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História Cálido Ápice - Capítulo Único


Escrita por: EdmundoDragmire

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Cálido Ápice - Capítulo Único

A primavera na cidade se mostrava fria como de costume, com os habitantes muito bem agasalhados seguindo os seus próprios ritmos. Apesar da incrível calmaria daquele dia, o mesmo alvoroço do habitual cotidiano ocorria em uma das salas da Universidade de Flensburg, ao fim das aulas. Afinal, aquele dia não deveria ser uma exceção.

Um rapaz francês, não muito alto e com uma bela aparência jovial que chegava a ser estupenda, colocou-se entre a sua melhor amiga e o homem com o qual ambos dividiam apartamento. Estava com uma expressão de revolta absoluta ocasionada ao avistar os dois conversando com muita intimidade ao longe, pelo menos era o que Sebastian imaginava.

— Tire a mão dela! Ela é a minha! — exclamou o loirinho enquanto afastava a moça com suavidade.

— Ela é uma pessoa, não uma propriedade. Não a tome como seu objeto pessoal. — o homem de cabelos castanhos, igualmente jovem e com uma altura meramente mais elevada.

Sebastian se lembrava de que tinha o chamado de chinês na primeira vez em que eles se encontraram no aeroporto, aguardando Amélia para poderem seguir para o apartamento deles. Isao o respondeu com severidade que ele era japonês, o que iniciou a antipatia de Sebastian por ele, ainda porque o tal demonstrava estar apaixonado por Amélia também.

— Quero dizer que ela é mais amiga minha do que sua.

— O que não muda o fato de que somos amigos.

— Você...! — o menor trincou os dentes com raiva.

— Vamos, rapazes. Parem de brigar. — a tal Amélia solicitou ao, enfim, terminar de arrumar seus pertences em sua mochila. — Vocês podiam ao menos tentar se dar bem. — a garota fez um olhar tristonho ao mirá-los.

Sebastian não queria deixá-la triste, definitivamente. No entanto, quando se entreolhou coincidentemente com Isao, testemunhando sua seriedade para com ele, teve a certeza de que não podia atender ao pedido de sua amada. Ah, como detestava aquela pessoa.

— Amélia, o professor quer falar com você. — um dos colegas de classe deles, naturalizado daquele país, chamou pela londrina da porta.

Claramente ela percebeu que o tal colega estava mentindo e que nenhum professor queria vê-la. Por outro lado, como sabia o que ele tinha em mente, seguiu com o teatro do mesmo.

— Desculpa, Isao e Sebastian. Vão em frente sem mim, já que provavelmente vou demorar.

— Não, eu posso esperar por você. — o francês propôs de imediato, tendo em vista de que queria ficar com ela.

— Não precisa disso, por favor. — deu um sorriso sem graça. — Você tem coisas melhores para fazer, não? Até mais.

A moça acenou para os amigos, seguindo para fora junto ao colega alemão. Em contrapartida, Isao tomou frente rumo ao seu lar e Sebastian não viu escolha a não ser fazer o mesmo que ele, já que não queria ser um incômodo para Amélia.

Com as mãos nos bolsos, numa tentativa falha de aquecê-las, seguiu ao lado de Isao no caminho, mesmo que estivessem a vários metros de distância um do outro. O moreno, por sua vez, vez ou outra o fitava com sua costumeira discrição, embora aquilo não impedisse que Sebastian o notasse.

O loiro o fitou de volta como se perguntasse o que ele queria, porém, como já esperava, Isao o ignorou totalmente. Sebastian desconfiava de que havia algo de muito errado com ele, pois estava fazendo aquilo com frequência desde o incidente do fim de semana passado.

Muito distraído, sequer via por onde caminhava. Devido a isso, subiu em falso na calçada após atravessar rua, como se não tivesse subida alguma ali. Sentiu a dor assolar seu pé, não se impedindo de soltar um pequeno e baixo gemido. Subiu a calçada enquanto segurava a sua perna e apoiou-se na parede de um estabelecimento para visualizar a situação de seu pé que, além de ter sido torcido, arranhara na parte do calcanhar por causa do asfalto.

— Você está bem? — Isao indagou preocupado, com ambas as sobrancelhas levantadas, depois de parar ao ver o que acontecera.

Sebastian preferiu não se dar ao luxo de responder a tal pergunta estúpida, já que o moreno conseguia ver muito bem a situação em que ele se encontrava. Apenas o olhou de uma maneira sarcástica e, ao mesmo tempo, muito zangada.

— Eu te ajudo a andar. — ofereceu o mais velho.

— Eu posso fazer isso sozinho. — mas o francês se fez de orgulhoso, sofrendo as consequências de pôr o pé machucado em contato com o chão, a ponto de berrar. Isao, mesmo contra a vontade do outro, colocou uma das mãos do mesmo em volta do seu pescoço e agarrou a cintura dele com um dos braços para levá-lo até o apartamento, cujo prédio por sorte possuía elevador. — O que você quer em troca disso?

— Quero que você se distancie de Amélia. — falou o japonês de prontidão, embora não passasse de uma brincadeira não notada pelo colega ao lado.

— Eu posso andar sozinho! — o louro protestou numa tentativa de se soltar.

— Não seja estúpido.

Sebastian trincou os dentes. Não ficaria em dívida com ninguém, ainda mais com um rival, mas não ousaria realizar toda troca absurda pedida pela outra pessoa.

Foi posto no sofá vermelho da pequena sala deles, a qual era emendada com a cozinha e a sala de jantar, antes de Isao retornar para trancar a porta e adentrar um dos cômodos, acessados através do corredor. No momento em que se focou em como seu pé esquerdo estava, Isao voltou do quarto que dividia com Sebastian com um remédio em spray e ataduras.

O francês inesperadamente não se opôs ao fato de que moreno, ajoelhado na frente dele, começara a fazer um curativo em seu pé. Entretanto, não pôde deixar de estranhar.

— Você é bem esperto. — Sebastian desviou o olhar para o lado, encarando a janela.

— Por que diz isso?

— Porque pedirá algo grande em troca desses favores.

— Não pedirei. — afirmou sem delongas, o que impressionou o outro rapaz. — O que disse antes foi só uma brincadeira.

— Então, por que está fazendo isso? — questionou ao sentir uma bizarra sensação se apoderar de si mesmo.

— Porque eu quero. — já o moreno replicou com algo que o loiro compreendeu como pouco caso, apesar de ser uma simples timidez. Sebastian encarou a janela outra vez. — O que você queria que eu respondesse?

— Eh? Não sei. — inclinou a cabeça, pois não tinha pensado em uma resposta que ele gostaria de ouvir.

— Você é bem indeciso. — sorriu de modo singelo, prestes a terminar de enfaixar o pé do colega de quarto.

Sebastian raramente via os sorrisos de Isao. E, para ser sincero, aquele tinha sido terrivelmente encantador. Sacudiu a cabeça para esquecer o que para ele era um pequeno delírio e, desta vez, se propôs a encarar a porta, pensando em quando Amélia apareceria dali.

— Eu não quero nada em troca. — Isao firmou a atadura com um esparadrapo. — Aliás, é melhor que você não me dê nada em troca, pois eu gosto de cuidar de você.

— Hã?! — Sebastian deu um berro tamanha perplexidade que o atingiu ao escutar aquilo, virando bruscamente para ver o moreno, a tempo de flagrá-lo dando um pequeno beijo em sua canela.

As bochechas do loiro ruborizaram ao passo em que os olhos se arregalavam em surpresa. Todavia, agindo rápido, puxou o pé das mãos do moreno, dizendo que ele já podia parar com aquilo ao abaixar a cabeça. O mesmo se levantou, no mesmo instante em que a porta abriu.

Amélia surgiu da entrada aberta, aparentando estar muito alegre. Fechou a porta com as costas e deu de cara com o pé machucado do amigo no sofá que a contemplava.

— Uau! O que aconteceu com o seu pé? — ela se dirigiu preocupada até ele, ajoelhando-se para ver o curativo. — Você que fez, Isao?

— Sim. — sibilou, o que fez com que Amélia o mirasse com um sorriso, orgulhosa da boa interação entre eles. — Eu usarei o banheiro primeiro. — avisou antes de ir para o tal.

A moça, por sua vez, encaminhou-se até a geladeira para pegar uma garrafa de suco. Despejou parte do líquido em um copo e, apoiando-se ao batente que dividia os dois cômodos, encarou Sebastian, o qual se encontrava completamente aéreo.

Percebeu Amélia apenas minutos depois e sorriu como ela.

— Seu sorriso é lindo. — elogiou com serenidade.

— Obrigada. — a mulher agradeceu, sem dar a devida importância que o rapaz achava que ela daria. — Estou ansiosa pela nossa ida ao cinema amanhã.

Embora tenha dito aquilo, a londrina saiu muito cedo naquele dia para resolver alguns problemas, os quais os amigos não faziam a mínima ideia de que existiam. Combinou de encontrá-los na entrada do cinema antes de, obviamente, a sessão iniciar. Ela mesma escolhera o filme, classicamente de romance.

Isao saiu depois de Sebastian, que estava muito ansioso para passar um tempo a sós com Amélia (era só ignorar o moreno na sala escura do cinema), com um gorro azul na cabeça, moletom, calça jeans, um cachecol e um tênis bem aquecido por ficar quase uma hora em frente ao aquecedor.

Encontrou o loiro bastante animado com seu ingresso em mãos, observando um dos cartazes em exposição, e de prontidão aproveitou para comprar o seu próprio, escolhendo uma poltrona ao lado da de Sebastian. O menor não se importou com aquilo, afinal o seu outro lado estava desocupado e Amélia certamente ficaria nele.

O moreno encostou-se a um dos pilares do local ao passo em que o mais novo procurava agitado pela amiga em canto do cinema, apenas com o olhar. Sua animação foi se esvaindo com o tempo, percebendo que ela estava muito atrasada.

— Quanto atraso... — murmurou com uma tristeza notável.

Isao verificou as horas em seu relógio de pulso e constatou que realmente não daria para Amélia assistir ao tal filme que ela tanto queria ver.

— A sessão vai começar em dois minutos. É melhor entrarmos logo. — ele sugeriu.

— Não vou sem Amélia.

— Você já comprou o ingresso. Vai desperdiçar o seu dinheiro desse jeito?

O japonês seguiu diretamente para a sala enquanto Sebastian visualizava uma última vez cada centímetro do local em busca de uma cabeleira castanha clara. Ao não achá-la, suspirou desanimado e se dirigiu a sala do seu filme também.

De qualquer forma, aquele dia seria um desperdício, Sebastian imaginava. Afinal, se ele não fosse assistir ao filme, teria gastado o seu dinheiro à toa. Por outro lado, sem Amélia para acompanhá-lo em um filme romântico, seria um desperdício de tempo, ainda mais tendo que assisti-lo ao lado de Isao.

O louro estava muito entediado, com o cotovelo apoiado no braço direito da poltrona, já que o esquerdo dividia os territórios dos dois rapazes. Mesmo assim, repousou o seu próprio braço nele, como fazia de praxe sempre que iria a um cinema, para ficar à vontade.

Sentiu, inesperadamente, a mão de Isao se chocar propositalmente com a sua. Antes que ele pudesse expressar algum tipo de reação, o maior entrelaçou seus dedos com os de Sebastian.

— O que você está fazendo? — quase deu um pulo de susto e conteve-se para não gritar tal pergunta devido a sua surpresa. Porém, não soltou a sua mão da dele.

— Amélia disse para nos darmos bem, não? — usou tal pedido da garota como desculpa, embora suas intenções fossem claras.

Sebastian, mesmo não aceitando aquilo como verdade, virou o rosto antes que eles se entreolhassem, cobrindo a boca com a mão livre ocasionalmente.

A mão de Isao era tão quente. Passava uma boa sensação, uma sensação de paz e conforto, a qual estava fazendo a face do mais novo arder somente com aquele simples toque.

Resolveu prestar atenção no filme. E foi uma péssima ideia. Deu de cara com a cena de um beijo muito provocante entre os protagonistas, jovens amantes, seguido de declarações amorosas por parte de ambos.

Tentou se esconder ainda mais, em vão. Sentiu Isao morder sua orelha, partindo para o seu pescoço, o que apenas fez com que ele o mirasse, impedindo que o outro prosseguisse.

— Você está tão excitado assim só por causa disso? — Isao indagou com um sorriso maldoso nos lábios depois de verificar o volume que se formara na calça de Sebastian, que só notou quando o moreno o avisou.

Isao pôs a mão livre ali antes que Sebastian pudesse fazê-lo, acabando por agarrar o pulso do moreno. Este, em seguida, levou a mão para debaixo das vestes do loiro, tocando diretamente em seu pênis. Sebastian arfou com os olhos semicerrados e apertou com força o pulso do outro.

— Pare com isso. — pediu quase num gemido contido, com o coração a mil. Por causa disso, sequer conseguia assimilar e pensar sobre o que estava acontecendo. Só conseguia constatar que aquilo era surreal demais.

Isao tirou a mão dali para colocá-la no rosto do loiro, segurando-o com delicadeza e carinho.

— Seu rosto está quente. — informou diante da possível estrondosa ruborização da face dele.

Aproximou-se ainda mais dos lábios de Sebastian, mas, ao contrário o que o mesmo pensava que aconteceria, Isao recuou, arrumando-se para ficar corretamente em sua poltrona. Ele sorria, pois seu objetivo estava sendo alcançado.

Já Sebastian estava muito confuso. Seus princípios a cerca de seus próprios sentimentos estavam sendo testados, ou melhor, pisoteados. Por algum motivo, o qual ele não conseguia admitir qual era, queria que Isao tivesse o beijado. Portanto, eles permaneceram de mãos dadas até o final do filme meloso que assistiram quase por uma obrigação.

O loiro se retirou da sala com a mão no pescoço onde o oriental havia o mordiscado, como se procurasse esconder as marcas. Sequer viu uma certa baixinha se aproximar deles enquanto acenava freneticamente desde ao longe.

— Sebastian e Isao, me desculpem. — terminou assim chegou neles, ofegante devido à apenas aquela breve corrida. — Eu me atrasei demais por causa das coisas que eu tinha que resolver. — pôs as mãos na cintura no mesmo instante em que seu acompanhante a alcançou.

Sebastian não pôde deixar de percebê-lo, afinal ele deveria ter mais de dois metros de altura. Além do mais, era extremamente familiar. Não seria ele o colega de classe deles que havia chamado Amélia a pedido de um dos professores?

— Quem é esse? — o menor perguntou, já que não sabia o nome de todas as pessoas da sua sala.

— Ah. — balbuciou, de imediato abrindo um sorriso nos lábios. — Esse é Dietrich. Estávamos resolvendo coisas da casa onde moraremos juntos. Ele é meu namorado.

Foi como se, naquele exato momento, Sebastian tivesse sido atingido por um raio. Ao mesmo tempo em que sentia seu sangue ferver mais do que nunca, sentiu uma paralisação tomar conta do seu corpo. Sua expressão era de uma perplexidade absurda.

— Dietrich, esses são Sebastian e Isao, meus amigos. — ela os apresentou.

— Muito prazer. — Isao deu um aperto de mãos com Dietrich quando o tal o ofereceu o cumprimento.

Quando foi fazer o mesmo com o loiro, no entanto, este se afastou dele, simplesmente dando as costas para os amigos e se distanciando daquele local a passos raivosos e velozes, com ambos os punhos cerrados.

Amélia gritou por Sebastian, dizendo para esperar porque ela o explicaria tudo o que estava acontecendo na vida dela nos últimos meses e que ela severamente omitira dos dois. Não teve como segui-lo, já que não podia deixar Dietrich sozinho ali.

Isao, por outro lado, como não tinha esse impedimento, seguiu Sebastian na mesma velocidade que a dele. Apenas desacelerou quando o mesmo se cansou de andar rápido, batendo duro no chão.

— Por que você está me seguindo? — Sebastian questionou com ainda muita gana, explícita em seu tom de voz igualmente amargurado.

— Não estou te seguindo. Minha casa também fica para esse lado. — o moreno rebateu com algo que, apesar de verdade, não era a razão para ele estar ali.

Trincando os dentes, Sebastian voltou a acelerar, porém não conseguiu despistar Isao. Acabou por desistir no meio do caminho quando começou a chover e eles chegaram ao apartamento juntos, com o mais novo de cabeça baixa e totalmente desanimado.

Mesmo molhado, sentou-se em um dos banquinhos que tinha em frente ao batente, do lado oposto onde ficavam a geladeira e o fogão, local para onde o japonês se dirigiu. Da geladeira, retirou chá gelado e duas xícaras do armário, sendo que com uma serviu Sebastian e com a outra serviu a si próprio.

— Você está pálido demais. Está com febre? — Isao deixou sua xícara de lado para encostar sua testa na do rapaz ocidental, o qual levemente corou.

Novamente, achou que Isao fosse beijá-lo, porém o moreno logo se afastou dele e deu a volta no batente para se sentar no banco ao lado do de Sebastian, que estava com um olhar decepcionado.

— O que foi? Achou que eu fosse beijá-lo?

O loiro reprimiu os lábios ao ouvir tal deboche do mais velho. Respirou profundamente, retomando sua postura séria. Não podia se deixar abater.

— Por que você fez aquilo no cinema, Isao? Por que não demonstrou nada quando Amélia apresentou o namorado?  — Sebastian questionou. — Achei que você gostasse dela...

— Achou errado, então. — o moreno respondeu com simplicidade, dando um gole em seu chá.

— Eh? Você não gosta dela? — arqueou ambas as sobrancelhas atônito, encarando o colega de olhos puxados. — Por que sempre briga comigo por causa dela?

— Você que briga comigo por causa disso. — Isao o corrigiu, já que Sebastian dava começo a todas as discussões entre os dois. — Já eu... — apoiou o cotovelo esquerdo no batente, virando o rosto para o lado aposto em que o francês se encontrava para não mostrar tal fraqueza a ele. — Eu só sigo com a discussão porque tenho ciúmes de você com ela.

Uma lâmpada se acendeu na mente de Sebastian, clareando-a com perfeição. Agora fazia sentido o modo como Isao o tratava e, principalmente, como ele passou a tratar depois do que aconteceu no fim de semana passado. Afinal, ele devia ter visto, com aquilo, uma oportunidade de se aproximar do loiro.

Seria Isao tímido demais? Todo o conhecimento, que não era muito, que Sebastian tinha dele não passava de um engano? O loiro suspirou tamanha sua idiotice, permitindo que a esquisita sensação se apoderasse dele.

— Desde quando você sente isso?

— Não sei ao certo quando começou. No começo, era só uma admiração pela sua espontaneidade e sua alegria. Em algum momento, quando pouco a pouco fomos nos conhecemos, isso se tornou atração e, posteriormente, paixão. — o moreno virou a cabeça para olhá-lo, com um singelo sorriso estampado no rosto.

Sebastian, tomando a iniciativa, depositou um pequeno beijo nos lábios do mais velho rapidamente, antes de voltar a encarar sua xícara de chá, pois tudo o que estava sentindo ainda era um pouco confuso.

— Espero que não esteja assim comigo só porque agora Amélia tem um namorado. — sorriu com o intuito de informar que era uma brincadeira, porém Sebastian fez daquilo algo sério, aproveitando para deixar aquilo claro.

— Eu não sou esse tipo de pessoa. — encarou a profundidade dos olhos azulados de Isao, que eram da mesma cor que os seus próprios. Engoliu em seco, pronto para confessar o que tinha negado para si mesmo há um tempo, diante dos enganos que possuía em relação à personalidade do moreno. — Eu também sinto algo especial por você.

Isao alargou seu sorriso de orelha a orelha, movendo o seu corpo no banquinho para ficar frente a frente com Sebastian, como o mesmo já havia feito. Segurou suas mãos com firmeza e encostou sua testa na dele, finalmente em paz com as suas emoções.

— Isso é errado. Somos dois homens.

— Como se você se importasse com isso. — Isao riu, tendo em vista que o loiro sequer ligava para aquilo, filósofo como era.

Não deu chances para ele falar e o beijou de supetão, com tamanha intensidade com a qual ele queria beijá-lo há mais de um ano. Definitivamente não se arrependeu de tomar coragem para que fizesse com que Sebastian entendesse o que ele sentia. E que bom que não havia sido rejeitado.

— Você se lembra da nossa primeira vez? — o mais velho perguntou abraçado ao namorado. Ambos estavam deitados no tapete que existia entre o sofá e a televisão, perto do aquecedor.

— Claro que não. — Sebastian retrucou de prontidão sobre o fato que ocorrera outrora naquele fim de semana. — Nós estávamos bêbados. Eu só me lembro de ter acordado pelado ao seu lado numa cama de motel.

— Eu não estava bêbado.

— Ah! — o rapaz exclamou sentido. — Então, você se aproveitou de mim. Eu vou denunciar você.

— Eu sei que não vai. — mordeu o pescoço dele novamente, só que dessa vez do outro lado.

— Como pode ter tanta certeza?

— Porque você ficou gemendo a noite inteira de prazer. — sorriu com sua comum maneira pervertida.

— Mentiroso. Era de dor mesmo. — o loiro se indignou, mas em seguida riu de sua própria afirmação enquanto o amado fazia cafuné em sua cabeça antes de dar um selinho em sua testa.

Amélia testemunhou a concretização do seu pedido horas mais tarde, quando chegou ao apartamento e se deparou com os dois rapazes que antes pareciam se detestar abraçados e dormindo juntos no tapete quentinho da sala.

A garota riu levemente, pois sabia que aquela arrogância de Sebastian com Isao não era normal, já tendo pleno conhecimento do que o moreno sentia por ele. Afinal, quem visse de fora saberia o quanto aquilo era óbvio.

Cobriu o casal com um cobertor para que não acabassem pegando um resfriado, mesmo estando próximos ao aquecedor.

Sebastian abriu os olhos, tendo em vista Isao e o lençol em cima de ambos. Sorriu ao constatar a serenidade do moreno, tocando afetuosamente em seu rosto alvo.

De fato, o ser humano e seus sentimentos continuavam um mistério para ele. Porém, contanto que tivesse Isao consigo, não se importava em ficar na ignorância, se ao menos pudesse se lembrar, com uma inigualável alegria, de seu cálido ápice, que um dia lhe foi proporcionado pelo seu amado.



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