História Can I Stay? - Capítulo Único

Desde que se conheceram na festa de boas vindas da universidade, Sojung e Yerin eram daquele modo. Uma simples troca de números resultou em uma troca de carícias, e a troca de carícias levou Yerin até o apartamento de Sojung antes mesmo da festa chegar ao fim.

No início do dia seguinte, com mordidas visíveis no seu pescoço, Yerin ia embora do apartamento de Sojung sem fazer nenhum tipo de cerimônia. Não que a outra se importasse, elas eram apenas ficantes, afinal.

E aquilo se repetia no mínimo duas vezes ao mês.

Na universidade, onde pouco se viam por conta dos cursos diferentes, trocavam apenas um simples bom dia ou boa tarde, Sojung sempre perguntando se Yerin não estava cansada e queria relaxar entre seus toques. Na maioria das vezes, a mais nova aceitava a oferta dela de bom grado, o que irritava a vizinha de Sojung pois ela simplesmente não conseguia dormir quando as duas estavam juntas.

— Quer ir pro meu apartamento?

Sojung perguntou baixinho ao avistar Yerin em uma das mesas da biblioteca, parecendo querer queimar o livro de química em suas mãos apenas com o olhar. Sorriu fraco ao perceber a presença de Sojung e fez um sinal para que ela se sentasse ao seu lado.

— Não posso, preciso estudar...

Sojung concordou com a cabeça e pegou o livro da mão da outra com cuidado, pois sabia o quão caro aquilo era. Seu rosto se iluminou ao ver o assunto que Yerin estava aprendendo, era algo que ela já havia estudado e tinha certa facilidade na matéria.

— Olhe, essa reação só acontece por conta do...

Yerin estava fascinada pelo modo que Sojung parecia ter tudo aquilo na ponta da língua, como se fosse uma máquina de conhecimentos químicos. Por outro lado, Yerin não podia deixar de estranhar a situação já que todas as conversas delas não passava de uma breve troca de palavras entre ficantes, nada mais do que aquilo. Mas ela não estava reclamando. Pelo contrário, ela estava gostando.

— Eu estou tão cansada!

Yerin exclamou ao fechar o livro e apoiar o rosto na mesa, fechando os olhos logo em seguida. Sojung riu e levou a mão direita aos fios da mais nova, fazendo um pequeno cafuné na sua cabeça. Yerin soltou um grunhido parecido com os de gato, e Sojung teve que se segurar para não soltar uma risada no meio da biblioteca. Ela já havia escutado aquele barulho antes no meio de suas ficadas, mas naquele momento ele parecia ser o som mais puro do mundo.

Yerin levantou o rosto, um sorriso que poderia cegar até uma pessoa de óculos escuros tomando conta de sua expressão, e logo tratou de responder novamente a pergunta que Sojung fez horas atrás.

— Sim, eu quero ir pro seu apartamento agora.

Depois de passar horas aproveitando a companhia uma da outra do modo que sempre faziam, Yerin estava deitada tranquilamente ao lado de Sojung, mas dessa vez a mais velha acariciava seu rosto delicadamente com a ponta dos dedos. Yerin apoiou o cotovelo na cama e virou o olhar para Sojung, sorrindo de lado antes de abrir a boca para fazer uma simples pergunta.

— Posso ficar aqui hoje? Quero dizer... Ficar e não sair daqui como se não te conhecesse.

Yerin mordeu os lábios ansiosa, esperando pacientemente a resposta de Sojung que coçou o queixo como se estivesse pensando profundamente sobre assunto. Idiota, a Jung disse mentalmente.

— Hm... Se você ficar, vai ter que lavar a louça.

Sojung disse com uma expressão séria e Yerin não pensou duas vezes antes de pegar o travesseiro mais próximo e jogar contra o rosto da mais velha. Sojung colocou a mão na boca como se estivesse ofendida e retribuiu na mesma moeda. Sem ao menos perceber, as duas engataram numa guerra de travesseiros que parecia não ter fim, deixando ambas exaustas ao final dela.

— Claro que pode, Yerinie. Você pode ficar quando quiser.

E foi assim, naturalmente, que uma simples ficada se tornou em uma estadia definitiva em seus corações.