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História Can we always be this close? - Eruri - Don't wanna tell you what I'm feelin'


Escrita por: iamlosingtouch

Notas do Autor


Olá, leitores! Tudo bem?
Chegamos na reta final da fic e quero agradecer, muito mesmo, todo mundo que acompanhou, comentou e deixou seu favorito. Contando com esse capítulo, temos mais seis no total.

Esse é um capítulo de transição e por isso ficou um pouco mais curto, além disso, decide postar mais dois capítulos nessa semana (na quarta e no sábado) para aplacar a ansiedade e também para compensar o tempo que ficou sem atualização.
Espero que gostem!

Capítulo 26 - Don't wanna tell you what I'm feelin'


Fanfic / Fanfiction Can we always be this close? - Eruri - Don't wanna tell you what I'm feelin'

Já passa das seis da tarde quando Eld para ao lado de Levi. O moreno está terminando de embalar uma pequena pintura. O cliente optou por retirar a obra pessoalmente no lugar de usar o serviço de transporte especializado e isso significava um cuidado ainda maior com a embalagem. Levi reforçou os cantos da moldura, envolveu o quadro em um papel especial - responsável por evitar que a obra transpire durante o transporte e seja danificada pela umidade -, e está terminando de colocar plástico bolha em volta dela. O último passo é acondicionar o quadro numa caixa feita sob medida.

“Precisa de ajuda? Posso ficar e fechar o ateliê com você”, Eld oferta. Todos já foram embora e aquele é o dia de Ackerman fazer o fechamento. Algo simples e corriqueiro, sem grandes aventuras.

Levi nega com um aceno. Ele acha certa graça que seus colegas de trabalho ainda se sintam incomodados de deixá-lo fazer determinadas coisas sozinho, como se ele não soubesse mais como realizar a tarefa ou corresse o risco de ter uma síncope a qualquer momento. Não importa o quanto ele diga ser capaz de se virar, eventualmente algum cuidado exagerado é direcionado a si.

“Não se preocupe. Vá para casa e relaxe. Tudo está nos conformes e o cliente vai chegar a qualquer instante para retirar essa encomenda. Além disso, Erwin vem me buscar, estamos pensando em jantar fora”.

Eld hesita por um instante e então concorda, provavelmente se dando por vencido por saber que Smith logo estará ali. Ele então despede-se do colega e parte, deixando o moreno sozinho.

Levi coloca o quadro dentro da caixa e a lacra no exato momento em que a porta da frente volta a se abrir. Um homem alto - provavelmente poucos centímetros mais baixo do que Erwin -, com cabelos e barbas loiros, olhos muito azuis emoldurados por óculos de armação redonda, entra. Ele nem mesmo olha em volta, indo direto para o balcão no qual Ackerman se encontra, dando um sorriso bonito para o moreno.

Levi fica um pouco perplexo com a maneira que é encarado. O jeito de agir do outro homem demonstra, no mínimo, um reconhecimento, algo estampado em sua expressão aberta e em sua linguagem corporal um tanto… receptiva? Ackerman acredita ser essa a palavra, porém ele não pode afirmar com 100% de certeza. Ele só sabe o quanto a presença do desconhecido é desconcertante já que ele não possui nenhuma lembrança do outro homem.

“Boa noite, Levi. Como você está?”, a voz do homem possui um charme que combina com ele, acentuado pelo forte sotaque britânico, e deixa Levi ainda mais confuso, “Você não deve lembrar de mim, claro. Annie me contou sobre o acidente e é ótimo te ver em tão bom estado. Sou Zeke Fritz”, ele estende a mão sobre o balcão.

Levi aperta a mão do homem com olhos brilhantes e sorriso envolvente. Existe uma espécie de eletricidade no toque que o faz afastar a mão rapidamente, “Achei que Bertolt era quem vinha buscar o quadro”, o moreno diz enquanto pega a embalagem para entregar ao outro homem.

“Estou fazendo um favor de padrinho”, ele pega o embrulho com cuidado, como se soubesse exatamente como manusear artigos do gênero.

“Trabalha com artes?”, Levi pergunta antes que consiga se conter, sua boca trabalhando mais rápido que sua mente naquilo.

O homem, Zeke, arqueia uma sobrancelha de leve, “Não. Por que?”.

“A maioria das pessoas não pegaria a embalagem como você fez. Apenas isso”, o moreno dá de ombros.

“Ah, isso”, ele ri. Sua risada é divertida, fácil e preenche o ar. Levi tem certeza que Zeke seria o tipo de cara que o tiraria dos eixos em outras ocasiões, especificamente se ele fosse solteiro, mas como não é o caso, Levi sente apenas curiosidade por causa do seu jeito de agir, “Eu aprendi uma coisa ou duas com você da última vez”.

E daquela vez é Levi quem fica confuso, franzindo o cenho de leve. Sem saber o que dizer, ele apenas acena com a cabeça, saindo de trás do balcão, decidido a fechar o ateliê e se livrar de Fritz. 

“É claro que você não se lembra disso”, Zeke continua, “Te encontrei no Art Institute e você estava restaurando um quadro, então me contou algumas coisas enquanto fazia todo o processo”.

“Sua memória é boa. Já não posso dizer o mesmo da minha”.

Não era a intenção de Levi que aquilo soasse como algo engraçado, porém Zeke ri. Aquele cara está flertando consigo? Ele tem ideia de que Levi é casado? Por que eles tinham se encontrado no museu no ano anterior se Zeke era alguém que ele devia ter visto uma ou duas vezes na vida? 

“Hey, está pronto para ir?”, a voz de Erwin se faz ouvir e os dois homens olham em direção a entrada. A feição sempre aberta de Smith se fecha assim que seus olhos encontram Zeke, “Olá, Fritz. Não sabia que já havia chego à cidade”.

“Boa noite, Erwin”, Zeke fala no mesmo tom de antes, seu sorriso quase se desfaz, mas ele parece se controlar a tempo, voltando a sorrir, mantendo sua postura relaxada, “Vim mais cedo para ajudar nos preparativos finais. Aproveitei que Bert precisava de um favor e passei aqui para ver Levi”, ele sorri um pouco mais, provocante. 

Levi observa Erwin travar a mandíbula e seu pescoço tensionar, um sinal claro de como ele estava irritado. Ele provavelmente só viu o marido daquela forma uma outra vez, quando socou Adam no último ano da escola. Sem hesitar, o moreno se aproxima, tocando o braço do maior para atrair sua atenção.

“Só vou ligar o alarme e podemos ir, okay?”, Levi se estica, selando seus lábios, sentindo Erwin envolver sua cintura com um braço, prolongando o contato. Um ato quase territorial, “Você precisa de algo mais, Sr. Fritz?”, ele olha para o outro homem, sem se desvencilhar do toque do marido.

Zeke olha para Levi e volta a sorrir de maneira charmosa, parecendo não dar mínima em ser tratado pelo sobrenome, “Não. Era apenas isso, e é claro que já está tarde e você deseja ir para casa descansar. Não vou mais retê-lo aqui. Nos vemos amanhã no bar”, ele pisca, ignorando completamente Erwin enquanto passa pelo casal em caminho a saída.

Erwin ainda mantém o menor envolto por seu braço por alguns momentos, soltando-o apenas quando tem certeza da partida de Fritz.

“Só um momento e já vamos”, Levi beija a linha de sua mandíbula, fazendo o outro homem relaxar um pouco e sussurrar um ok. Sem delongas, ele ativa o alarme e os dois saem, com Levi trancando as grandes portas de vidro da entrada principal. 

Enquanto caminham para o carro, sua mente repassa os momentos dos últimos quinze ou vinte minutos: a forma que Zeke o tratou e Erwin ficou incomodado com sua presença. Ele não tinha qualquer lembrança sobre Fritz. Ele era charmoso, com um jeito envolvente e sedutor, além de ser, fisicamente, o tipo ideal de Levi. Porém ele tinha Erwin, e o marido era mais do que o suficiente para si. Ele não se imagina tendo olhos para qualquer outro homem.

Ao seu lado, Erwin continua com uma expressão fechada, tão pouco característica, parecendo tão absorto em pensamentos sobre o encontro quanto o menor. Levi segura sua mão, entrelaçando os dedos e os apertando de leve. Aquele simples gesto faz com Erwin relaxar um pouco e ele corresponde ao toque, acariciando as costas da mão do moreno.

“Como foi seu dia?”, Levi pergunta, permitindo que Erwin abra a porta do passageiro para si, mesmo que não seja necessário.

“Corrido e um pouco estressante”, Erwin suspira, visivelmente cansado. Ele dá a volta e assume seu lugar atrás do volante. O plano deles para aquele dia era jantarem fora e talvez verem um filme, porém, além do cansaço aparente, o humor de Smith não é dos melhores após o recente encontro.

“Podemos ir para casa. Você toma um banho relaxante enquanto faço o jantar. O que acha?”, Levi acaricia a perna do outro. Por algum motivo ele sente como se precisasse compensar Erwin ou assegurá-lo de algo.

O loiro demora um instante para responder, apenas acenando com a cabeça e agradecendo. Levi ainda tenta puxar assunto, porém Erwin se mostra pouco disposto a conversar - outra coisa rara nele. O normal é Levi ser a pessoa quieta da relação. 

Eles ficam em silêncio durante o caminho, o rádio ligado em uma estação qualquer. Ackerman opta por tentar lembrar de Zeke ou qualquer coisa relacionada a ele para conseguir explicar a reação incomum de seu marido ao outro homem. Levi morde o lábio de leve, olhando para Erwin, observando sua expressão fechada. 

“Você não gosta muito daquele cara, né?”, ele tenta e Erwin lança um olhar rápido em sua direção, a testa franzida como seus pensamentos estivessem em algum lugar distante e, por isso, ele não é capaz de entender a pergunta de cara, “Zeke Fritz”. 

“Ah. Não muito”, ele dá de ombros, “É só o jeito dele que me incomoda”.

“Ele falou comigo como se nos conhecêssemos bem”, Levi observa a mandíbula do outro travar de novo, “Eu sinceramente não faço ideia de quem ele seja. Nem mesmo a mais vaga lembrança”. 

Erwin dá um leve aceno, não lhe respondendo. Levi suspira, decidindo deixar aquele assunto de lado e parar de procurar pela peça faltante naquele quebra-cabeça que é sua vida antes do acidente.

“Você o achou bonito?”, Erwin diz de repente e é a vez de Levi ficar confuso, “Ele é o seu tipo de cara”.

 “Sim, ele é meu tipo de cara e é bonito sim, mas eu tenho você, sabe? Então ele só é esse cara que apareceu para buscar uma encomenda. Nada além disso”.

“Isso é algo de bom de se ouvir”.

“Você acha que me sinto atraído por qualquer cara que faz meu tipo? Mesmo sabendo que você é o meu homem ideal e nós somos, tipo, casados?”.

Pela primeira vez desde que viu Fritz, Erwin sorri, “Não, claro que não”. 

“Ótimo”, Levi conclui, esperando apenas o marido estacionar o carro na entrada da garagem antes de o beijar, “Vá tomar seu banho, meu marido dos sonhos”, ele continua apenas para implicar com Erwin, o fazendo rir fraco da brincadeira boba.

"Obrigado, Levi", ele sussurra, beijando o menor mais uma vez antes que ambos saiam do carro, cada um se direcionando para um cômodo da casa.

Levi prepara um jantar rápido para os dois, ainda um tanto distraído pelo encontro de mais cedo. Enquanto espera os preparos ficarem prontos, ele pega o celular e procura pelo Instagram de Annie, achando, após um tempo, as fotos de seu noivado, no ano anterior. Zeke aparece em algumas delas junto do casal, mas sempre desacompanhado. 

Curioso, o moreno clica na marcação no nome de Fritz, indo para sua página pessoal. Zeke tem várias fotos de viagens e passeios, mas raramente aparece nelas, geralmente focando em fotos de paisagens e pequenos detalhes. Enquanto rola o feed, uma foto lhe chama a atenção, pois ele reconhece o local.

Trata-se de um restaurante perto do Art Institute. Ele adora o lugar porque a comida é boa, o atendimento perfeito e o local é calmo, o fazendo esquecer que está no centro de Chicago quando decide comer ali. Ele passa as fotos e, apesar da imagem ser borrada para focar na taça em sua mão e nenhuma marcação ter sido usada, ele se reconhece nela. 

Almoçando em ótima companhia. Obrigado pela tarde incrível. 

A legenda diz. Simples e direto. A série de fotos seguintes é na sala de restauração do museu e a legenda também é uma referência clara a si: Aprendendo mais sobre arte clássica com um especialista em restauração.

Levi cora e larga o celular sobre a bancada, voltando a atenção para as panelas e travessas. Ele serve o jantar no mesmo momento em que Erwin chega à cozinha em roupas confortáveis, os cabelos loiros úmidos e a expressão mais relaxada.

“Deixa eu te ajudar com isso”, o maior se oferece de pronto, pegando as coisas para levá-las para o solarium. 

Os dois jantam em um silêncio confortável, às vezes falando sobre os gêmeos, o trabalho ou o casamento de Annie no fim de semana. Ainda assim, Levi nota um certo incômodo por parte de Erwin quando o assunto é o casamento da filha de seu chefe. O motivo para si só pode ser um, mas ele deixa aquele detalhe para lá.

Quando se levanta e começa a recolher os pratos para lavar, Erwin delicadamente segura seu braço, o impedindo de continuar. Levi olha para o marido em dúvida.

“Deixa que eu cuido disso. Você já cozinhou e nem tomou banho ainda”, Erwin se explica.

“Tem certeza? Você parece realmente cansado”.

“Claro que sim. Nada mais justo, não?”, ele sorri de canto, erguendo-se para deixar um beijo sobre o cabelos negros, “Obrigado pelo jantar”.

Levi sorri de volta, dando um selinho no marido antes de subir as escadas, indo direto para o banheiro. Ele ainda tem a sensação de haver algo errado que ele não consegue descobrir. Erwin não o tratou mal, mas sua forma de agir é pouco comum, sendo meio distante mesmo nos momentos de carinho. 

Ele pega de novo o celular e olha mais uma vez para as duas postagens daquele homem do qual não sabe nada e sequer se recorda: Zeke Fritz. A maneira de agir dele, a reação de Erwin ao vê-lo e aqueles posts não fazem nenhum sentido para Levi. 

Ele ama Erwin. É feliz com o marido e o casamento deles é realmente bom. Então realmente não importa para si se Zeke seria seu tipo de cara, isso só faria sentido antes de Erwin e não com os dois juntos. Ele realmente não consegue entender o que aquela situação significa.

Levi se despe com calma, coloca as roupas no cesto de roupa suja enquanto repassa aquele final de tarde. De repente, uma chave parece girar em sua mente e ele pega o celular de novo, indo direto para seu aplicativo de mensagens.

Levi, 16 de setembro, 08:33 pm
Você tá aí?

Ele olha para o celular com certa ansiedade, aguardando qualquer sinal de que o amigo vai responder. Um longo minuto se passa e quando Levi está prestes a deixar o celular de lado para finalmente tomar banho, o status de Farlan muda. Online. A confirmação de leitura muda de cor e logo Farlan está digitando.
Farlan, 16 de setembro, 08:36 pm
Agora to
Tudo bem?

Levi, 16 de setembro, 08:36 pm
Preciso te perguntar algo
É sobre o que falamos no Natal passado


Farlan, 16 de setembro, 08:37 pm
Manda

Levi morde o próprio lábio de leve. Na sua mente aquilo seria fácil, mas agora que precisa dizer aquelas palavras para o seu melhor amigo, ele está um tanto inseguro sobre como prosseguir. 

Farlan, 16 de setembro, 08:38 pm
Levi?
 

Levi, 16 de setembro, 08:38 pm
Eu estava traindo Erwin?


Farlan, 16 de setembro, 08:39 pm
Porra, Levi
Olha a hora que você me faz uma pergunta tensa dessas…
Eu não posso te ligar ou mandar um áudio, mas vamos lá

Levi fica observando o amigo digitar por um tempo e decide sentar sobre a tampa da privada enquanto aguarda. A resposta inicial já é o suficiente para o deixar ansioso. Até então era apenas uma curiosidade e agora… Ele respira fundo algumas vezes e fecha os olhos, o celular seguro em sua mão. Quando olha de novo para a tela, a resposta do amigo está ali em uma série de mensagens.

Farlan, 16 de setembro, 08:42 pm
Antes de tudo, é importante ter em mente o momento que você e Erwin estavam vivendo, okay? Então não tire conclusões precipitadas e nem surte com algo que não sei direito o que era
Você conheceu esse cara. 

Farlan, 16 de setembro, 08:43 pm
Zeke? Acho que é esse o nome dele.
Ele é amigo da Annie ou algo assim

Farlan, 16 de setembro, 08:43 pm
E acho que ele mexeu um pouco com você, porque você tava chateado com Erwin
Por causa daquela mulher que trabalha com ele e é filha de um cara importante
Nunca entendi direito essa história, sendo sincero

Farlan, 16 de setembro, 08:44 pm
Enfim, esse cara é bonito e simpático e você ficou meio mexido
Não sei se que algo aconteceu, e se aconteceu, não sei como foi.
Você sumiu, né? Então nunca falamos sobre isso a fundo
Por que?

Levi tem vontade de largar o celular assim que acaba de ler. Ele quer ficar sob a água quente do chuveiro até a sensação ruim na boca de seu estômago desaparecer. Ele sente os lábios dormentes, assim como as pontas dos dedos de suas mãos. Com algum esforço, ele consegue responder ao amigo apenas para o apaziguar.

Levi, 16 de setembro, 08:46 pm
Eu apenas lembrei da nossa conversa e isso ficou na minha cabeça
Nada demais

Deixando o celular sobre a bancada, Levi entra debaixo do chuveiro, deixando a água quente lavar seu corpo, mas os pensamentos e perguntas incômodas continuam ali.


 

Quando finalmente saí do banheiro, quase uma hora mais tarde, Levi encontra o quarto vazio. Apenas por hábito, ele desce as escadas, encontrando Erwin no escritório, a expressão séria para a tela do computador.

“Você deveria deitar e dormir”, Levi atrai a atenção de Erwin para si e o maior larga o corpo contra o encosto de sua cadeira.

“Eu sei, mas eu lembrei de uma coisa importante. São apenas alguns emails de última hora”.

“Não vai conseguir dormir se deixar isso de lado, não é?”.

Erwin faz uma cara de culpado, encolhendo os ombros.

“Vou fazer um chá e deitar. Você aceita?”, o moreno continua.

“Chá seria bom”, Erwin concorda, voltando quase de imediato para o que fazia antes.

Sem pressa, Levi vai até a cozinha devidamente organizada e começa a preparar o chá. Ele deixou o celular no andar de cima, como se o aparelho tivesse alguma praga prestes a atingi-lo em cheio. Ele não queria ficar lendo as mensagens um milhão de vezes em buscas de respostas que não estão ali. De toda forma, as palavras do amigo já estão gravadas em sua mente e aquilo não o levou a parte alguma até então.

A explicação mais lógica era que, num momento de chateação, ele tinha achado Zeke uma pessoa interessante. Apenas isso. Sem coisas nas entrelinhas para sentir culpa. O outro homem apenas tinha sido inconveniente naquela tarde, apoiando-se em algo que nunca tinha passado de um interesse momentâneo.

Levi deveria se culpar por aquilo? Ele tem dúvidas. Uma parte sua lhe garante que em relacionamentos longos é normal que eventualmente algo assim aconteça e não é traição se sentir atraído por alguém quando não há a intenção de atravessar qualquer limite imposto por uma relação monogâmica. O outro lado, entretanto, acha que a simples atração e o flerte já contam como traição em algum nível. 

  Soltando um grunhido, Levi se foca em fazer os chás de ambos, levando uma xícara até o escritório de Erwin. O marido lhe agradece e lhe dá um beijo de boa noite, continuando a responder uma série de e-mails com sua típica praticidade. 

Ackerman sobe as escadas de volta para o quarto do casal e se ajeita na cama, tomando seu chá com calma. Ele decide repassar tudo do momento no qual acordou sozinho num quarto de hospital após o acidente até ali. Nenhum acontecimento lhe dá uma resposta sobre Zeke Fritz. Nem mesmo o surto de Erwin com relação a aliança deixada para trás, afinal ele teria reagido igual se estivesse no lugar dele. 

Ele repousa a xícara vazia sobre a mesa de cabeceira e observa o celular deixado ali. Novamente algo em sua mente parece reagir, lhe mostrando o caminho a seguir, e ele pega o aparelho, rolando pelas mensagens de seu número antigo, até chegar em uma em especial. 
Número desconhecido, 17 de outubro, 12:07 am
Eu sinto muito por hoje. De verdade. 

O número de telefone é da Inglaterra e não há uma foto de perfil, então Levi imagina que apenas contatos podem ver tal informação, de forma que não adianta se ele salvar o número agora. Ele olha as mensagens anteriores e sente o estômago afundar ao confirmar se tratar de Zeke. Não há nada demais ali, ainda assim, Levi larga o telefone de novo. Tomado por uma espécie de culpa, ele se afunda sob as cobertas. 

Talvez seja melhor se ele não souber de nada.


 

No meio da noite, Erwin acorda sobressaltado. Ele teve um sonho ruim no qual uma das piores noites da sua vida se repetia, mas desta vez ele via algo que o fazia se sentir ainda pior - se é que aquilo era possível.

Ele demora alguns instantes para se acalmar e se situar, mas aquilo não o ajuda a se sentir muito melhor. Olhando em volta, ele percebe estar sozinho na cama. Ele pega o celular e confere o horário. Duas e meia da manhã. Respirando fundo para se obrigar a não tirar qualquer conclusão precipitada, o homem se levanta.

A primeira coisa que faz é ir até o banheiro. Vazio. Em seguida, atravessa o corredor até o escritório de Levi. Também vazio e com luzes apagadas. Suas mãos começam a suar pelo nervosismo, mas Erwin se força a manter a calma. Ele não é uma pessoa que reage de forma irracional.

Ele sabe que se o marido não está ali, ele vai estar no andar debaixo, muito provavelmente tomando outra caneca de chá para sanar um episódio de insônia. Simples. Ele só está impressionado por causa do sonho e por isso demorou para racionalizar. Nada além disso. Não existem motivos para se preocupar.

Se repetindo aquelas palavras, Erwin desce as escadas, notando que a luz indireta da cozinha está acesa. Aquela simples visão faz com que Smith relaxe e o homem anda diretamente para o outro cômodo, encontrando Levi sentado em uma das banquetas da ilha. O olhar do moreno é distante e uma xícara de chá está entre suas mãos, entretanto o líquido contido nela parece ter esfriado há muito, esquecido pelo menor.

“Levi?”, Erwin o chama, mantendo o tom de voz controlado enquanto anda na direção dele.

Longos segundos se passam, como se Levi nem mesmo tivesse notado a presença do outro ou escutado sua voz. Erwin está prestes a chamá-lo novamente quando o menor finalmente reage.

“Eu lembrei da nossa última semana antes da viagem”, Levi fala sem olhar para o marido, ainda em choque com as próprias lembranças.

 

 


Notas Finais


Por favor, não me odeiem!
Eu sinceramente acho que o Zeke é 100% o tipo do Levi (ele é um Erwin um pouco mais baixo, menos musculoso e de óculos), mas que eles nunca dariam certo em termos de personalidade (além do Zeke fumar, que pra mim é algo que o Levi não suporta).
Os dois próximos capítulos vão explicar melhor tudo o que aconteceu, prometo.

Até quarta <3


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