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História Caderno de Memórias - Positivo, eu vou ceder


Escrita por: JC_Park

Notas do Autor


Olá a todos!
Boa tarde.
Aqui estou eu como prometido com mais uma capítulo para vocês.
A propósito, haverá um termo em aspas (" "), a explicação dele estará nas notas finais então não deixem de lê-las.
Espero que gostem.

Capítulo 10 - Positivo, eu vou ceder


10. Positivo, eu vou ceder

 

Dois meses se passaram após aquela noite cruel, eu e Nando ficamos cada vez mais amigos e até tirávamos liberdade um com o outro, sem falar nas nossas ficadas, onde eu comecei a perceber que gosto de ser domado por ele, que confio até demais nele e que ele não irá ceder, tendo isso em mente, eu a princípio tive medo, "mas para tudo há uma primeira vez não?" E assim meus pensamentos foram mudando em relação a tudo e em certo momento esse tabu para mim foi quebrado.

Devaneando sobre a maravilha trazida para mim dos céus nomeado de Fernando sinto um braço ridiculamente fino e com certeza feminino me puxar para a realidade e vejo os olhos verdes suplicantes de Aghata pedindo ajuda com a loja cheia, sorrio pra ruivinha decidido a cometer a melhor loucura da minha vida, puxo minha bolsa debaixo do balcão e com um assobio chamo a gerente.

 

- Sim Julio? - Virou em minha direção pedindo licença a um cliente.

- Me demito. - Falo com uma felicidade palpável, tiro a camisa/farda da loja em frente a todos, fazendo a maioria suspirar e outros arregalarem os olhos.

 

Entrego minha farda a Aghata e visto a regata que estava dentro da bolsa, saindo de lá como se fazer algo assim fosse normal, meu sorriso contagiava a qualquer um na rua, tenho certeza absoluta disso, estava feliz, já não aguentava mais aquela loja, andando calmamente até a parada tiro o celular do bolso pensando em ligar para Jéh, mas ela foi mais rápida.

 

- Oi pros.

- Estou com problemas cafetão, venha aqui ainda hoje, venha agora!

- ‘Tô chegando, já estava pensando em ir ai mesmo.

- Que bom, antes de desligar, passa na farmácia pra mim?

- OB?

- TG.

- Quê?! Jéh você T- e antes mesmo de eu completar a frase a ligação foi encerrada.

 

- Grávida? - Disse para mim mesmo, porém em voz alta.

- Vocês jovens de hoje em dia só sabem se divertir. - Reclamou uma senhora que estava ao meu lado na parada, onde eu já estava ao terminar a ligação.

- Como? Calma ai senhora, o filho não é meu, ela nem sabe se ta mesmo grávida! - Falei exaltado.

- Vai negar? Os tempos realmente mudaram, vai deixar a menina sozinha? - Falou rude como se fosse meu dever.

- Minha senhora, eu não sou o pai dessa criança que eu nem sei se ela está esperando mesmo, eu sou gay! - Expliquei, ou tentei explicar, pois ela me olhou furiosa apesar dos olhos quase esbugalhados.

- Oh! Agora sim eu digo que o mundo está perdido! Ela sabe que você sai com garotos pelas costas dela? - Disse a senhora de olhos arregalados e voz acusadora.

- Desisto! - Falei alto levantando as mãos para o céu - Deveria ter aguentado pelo menos hoje no trabalho! Não sai de lá pra ouvir uma bomba dessas e ainda aguentar a senhora falando mal de mim sem nem saber um terço da história! Com licença, eu vou pegar um táxi que chego mais rápido e não preciso aturar a senhorinha! - Falei com raiva e sai de la pisando fundo.

 

Fui para o ponto de táxi e rapidamente peguei um, dei o endereço e fiquei pensando nos "e se" de toda essa situação, desci na farmácia e comprei o que ela pediu, me encaminhando para a casa da Jéh logo em seguida, quase chorando só de pensar no que seria da minha pequena bonequinha, toquei a campainha e logo ela abriu a porta com um sorriso um tanto sofredor.

 

- Oi.

- Me explica como isso aconteceu! - Joguei estarrecido - Como assim Jéssica? De quem é esse bebê?

- Calma porra! Eu nem sei se estou realmente grávida e você já quer me encher de problemas! - Respirou fundo e me olhou temerosa - Trouxe?

- Sim... - Falei entregando a sacola que continha três testes de diferentes marcas, pondo em seguida as mãos na cabeça completamente nervoso - Meu... Deus! Você sabe que camisinha existe, sem falar em anticonsepcional, por que não se preveniu? Você só tem 15 anos Jéh, esse bebê vai te impedir de terminar a escola corretamente, sem contar que nenhuma loja vai contratar uma grávida! Você fudeu com a sua vida! Já parou pra pensar nisso?

- Até parece que você é o pai Juh. - Falou calma ao chegarmos em seu quarto e eu quis socar aquela cara "ainoko sansei".

 

Entreguei a ela um teste e ela foi ao banheiro, não demorou muito para pedir os outros dois, porém saiu de lá apenas com um, o primeiro teste que havia feito, encostou-se no batente da porta e jogou o teste que por pouco não caiu no chão com meu nervosismo me deixando completamente trêmulo.

 

- Jéssica…

- Urinei sobre a ponta da tira até que ela estivesse toda molhada, aguardei um minuto, as duas linhas mostraram o positivo, eu estou grávida Julio.

 

Fechei os olhos e respirei fundo, ouvi seus passos em minha direção e a abracei ao sentí-la entre minhas pernas, sua muralha havia ruído, ela agora era frágil garota que eu conheci, peguei-a em meus braços e deitei-me consigo em sua cama, tentando confortá-la com minhas palavras, mas até eu chorava, sentia meu mundo acabar também, sempre disse que iria protegê-la, que ela poderia contar comigo, mas eu mesmo ao lado dela não sabia o que fazer, estava perdido tanto quanto ela.

Passamos a tarde em seu quarto até que ela se sentisse melhor, uma ideia me veio a cabeça e eu com toda a certeza a colocaria em prática, eu iria assumir aquele bebê, meu pai sempre quis que eu trabalhasse no consultório com ele, e assim eu também tiraria as dúvidas dele sobre minha homossexualidade, além de que, seria tudo para que o bebê da minha Jéh pudesse viver bem.

 

- É o Guilherme. - Disse do nada.

- Como? - Perguntei.

- O pai… - Deixou no ar.

- Ah… Como sabe? - Perguntei já entendendo algumas coisas.

- Passamos dois meses saindo juntos, mas não era nada mais que sexo casual e eu realmente nem pensei na camisinha, agora ele está namorando e eu tenho certeza de que não vai querer assumir um filho, falar não vai fazer muita diferença. - Falou voltando a chorar.

- Mas mesmo assim ele tem que saber que vai ser pai. - Falei sério enxugando suas lágrimas.

- É… Eu sei, ele tem que saber. - Falou triste, mas já não chorava.

- Jéh… Meus pais não sabem sobre eu ser gay, meu pai sonha em me ver trabalhando com ele em seu consultório, eu posso sabe… Assumir o bebê.

- Como?! - Perguntou perplexa - Juh… Você tem certeza disso? Sabe o que vai acontecer? Vai perder sua vida comigo? Você vai ter que estudar e trabalhar para garantir nosso sustento, sem falar que nossos pais vão exigir casamento! Pensa bem, você realmente quer fazer isso?

- Eu só quero ajudar. - Falei a beira das lágrimas.

- Juh… - Acariciou meu rosto me olhando com um sorriso triste - Eu agradeço, de verdade, mas eu recuso, não quero estragar sua vida, cuidarei desse bebê mesmo que sozinha.

- Jéh… - Falei suspirando e desviei o olhar rapidamente para o relógio, vendo que já eram 17:30h - Bom, ótima descoberta, vou ser tio. - Ri acariciando sua barriga - Mas o tio tem que ir mamãe. - Me levantei.

- Sinto dizer que a mamãe está tonta demais para te acompanhar até a porta, então fecha tudo direitinho.

- Ok, eu vou sozinho. - Fiz uma carinha de cachorro que caiu da mudança, mas não foi por muito tempo, a preocupação logo voltou e do batente da porta eu perguntei - Vai ficar mesmo tudo bem com você minha bonequinha?

- Eu prometo. - Sorriu para mim fazendo sinal de positivo como polegar.

 

Sai da casa de Jéh e disquei o número já decorado enquanto me encaminhava para a parada de ônibus, depois de três toques ele me atendeu falando um "Oi" sonolento.

 

- Desculpa te acordar.

- Tudo bem, eu tenho que ir trabalhar logo mesmo.

- Me demiti.

- Legal, mas o que te deixou triste? E não adianta mentir, sei que está triste pela sua voz, você não consegue disfarçar nem mesmo por telefone.

- Jéssica, aquela minha amiga que eu te falei…

- A japonesinha que tava tentando te sufocar naquela foto do seu celular?

- Ela tava me abraçando seu idiota! E é ela mesmo.

- O que aconteceu?

- O que eu temia.

- Você quer assumir. - Falou e eu pude notar a tristeza em sua voz.

- Ela não aceitou.

- Não quer ir pra boate? A gente conversa lá, por que agora eu preciso desligar, pois vou começar a me arruma pra sair.

- Não, vou passar essa noite na casa dela.

- Ok, passa aqui amanhã, eu vou virar a noite hoje já que amanhã é quarta e não teremos aula na facul, é uma ótima forma de eu ganhar um extra também.

- Sai dessa cara, você pode conseguir um trabalho melhor, você ta estudando arquitetura!

- Valeu o conselho, mas eu vou deixar pra uma próxima vida, vem amanhã?

- Vou sim.

- Ok tchau.

- Nando…

- Oi?

- Você faria uma loucura por amor?

- Por você eu faria quase tudo.

- Chato! Tchau.

- Lembre-se que eu te amo! - E desligou.

 

Fiquei olhando meu celular com um sorriso bobo no rosto, há mais ou menos umas três semanas ele vinha dizendo esta frase, tão comum hoje em dia, mas que sempre me deixavam na lua. Entrei no ônibus e fiquei olhando a paisagem mudar conforme ia chegando ao meu destino, desci do mesmo que fui logo para casa, cumprimentei minha mãe, tomei um banho e avisei a mesma que iria passar a noite na casa da minha bonequinha e ela mandou um abraço para a mesma, sem saber do que estava acontecendo.

Ao voltar para a casa do meu anjo, conversamos mais e decidimos que ela não iria contar aos pais até ter certeza, o que não demoraria, já que nós iriamos juntos na tarde do dia seguinte fazer o exame, jantamos e começamos a assistir um filme, já que não demorou muito para irmos "dormir".

acordei com o grito dela repercutindo por todo quarto, logo gritando junto ao lembrar da noite passada, nos vestimos rapidamente e me despedi de si com um selinho por que mamãe Liane havia nos visto na noite anterior, e ficara fantasiando aquilo, corri para a boate onde Nando trabalha e logo cheguei já pedindo de forma muda uma dose de vodca.

 

- Chora não que ele volta amor. - Falou servindo a dose.

- Não vai querer acreditar na ultima. - Falei balançando no ar o copo já vazio.

- Virou a mulher da relação? - Encheu novamente meu copo.

- Não, dormi com a Jéh. - Bebi o líquido novamente.

- Nossa! - Riu - Isso é inesperado, como foi? - Perguntou curioso enchendo o copo mais uma vez.

- Quer me ver bêbado Nando?

- Você que quer beber, balançou o copo pedindo mais por que quis.

- Verdade...

- Ainda não me respondeu. - Cobrou a resposta colocando mais uma vez vodca em meu copo.

- Resumindo...

- Hm...

- Você sabe que a Jéh está grávida, eu fui pra casa dela no intuito de ajuda-la e acabei cedendo às tentações da carne, não transava há dois meses...

- Sei... Está bebendo agora por causa disso?

- Se não é por isso deve ser a falta de um namorado. - Bebi o conteúdo que estava no copo e pedi por mais.

- Entendo... - Serviu-me mais um copo e surpreendeu-me servindo-se de uma dose também.

 

Bebi todo o líquido e fui pedindo por mais, Nando em algum momento resolveu parar de me dar às doses afirmando que eu já estava “bom” o suficiente e dizendo que me levaria pra casa, fui com o mesmo até seu carro depois que ele terminou de se arrumar para sair, me colocou no banco da frente e disse “coloca o cinto”, mas eu não fiz, eu esperei ele entrar e fiz o que não teria coragem de fazer a minutos atrás, puxei-o para mim e uni nossos lábios num beijo necessitado um pouco os lábios e ele entendeu logo usando sua língua para novamente conhecer toda a minha boca, o beijo foi ficando cada vez mais intenso e quando o ar se fez escasso nos separamos.

 

- Julio...

- É o que eu quero Nando, eu não me importo, serei o que você quiser.

- Ah! - Gemeu - Para Juh, você tá bêbado, não sabe o que diz.

- Tenho plena consciência em meus atos e vou me lembrar de tudo depois.

- Ju-lio...

- Eu te amo.


Notas Finais


E então?
O que acharam?
Espero que tenham gostado de verdade e agora vamos as explicações.

"Ainoko Sansei" - Ainoko: Termo não usado por ser considerado racismo que descreve pessoas mestiças; Sansei: Termo que descreve sua descendência, no caso ela é uma descendente indireta.

Bom, no capítulo passado eu não coloquei nada nas notas finais, mas eu queria muito mostrar a vocês o meu celular naquela época, e o celular da Jéh.

Celular da Jéh: http://www.the-blueprints.com/blueprints-depot/phones/nokia/nokia-5300.gif
Meu celular: http://www.techzine.com.br/wp-content/uploads/2007/12/samsung-f250-2.jpg

Eu lembro dessas coisas, que se você jogasse em alguém matava, e ele ainda conseguia ficar inteiro...
Ok ne?
Bom, pessoal, é isso, espero realmente que tenham gostado e até sábado!


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