1. Spirit Fanfics >
  2. Caminhos Cruzados (Gaara) >
  3. Sermão

História Caminhos Cruzados (Gaara) - Sermão


Escrita por: Bixete_

Notas do Autor


Olááááá era para eu ter lançado esse cap ontem, mas não tava gostando muito de como ele tinha ficado, então tentei dar uma arrumada kkkkk
Espero que gostem <3

Capítulo 24 - Sermão


Fanfic / Fanfiction Caminhos Cruzados (Gaara) - Sermão

Apesar de agora ter sido condecorado o guarda-costas do Kazekage, Kankuro ainda não tinha conseguido abrir mão de ser Sensei. Com a aproximação da terceira fase dos exames Chunnins, o ninja se dirigia quase todos os dias para o campo de treinamento com seus pupilos, dentre os quais, um era neto de um dos conselheiros de Suna, e seguindo os avisos de Gaara, sua relação com o aprendiz havia mudado drasticamente. Não que ele realmente nunca gostara de exercer o cargo de Sensei, pelo contrario, achava até bem honroso ser chamado de Kankuro-Sensei, só não queria mostrar ser íntimo dos alunos, e mantinha apenas uma relação mais profissional.

– Kankuro-Sensei, vovô me disse que você é o novo guarda-costas do Kazekage, é verdade isso?

– É sim, Hiroshi, e a Temari-Sensei é a diplomata.

– Nossa, que legal.

– Eu tenho é inveja da Matsuri, ela treina com o Kazekage, é claro que vai ficar muito mais forte que a gente, é injusto isso – diz uma garotinha da equipe cruzando os braços e fazendo um bico. Kankuro se sente levemente ofendido e não deixa se expressar que não era porque seu irmão é Kazekage que a pupila dele exercia as mesmas habilidades, muito pelo contrário, Matsuri nem ao menos tinha um Kekkei Genkai, todo o seu treinamento ser resumia em técnica com armas e taijutsus, coisa que seus alunos conseguiriam alcançar se treinassem o suficiente.

O quarteto passava por entre as construções peculiares da aldeia, as casas não eram acimentadas, pintadas ou feitas de madeira como em Konoha, pelo contrário, a maioria das construções seguia a arquitetura do Kasbah, feitas a partir de tijolo, argila e palha. Ao virar a esquina, Kankuro nota uma movimentação estranha, dois guardas haviam deixado seus postos e estavam de frente para alguma figura que o ninja não conseguia distinguir quem era. Mas após uma olhada mais direcionada, ele reconhece aquela vestimenta.

“O que o Naruto ta fazendo aqui?”

O moreno se afasta de seus Gennins, que soltam exclamações, e se junta àquela aglomeração. Assim que seu olhar foca na figura percebe que não era Naruto e sim uma pessoa a qual ele havia conhecido há pouco tempo e estava quase irreconhecível.

– Naomi? – ele olha chocado para a garota que bebia uma garrafa de água oferecida pelos guardas – o que você tá fazendo aqui? – ele faz um sinal para os guardas voltarem aos seus postos e que assumiria a situação dali para frente – o que aconteceu com você?

– Oi Kankuro, que bom te ver. Nossa, eu to tão cansada. Acho que dormiria por uns dois dias seguidos.

– Você é louca? Não vai me dizer que atravessou o deserto sozinha.

– Talvez eu tenha – a garota desvia o olhar como uma criança que sabia que havia feito algo errado e estava tentando disfarçar.

– Eu não acredito – ele ri e coloca a mão na testa – olha tua boca, tá mais ressecada que o agreste. A gente falou que ia te buscar.

– Você não teria um pouco de água ai, não? É que eu ainda to com um pouquinho de sede – por ter convivido algum tempo com Naruto, Naomi havia sido influenciada por alguns costumes, dentre esses, a maneira de tentar disfarçar algo abrindo um sorriso nervoso e coçar a cabeça em situações embaraçosas.

– Jura? – ele ri e retira uma garrafa de água que estava levando para o treinamento e entrega para ela.

– Para de rir da minha desgraça, Kankuro – ela fala e acaba rindo no meio de suas palavras, como se estivesse indignada com a própria irresponsabilidade e descontava em uma gargalhada sem jeito.

– Você tá meio cinza. Olha o teu cabelo, boa sorte pra desembaraçar isso ai.

– Gostou do meu protetor solar? É fator -5.

– Ai, eu ainda não to acreditando nisso, você parece o Naruto. Vem, vou te levar pra casa, ai você pode descansar lá. Tá com fome?

– Sabe, nem tanta. Os lagartos do deserto ficam uma delícia no espeto, e o melhor, não precisa nem de fogo pra fritar um ovo – diz irônica, não conseguindo controlar a risada e contagia o ninja.

– Você é louca – ela se levanta soltando tomando folego para andar mais algumas quadras – não fica bebendo muita água senão vai acabar com os poucos sais que te restam. Vem, vamos pra casa que eu te faço um soro caseiro – como Kankuro morava no deserto, não era a primeira vez que via pessoas em situações semelhantes. E como a garota não parecia estar delirando ou a ponto de perder a consciência, ele julga não necessário leva-la ao hospital para ser medicada e hidratada por via venosa.

– Louca não né, eu ia fazer o que? Pedir entrega de comida via sinal de fumaça? Mas na verdade, não sei como eu não morro fazendo essas coisas.

– Você que se cuide, já gastou uma das suas 7 vidas.

Kankuro avisa para seus alunos que iria ajudar uma amiga e que eles deviam ir se aquecendo e iniciando o treinamento. Os garotos até pensaram em argumentar contra, mas quando olharam para a tal “amiga” não conseguiram evitar de arregalarem os olhos e concordaram em dar início ao treinamento sem o auxilio do Sensei.

Naomi andava lentamente, já não lhe restara mais energia o suficiente para acompanhar os passos rápidos de Kankuro, ele, por outro lado, por mais que estivesse rindo de algumas situações regadas de ironia que a garota contou, sabia que o risco de vida que a amiga assumiu fora extremamente alto e bastante irresponsável. Ainda, não conseguiu deixar de notar que a sua aparência era um tanto quanto fraca e que o osso da sua clavícula apontava mais que o de costume. Certamente ela havia perdido, no mínimo, uns cinco quilos e suas olheiras estavam tão profundas quanto as de Gaara. Era inacreditável que conseguia se manter sã.

Ao adentrarem o prédio do Kazekage, Kankuro a guia por algumas escadas e finalmente chega em sua casa. Ele coloca a mochila que se oferecera para carregar no chão e vai em direção à cozinha a fim de preparar o soro caseiro e alguma coisa para ela comer. A garota se atira no sofá com um gemido e coloca a mão sobre o peito, sentindo o coração acelerado.

Em minutos, Kankuro caminha em sua direção lhe oferecendo o soro caseiro e pede para que espere alguns minutos antes de ingerir o alimento, caso contrário iria passar mal. Mas Naomi ignora, estava com fome demais para se preocupar com o que aquela mistura poderia causar no futuro.

O ninja pega a bolsa dela e guia a até o quarto de hóspedes. A menina fica maravilhada ao saber que eles tinham o luxo de possuírem um quarto apenas para receber visitas. Em sua vida, nunca havia tido conhecimento do que era um quarto de hospedes.

Ele mostra onde era o banheiro e a aconselha de tomar banho com água mais gelada para esfriar o corpo. Kankuro coloca a mão na testa da garota, mas não percebe a temperatura alta, ela provavelmente não estava em um estado de insolação preocupante.

- Que estranho, você não tá muito quente – diz um pouco chocado – era pra estar muito mais quente do que esta agora, mas isso é bom.

- Acho que meu protetor vegano deu certo – ela ri deitada na cama.

Vendo que a amiga estava bem, Kankuro anuncia que precisava voltar para suas atividades e sob os agradecimentos da mesma, sai do quarto, mas sem antes deixar um aviso.

– Se prepara, Gaara e Temari vão brigar com você.

Naomi nem se preocupa com tal fato, se não os dois não a agredissem já estava de bom tamanho. Ela volta o seu olhar para o banheiro e até repensa se deveria lavar o corpo para abaixar sua temperatura, mas estava tão cansada que a opção mais natural foi deixar com que seu corpo se entregasse a um sono profundo e sem sonhos.

 

Kankuro sobe as escadas e caminha até a sala de Gaara. Estava ansioso para contar para algum de seus irmãos, principalmente o mais novo, que haviam recebido uma visita inesperada, mas ao adentrar a sala repara em sua irmã sentada em frente à mesa do Kazekage, lendo alguns papeis.

– Temari? Cadê o Gaara?

– Foi treinar a Matsuri. Daqui a pouco ele volta.

– Ah, obrigado Temari. Inclusive, sabe quem apareceu? – a irmã o olha como se quisesse que fosse direto, pois havia mais coisas para serem feitas – a Naomi.

– O que? Eu não enviei ninguém para a folha para busca-la. Não me diga que ela veio sozinha.

– Pois é – Temari cerra o olhar no irmão e ele sente o sermão que Naomi iria ouvir assim que a noite caísse e os ninjas retornassem para casa.

– Tá bem. Kankuro, você vai encontrar com os seus alunos no campo de treinamento, não? – Temari muda totalmente de assunto, não queria discutir a imprudência da colega naquele momento, sabia que não ia adiantar de nada pronunciar as palavras que tanto desejava ao irmão, afinal, não era ele o seu receptor final – Gaara está lá, diga para ele não enrolar muito para voltar porque tem um papel importante aqui que ele precisa assinar hoje.

– Está bem – Kankuro se retira, sem deixar de fazer uma careta. Por mais que não gostasse das broncas de Temari, sentia que a que estava por vir seria uma linha tênue entre ser engraçada ou completamente aterrorizante.

O ninja caminha rapidamente até o campo de treinamento. Seus alunos já deviam ter terminado o aquecimento e agora poderiam estar tanto melhorando suas habilidades ou iniciando uma discussão por algo banal e prestes a se agredirem. Ao chegar à grande área plana e sem contruções, o moreno avista seu irmão. A fim de provoca-lo, Kankuro solta um grito alto o suficiente para que até seus alunos, localizados há muitos metros do ruivo, o escutassem.

– Kazekage-Sama! – Gaara para de treinar luta corpo-a-corpo com Matsuri e espera o irmão se aproximar o suficiente para que não fosse necessário aumentar seu tom de voz.

– Me chame de Gaara, já lhe disse isso. O que houve, Kankuro?

– Kankuro-Sensei! – grita Matsuri se colocando ao lado do quinto Kazekage

– E ae Matsuri, treinando bastante né?

– Gaara sansei virou o Kazekage-Sama, isso é muito demais né! Ele é muito legal...

– O que foi Kankuro? – disfarçadamente, Gaara da um passo para o lado, a fim de aumentar a distância entre Matsuri e mantem o olhar focado no irmão, que sente vontade rir com a cena.

– Temari disse para você voltar logo para sua sala porque tem um papel importante lá. E...

– Estou indo. Matsuri, você está indo bem, treine mais um pouco que ficara bom. Eu preciso ir – a garota sorri e afirma com a cabeça. Gaara já ia se retirar quando seu irmão bloqueia o caminho – Kankuro?

– Ah, tem mais uma coisa. Adivinha quem apareceu, irmãozinho – o irmão solta um sorriso malicioso e o ruivo o olha com seriedade. Já conhecia aquele olhar e não estava com tempo disponível para aturar as brincadeiras de Kankuro.

– Kankuro, estou meio ocupado para isso.

– A Naomi – o moreno cruza os braços, mantendo o sorriso no rosto e se sentindo completo ao ver a expressão de surpresa estampada na face do irmão – você lembra dela, né Gaara? Eu lembro que conversavam bastante... – , mas logo é interrompido pela voz séria do ruivo.

– Ela veio andando sozinha ou o Naruto a trouxe?

– O que você acha? – Gaara vira os olhos, não estava com tempo para ficar brincando de adivinha com Kankuro e este parecia não notar que queria o máximo de informação o mais rápido possível, para que pudesse voltar as suas obrigações – parece que nunca conversou com ela.

– Nós falamos, mais de uma vez, não se arriscar sozinha no deserto. Espero que você a tenha deixado no hospital, pois no mínimo deve ter sofrido insolação.

– Errrr – ao perceber que Gaara não reagira da maneira que imaginou, Kankuro se sente intimidado pela pergunta voltada a si. Por mais que tivesse mudado, ainda havia certos momentos que o ruivo o assustava como no passado, ainda mais por proferir as palavras de maneira séria e com semblante nervoso. Coçando a cabeça, o moreno pensa como responder sem ser repreendido pelo irmão – ela não parecia ter sofrido insolação, não estava muito quente e nem delirando, na verdade, ela tava até gargalhando e... – Gaara o olha sério mais uma vez. Parecia que o irmão mais velho nem morava na aldeia da areia. o primeiro procedimento ensinado a eles era como se localizar e o que fazer caso encontrasse alguém perdido no deserto. E, neste caso, a ação correta que deveria ter tomado era leva-la direto ao hospital.

Gaara ainda reflete sobre o fato dela ter gargalhado ao encontrar Kankuro e estar tratando a situação como brincadeira, aquilo poderia ter sido a sua maneira de reagir a confusão mental causada pelo longo período de exposição solar. Afinal, não fazia sentido a garota ter atravessado o deserto, sem as vestes apropriadas, e não apresentar sintomas de insolação.

Ao sentir que ele mesmo tomaria uma bronca tão grande quanto Naomi, Kankuro já vai se desculpando e argumentando que havia feito os procedimentos básicos, mas Gaara ainda o encarava desconfiado.

– Se ela não está no hospital, onde você a deixou?

– Em casa. Falei pra tomar um banho pra esfriar o corpo e descansar. Para de me olhar com essa cara, ela nem quente estava, eu sabia o que eu tava fazendo.

Gaara desvia o olhar, como se dissesse “não tenho tanta certeza” e se retira para retornar às suas atividades como Kazekage.

 

Ao encontrar Temari se de em frente a um documento com mais de 50 páginas e é informado que aquela tese de doutorado parecia ser importante. A loira diz que não havia lido tudo, pois não era o seu trabalho, mas parecia se tratar de um acordo com o País do Rio. Gaara agradece a irmã e essa retoma às suas atividades.

O documento era uma proposta de aliança, sob a qual o País do Rio estava disposto a não custear a água que propunha fornecer à Suna, em troca de proteção militar. Após lê-lo pela segunda vez, Gaara compreende definitivamente e não via malícia nem entrelinhas que pudesse prejudicar sua aldeia.

Como Suna se localizava no meio do deserto, dependiam de um rio que atravessava o sul da região, mas como este era intermitente, no período de estiagem a aldeia passava por necessidades. Logo, esse acordo era algo que Gaara desejava muito, pois um dos grandes problemas da aldeia estaria resolvido, só ficaria a seu custo a construção do encanamento que ligasse os dois países.

***

O Kazekage estava tão focado com os documentos que só percebe o anoitecer por conta da falta de luminosidade em sua escrivaninha. Ao olhar para o relógio, nota que estava atrasado para o jantar. Sendo a noite de Temari cozinhar, era considerado um crime chegar atrasado, pois a irmã não tinha paciência em reaquecer a refeição e os fazia comer mesmo estando gelado.

O ruivo coloca os documentos já assinados em uma pasta e os move para a pilha de envios. Em seguida se retira de sua sala apagando a luz atrás de si e desce os vários lances de escada até chegar em sua casa.

Ele retira os sapatos e abre a porta. Ao atravessar a sala nota Temari ainda preparando o jantar e se pergunta se seu relógio estava certo.

– Estou atrasada, eu sei. Mas vai montando a mesa que está quase pronto.

– Olá Temari – o ruivo se move até a pia e lava as mãos antes de tocar nos pratos e tigelas –  Kankuro te falou que temos visita?

– Estou só esperando ela atravessar esse corredor... – diz séria e Gaara se cala. Não parecia que sua irmã estava a fim de conversar e ele não tinha o fetiche, diferente de Kankuro, de provoca-la quando estava em tal estado emocional. Afinal, quando nervosa, a loira chegava a ser tão assustadora quanto ele nos anos sombrios de sua vida.

O ruivo não sabia muito bem como agir em decorrência daquela visita inesperada. Enquanto colocava a porcelana na mesa, pensava no que iria dizer a amiga por ter agido de maneira tão descuidada. Mas ao mesmo tempo não se via em posição hierárquica de poder brigar com a mesma, até porque Naomi era uma amiga, não um subordinado que ele pudesse ditar ordens e força-la a obeder, mas também não iria deixar o ocorrido passar em branco.

Por ter crescido poupada dos ensinamentos dos pais, era esperado que a garota agisse por conta própria e julgasse as suas escolhas como certas, sem medir as consequências. Pelo menos essa era a teoria de Gaara. E de certa forma a conseguia entender, afinal, sua infância e pré-adolescência fora tão solitária que encontrou a ação por meio do impulso e irracionalismo como o jeito certo de sobreviver no mundo que o cercava. Mas ao ter lutado com Naruto e sentir empatia pela primeira vez em anos, estava em um processo de mudar sua forma de lidar com as situações, procurando resolve-las por meio da conversa e de modo mais diplomático.

 

Alguns minutos depois Kankuro aparece no corredor ao lado de Naomi. Ela havia se lavado e estava vestindo uma roupa preta do mesmo. Ela já havia sido avisada pelo ninja que não provocasse Temari e se preparasse para o sermão, desta forma, ao notar os outros dois ninjas na cozinha, a garota sorri de nervosa e encolhendo os ombros solta um “Olá” inocente em meio a um aceno tímido.

– Olá? – Temari caminha em sua direção enquanto Gaara a observava com os braços cruzados. Ele não deixou de notar que a menina estava muito mais magra do que no dia em que se conheceram, e naquela época já a achava minimamente desnutrida, mas agora era possível ver alguns ossos apontando e a roupa de Kankuro estava tão larga que era possível fazer duas camisetas com o tecido.

Com olhar de mãe raivosa, Temari puxa a orelha da menina, que se inclina para o lado e geme de dor.

– A gente não disse que era perigoso andar no deserto? Tava pensando o que? – grita em seu ouvido.

– Calma, Temari – dizem Kankuro e Gaara em uníssono, tudo bem que os dois esperavam que a irmã desse uma bronca na amiga, mas não imaginaram que ela a iria agredir. Temari a solta e a garota faz uma cara feia, levando a mão até a orelha que agora não só estava vermelha por causa do sol, mas também pelo puxão.

– Você podia ter morrido. Sabe o quão fácil é se perder no deserto? Na verdade, nem sei como não se perdeu!

– Está bem, está bem, senhora, já entendi. Desculpa – a garota a olha assustada e seu coração acelera. Temari ergue a mão, mas não para agredi-la novamente, fora apenas para apontar o indicador no rosto da colega, e Naomi reage fechando os olhos e encolhendo os ombros, como se esperasse uma bofetada – e não vem com ironia pro meu lado não. Que é isso de “senhora”?!

– Temari, não precisa bater nela – diz Gaara sério e se aproximando dos irmãos – afinal, ela não é sua filha ou um de nós, você não pode fazer isso.

– Eu nem bati nela. Para de drama, Naomi. Por que não avisou a gente? Você podia ter morrido no deserto – Gaara abaixa a mão de Temari, que ainda apontava o indicador para a amiga.

– Temari, você está se comportando como se ela fosse um de seus alunos. É nossa amiga e nós a convidamos para vir para cá – Gaara volta o olhar para a menina, que coçava a cabeça e olhava para o chão, ainda um pouco nervosa. Por mais que Kankuro a tivesse avisado que iria ouvir um sermão, e por mais que conhecesse Temari e soubesse de sua maneira mais agressiva de ser, não esperava que fosse recebida a quase tapas – ela sabe que se colocou em risco, é visível que passou mais de um dia se arriscando. Você não deve agredir uma pessoa que já esta debilitada.

– Calma, também não é assim. Eu não to à beira da morte, não. Já estive? Talvez. Mas to bem agora. Meu anjo da guarda é bom, acho que vou até dar uma promoção para ele, anda trabalhando demais – Kankuro não consegue se conter e gargalha com o argumento, levando a mão até a testa e não acreditando que a morena teve a audácia de pronunciar tais palavras na frente de uma Temari furiosa e contestar uma pessoa que a estava defendendo.

– Po, Naomi, não provoca – diz Kankuro entre as gargalhadas e passa a mão na cabeça da garota, bagunçando seus cabelos – nem sei como conseguiu arrumar aquele ninho que estava seu cabelo. Ah... - ele coloca o dedo dentro da orelha da menina, que afasta o corpo rápido, sem deixar de questionar em indignação o que ele estava fazendo – ainda tem terra na sua orelha.

 

Os três se juntam a mesa para jantar, e lá, com todos já calmos, Naomi é fuzilada de perguntas. Ela contava alguns fatos que havia enfrentado durante a viagem que, após passado o medo, ria da situação. Um dos acontecimentos que deixara os três chocados fora o seu encontro com uma cobra. Normalmente as cobras daquela região tinham índice alto de veneno, alguns até eram usados para colocar nas marionetes, a fim de deixa-las mais mortais.

– Não sei por que está dando risada disso, você correu um risco atrás do outro – diz Gaara colocando uma porção de arroz na boca – não é engraçado.

– Ah, na hora deu um desespero, mas não foi uma experiência traumática. Acho que com isso eu posso fazer piada, eu fui patética em optar por vir para cá sozinha mesmo – por mais que tivesse surtado no deserto e enfrentado a situação por meio de berros, não via como um episódio que fosse assombrar sua vida até o fim. O que a assombrava realmente, e não queria revelar aos amigos, era sobre Kabuto e as agressões que sofrera ao longo de sua trajetória. As ameaças da natureza não a traumatizavam tanto quanto as palavras e as ações proferidas por Kabuto e outras pessoas que marcaram sua vida, tanto psicologicamente, quanto fisicamente. Se houvesse um motivo para que precisasse dormir com as luzes acessas, esse motivo não era o deserto.

– Mas por que não avisou a gente? – pergunta Temari, já mais calma. Naomi não podia falar que o seu objetivo não era visita-los, mas fora forçada por conta de uma ameça de um acordo mal pensado. Ela não queria lembrar de Kabuto naquele momento e nem do que seria o hospedeiro dessa tal besta que ela deveria atrair até o local no meio da mata. Um pouco nervosa, a garota passa a mão no pescoço e o arranha de modo imperceptível.

– Não sei, é que eu já passei por tanta coisa que acabei subestimando o deserto.

– Você ficou perdida quantos dias? – pergunta Gaara.

– Eu não fiquei perdida. Me disseram que era a aldeia ficava ao Norte, então segui o Norte. Demorei quatro dias pra conseguir ver a aldeia de vocês.

– Norte? – Kankuro tenta segurar a risada, Temari a olha sem graça e Gaara deixa os hashi de lado, apoiando a mão na testa em descontentamento. Ao perceber que havia dito algo errado, Naomi questiona “o que foi?” e Kankuro responde rindo – você tá ligada que pegou o caminho mais longo, né?

– O que?! – Naomi grita e até mesmo Gaara deixa escapar um sorriso de indignação. Naomi xinga baixo a pessoa que lhe dera a localização. Após explicarem que sempre tomavam o caminho Sul, seguindo o rio principal e não o seu afluente, a garota olha desacreditada e cobre os olhos com a mão – alguém me mata, puta merda.

– Nem precisa alguém te matar, você ainda vai fazer isso sozinha – diz Kankuro e Temari concorda.

Os ninjas se põem a conversar por mais algumas horas, mesmo após a refeição ter terminado. Sob pressão dos irmãos, Gaara diz que se tornara o Kazekage e após Naomi ter entendido o que era tal título, quase engasga com um copo de água. Afinal, ele era mais novo que ela para ter recebido tal pressão, mas ao perceber que era algo que o garoto almejava, o parabenizou. Kankuro ainda ressalta que ela finalmente havia aprendido a comer com os hashi, e a garota comenta que fora o resultado das várias vezes que fez apostas de Rámen com Naruto.

A energia da mesa já havia mudado drasticamente, os ninjas não estavam mais bravos com a amiga ter se arriscado pelo deserto e contavam algumas histórias de situações complicadas, mas que agora achavam engraçadas. Este era o quarto lugar, dentro todos os que já passou, que Naomi se sentiu acolhida. Nem ao menos conseguiu pensar em problemas como Kabuto e a missão que devia realizar, só queria aproveitar aquele momento com os amigos antes que lhe fosse podada a oportunidade de vivencia-la novamente.

– Eu vou dormir – diz Kankuro se levantando da mesa e espreguiçando o corpo – boa noite pra vocês.

– Eu também – diz Temari e seu olhar foca para Gaara – e você irmãozinho, seu dia de lavar a louça. Pode ter se tornado Kazekage, mas vai lavar a louça como se ainda fosse um Chunnin.

– Eu nunca deixei de lavar. Devia dizer isso ao Kankuro – Gaara levanta da mesa e se põe a recolher as porcelanas.

– Boa noite para vocês dois. Ou melhor, só pra você – Temari sorri para Naomi – Gaara não dorme. Ah, desculpe o puxão de orelha, mas você mereceu – a garota ri e respondi também deseja boa noite a loira. 


Notas Finais


Ah gente, só deixando umas coisinhas claras. Não é legal você simplesmente brotar na casa as pessoas não, viu. Eu tinha um amigo que fazia isso e as vezes dava vontade de expulsar ele a chutes kkkkkk assim, de vez em quando okay, mas sempre, por favor não sigam o exemplo da Naomi (ainda mais que todo mundo disse que era pra ela avisar que iria vir)

E ai???? O que acharam????


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...