História Can You Remember Me? - Sleep

Capitulo 2

O garoto de cabelos rosados olhava para mim com um misto de confusão e raiva evidente em seus olhos esverdeados. Sua cara se contorcia algumas vezes, aparentemente tentando processar alguma informação. Os dedos que estavam em meu lençol estavam tremendo, ele parecia que poderia explodir a qualquer momento.

--Natsu...—Mirajane sussurrou suavemente.

Natsu socou a parede ao lado com uma força tremenda, abrindo um buraco enorme na mesma. Dei um salto com o susto que levei, ele olhou para mim com uma intensidade assustadora, fazendo todo o meu corpo arrepiar e ficar estático.

--Você...—o rosado sussurrou.—você não se lembra mesmo?

Abaixei a cabeça, não queria olhar para aqueles olhos tristes, não queria olhar para ele.

--Eu deveria? Só sei que você ficou comigo enquanto dormia.

Ouvi um som parecido com o de um sorriso debochado junto com um suspiro levantei os olhos e o vi saindo do quarto, olhei para as garotas tentando achar uma resposta para a reação dele.

--Ele só está um pouco nervoso Lucy.—Erza falou calmamente.

--Lu-chan, vou chamar a Poluchka para cuidar de você.—sorriu a azuladinha.

--Ah sim...Me desculpe, mas quem é você?

--Sou Levy. Você prometeu que eu seria a primeira a ler seu romance.—comentou.

--Claro.—sorri de volta.

--Vou acompanhar a Levy e chamar o mestre.—Mirajane levantou-se da cadeira.—Erza, fale com Lucy e tente informá-la sobre algumas coisas.

--Sim, Mira.

Mirajane e Levy correram para fora da enfermaria e me deixaram sozinha com a ruiva, Erza.

--Somos parceiras de time.—Erza falou ainda olhando para fora.—mas no dia em que o acidente ocorreu, você, Natsu e Lisanna haviam ido para uma missão.

 --E o que aconteceu?

--Não sei, Natsu se recusa a contar. Diz apenas que a culpa é dele.—a ruiva suspirou e olhou para mim.—ele estava realmente preocupado. Nunca o vi tão sério em minha vida.

Olhei para as minhas mãos que estavam se apertando fortemente, era um tanto desconfortável estar ali com uma pessoa que dizia me conhecer mas que eu realmente não me lembrava.

--Como entrei para a guilda? Sei que era meu sonho.—olhei para a marca das mesmas cores dos cabelos de Natsu tatuada em minha mão.

--Natsu te trouxe aqui, foi o que você e ele me disseram.—ela sorriu e sentou-se em uma cadeira ao ,lado de minha cama ficando próxima de mim.—ele te salvou de mercadores de escravas.

Meus olhos se arregalaram, se não fosse por ele eu estaria servindo um velho repugnante e nojento.

--Foi sorte minha encontrá-lo.

--Sorte dele também Lucy.—Erza mandou-me um olhar sugestivo fazendo meu rosto esquentar.

Engraçado. Em menos de cinco minutos ficamos amigas (novamente), parecia que eu nunca havia perdido a memória, parecia que eu a conhecia há muito tempo. A porta da enfermaria  se abriu revelando Mirajane e um velho de baixa estatura. O senhor correu até a minha cama, pegando um banco e subindo em cima dele, ficando cara a cara comigo.

--Você está bem, Lucy?—perguntou o velho.

--Estou. —respondi um tanto confusa. Quem era ele?

--Mestre. —chamou Mirajane gentilmente.—Lembra que lhe falei sobre a perda de memória?

O velho, quer dizer, o Mestre. Fez uma cara de espanto e coçou a nuca envergonhado.

--Sinto muito. Havia me esquecido. Acho que terei de me apresentar novamente. Sou Makarov Dreyar, sexto mestre da Fairy Tail, muito prazer. —ele estendeu a mão para mim.

--Sou Lucy Hear...—hesitei, se descobrissem meu nome iriam me tratar como todos os outros, mas ele sorriu.

--Sem quem é Senhorita Heartfilia. Já passamos maus bocados por conta de seu pai.

--M-meu pai?

--Sim. –olhou para Mirajane com cumplicidade.—Lucy... Você não se lembra, mas achamos que isso vai ser mais doloroso se não contarmos imediatamente...

--Do que vocês estão falando?

--Nós ficamos parados no tempo por sete anos e nesse tempo o seu pai faleceu.

Eu podia jurar que meu coração havia parado por alguns segundos. Se eu estivesse em pé provavelmente estaria caindo no chão neste momento após meus pés fraquejarem. Os meus olhos começaram a arder indicando que uma pancada de lágrimas começariam a escorrer de meus olhos, molhando todo o meu rosto.

Estava soluçando enquanto chorava  quando a porta se abriu novamente, revelando uma pequena garotinha de cabelos azuis e uma mulher de cabelos róseos como os de Natsu, ela se aproximou e lançou um olhar sombrio para o Mestre Makarov.

--O que fez com ela?—disse friamente.

--Contei sobre o pai.

--É idiota? Ela está em fase de recuperação e tratamento, Lucy não deveria se esforçar.—ela suspirou.—Saiam todos!

--Eu vou ficar.—Erza disse num tom firme e autoritário.

--Eu mandei sair.—a mulher rosada falou ainda no tom frio.

-- Poluchka,  eu prometi a Natsu que quando ele não estivesse aqui, presente, eu cuidaria da Lucy por ele. E eu não vou quebrar essa promessa.

Poluchka pareceu nervosa e revirou os olhos vermelhos como sangue. E começou a cuidar de mim, as lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto e ela levantou o olhar.

--Pare de chorar. Morte é uma coisa completamente natural. Animais não fazem essa choradeira inútil por conta da morte de um familiar. Por isso odeio humanos...—murmurou a ultima parte e minhas sobrancelhas se arquearam.

--Mas você é...

--Lucy...—ouvi a voz de Erza e olhei para ela que fazia o movimento negativo com a cabeça,  mordi o lábio inferior e abaixei a cabeça.

Algum tempo depois, eu estava completamente medicada e muito melhor.

--Descanse e amanhã poderá ir para casa.—a mulher se retirou do local.

--Não ligue para a Poluchka, ela é gentil... eu acho.—Erza sorriu.

--Estou me sentindo muito melhor.—mexi os dedos dos pés feliz.—nem acredito que estou fazendo isso.—ri um pouco sem jeito.

--Deve ter sido difícil acordar e ver tudo isso acontecendo em apenas um dia.

--Tudo bem, estou superando meu pai ainda... Mas já superei uma vez não é? Posso superar novamente.

--É assim que se fala! Essa é a Lucy que eu conheço.—ela me abraçou.—acredite ou não já está de noite, por mais que eu queira ficar aqui, tenho que ir pra casa, não dormi preocupada com você esta noite.

--Tudo bem Erza, eu fico bem sozinha.

A ruiva acenou e a segui com  olhar até reparar que tinha uma figura rosada esperando na porta, eles trocaram algumas palavras e logo depois Erza saiu. Natsu andou em minha direção, e sentou na cadeira que antes era o lugar de Erza.

--Você está bem?—perguntou sério, me fitando com aqueles olhos intensos.

Olhei para baixo, por que não conseguia encará-lo?

--Sim.—sussurrei tão baixo que ele mal pode ouvir,

--Que bom.—ergui o olhar assustada e ele sorriu, e que sorriso lindo ele tinha, senti meu rosto esquentar e abaixei o olhar de novo.

--C-como conseguiu escutar?

--Sou um Dragon Slayer, minha audição e meu olfato são apurados.

--Não conheço essa magia.—resmunguei e ele sorriu ainda mais.

--É uma magia ancestral, onde partes do meu corpo se transformam em partes de dragão. Originalmente foi feita para matar Dragões. Fui ensinado pelo meu pai, Igneel, um dragão de fogo.

Meus olhos quase saltaram para fora.

--Um dragão?!

--Você reagiu da mesma forma quando nos conhecemos.—ele riu.—Sim, fui encontrado quando criança por ele, Igneel me criou.

--Entendo... Eu sou uma maga Celestial, minha mãe me deixou algumas chaves dela e...

--Eu sei Lucy. —ele sorriu, pegou minha mão com a marga da guilda e a beijou.—Durma e descanse, amanhã conversamos mais, foi um longo dia para nós dois.

--E você? Aonde vai dormir?

--Aqui.—apontou para a cadeira que estava sentado.—agora, durma.

Deitei-me e fitei o teto por alguns minutos e olhei para Natsu de soslaio, ele estava me encarando, mas quase caindo de sono.

--Er... Natsu.

--Que foi Lucy? Precisa de algo?

--Eu queria saber se você não quer dormir comigo...

--Está tudo bem pra você?—senti um tom de felicidade em sua voz.

--Sim...---mal terminei a frase e senti o corpo dele ao meu lado, os braços rodiando a minha cintura e a respiração quente em meu pescoço.

Natsu era quente. Quente como uma noite de verão.

--Boa Noite, Luce.

--Boa noite, Natsu.