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História Cancer - Capítulo 3


Escrita por: Maduziinha

Notas do Autor


Espero que gostem

Capítulo 3 - Capítulo 3


Fanfic / Fanfiction Cancer - Capítulo 3

Gerard abriu os olhos com dificuldade, como se acordasse numa segunda-feira de manhã, com a preguiça dominando seu corpo por completo.
Com seus sentidos voltando aos poucos, mas ainda sem conseguir se mover, ele acompanhava com os olhos a movimentação um pouco agitada dentro do quarto. A enfermeira lhe disse algo que Gerard não entendeu, antes de começar a tirar os aparelhos que auxiliavam o homem, antes de erguer sua cabeça delicadamente e encaixar a cânula atrás de suas orelhas, fazendo com que Way sentisse cócegas em suas narinas. Quando tombou a cabeça para o lado, pode sorrir para o pequeno rapaz que conseguira ver pela cortina entreaberta, antes que as enfermeiras a fechassem por completo.
Logo, estavam apenas ele e seu médico no quarto.

-Gerard, pode me ouvir? – O senhor já de idade levantou as pálpebras delicadamente, direcionando uma fraca luz, para examinar seus olhos. – Consegue me entender?

-Sim... – O enfermo cerrou os olhos, claramente incomodado com a luz.

-Escute Gerard, nós temos que conversar. – O médico ergueu uma das pernas, apoiando seu corpo na cama a qual Gerard estava. – Sabe, você passou por muita coisa, lutou desde bem pequeno, mas seu corpo já está debilitado demais para receber mais um...

-Eu sei... – Gerard o interrompeu. – Quanto tempo?

-Uma semana no máximo. – O senhor finalizou. – Faremos o máximo para que fique confortável, Sr. Way. Eu sinto muito...

-É... eu também. – O enfermo fechou os olhos, sentindo as lágrimas escorrerem por suas bochechas.
Gerard ficou em completo silêncio, e pode escutar seu médico fechar a porta ao sair, e então era apenas sua fraca respiração e o barulho do oxigênio subindo pela cânula, acompanhado do bip que monitorava seus batimentos. Ele virou a cabeça para o lado mais uma vez, vendo por entre as cortinas um pouco transparentes, Frank conversando com seu médico.
Seu menino parecia catatônico. Escutava as palavras atentamente, mas parecia perdido pelo que Gerard conseguia decifrar. Em alguns minutos o médico o deixou lá fora, e ele demorou alguns segundos para se mover, dando sinal que entraria no quarto. E então Way fechou novamente seus olhos. Não queria que Iero o visse daquela forma.
Mal se olhara no espelho, mas sabia que estava horrível.
O menor se aproximou devagar, e Gerard não resistiu a abrir os olhos para vê-lo mais uma vez.

-Gordinho? – Frankie o chamou, com a voz manhosa, de quem segurava o choro. Gerard havia emagrecido no mínimo 10 quilos, mas para Iero, sempre seria seu Gordinho.

- Oi Frankie... – O mais velho sorriu, e Frank foi incapaz de se manter afastado quando o outro lhe abriu os braços, num convite silencioso para que se deitasse junto a ele. – Tá tudo bem... – Way sussurrou quando seu namorado se aninhou em seus braços. – Não precisa segurar mais... – Sorriu fraco ao sentir seu namorado lhe apertando carinhosamente, enquanto encaixava o rosto na curvatura de seu pescoço e soltava um suspiro aliviado, junto com algumas poucas lágrimas.

-Vai ficar tudo bem... – Ele disse.
Gerard tinha a sensação de que o moreno dizia aquilo mais para sí do que para o outro. Deslizou os longos dedos pelo cabelo bagunçado e pouco comprido de Frank, antes de suspirar.

-Não, Frank... Nós dois sabemos que não vai. – Ele fez uma pausa, esperando que o outro o contestasse. – Em menos de uma semana eu estarei morto... Não vou poder casar, ter filhos, quiçá uma vida normal. Você vai voltar a estudar, recuperar seu emprego e se tornar um psicólogo de primeira. Vai ter uma família e seguir em frente... Viver sua vida sem me ter ao seu lado. – Foi diminuindo a voz, a medida que Frank o apertava mais, e chacoalhava a cabeça negativamente.
O garoto sabia que não ia ficar tudo bem, mas ver seu homem ali, mesmo que com aquela aparência doentia, lhe trazia alguma mísera esperança ilusória. Ele se sentou na cama, limpando as lágrimas com o dorso das mãos tatuadas.

-N-Não é assim... – Ele começou.

-Pare, Frank... Você precisa parar de se enganar. Eu te amo, mas não é uma opção minha. Eu ao menos queria te fazer feliz por mais tempo. – Gerard soava triste, olhando para um ponto qualquer no quarto, apenas para não manter contato visual com seu namorado.

-V-você... você não pode dizer essas coisas. – Frank se levantou. – Não pra mim. – Ele olhou para ele mais uma vez antes de sair e bater a porta do quarto atrás de sí.
Mesmo com tudo fechado, Way pode ouvir seu menino soluçando e saindo correndo pelos corredores. 

         E era verdade.
Os ponteiros do relógio de Gerard corriam rápido, e como um relógio defeituoso, ninguém saberia quando eles iriam parar. Talvez hoje, ou amanhã. Talvez sexta que vem, ou daqui a cinco minutos.
No fundo, Frank fizera o mais velho esquecer de tudo o que havia passado naqueles últimos anos. A depressão que lhe fazia companhia constantemente, o desanimo, o cansaço.
Tudo parecia sumir de uma hora para outra, assim que Frank entrara de uma vez em sua vida.
Aquele garoto hiperativo e cuidadoso, que as vezes deixava suas próprias necessidades para atender a dos outros. A real verdade era que Frank era a própria luz. Ele sempre estava lá para o que Gerard precisasse, e o amava incondicionalmente, sem medir seus atos para o fazer. Provara isso ao largar seus estudos, e deixar de seguir seus sonhos apenas para apoiar Gerard em sua decisão, que até agora era abandonar o tratamento e viver o pouco de vida que lhe restaria.
Mas essa escolha foi deixada para trás no momento o qual os lábios de ambos se separaram após o primeiro beijo. Ali, naquele singelo momento, Way decidira que lutaria por sua vida. Lutaria para ter seu menino a seu lado por muitos anos mais, para ter mais beijos como aqueles, para acordar todos os dias olhando aquele sorriso que tanto amava. E então começou o tratamento novamente, e a cada passo dado, seu corpo enfraquecia mais.
Não era apenas a reação da quimioterapia, como acontecia antes.
Era pior, bem pior.
         E agora estava ali, deitado naquela cama de hospital, pensando em quanto tempo levaria para que tudo aquilo acabasse.
Antes de adormecer, Gerard concluiu que não tinha nada com o que se preocupar em sua vida, afinal, ele nunca conquistara nada mesmo. Way sabia que no final de tudo, a pior parte seria ter de deixar seu menino.

 

         Quando acordou, naquele dia mais tarde, piscou algumas vezes para descobrir se o que via não era mais uma de suas alucinações colaterais de seus remédios para dor.
Diante de seus olhos, estava Frank.
Seu Pequeno estava ali, usando uma calça jeans menos surrada, camisa social e paletó. Carregava uma rosa branca e uma pequena caixa que Way parecia não ter notado até então.

-O que significa isso tudo? – O enfermo sorriu. Parecia um pouco melhor agora, com um pouco mais de cor em seu rosto. O verde de seus olhos parecia mais vívido.

-Gerard Arthur Way... Hoje, eu decidi tentar te dar um pouco mais de alegria. Mas, vai depender de você. Será que o homem da minha vida, aceita ser meu marido? – Frank sorria, e ajoelhava ao lado da cama aonde Way estava. O encarou com os grandes olhos cor de avelã, segurando a caixinha agora aberta, que revelava um par de alianças douradas.
Os objetos reluziam a luz daquele quarto de hospital, fazendo a faixa de brilhantes cravejados ali, cintilar de acordo com os movimentos.

-E-Eu... Frank, não acredito que você... – Gerard estava sem palavras, só conseguia rir baixinho do jeito afobado o qual o garoto se apresentava, claramente nervoso.

- Só diz, Gordinho... Você quer ser meu pra sempre? – Frank deixou a flor no criado mudo ao lado da cama, e aproximou-se de seu amado. Sorriu ao colar suas testas, e ao sentir o nariz afilado de Gerard roçando-se ao seu, esse último segurava as mãos do namorado.

-É claro que sim, Frankie... É claro que sim. – E então se afastaram minimamente, até que Gerard pudesse pegar uma das alianças e colocar no dedo anelar esquerdo de Frank, observando a joia ressaltar as tatuagens em seus dedos.
Iero repetiu o ato, pressionando seus lábios contra os de Way num toque singelo logo depois.
Gerard quase pulou de susto quando duas enfermeiras entraram no quarto carregando um daqueles carrinhos que usavam para transportar comida, aonde tinham alguns cupcakes com cobertura de chantilly.

-Acho que alguém aqui precisa de uma caneta para assinar certos papéis. – Seu médico entrou logo atrás delas, segurando uma prancheta, a qual foi entregue nas mãos de Gerard no segundo seguinte.

         O de olhos verdes correu os olhos pelas folhas impressas, e se surpreendeu ao perceber que não eram laudos médicos, e sim uma certidão de casamento reconhecida pelo cartório da cidade.

-Tenho um amigo juiz. Não hesitei em ajudar quando Frank me pediu ajuda para isso. Meus parabéns, Way... ou melhor, Iero. – O senhor de idade deu tapinhas amistosos no ombro de Gerard, que assinava os documentos e intercalava olhares entre as folhas e seu mais novo marido.

-Fizemos o melhor que pudemos na cozinha do hospital. Foi difícil driblar a cozinheira chefe, mas nós conseguimos fazer um agrado. Meus parabéns. – Uma das enfermeiras disse e saiu logo depois, sendo seguida pela outra moça e pelo médico, que levou consigo os documentos assinados, prometendo que os iria entregar para a tia de Gerard, Marie.

- Eu amo você... – O mais velho proferiu assim que se viu sozinho com Frank, o puxando para um beijo afobado, sorrindo ao desfrutar daquele momento tão especial.

-Eu também amo você, Gee.



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