ACAMPAMENTO
Depois do jantar os campistas se dirigiram para a fogueira.
Quiron havia sido avisado da visita de Hera ao acampamento, o centauro aguardava a chegada da deusa na Casa Grande. Não demorou muito, ela aparece na sala da casa onde o centauro estava sentado em sua cadeira de rodas olhando para um relatório preparado para a deusa.
- Boa noite Quiron – cumprimenta a deusa.
- Boa noite – retribui – seja bem-vinda milady.
- Obrigada – disse ela se sentando. – Já sabe por que vim, não é?
- Sim senhora – disse ele – Nina me avisou.
- Como soube que eu estava no Alasca?
- Lady Hestia esteve aqui – disse ele – ela veio trazer Hermes a mando de Zeus.
- O que aconteceu com Hermes?
- Foi acidentalmente transformado em mortal – disse ele – seu trono foi destruído pelo raio de Zeus.
Hera suspirou.
- Por quê?
- Zeus descobriu a existência de Nina, filha de Poseidon – disse – os dois discutiram e Zeus tentou transformar Poseidon em mortal, mas ele desviou o raio e acabou acertando o trono de Hermes.
- E onde ele está?
- Com os filhos no seu chalé – disse o centauro. – Agora, ele é um bebê mortal.
- Zeus passou dos limites – disse Hera. – O que ele está pensando em transformar todo o Olimpo em mortal? Será que ele não consegue perceber que está enfraquecendo suas chances?
- O que quer dizer?
- Árion me contou sobre o Triunvirato – disse ela – ele me disse que um dos membros do Triunvirato é Nero. O que Nero planeja?
- Assim como todo governante romano, conquistar o mundo – disse ele. – Eles querem controlar os oráculos. Por isso, Nero tentou eliminar Apolo e destruir o nosso acampamento.
- Ainda não sabem quem são os outros imperadores?
- Infelizmente não, senhora – disse o centauro. – Ele tentou queimar o Bosque de Dodona porque é o único oráculo que eles não podem controlar. Píton já controla Delfos.
- Isso é mais grave do que pensei – disse ela. – Onde está Apolo?
- Ele recebeu uma profecia de Dodona e está a caminho de cumpri-la – disse o centauro. – Parece que o Triunvirato já contava que Apolo se tornasse mortal, eles passaram a agir assim que Apolo desceu e Nero colocou uma espiã no acampamento, uma filha de Deméter para levar Apolo até o portão do bosque e obrigá-lo a abri-lo.
- Pelo visto o plano dele falhou – ela comenta.
- Sim, ele conseguiu fugir. Por isso estamos em alerta – disse ele. – O Acampamento Júpiter já foi avisado, não sabemos onde estão os outros imperadores. Por isso, mandei um relatório para a pretora.
- Fez bem – disse ela. – E o Olimpo já está sabendo disso?
- Sim, eu mesmo relatei tudo a eles – disse o centauro. – Estamos com falta de comunicação também.
- É eu soube – disse ela. – Isso está afetando todo o continente americano.
- Fico feliz que a senhora esteja bem milady – disse o centauro.
- Graças a Hefesto que fez esse dispositivo – ela mostra a pulseira – que mantém o meu poder. Ele foi me visitar às escondidas e levou para mim.
- Hefesto é um gênio! – disse o centauro orgulhoso do sobrinho. – A senhora chegou bem? Pergunto isso porque Apolo estava com ferimentos e queimaduras por todo o corpo.
- Eu não fiquei nem ferida nem queimada, mas em compensação, eu quase morri de frio – disse ela – Zeus teve a audácia de me mandar para uma floresta congelada somente com uma roupa leve. Uma alma bondosa que me encontrou vagando me levou para sua casa e cuidou de mim. Graças a ela eu estou viva.
- Mas agora com seus poderes recuperados....
- Me sinto bem melhor – disse ela -, mas não vou voltar. Se Zeus quiser que eu volte, ele que vá me buscar – disse ela se levantando. – Preciso ir embora, não quero ficar muito tempo, senão o Olimpo pode perceber a minha presença.
- Leve isso milady – diz ele lhe dando um envelope. – Esse é um relatório de tudo o que aconteceu até agora.
- Obrigada Quiron – disse ela pegando o envelope. – Eu vou ler com calma. Pode ser que eu não venha mais por aqui, não quero me arriscar, logo a reunião vai acabar e o Olimpo será aberto novamente.
- Tudo bem – disse ele.
- Mais uma vez obrigada Quiron – disse ela desparecendo.
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Enquanto isso na fogueira, os campistas cantavam e conversavam. Alguns estavam ao redor de Alice Miyazawa que segurava o bebê Hermes embrulhado numa manta.
- Bebês são tão lindos! – disse Valentina admirada.
- Verdade, principalmente quando estão dormindo – disse Damien. – Quando acordam é um estresse.
- É nada – disse Chiara – Bebês só acordam quando estão necessitados de algo.
- Isso mesmo – disse Alice. – Eles acordam quando estão com fome ou de fralda cheia.
- Eca! – disse Damien. – Por isso que bebês são horríveis.
- Bebês não têm noção do que fazem – disse Valentina. – Eles precisam de cuidados até poder se cuidar sozinhos.
- Você já cuidou de bebês por acaso? – perguntou Damien.
- Não, mas nós mulheres temos instinto materno – disse ela. – Não é difícil para nós cuidarmos de uma criança. Diferente de vocês homens que são um bando de desajeitados. Não sabem nem carregar um bebê.
As outras assentiram.
- Eu sei sim carregar um bebê – disse Damien não dando o braço a torcer. – Me empresta aqui esse moleque.
- Nem pensar – disse Alice afastando a mão dele. – Meu pai não é brinquedo de ninguém. Quiron nos encarregou de cuidar dele e é o que pretendemos fazer. Além do mais, Thalia já nos ensinou em como cuidar de um bebê.
- De qualquer forma, se precisarem de ajuda eu estou à disposição – disse ele.
- Você não é de confiança Damien – disse Chiara olhando pra ele. – Você se estressa muito fácil. O bebê correria perigo com você.
- Você não sabe de nada – disse ele se levantando e saindo pisando duro.
As meninas estranharam. Uma olhou para a outra.
- O que deu nele? – perguntou Valentina.
Chiara ficou com a pulga atrás da orelha.
- Não faço ideia – disse ela. – Se me dão licença – disse ela se levantando.
As meninas dão de ombros e continuam a conversar.
Chiara foi atrás de Damien e o encontrou sentado na fonte do jardim do acampamento. Ela se senta ao seu lado.
- Está tudo bem Damien?
- Vai embora – disse ele emburrado.
- Deixa de ser criança – disse ele rolando os olhos. – Foi alguma coisa que eu disse? Se foi me desculpe.
- Eu tive um irmão mortal – disse ele – Ele era assim, como Hermes está agora. Eu tinha nove anos quando ele nasceu. Meu pai havia se casado e minha madrasta não gostava de mim. Quando o bebê nasceu ela não me deixava chegar perto, dizia que eu podia derrubar a criança. Um dia, quando cheguei da escola ela estava dando banho no bebê quando o deixou escorregar e ele caiu de seus braços e bateu com a cabeça no chão morrendo na hora – disse ele com um filete de lágrima escorrendo. – Quando o meu pai chegou ela disse que eu tinha derrubado o bebê de propósito. Eu me defendi, disse que foi ela que o deixou cair quando o tirou da banheira, mas meu pai não acreditou e me deu uma baita surra me deixando quase inconsciente.
Chiara ouvia tudo de cabeça baixa.
- Naquele dia eu não saí do quarto – ele continua. – Meu corpo estava todo dolorido. Eu conseguia escutar vozes vindas do andar de baixo. Eram os gritos histéricos da Emma dizendo que o culpado era o filho maldito do meu pai. Ele não fazia nada para me defender, só tentava controlar a Emma dizendo a ela que ia dá um jeito em mim – disse ele fechando os punhos. – Mas antes que ele fizesse algo ouvi uma voz na minha cabeça dizendo o que eu deveria fazer. Então me levantei tirei meu material escolar da mochila e coloquei alguns pertences dentro dela. Tirei o uniforme sujo de sangue por causa da surra e vesti uma roupa qualquer e saí pela janela do meu quarto para nunca mais voltar.
“Eu saí sem rumo, até a voz me dizer aonde eu deveria ir. Cheguei a uma praça e fiquei aguardando a chegada de um sátiro. Quando ele apareceu, ele me trouxe pra cá – fez uma pausa. – Depois eu soube que meu pai e a minha madrasta morreram num acidente misterioso.”
Chiara levantou a cabeça e o olhou surpresa.
- Me senti melhor depois disso – disse ele. – Talvez você tenha razão, eu sou um perigo para bebês.
- Eu falei sem querer – disse ela. – Eu não sabia o que você passou, eu... mas é que você fica nervoso quando algo te aborrece. Um bebê não é fácil de cuidar.
- Tá tudo bem – disse ele. – Eu não levo jeito mesmo. Só disse aquilo pra não dá o braço a torcer.
- Você é um bobo Damien – disse Chiara o abraçando.
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Em outro canto Nina e Annabeth conversavam sobre seu futuro.
- O que pretende fazer enquanto estiver na caçada?
- Não sei. Durante o período em que eu estive lá, nós tínhamos aulas de conhecimentos gerais com Ártemis e de grego com Mirian. Aprendi muitas coisas com as meninas, não dá tempo de ficar com preguiça, até peguei gosto pela leitura.
- Fico feliz com isso – disse a loira sorrindo. – Você disse que queria fazer biologia marinha, agora como vai ficar?
- Pois é, eis a questão – disse – acho que quando voltarmos vou pedir a Ártemis que me consiga alguns livros sobre o assunto.
Annabeth suspira.
- A vida vai ser um pouco sem graça sem você – disse ela – eu queria que fôssemos juntos para a Faculdade, não é justo.
Nina pega sua mão.
- Acha que também não vou sentir a sua falta? – disse ela. – Vamos ter que fazer esse sacrifício até tudo isso acabar. Até lá precisamos seguir em frente.
- Tá bem – disse com um sorriso triste.
- Não sei para onde vamos depois daqui, vai depender de lady Ártemis – disse pensativa. – Agora que Zeus sabe da minha existência é provável que ele vá ficar de olho em mim. Por isso, prefiro não me arriscar. Tenho que ser cautelosa daqui por diante.
- Tome muito cuidado Percy – sussurrou Annabeth.
- Eu terei – disse Nina sorrindo.
Depois disso todos voltam para os seus chalés.
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