Com cuidado, abro a porta e sinto o ambiente calmo e fresco. Coloco a bolsa no chão, não me importando com o local que irá parar.
Retiro meu sapato, coloco-os do lado do sofá e me jogo sobre o mesmo, sentindo minhas costas se confortarem em um milhão de formas diferentes.
Antes de sequer fechar os olhos e encarar a escuridão de ambas as pálpebras, uma vez que não tiro a irritação presente em mim essa tarde, as provas estão acabando comigo.
Meu nome é proferido, soa um pouco embaraçado, devido aos meus pensamentos.
— Chegou? - Levanto um pouco e vejo o semblante amassado de Pedro. O garoto se aproxima mais.
— Ta fazendo o que aqui? - Respondo sua pergunta com outra pergunta. Ele e Natália já não estão a mil amores como dias atrás. Ela me contou sobre como está se sentindo em relação a ele. Ele é só um moleque, é claro que de certa forma não irá levar a sério essa panca de pai.
— A Natália passou mal. - Ele me responde causando algo estranho em meu estômago.
Meu corpo sofre um movimento brusco quando, enquanto sigo em sua direção, arregalo meus olhos e, rapidamente corro no corredor.
— E porque você não me ligou Pedro? - Estou nervosa.
— Eu te liguei quase cem vezes. Você desligou o celular? - Sua voz parece fraca, porém sei que é apenas porque estou me distanciando do seu corpo.
— Na verdade, descarregou.
Abro a porta do quarto e vejo seu corpo deitado por baixo de um cobertor cor de mel. Uma vez que adentro o cômodo, Natália levanta a sua cabeça.
Ela sorri e volta a apoiar sua nuca no travesseiro.
— Cade a Isabela? - Pergunto. Pedro está na porta segurando sua maçaneta.
— Ela ainda não chegou. - Ele responde com um timbre fracassado, como se também estivesse cansado da ausência constante dela. De certa forma, vai ser assim daqui pra frente. — Ela vomitou quase a tarde toda.
— É algo que ela comeu.
Caminho em direção a cama e me sento ao seu lado.
— Que bom que chegou. - Ela fala no mesmo segundo que nossos olhares se encontram. Lentamente, aliso seus cabelos ralos. Seu rosto está vermelho, e os olhos inchados.
— E como você está se sentindo? - Questiono. Ela ri baixo e balança a cabeça. Suas mãos apertam o cobertor e ela levanta, cheirando a peça grossa por cima do seu corpo.
— Minha cabeça está doendo. Você estava com o Luan?
— Não, eu sai mais cedo mesmo. Porque?
— Só perguntei. - Ela ri. — Eu gosto dele.
É! Eu também gosto dele pra ser sincera...
— Caio está com a Isabela? - Pergunto para Pedro que assente com a cabeça no mesmo segundo.
— Preciso ir á aula amanhã? - Rio apenas para ela. Natália nunca gostou de ir ao colégio, logicamente deveria esperar uma pergunta desse tipo.
— Não. - Ela sorri. — Jajá você não precisará mais ir. Dorme um pouquinho.
Levanto-me da cama e viro meu rosto, ainda notando que Pedro permanece parado ao lado da porta. E continua segurando a maçaneta prata.
Quando tenho a intenção de sair do quarto, sua voz meiga me chama outra vez. Minhas pernas não se movem mais, e volto pro quarto.
— Vai pra aula amanhã?
— Vou.
— Traga hambúrguer para mim?
— Trago, sim. - Eu sorrio quando ela sorri. No entanto, empurro o corpo do Pedro impulsionando-o sair do quarto.
Sigo rumo ao meu, e observo que está da mesma forma que foi deixado. Sobretudo, meu perfume fraco exala todo o ambiente, ainda que eu não tenha adentrado em cada parte dele.
Pedro se joga na minha cama e urra alto. Ele parece querer conversar, mas não acho que queira, de qualquer forma.
— Hoje uma amiga de classe vira aqui. - O loiro começa um assunto. — Ela está aqui no Rio e vamos aproveitar pra fazer um trabalho escolar.
— E porque está falando isso pra mim? - Ele ri esnobe e eu o olho por trás do meu ombro.
— Por favor, não me envergonhem. - Súplica.
Primeiro, porque eu deveria dar tanta credibilidade á ele? Pedro sempre foi o irmão mais picuinha que tive, mesmo que ele esteja em meu tipo de pessoas favoritas.
— Com certeza eu não lhe envergonharei. - Meu tom é carregado de sarcasmo, deixando meu irmão me encarar assustado. — Não olhe assim pra mim.
— Isadora, é sério, ta legal? Ela é a garota mais popular do colégio, e a mais bonita também. - Ele diz baixo, talvez não queira que Natália escutasse. Mesmo que a porta do seu quarto esteja fechada. — Na verdade, depois de você ela é a garota mais linda que já vi.
— Então quer dizer que eu sou linda? - Brinco e me jogo ao seu lado. Nunca pareceu estar ruim com Pedro de certa forma.
— Você foi e sempre vai ser a mais bonita pra mim.
— Eu já sabia disso, só havia me esquecido. - Gabo-me fazendo Pedro gargalhar. — Não se preocupe comigo, se preocupe com a Isabela. Você sabe como ela adora te irritar. Não me deixará surpresa caso ela resolva jogar sua amiguinha pela janela.
— Eu tenho que falar com ela. - Balanço minha cabeça e me sento na cama, apoiando minhas costas na cabeceira. — Vai que ela chega aí de mau humor.
— Sabe o que é engraçado? - Rolo meus olhos após perguntar.
— Não.
— Você adora implicar com os meus namorados, mas nem ao menos se importa com a Isabela.
— Então, você admite que está namorando o Luan?
— Não disse isso.
— Fala sério Isadora. Vocês passaram a sair quase todos os dias, uma vez que não entendo como ele consegue arranjar tempo. Ele conheceu sua família, você a dele. Te levou pra shows e festas, ele até dormiu aqui. - Ele parece estar bravo, Pedro sempre morreu de ciúmes quando o assunto sou eu. — Se ele quer ter algo a sério com você, tem que me pedir primeiro.
— Você sabe que eu estou cem por cento nem aí pro que você acha, não é mesmo?
— Estou ligado. - Ele me olha estranho e se levanta da cama. — Mas isso não impede de agir como um irmão controlador.
— Continue pensando assim, eu ainda posso fazê-lo passar vergonha quando sua amiguinha chegar.
(...)
Após terminar meu belo e longo banho, me assusto ao ver Isabela deitada na minha cama. Caio dorme ao seu lado, então por essa razão evito movimentos bruscos.
— Que susto menina. - Não minto. Eu me assustei ao ver ela ali.
— Saudades da minha irmã. - Me abraça, mesmo eu enrolada em uma toalha e molhada. — Você demorou tanto no banheiro que o Caio até dormiu.
— Tadinho do meu pequeno. - Digo olhando-o.
— Vem cá, estava aqui de boa e ouvi umas vozes na cozinha. Fui espiar pra ver quem é, e vi o Pedro todo de papo com uma menina loirinha de cabelos enrolados. Quase me assustei, tava sabendo disso?
— Ah. - Rio. — É uma colega de classe, ele me avisou que ela viria. Então ela já chegou? - Ela confirma com a cabeça. Rolo meus olhos pra cima.
— E a Natália?
— Eles não estão mais se dando bem faz algum tempo viu. - Lamento.
— Vamos dar um oi á amiguinho do Pedro então. - Isabela solta uma risada maldosa, e segue em direção a porta, enquanto eu coloco a primeira roupa que vejo pela frente. Sigo os passos atrás dela penteando meu cabelo molhado.
Chegando á sala vejo ambos sentados no tapete. Todavia, Pedro nos olha e menciona uma expressão irritada, fazendo com que a loira a frente gira seu corpo e me encare rapidamente.
— Eu atrapalhei alguma coisa? - Minha pergunta soa irônica, mas talvez a garota não tenha notado isso, pois seu corpo se levanta e ela caminha em nossa direção.
— Não! Claro que não. - Sua voz é rouca, porém amigável. — Você deve ser a Isadora. Pedro falou muito de você. - Eu o olho, enquanto o mesmo mantém um bico sob sua lábios. — Eu sou a Sabrina.
— Sim, eu sou a Isadora. É bom conhecer a namorada do meu irmão.
— O que? - Ele quase grita. Sabrina o olha assustada, devido o tom feminino que o mesmo causou. — Somos amigos Isadora. - Nítido como ele diz trincando os dentes.
— É... Ele está me ajudando bastante com biologia. - Explica Sabrina.
— Esse é o primeiro encontro de vocês? Credo Pedro, pensei que fosse mais criativo. - Isabela ironiza atrás de mim. Eu solto uma risada quando vejo o rosto do garoto se avermelhar.
— Isso não é um encontro. - Ele afirma, querendo de alguma forma, acabar com o assunto. — Aliás, a Sabrina não faz meu tipo.
E agora eu pergunto: qual é o problema que o faz dizer algo como isso? Deve ser porque ele devidamente, não pensa antes de falar.
— Como assim eu não faço seu tipo? - Ela pergunta insegura. Isso me faz notar que ela está (ou estava) interessada nele. — Tem alguma coisa errada comigo?
— Não, não é isso. - Ele se embola, e gagueja, na verdade.
— Você não me acha bonita? - Ela pergunta passando a mão por seus cabelos.
— Você é linda, não é isso.
— Então eu não sou legal? - Pedro suspira fundo, enquanto eu e Isabela continuamos rindo.
— Vamos deixar vocês sozinhos. - Falo alto dando dois passos para trás, vendo minha irmã fazer o mesmo.
Fecho a porta do meu quarto lentamente e em questão de segundos, gargalho junto com a Isabela.
— Ele nunca irá nos perdoar. - Ela sussurra enquanto, rio desesperadamente, menciono para que ela fale baixo. Afinal o Caio dorme.
"Eu sou como você, você é como eu.
Nós arrasamos na mesma música de um jeito diferente.
Temos ritmo, eu e você podemos fazer isso juntas.
Pode parece clichê por eu querer dizer...
Que você não está sozinha.
E você pode me chamar de fora de moda.
Mas é um simples fato,
Eu ainda estou a sua volta."
(One And The Same - Selena Gomez feat Demi Lovato)
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