O myrmeko, mesmo aleijado levou Meg para o ninho.
- Essa não. O que faremos? – perguntou Apolo.
- O jeito é voltarmos ao acampamento e buscarmos ajuda – disse ela.
- Mas antes precisamos saber onde é a entrada do bosque – disse Apolo se aproximando do gêiser. – Pete, seu Telemarketeiro, apareça seu covarde!
- Não me chame de Telemarketeiro – disse o Pálico com raiva.
- Preciso encontrar Meg – disse Apolo não ligando para a raiva do espírito.
- Ah, você tem um corte enorme no couro cabeludo e está sangrando – disse o espírito preocupado.
- Eu não ligo. Onde fica o ninho dos myrmekos?
- Ah, era disso que estava falando – disse o espírito retorcendo as mãos vaporosas. – Paulie foi pra lá. O ninho é a única entrada.
- Do quê?
- Do Bosque de Dodona.
Apolo quase teve um troço.
- Como o ninho leva ao bosque?
- Paulie não me explicou tudo – disse ele. – Tem uma parte muito densa da floresta que ninguém consegue entrar.
- Para que lado fica o ninho?
- Ao norte – disse Pete. – A uns oitocentos metros. Acho que você não está em condições, sua cabeça tá sangrando a beça.
- Não importa, a garota foi levada e precisamos ajudá-la.
- Você que sabe – disse o espírito. – A garota tem vinte e quatro horas, depois....
- Obrigado Pete – disse Apolo se virando.
- É melhor se curar primeiro. Desse jeito não ajudará a sua amiga – disse o espírito. – Ah, eu já ia esquecendo, o Paulie disse que viu três caras armados da cabeça aos pés andando por aqui. Eles também estavam procurando o bosque.
Apolo parou e se virou para o espírito.
- Como Paulie soube que eles estavam procurando?
- Ele os ouviu falar em latim.
Apolo estremeceu.
- Eles eram campistas?
- Não, eram adultos. Um deles era o líder. Os outros o chamaram de imperador.
A visão de Apolo escureceu e ele teve uma síncope e quase caiu. De repente, ele começou a entender algumas coisas. Um quebra-cabeça começou a se formar, Besta... Triunvirato S.A.... semideuses adultos desaparecidos.
- Preciso voltar – disse ele cambaleando. – Obrigado Pete.
Apolo vacilante voltou para junto das semideusas. Nina que já havia acordado estava sentada tomando néctar.
- Nina, que bom que acordou. Como se sente? – disse Apolo se agachando e quase caiu em cima dela.
- Oi! – disse Nina o aparando. – Eu estou bem, mas você não – disse ela fazendo-o se sentar –, sua cabeça está sangrando – disse ela o examinando. – Vamos fazer um curativo...
- Não temos tempo – disse ele se levantando. – Pete me disse que a entrada do bosque é no ninho dos myrmekos e Meg tem vinte e quatro horas antes que vire comida de formiga.
- Então temos que nos apressar – disse Nina -, mas Apolo você não me parece muito bem, está ficando pálido.
- Tem mais uma coisa – disse ele. – Três semideuses adultos que falam latim apareceram por aqui procurando o bosque – disse ele fazendo uma pausa. – O líder deles foi chamado de imperador. Sabem o que isso significa?
As meninas se entreolharam, mas foi Annabeth quem falou.
- Imperador – disse ela. – Isso quer dizer que esses três são os membros do Triunvirato. E um deles é um imperador romano.
- Mas qual? – disse Nina.
- Um que seja meu descendente – disse Apolo. – Temos que avisar Quiron.
- Então vamos logo – disse Annabeth.
- A Meg....
- Pete disse que ela tem vinte e quatro horas não é? – disse Nina. – Primeiro vamos cuidar desse seu ferimento, depois voltaremos para salvar a Meg.
Apolo resolveu não argumentar mais, estava muito fraco, poderia atrasar as meninas.
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Enquanto andava Apolo ficava sem forças as meninas o ajudavam, mas ele logo tropeçava. Até que não aguentou mais e se encostou em uma árvore e então ouviu uma voz bem conhecida: Continue andando Apolo, você não pode descansar aqui.
- Eu amei você.
As meninas se entreolharam.
- Isso não é bom, ele já tá delirando – disse Nina pegando na testa dele. – Ele não tem febre.
- Deve ser por causa da perda de sangue. Por isso ele está delirando – disse Annabeth.
Você amou todas as garotas – ela repreende. E todos os garotos também.
- Não como você! – ele grita. – Você foi o meu primeiro amor verdadeiro. Ó, Dafne!
- Dafne? – pergunta Nina.
- Era a ninfa que Apolo amou, mas não foi correspondido por causa de uma maldição de Eros – explicou Annabeth. – Apolo a perseguia todo o tempo até que ela pediu a Gaia que a ajudasse. Então, Gaia vendo seu desespero a transformou em uma árvore de louros.
Use minha coroa – disse ela – e se arrependa.
Apolo tentou se levantar. As meninas o ajudaram uma de cada lado.
Você não pode morrer aqui – sussurrou Dafne. – Você tem um trabalho a fazer. Salvar uma vida.
- Vamos Apolo, você consegue – disse Nina.
Apolo ouvia a voz de Nina longe, depois escuridão.
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Ele acordou com uma lambida áspera em seu rosto, cuspiu pelos que encostou em sua boca. Ele abre os olhos e se depara com um enorme leão de juba dourada.
- Acorde! – disse a voz de uma mulher que era muito familiar.
Apolo levanta a cabeça e nota um segundo leão sentado aos pés de uma mulher que usava óculos escuros. Era a mesma mulher dos seus sonhos.
- Réia!
- Paz meu neto. Não quero te chatear, mas precisamos conversar.
O leão se afastou e foi para junto de Réia. Apolo procurou pelas garotas, mas não as viu.
- Onde estão as meninas?
- Estamos aqui – disse Nina sentada ao lado de Annabeth. Ambas estavam comendo.
Nina se levanta e dá um pedaço do bolo de milho para ele. Apolo devorou o bolo, nem tinha percebido que estava com fome.
- Que bom que você está acordado – disse a mulher sorrindo. – Eu estava preocupada, cara.
- Onde você esteve por todos esses séculos?
- No norte do estado – disse ela coçando a orelha do leão. – Depois de Woodstock , eu abri um estúdio de artesanato.
- Isso foi nos anos 1960, século passado.
- Droga! Eu me perdi no tempo – disse ela. – Desde que me liberei daquele quadradão do Cronos que saí por aí pra curtir a vida, sacou?
- Ele... engoliu os filhos.
- Aquilo foi brabo, cara, por isso eu o abandonei. Criei Zeus numa comunidade de náiades e curetes. Com muito gérmen de trigo e néctar. O garoto cresceu forte e cheio de energia.
- Você me lembra Íris, ela virou uma vegana orgânica várias décadas atrás.
- Por falar em Íris – disse – ela é uma mensageira dos deuses, certo junto com Hérmes e aquela riponga liberal.... Joana D’Arc?
- Não tenho certeza sobre essa última.
- Enfim, as linhas de comunicação caíram, cara, nada funciona, tá tudo caótico.
- Sabemos disso, mas não sabemos por quê.
- São eles que estão fazendo isso.
- Quem?
- Os imperadores.
Apolo quase se engasgou com o bolo. De repente, não tinha mais fome. As meninas se aproximaram e se sentaram ao lado dele.
- Triunvirato S.A. – disse ele olhando para as meninas.
- É esse o novo complexo militar deles.
- Como eles voltaram?
- Eles nunca foram embora – explicou Réia. – Queriam se transformar em deuses. Desde antigamente eles têm se escondido, influenciando a história por trás dos panos. Estão entalados numa espécie de vida intermediária. Não podem morrer, mas também não vivem de verdade.
- Mas como a gente podia não saber sobre isso? – perguntou Apolo. – Somos deuses.
Réia gargalhou.
- Ah meu querido neto. Ser um deus alguma vez impediu alguém de ser burro?
- Ela tem razão – disse Annabeth olhando para Apolo.
Apolo se perguntou se a menina achava que ele era burro.
- Mas todos os imperadores romanos não podem ser imortais.
- Não, somente os mais notórios. Eles vivem na memória humana, cara, assim como nós.
- Mas como eles podem afetar nossas linhas de comunicação? Como podem ser tão poderosos? – perguntou Annabeth.
Réia olhou para a menina.
- Atena, não é?
Annabeth assente.
- Bem, querida eles tiveram séculos para planejar isso, esperaram pacientemente até Apolo ser mortal e então começar a se mover de fato.
- Como eles sabiam que Apolo ia se tornar mortal? – perguntou Annabeth.
- Eles usaram seu descendente romano, Octavian para fazer Apolo ajudá-lo – disse ela. – Com isso, você se deixou levar pela bajulação do garoto – disse ela se dirigindo à Apolo. - Por isso, Zeus não te perdoou e o transformou em mortal como das outras vezes.
- Eles estavam contando com isso – disse Nina. – Zeus fez exatamente o que eles queriam.
Réia olhou sobre os óculos para Nina e sorriu.
- Poseidon! – disse ela. – Você se parece com ele. Tem os olhos brilhantes vivazes dele. Aquele garoto levado....
- Réia! – chamou Apolo. – O Besta, ele é o líder?
- Pior que é. Ele tem a mente tão ruim quanto os outros, mas é o mais inteligente e mais estável, de um jeito sociopata e homicida. Você sabe quem ele é… quem ele era, certo?
- Pior que sei – disse Apolo. – Os imperadores controlam todos os oráculos?
- Estão trabalhando nisso. Píton tem Delfos, o que é um problema, você tem que começar a enfraquecê-los pelos oráculos menores, só então se fortalecer para enfrentar a cobra. E pra fazer isso, você precisa de uma fonte de profecias, um oráculo mais velho.
- Dodona, sua floresta sussurrante.
- Exato, mas você precisa protegê-la ou nosso futuro já era.
- Precisamos salvar a Meg dos mymerkos e salvar a floresta daquele louco.
- Você tem que perseverar, cara, nunca desista. Agora que você é mortal, você tem a urgência deles, coisa que os deuses não têm, por isso são uns acomodados.
Um dos leões rugiu.
- Tenho que cair fora, se eles me encontrarem vai ser feio. Tô fora do mapa muito tempo. Encontre Dodona, essa é sua primeira provação.
- E se o Besta encontrar primeiro?
- Ele já encontrou o portão, mas não vai conseguir abrir sem você e a garota.
- Como vou salvá-la?
- Aí já é problema seu. Primeiro se cure, depois vá salvá-la. Boa sorte crianças.
De repente a floresta desaparece e os três se veem no meio do acampamento assustando quem estava por ali. Então, Apolo desmaia.
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