História Caderno de Poesias - Amarelo

Hoje me deitei às sete. Rolei na cama, não preguei os olhos.
Meu coração pesava, minha garganta doía, mas as lágrimas não saíam.
Não tive vontade de levantar, apenas ouvi o tic tac do relógio.
Parecia que já tinha visto todas as combinações de números possíveis aquela noite.
19:30, 20:15, 21:50,22:35, 23:40, 00:00.
Meu corpo clamava por descanso, mas minha mente teimosa insiste em pensar em mil coisas das quais quero esquecer.
Insiste em me lembrar daquele “Oi.” Mal humorado que eu disse e magoou alguém.
Insiste em me lembrar que não tenho um futuro traçado e já estou com 16 anos nas costas.
Insiste em me lembrar dos meus mil trabalhos atrasados.
01:25, 02:32, 03:46, 04:59, 05:22, 06:00.
Meu relógio desperta, e eu passei mais uma noite em claro.
Meu relógio desperta, mas não tenho vontade de levantar.
Meu relógio desperta, e sinto meu corpo fraco demais pra levantar.
O coração acelerado demais pra ter um longo dia.
A respiração falhada demais pra caminhar.
Mais um dia indesejado.
Do qual eu só queria poder agradecer, mas não sinto vontade.
Aliás, a única vontade que tenho sentido, é de ter alguma vontade.