História Caminhos Cruzados - Sabotagem

~Nathália~

Era a primeira vez que eu saía de casa escondida, e eu não era muito de burlar as regras impostas pela mamãe, e no memento só conseguia pensar na reação dela ao saber, porque lógico que ela ia ser informada, afinal eu estava indo na mesma festa em que meu irmão estava,  e o Ro também acha que sou um bebê ainda para poder sair na night. Mas minha amiga precisava vir nessa festa e eu também queria muito vir porque sabia que meu crush eterno estava aqui e essa seria uma oportunidade única para mostrar que eu cresci e não era mais uma menininha, e sim uma mulher, quer dizer quase uma mulher.

Estávamos as duas na fila esperando para entrar, eu Carol e o irmão dela que era maior de idade, ele era bonitinho mas mascava chiclete que nem um cavalo e  não parava de mexer no cabelo espetado e cheio de gel, ou seja o cara era ridiculamente ridículo. Eu coloquei meu vestido de formatura, era a única coisa que eu tinha a altura da festa , era preto e simples, mas eu me achava bonita, havia feito uma maquiagem leve e muita chapinha nas minhas madeixas ruivas.

Uma vez la dentro, parecia que eu estava no paraíso, aquele lugar era incrível e a música que tocava era maravilhosa, e tinha muitas pessoas. Eu e Carol observávamos na maior cara de idiota do mundo e o irmão dela já havia sumido.  Depois eu tratei de localizar Rodrigo, para evitar ao máximo que ele me visse, mas haviam tantas pessoas que eu não conseguiria encontra-lo.

Carol me puxou para a pista, e começamos a nos mexer ao ritmo de Don't Let Me Down,estava muito empolgante.  Em determinado momento, avistei Mari parada com outra garota a alguns metros de onde eu estava, elas pareciam discutir mas eu só conseguia reparar naqueles dois vestidos maravilhosos que elas usavam, eram tão perfeitos que eu perdi o fôlego. Pensei em ir cumprimentá-la, mas sentia vergonha, eu estava certa por tudo que havia dito a ela mas vai que ela pirasse comigo e me expulsasse da festa, porém eu queria dar oi então mudei de ideia e avisei Carol que não iria longe e então me aproximei, Mari logo me notou.

- Oi! – eu disse timidamente, ela sorriu discretamente e nos aproximou com um abraço;

- Tudo bem Nathalia? – ela perguntou;

- Tudo, e pode me chamar de Nathy! – eu disse desfazendo o abraço, e então a outra garota me encarou e começou a me olhar de cima a baixo e de repente pegou no meu braço e me virou, e eu fiquei pasma sem entender , dei meio que uma voltinha para ela e a moça sorriu:

- Perfeita Mari! Nathalia não é? - perguntou ela;

- Sim... - eu disse e direcionei o olhar para Mari em busca de alguma resposta;

- Hãa... Babi, você está falando daquele nosso probleminha? Tem certeza? - Mari questionou a amiga, e de repente um cara apareceu do nada:

- E aeeeee meninaaaashhh! - disse o cara, era alto e musculoso e usava uma regatinha para evidenciar isso e bem...parecia tipo muito chapado, quando Mari o percebeu seu sorriso se apagou:

- William - ela disse revirando os olhos;

- Eu mesmo, em carne, osso e muito músculo! - disse, mostrando o bíceps -  Vem cá, quem é essa belezinha aqui? - ele cheirou o meu cabelo, fiz uma cara de nojo me afastando;

- Vaza querido! - disse Babi;

- Opaa, eu só saio quando EU quiser! - ele afirmou irritado, Mari forçou uma risada;

- Você está podre de bêbado, só vai sair daqui carregado ou em coma alcoólico pelo visto! - ela disse, e ele a encarou com uma cara de trouxa, em seguida olhou para mim dos pés a cabeça, me faziendo sentir medo.

- Ta com medo lindinha? - se aproximou e antes que eu pudesse me esquivar, me agarrou,, eu bati freneticamente em seu peito tentando me soltar. Percebi que estava livre quando Mari e Babi o empurraram para longe, o que foi fácil pois ele estava muito bêbado, tanto é que quase caiu de bunda. 

- ESCUTA! ACABOU PARA VOCÊ! - gritou BABI, Mari chamou os seguranças, e estes o pegaram pelos braços, levando o para fora enquanto ele gritava alguns palavrões bem baixos para nós;

- VAI PRO INFERNO SEU ARROMBADO E CHIFRUDO! - gritou Babi e então se virou para mim  e depois fitou Mari abrindo um sorriso - Mari,Ela é linda e tem corpo de modelo! - e então voltou a me encarrar sorrindo  - Ahh e sou a Babi! 

- Ahh... prazer! - dei um leve sorriso depois de tudo que se passara - e obrigada pelos elogios, e... pelo cara! Mas em fim, eu não entendi! 

- Bom, é que nós precisamos de uma modelo urgentemente, e não temos ninguém disponível! - explicou Mari - Será que você quebraria esse galho para a gente? - ela perguntou, e Babi juntou as mãos pedindo por favor;

- Não acho uma boa ideia! - comecei a rir, me imaginando na situação;

- Por favor! Nós pagamos! - disse a Babi, eu pensei por um instante, Rodrigo iria ficar puto comigo, mas por outro lado seria interessante que uma certa pessoa me notasse, na verdade eu nem sabia se ele estava aqui, mas provavelmente sim, pois todos os outros estavam.

- Eu aceito, mas nunca fiz isso... - deixei claro, Babi me abraçou e agradeceu e Mari se juntou a nós. Em seguida elas me puxaram para a parte de trás do palco, apenas tive tempo de avisar Carol do que iria acontecer. E então eu o avistei, lindo como sempre, lindo demais para mim infelizmente.

~Mariana~

Estávamos no camarim ensaiando com Nathy, ela até que levava jeito:

- Vocês tem certeza que isso vai dar certo? - ela perguntou;

- Sim, não é nada profissional, tanto é que eu e a Mari aqui, também vamos desfilar! - disse Babi; Havíamos falado com Claudia e ela concordou e inclusive achava que Nathy levava muito jeito para essas paradas. Em meia hora o desfile começava, estávamos prontas e ansiosas, os primeiros looks eram casuais então não tinha nenhum salto para se preocupar, mas mesmo assim minhas pernas estavam um pouco bambas. As primeiras eram as garotas que Claudia trouxe, em seguida era minha vez, depois Babi e Nathy, e bom eu já estava com o pé no palco, respirei fundo, e fitei a multidão, as luzes focaram em mim e p som que tomava conta era Work From Home. Tentei parecer segura enquanto Claudia descrevia meu Look, mas minha infelicidade é que sempre tinha um par de olhos castanhos obscuros e misteriosos cravados em mim e que mesmo em meio a uma multidão tinham a capacidade de me atrair, ele estava a uma certa distância do palco, bebendo uma cerveja com os outros rapazes. Graças a Deus agora era só girar e voltar e tudo saiu bem. Em seguida era a vez de Babi, tentei ficar espiando a louca e ela mandou bem com aquele jeito extrovertido dela. 

Em seguida foi a vez de Nathy arrasar, ela começou tímida, mas ganhou confiança ao longo do palco. Trocamos mais quatro vezes o look, até o desfile final em conjunto que acabou sendo bem aplaudido, em seguida eu e Babi demos algumas palavrinhas e pronto, havia dado tudo perfeitamente certo, só que Rodrigo estava bufando na frente do camarim enquanto discutia com o segurança:

- Seu irmão está la fora! - eu avisei Nathalia enquanto ela colocava seu vestido.

- Ahh não... ele vai me obrigar a ir para casa! - choramingava a ruiva, eu troquei um olhar com Babi e ela sorriu de canto:

- Tem uma saída por aqui, é só fazer a volta e entrar pelo portão da frente! - apontava Babi, e Nathy abriu um sorriso;

- Obrigada! - disse, e então arrumou o cabelo e sumiu pela porta dos fundos. Eu e Babi nos arrumamos e então finalmente saímos, Rodrigo nos esperava impaciente:

- Senhorita, ele queria entrar mas eu o impedi, quer que resolva isso? - perguntou o segurança, percebi que Babi havia me deixado sozinha nessa. VACA!

- Não, pode deixar! - eu disse, e saí fechando a porta atras de mim;

- Mari, o que a MINHA IRMÃ esta fazendo aqui? - ele perguntou furioso;

- Quebrando um galho para mim e para Babi, é que faltou uma modelo e.... - estava explicando mas ele me cortou bruscamente;

- Ela só tem quinze anos e nem deveria estar aqui! - ele disse;

- O que? - franzi a testa - E-ela não veio com você?

- Não, e eu não sabia que ela vinha. Na verdade, ela não deveria estar aqui, minha mãe não deve ter concordado com isso! E porque ela esta nessa porra de desfile? - ele agia como se essa fosse uma boate de prostituição, eu e Babi os cafetões e Nathy nossa nova puta;

- Eu já disse, que encontramos com ela aqui e a Babi gostou dela e Nathy topou substituir a garota que faltou, e poxa Rodrigo, ela é linda e tem jeito para a coisa! - expliquei;

- Ela tem quinze anos Mari, é uma criança, pré adolescente! - seus olhos queimavam de ódio, até que tudo se apagou. Não falo dos olhos de Rodrigo, mas a energia elétrica havia acabado, e em poucos segundos as luzes de emergência se auto ascenderam, e a multidão gritava. 

- MAS QUE PORCARIA! - eu gritei, estava um breu onde eu me encontrava, até Rodrigo ascender a lanterna do seu celular.

- Calma, é solicitar o gerador! - dizia Rodrigo, olhando para a multidão e foi então que meus pensamentos se iluminaram; MAS COMO EU PUDE SER TÃO IDIOTA? 

- Ai caramba! - coloquei as mãos na testa, e em seguida me virei encostando a cabeça na parede; - Eu sou uma incompetente!

- Que foi? - perguntou ele;

- O gerador, eu esqueci a porra do gerador! - falei me voltando para ele;

- Como assim? - ele inclinou o rosto - Você esta me dizendo que esqueceu de contratar o serviço de fornecimento de geradores? - eu acenei que sim envergonhada;

- É que era tanta coisa, e eu não estava com muita cabeça para tudo! - expliquei;

- Senhorita, parece que o problema é só por aqui, as lâmpadas da rua estão acesas! - disse o segurança;

- Ta, temos que ver a caixa! - disse Rodrigo já me puxando por entre a multidão, eu só conseguia me concentrar em não pisar no pé de ninguém, atravessamos todo o salão e passamos pelo bar em direção a sala dos fundos onde ficava a chave geral, Rodrigo catou uma lanterna pois no local não haviam lâmpadas de emergência, ele abriu a caixa da chave geral, e me surpreendi com o que eu vi:

- Alguém desligou a chave e cortou esses fios! - disse Rodrigo me encarando seriamente, eu estava pasma, alguém estava sabotand o a festa;

- Mas... Como? - eu disse;

- Bom... dessa vez você não pode me acusar porque eu estava do seu lado! - ele disse levantando as mãos em defesa e em seguida riu;

- Não é engraçado! - concluí cruzando os braços, e Rodrigo passou a iluminar o local ele focou nas janelas,eram altas mas grandes o suficientes para alguem passar e foi no que ele pensou tambem;

- Janelas... Alguém passou por ali! - ele disse e saiu em disparada me deixando ali, comecei a retornar para o salão mas todos os funcionários estavam preocupados e buscando por respostas;

- Mari, cade o gerador garota? - dizia Babi furiosa;

- Eu esqueci, desculpa babi, me perdoa! - eu supliquei, ela respirou fundo:

- COMO VOCÊ QUER QUE EU PERDOE UM BAGULHO DESSES SUAS LOUCA? - ela gritou;

- Eu sei, mas a questão é que a festa foi sabotada, cortaram os fios Babi - eu disse.

- O QUE? Mas... Vem, vamos falar com a segurança! - ela me puxou par a área externa, lá Rodrigo já falava com eles irritado;

- Que porra é essa gente? - disse Babi;

- Ninguém aqui viu nada, absolutamente nada! A não ser uma briga entre dois caras! não é? - respondeu Rodrigo e um segurança concordou;

- Tá gente, precisamos focar no que fazer agora! - disse  Babi- Vai ser um fracasso!  - minha amiga estava quase chorando;

- Babi, não podemos fazer nada! - eu a abracei;

- Então, vamos mandar todos para casa? - perguntou, desfiz o braço e mordi o lábio tentando pensar em algo, mas minha cabeça estava explodindo, não podia me concentrar, a festa estava ferrada.

- Já sei! - disse Rodrigo, ele estava com a mão no queixo analisando alguma ideia - Lore canta não é? 

- Sim! - respondeu Babi, parecia tão confusa quanto eu!

- No que você está pensando? - perguntei;

- Lore toparia fazer um show de improviso? - ele perguntou, eu franzi a testa;

- Bom acho que ela não vai gostar muito da ideia, mas... - eu respondi;

- Vai sim, porque ela vai querer ajudar vocês, Mari vai falar com a Lore, Babi acalma o pessoal pra ninguém ir embora e eu vou achar alguém que toque alguma coisa! - e assim ele saiu passando entre nós duas e entrou no salão, Babi abriu a boca e apontou para a direção em que Rodrigo havia ido;

- Ele falou sério? - ela perguntou;

- Acho que sim! - a ideia era boa, só precisávamos que Lore topasse.

(...)

- Não, não e não! - disse Lore e eu revirei os olhos;

- Você já fez isso uma vez! - observou muito bem Cati;

- É! Por mim e pela Babi! - implorei;

- Mas não tenho meu violão, não canto sem meu violão! - ela cruzou os braços, garota teimosa;

- Nós arranjamos um. Não sai daqui! - eu disse, adentrando na multidão precisava achar Rodrigo, enquanto isso Babi entretinha o pessoal. De repente avistei Rodrigo falando com Theo e Caique, me aproximei:

- Oi meninos! - disse - E então Rodrigo? - perguntei, ele bateu nas costas de Caique;

- O baixinho aqui vai tocar violão! - disse;

- Mas... eu estou meio enferrujado, faz anos que não toco! - retrucou Caique;

- A cala boca, você manja das paradas que nós sabemos, não  enrola! - disse Theo;

- Isso não vai dar certo! - repetia Caique;

- Vai dar sim! E agora precisamos de um violão! - disse Rodrigo;

- E onde diabos vamos arrumar um violão? - questionei preocupada;

- Apenas observe! - e ele piscou para mim sensualmente, revirei os olhos enquanto via Rodrigo subir no palco e chamar a atenção de todos para ele;

- Boa noite pessoal! Eu sei que vocês estão chateados pela brusca interrupção da festa, mas eu venho aqui avisar que não vai ser qualquer babaca sabotador que vai detonar essa festa! - gritou para que todos ouvissem, a multidão estava em total silêncio.

- O que ele está fazendo? - perguntou Nathy parada ao meu lado, a ruivinha parecia confusa, eu voltei meu olhar para Rodrigo, e um leve sorriso escapou sem querer dos meus lábios. 

- Esta salvando a festa! - respondi, mesmo odiando a ideia de ter que admitir isso. Era incrível que mesmo sem querer, ele sempre encontrava um modo de estar na minha vida, eu sempre estava culpando-o por algo e aos mesmo tempo em dívida por outra coisa, isso me intrigava. Mas me impressionava acima de tudo, sua capacidade de estar sempre pronto para ajudar, na verdade aquilo tornava tudo mais tentador. É, sim, tudo era tentador para mim, a proximidade, os olhares trocados, o seu sorriso, qualquer pequena coisa que vinha dele já era suficiente para me faltar o ar.  Mesmo com tudo que havia acontecido, minhas dúvidas permaneciam sempre as mesma: Como ele podia mexer tanto comigo?