da vista de todos menos da minha. Era obviamente uma confirmativa que seu aviso chegara ao fim e de agora em diante seria de fato uma aula tediosa de japonês tradicional. As primeira palavras dela, das quais ela usou o código foi eu estou feliz por você, duas batidas significam que ela está triste, talvez eu esteja em perigo caso, a segunda foi e por isso quero te ajudar com isso, as duas batidas mostram que não se trata só da aula ou da língua, e sim de Amaterasu e meu anfitriões. Mas isso tudo caso eu acredite e confie nela, o que terei que realmente refletir bastante.


Notas Finais


ssss


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