História Caídos - Capítulo Dois

Passando pelo gramada em direção ao dormitório pude ver muitos alunos, alguns relaxavam embaixo de alguma arvore em cadeiras de jardim, outros liam livros ou jogavam conversa fora com algum amigo.

Os corredores possuíam janelas claras e imensas, com vista para o oceano. Estantes embutidas cheias de livros, poltronas confortáveis em que alguns alunos se sentavam para fora de seus quarto conversando com ao seus vizinhos. Escadas ingrimes e cuvas feitas de madeira bordo, algumas em espiral, e os corredores que se dividiam em outros pequenos corredores deixavam os alunos perdidos, era bem comum encontrar alunos novos perdido, sem saber onde ir.  

Depois de virar e subir até ficar com os joelhos cansados, enfim cheguei no meu maravilhoso quarto, escola de ricos, então meu quarto parecia uma suíte de hotel, era um comodo bem espaçoso, com duas camas confortáveis, do meu lado do quarto tinha um estante embutida cheia de livros, um suporte para minha prancha, e na parede ao lado da cama tinha varias fotos e desenhos feitos por mim, o quarto possuía também uma pequena cozinha que nós nunca usávamos, uma lareira e um banheiro bem grande com portas de correr de madeira.

- Ei Barbie. – Cumprimentei minha colega de quarto. 

Os alunos de Sheroline são na grande maioria riquinhos metidos a besta, inclusive eu, mas Marcie Muller supera qualquer um, chega a ser pior que os geniosinhos, pelo menos eles são só orgulhosos, já Marcie é apenas extremamente vaidosa, se veste parecendo a Barbie, seu lado do quarto parece que um unicórnio vomitou nele de tão rosa, chega me da ânsia.

- Ei lesada. – Ela respondeu sem tirar os olhos do livro que estava lendo. 

Se você olhar por baixo de todo o gliter, você consegue ver uma menina muito inteligente e amiga, mas não digam para ninguém que eu disse isso, nossa amizade existe apenas dentro dessas quatro paredes, lá fora somos de mundos muito diferentes, ela é popular, gostosa e pegadora, já eu sou um fracasso em relacionamentos, e meus amigos e eu somos completos fracassados socialmente.

- O que você esta lendo? - Perguntei.

- Um conto de duas cidades.

- Charles Dickens, esse é muito bom. – Disse deitando na cama e fitando o teto – Por que você não mostra pras pessoas o quanto você é inteligente?

- Já falamos sobre isso. – Ela respondeu, fechando o seu livro e se deitando ao meu lado – Nerds não são populares.

- O que isso importa, você pode ser bonita e inteligente ao mesmo tempo.

- Não quero falar sobre isso. – Ela disse dando um pulo da cama, seus cabelos loiros e perfeitos balançavam e seus olhos verdes brilhavam – Quero falar sobre outra coisa.

- O que? - Perguntei desinteressada. 

- Fiquei sabendo que entrou novos alunos nos geniosinhos, e parece que um deles é um Deus, – ela pode ser inteligente, mas continua sendo uma Barbie que só pensa em garotos - as meninas não param de falar disso.

- Só as meninas né, sei.

- Tá bom, admito, estou morrendo de curiosidade, não vejo a hora de ir pro refeitório para vê-lo, parece que ele tem olhos verdes hipnotizantes e cabelos na altura do ombro. – Parece que conheci o aluno novo primeiro que ela, e realmente seus olhos são lindos, mas me pareceu o tipo que usa e joga fora, como se as mulheres na sua vida não significassem nada – Qual será o nome dele?

- Não sei. – Por algum motivo não quis contar que já o conheci, não queria levantar especulações infundadas por parte da minha amiga que só pensa em romance – Lembre-se que os geniosinhos são umas pestes que se acham, então toma cuidado.

- Deixa disso, vai tomar banho pra gente ir.

- Pode ir, não vou jantar no refeitório hoje, vou comer uma lasanha que está no congelador.

Ela se levantou, alisando o tecido do vestido.

- Você que sabe, mas toma cuidado, essas coisas engordam.

- Até parece que eu ligo para isso. – Olhei para ela, que estava com as mãos na cintura, com seu vestido lilás acinturado, eu nunca usaria nada como isso.

- Deveria, você não vai ser gostosa assim para sempre, quando você envelhecer, toda essa lasanha que você come vai voltar para cobrar a divida, e vai ser com juros e correção monetária, indo parar tudo na sua bunda flácida. – Não teve jeito, tive que rir, não sei da onde ela tira essas coisas. 

- Primeiro: eu não me importo, segundo: pare de me chamar de gostosa.

- Se você parasse de usar esses jeans, as pessoas veriam o quanto seu corpo é bonito, é uma pena a única pessoa que sabe disso ser eu, dormimos no mesmo quarto, não tem como você esconde-lo de mim.

- Não escondo nada de ninguém.

- Meu Deus, olhe para você, até para ir na praia você vai coberta.

- Cala a boca. – Disse jogando uma almofada nela e rindo.

- Você que sabe, – ela disse abrindo a porta para sair – não diga que não tentei ajuda-la.

Quando Marcie saiu, não resisti e fui até o espelho, estava com um short azul curto e uma regata larguinha preta. Minha estatura é media, e sempre achei que meus peitos são pequenos demais, minha pele é bronzeada devido a tantas idas a praia, cabelos platinado-branco e longos, meus olhos são negros como a noite e meus lábios são fartos, meu ex-namorado dizia que era parte do meu corpo que mais lhe agradava.

- Seus lábios são carnudos e macios, – ele dizia antes de morder o lábio inferior e pucha-lo – tão gostosos.

Nem sei porque me lembrei daquele traste, isso já foi faz tempo, ele deve permanecer no passado e nunca mais me assombrar. 

Saí da frente do espelho e fui tomar um banho, nem deveria ter parado aqui, ficar pensando em formas que eu deveria ser, é idiotice, eu sou oque sou e pronto, se um dia alguém gostar de mim, vai ser pela Sophia de agora, não por uma forma que Marcie acha que eu deveria ter.