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História Canções Perdidas - Capítulo 15


Escrita por: GiuBlue

Notas do Autor


Olá CPrianas! Vocês ainda estão aí? Meu Deus, que saudade de escrever nessas notas. Ok, todo mundo deve estar pensando, o que essa louca tá fazendo aqui de novo? Bem... Como eu já expliquei antes, diversas vezes, eu me afastei por causa dos meus estudos e ano passado principalmente. Aconteceram muitas coisas em minha vida, enem, curso técnico, ensino médio, curso de inglês e uma viagem maravilhosa. Então, eu tive que escolher entre ter uma vida real e ter uma vida virtual. Enfim, senti muita falta de escrever, pensei muitas vezes em desistir das minhas fanfics, mas no fim... é mais forte que eu kkkk. Então, aqui estou de novo. CP tem muita história ainda, muita coisa vai rolar. Esse capítulo era pra ser mais longo, mas eu percebi que iria ficar muito grande então eu dividi em dois. Para as antigas leitoras de CP que acham que sabem o que vai acontecer, adivinhem? Mudei tudo. :D Essa era uma parte que me incomodava muito, eu sempre achei que deixava a desejar. Não é um dos melhores capítulos, pelo menos não é o meu favorito, mas eu espero que vocês gostem. Vou ficando por aqui, porque as notas já estão enormes. Beijos do Hazza.

Capítulo 16 - Capítulo 15


 - O que? – Meu corpo gelou e estremeceu ao mesmo tempo. Não afastei Nora de mim, porque de repente eu também estava entrando em desespero.

 - Eu estou tão, tão ferrada. – Ela choramingou.

 - Meu Deus, Nora. Meu Deus, Meu Deus, Meu Deus. O que foi que você fez garota? - Soltei-me dela lentamente e fitei seu rosto. As bochechas estavam úmidas assim como minha camiseta e os olhos dela estavam vermelhos de tanto chorar. O corpo de nora tremia com espasmos e eu não sabia o que fazer para acalma-la.

 - Lika, eu não sei o que fazer. - Ela falou. Muito menos eu. Puxei o ar com força e soltei aos poucos. Eu sabia o que aquilo significava para minha família. O que significava para minha irmã.

 - Quem mais sabe sobre isso?

 - Só você. - O peso caiu sobre seus ombros. Eu havia sido a primeira a descobrir da gravidez de Nora. Logo ela, minha conselheira e experiente irmã, a garota exemplo. Meu espelho particular. Eu tinha a sensação que havíamos trocado de lugar. Enquanto eu finalmente havia me envolvido com Harry, o genro dos sonhos da minha mãe, Nora havia cometido um dos piores pesadelos do meu pai... estava grávida de um peão. Era a primeira vez que eu teria que exercer o papel de irmã mais velha, aquilo era assustador. Fechei os olhos fortemente em dúvida se deveria lhe dar uma bronca ou simplesmente lhe dar um ombro amigo.

 - Está tudo bem, Nora. Calma. - Falei segurando suas mãos. - Vai dar tudo certo, ok? – Abracei-a de novo. – Nós vamos achar um jeito de concertar isso.

 - Lika... O papai... – Senti uma pontada no coração. Se meu pai visse o estado de Nora, eu não tinha certeza se ela conseguiria esconder isso dele, pelo menos não naquele momento em que estava tão frágil.

 - Tudo bem, respira fundo. Preciso que segure a onda e me escute. Primeiro temos que nos esconder do papai e decidir o que você vai fazer em relação a isso.

 - Eu tenho medo Lika, muito medo. – Ela ainda chorava e mantinha a cabeça abaixada balançando em negativa.

 - Calma, eu prometo que vou ficar do seu lado, tá bom?

 - Você promete?

 - Prometo que tudo vai ficar bem Nora. - Peguei sua mão com mais coragem. Sempre sendo a louca da família nunca imaginado que alguma fez em minha vida teria que atuar com o papel de responsável. Cá entre nós essa não era a minha marca. – Limpe essas lágrimas, nós vamos pra o celeiro e vamos conversar. Tudo bem? – Ela assentiu com a cabeça. – Ótimo. – Enlacei seus ombros em um gesto de segurança.

 

  Quando chegamos Harry e Adam ainda estavam lá, os dois batiam papo, mas pararam assim que viram minha camiseta úmida e os olhos vermelhos de Nora. As expressões deles mudaram de relaxados para interessados, não de um jeito bom.

 - Droga. – Murmurei. Havia me esquecido que eles estavam ali.

 - Alguém morreu, garotas? – Adam perguntou de um jeito divertido e desmanchou o sorriso lentamente quando observou melhor a situação de Nora. – Ei, o que aconteceu? – Ele questionou um pouco mais preocupado.

 - Tá tudo bem Nora? – Harry perguntou. – Rapunzel? Aconteceu alguma coisa?

 - Adam, vá na cozinha e pegue um pouco de água para Nora. Não diga a ninguém que está vindo pra cá e nem que estamos aqui.

 - Como assim, Lika? Virei seu capacho agora? – Fechei os olhos com força e contei até três. – Por que não posso dizer a ninguém?

 - Adam, por favor. – Pedi com os dentes cerrados.

 - Tudo bem, tudo bem. Já estou indo, patroa.

 - Obrigada. – Respondi. – Harry seu quarto está aberto? Vou precisar usá-lo.

 - Rapunzel...

 - Nora vá indo, eu estou bem atrás de você. - Ela virou-se e sozinha, começou a subir as escadas pequenas que levavam até o antigo quarto de Harry.

 - Lika... Você pode, por favor, me explic...

 - Não posso falar agora.

 - Veronika! – Ele gritou segurando meus ombros e me virando de frente para seu corpo. Seus olhos estavam preocupados, verdes escuros naquela tarde e a testa franzida como quando costumava se concentrar em algo. Suspirei enquanto ouvia a porta do quarto se abrir e fechar de um jeito estrondoso.

 - Nora está grávida.

 - O que? – Ele murmurou.

 - É isso aí. – Um silêncio longo se perpetuou entre nós. Acho que ele estava digerindo a mensagem.

 - Como isso aconteceu? – Revirei os olhos.

 - Como você acha?

 - Isso é loucura, você tem certeza?

 - Pior que sim. – Mordi minha boca apreensiva.

 - Pobre Nora...

 - Harry... – Enlacei sua nuca. – Preciso da sua ajuda. Não sei o que fazer. Não sei o que dizer a Nora, não sei ser a irmã mais velha. – Ele olhou meu rosto e acariciou minhas faces.

 - Seja você mesma, é só do que ela precisa. – Harry selou nossos lábios. Dei um pequeno sorriso e uma pequena luz de felicidade ultrapassou meu corpo em meio àquela confusão.

 - Preciso que me faça um favor, não deixe que ninguém venha ao celeiro hoje, se qualquer pessoa perguntar por mim ou por Nora, diga que fomos as cachoeiras e que só vamos voltar a noite. – Soltei sua nuca e abracei sua cintura. – Conte ao Adam se preciso, mas não deixe que mais ninguém saiba sobre a gravidez de Nora.

 - O que? – Adam apareceu na porta do celeiro. Ele tinha a péssima mania de chegar sempre que eu estava abraçada a Harry. – A Nora tá grávida? – Ele perguntou.

 - É a minha deixa. – Eu sussurrei em seu ouvido. Soltei-me de Harry e peguei a jarra de água e o copo da mão de Adam. – Não pira. – Falei ao meu primo. Passei pelos dois e segui para o quarto.

 - Toma conta dela Lika. – Harry falou.

 - Vou tentar. – Falei.

 - Como assim a Nora tá grávida...? – Foi a última coisa que eu ouvi antes de fechar a porta do quarto.

 

 

  - Então...quer dizer que você, a criatura mais precavida de todos os tempos, transou sem camisinha?! – Questionei raivosa. Nora tremeu e encolheu os ombros.

 - Tá, foi muito rápido, eu esqueci...a gente esqueceu.

 - Anticoncepcional é uma palavra que deveria existir no seu dicionário! – Gritei.

 - O negócio é que a Kate não veio pra cá esse mês e meus anticoncepcionais acabaram!

 - E como foi que você descobriu que estava grávida? – Perguntei. Nora suspirou e bebeu outro gole da água.

 - Tem uma semana que estou desconfiada. Faz mais de 15 dias que minha menstruação atrasou e ela nunca atrasa. Então... – Ela bebeu outro gole da água. – Eu pedi a minha colega de classe pra comprar um teste de gravidez pra mim. Paguei a ela com o dinheiro do almoço.

 - Se ela podia comprar um teste de gravidez por que não pediu pra comprar anticoncepcionais pra você?!

 - Lika, por favor... – Nora pediu com a voz embargada. – Eu sei que fui uma idiota, não precisa me lembrar disso, tá bom? – Suspirei pela milésima vez naquele dia.

 - Tudo bem, me desculpe. – Descruzei meus braços e me desencostei da escrivaninha, sentei-me ao lado dela da cama e tomei de sua mão o copo com água terminando de beber ele em dois goles. – E então? O que pretende fazer?

 - Ai Lika, eu não faço a mínima ideia. – Ela resmungou.

 - Sério? Nora, a garota que tinha planos e regras pra tudo não tem ideia do que fazer? Essa é nova. – Nora franziu a testa irritada.

 - Como você consegue ser irritante nesse tipo de situação? – Ela revirou os olhos me fazendo rir.

 - É um dom. – Respondi. – Sabe, não precisa ter esse bebê, nós podemos procurar um jeito de você tirar ele, sei lá...

  - Não, não! Está louca? Isso é pecado!

 - Bom, olhando por um lado você já pecou...

 - E veja em que problema eu me meti. – Ela fitou-me e pegou o copo da minha mão. – Não vou pecar de novo. É um erro tremendo.

 - Tem razão. – Refleti. Ela se levantou e encheu o copo de novo. – Você pode colocar a criança para adoção. Vai pra cidade, passa um tempo lá fingindo que tá estudando e volta depois...

 - Qual é o seu problema, Lika?

 - Só estou procurando um jeito de você não ser morta pela nossa família. Você sabe que eles vão ficar loucos se souberem.

 - Eu sei. – Ela disse bebendo água. – Eu vou ter esse bebê.

 - Então você pode fugir também, sei lá.

 - Vem cá, você não tem ideias que não envolvam eu me afastar ou da fazenda ou do bebê?

 - Tá bom. Tá bom. Vamos recapitular... Nada de abortos, nada de doação e nada de fugas.

 - Isso aí.

 - Ok, vamos pra o plano D. Você vai contar pra o John? – Nora parou por alguns instantes me olhando. Acho que ela estava pensando.

 - Sim... Não... eu não sei bem. – Ela murmurou e sentou na cama de novo. – Lika, olha, eu sempre sonhei em ter filhos, mas eu não imaginava que seria antes de casar e ter um lar estável. Eu amo John, só que eu não quero que ele fique comigo só por causa do bebê. - Sabia muito bem do que ela falava, eu também sentia aquela necessidade, mas não imaginava que os sentimentos de Nora haviam chegado àquele ponto.

 - Você tá ferrada.

 - Obrigada por lembrar. – Ela encostou a cabeça em meu ombro e eu acariciei seu cabelo. – Como você faz? Você apronta mil e uma coisas na fazenda, mas eu nunca te vi em uma situação parecida.

 - Tenho tentado me afastar de qualquer problema que envolva homens.

 - Queria ter pensado nisso antes como você. – Ela disse. A resposta de Nora me deixou em choque por alguns segundos.

 - Queria, é?

 - É. – Ela suspirou. – Às vezes, eu tenho vontade de ser mais impulsiva, mais livre e explosiva como você. Sempre invejei isso em ti, irmã. Você não liga o que falam, não liga pra regras, não liga pra o que a mamãe reclama. Você não liga pra nada e isso te livra de muitas preocupações. – Nora disse me deixando surpresa. – Foi por isso que me envolvi com o John, é assim que me sinto perto dele, sempre. – Eu sorri discretamente.

- Nunca pensei que escutaria isso da sua boca.

 - E nunca mais vai ouvir. Aproveite o que escutou, não vou mais repetir. – Eu ri de novo e fui seguida por ela.

 - Seria estranho se eu dissesse que também sempre te invejei? Você é a garota certinha, a feminina, a que cuida das coisas de casa. Mamãe vive querendo me transformar nessa garota e eu nunca consegui ser o que ela queria. Diferente de você, que é a filha dos sonhos dela.

 - Lika, você é a filha predileta do papai e acho que daqui pra frente eu não sei se vou ser a filha dos sonhos da mamãe. – Ela levantou os ombros. – Eu nunca fui na verdade, só dentro de casa.

 - É Nora, que presente de aniversário maravilhoso você tá me dando. Um sobrinho. – Ela deu um sorriso triste.

- Feliz aniversário adiantado.

 - Que ótimo. – Resmunguei. – Ok, nós não temos um plano, mas talvez o pai do seu filho tenha um.

 - Não... Lika... – Ela se soltou de mim e fitou meu rosto com pavor.

 - Você prefere ver o pai do seu filho ou o seu pai? – Questionei.

 - Eu não sei qual me assusta mais.

 - Bom, até onde eu sei ele é um cara legal. Você confia nele?

 - Eu não sei, nunca coloquei a prova.

 - Legal, vamos fazer isso agora. – Falei me levantando. – Vem comigo. – Puxei seu corpo pela mão. – Pretendo resolver isso ainda hoje.

  Desci as escadas rapidamente na frente de Nora e esperei que ela descesse em seu tempo de tartaruga.

 - Aonde estão indo? – Adam questionou assim que me viu esperando no fim da escada.

 - Vamos contar ao pai do filho da Nora... que ele vai ser pai. – Respondi.

 - Ótimo, vou com vocês. Cadê minha espingarda, você viu Harry? – Meu primo respondeu.

 - Não tem um jeito menos trágico de dizer isso a ele? – Harry perguntou.

 - Você vai ficar aqui Adam, tenho certeza que meu pai vai precisar de você mais tarde...e eu preciso que você esteja aqui quando ele te chamar. – Falei e virei-me para Harry. – E você, vai ficar encarregado de manter a boca do Adam fechada.

 - Eu acho que tenho a tarefa mais difícil. – Harry reclamou.

 - Nora quem foi que fez isso com você? – Ele se adiantou aproximando-se da minha irmã. Ela arregalou os olhos e ficou parada.

 - Não diga. – Falei.

 - Me fale, Nora, eu vou matar esse desgraçado agora.

 - Você não vai matar ninguém. Cuide pra que ele não faça isso também Harry.

 - Bom...essa tarefa é mais fácil.

 - Vamos, Nora.

 - Espere, vocês vão mesmo contar pra o pai da criança? Por quê? Ainda dá tempo de tirar...

 - Por que todo mundo acha que eu não quero esse bebê?! – Nora perguntou explosiva.

 - Por que vai acabar com a sua vida? Você sabe que seus pais vão ficar loucos. – Adam se aproximou dela. – Nora, por favor, não faz isso com você.

 - Eu não tenho bem uma escolha, Adam. – Ela disse e suspirou. – Vamos acabar logo com isso, Lika.

  Nós nos afastamos deles e seguimos para o estábulo para buscar Chica. Antes de me virar eu vi o rosto do meu primo e ele estava contorcido em um sentimento angustiante que eu não soube decifrar.

 

 

   Eu juro que tentei ir mais devagar pela Nora, mas meu instinto ansioso falou mais alto. O caminho até a fazenda Piaget, naquele dia, custou metade do tempo que eu costumava usar. Eu imaginei que minha irmã fosse reclamar, mas talvez ela estivesse tão ansiosa quanto eu.

  Os padrões da fazenda Piaget nem chegavam aos pés da Pé de Serra. Era um pedaço de terra pequeno e não se envolvia com negócios relacionados a pecuária. Todo o dinheiro que sustentava a fazenda vinha do mel que era incrivelmente bom e conhecida pelo condado. Os dois irmãos Piaget, Noah e John, filhos da senhora Kelly, trabalhavam em fazendas vizinhas por opção própria. As filhas da senhora Jenna, Diana, Sasha, Lily e Hilary, ajudavam na apicultura.

  Kelly era viúva fazia três anos. Ninguém me explicou realmente o que aconteceu, o que eu soube foi que ele fora assassinado. Foi uma morte bastante triste e que abalou a família profundamente. Em relação a Jenna, ninguém nunca soube quem eram os pais das filhas dela, pelas fofocas que rondavam diziam que cada uma era de um pai diferente. Mas não sei se isso explicaria o fato de eu nunca a ter visto acompanhada de um homem.

  - Siga até os estábulos, tenho certeza que ele ainda não saiu. – John, costumava trabalhar integralmente na Pé de Serra e ele até teria ido ajudar seu irmão, Noah, naquele verão se não tivesse aceitado antes a oportunidade de fazer um curso de especialização em mecânica na aldeia. Nas fazendas não havia tantas pessoas que sabiam concertar carros, ele poderia ganhar dinheiro extra sendo um mecânico e ele provavelmente havia sido influenciado pelo irmão que também era ótimo com carros.

  Não me surpreendeu o fato de Nora saber onde poderia estar. Ela deveria ter feito aquele caminho diversas vezes. O barulho dos trotes da égua sobre a terra fazia certo barulho e chamou a atenção de John que terminava de selar seu cavalo. Ele estava prestes a sair acredito, quando se virou e caminhou em nossa direção.

  O fitei de cima abaixo e franzi minhas sobrancelhas, cerrando os olhos. Ele sorriu quando percebeu que Nora me acompanhava e aquilo só fez me lembrar o que ela estava carregando no ventre. 

 - Ei! O que estão fazendo aqui? - O peão perguntou e segurou a cintura de Nora a tirando de cima da cela. Ele fitou o rosto inchado da garota e franziu o cenho. - O que houve?. - Desci de Chica sozinha e coloquei as mãos na cintura.

  Como eu já mencionei antes, às vezes acho que eu deveria ter nascido menino. Naquele instante que vi  minha irmã nos braços de John meus instintos falaram mais alto do que minha consciência. Podia até escutar todos os conselhos que minha mãe já tinha me dado.

Seja compressiva.

Tenha paciência.

Não seja impulsiva.

Aja com delicadeza.

   Eu não segui nenhum deles. Antes que John fizesse qualquer outra pergunta, minha mão voou em seu queixo em um cruzado muito bem feito. O rapaz desorientado e confuso caiu no chão desequilibrando Nora levemente.

 - Lika! - Minha irmã gritou.

 - Você tá louca?! Poderia ter acertado sua irmã! - Ele disse.

 - Sinta-se privilegiado por ter sido acertado por mim e não pelo meu pai.

 - Eu não tenho tanta certeza disso. - John murmurou massageando o maxilar.

 - Vamos, não fique aí parada, me ajude a levantá-lo.

  Estendi minha mão para John e o puxei com força. Ele se levantou e me fitou com uma interrogação no rosto.

 - Por que me socou? O que foi que eu fiz? - O garoto perguntou intercalando os olhares entre eu e Nora. Entreolhei-me com minha irmã e voltei a encarar o peão.

  - Eu acho melhor você estar sentado quando a Nora falar.

 

 

  - Como assim grávida?! – Ele arquejou enquanto colocava gelo, enrolado em um pano, no queixo. – Como isso aconteceu?

 - Bom... – Dei de ombros. – Você deve saber disso melhor que eu.

 - Tudo bem, tudo bem. Essa parte eu me lembro.

 - Já é um começo. – Murmurei.

 - Você tem certeza, Nora? – Ele perguntou. – Pode ser que seja outro problema...

 - Eu tenho certeza, fiz o teste John.

 - Tudo bem... – O garoto puxou o ar com força e soltou aos poucos. Ele estava tendo a mesma reação que a minha, chegava a ser cômico. Observei os traços bem definidos do rapaz, a mandíbula quadrada e a barba por fazer. As longas perna dobradas mal cabendo abaixo da mesa. Eu podia imaginar porque minha irmã se envolvera com ele, John era muito bonito e fazia exatamente o tipo de garoto ela gostava.  – Isso é tão louco. – Ele murmurou e colocou o pano sobre a mesa, estava surpreso, talvez pelo fato de só ter 18 anos e ter recebido a notícia que iria ser pai. – Seus pais já sabem?

  - Não mesmo. – Nora respondeu rápida.

  - Nosso pai chegou essa tarde e ele vai enlouquecer quando souber. – Falei. John massageou o maxilar, acho que ele pensou como iria doer se tivesse sido o meu pai quem tivesse lhe socado.

 - Eu posso imaginar. – Ele pigarreou e levantou os olhos para Nora. – Acho que minha mãe vai ter a mesma reação. – John riu. Rir é uma coisa boa, né? Tentei me convencer. Eu não sabia bem o que esperar daquela situação, só queria que as coisas se resolvessem da melhor forma possível e que minha irmã ficasse bem.

 - Provavelmente. – Nora respondeu e retribuiu o sorriso.

 - E aí?

 - E aí o que? – Questionei.

 - Quando vamos contar ao seus pais?

 - Bom... Eu não sei se quero dizer logo que estou grávida, vai ser difícil pra eles aceitarem.

 - Não do bebê, do casamento.

 - O que? – Nora questionou paralisada.

 - Não vou deixar você rodando por aí com um filho meu na barriga. – Ele pronunciou. Encostei-me na bancada da cozinha, cruzei os braços e dei um sorriso de canto, apenas assistindo. – Tenho certeza que vai ser exatamente isso que seus pais vão querer.

 - Mas... eu pensei...

 - Que eu não assumiria a criança?

 - John, não quero que se case comigo por obrigação. Não quero me casar com você porque os nossos pais querem que nos casemos. Não vou fazer isso contigo.

 - Nora... – John revirou os olhos e riu se levantando. Ele afastou uma mexa do cabelo do rosto dela e a fitou. Eles tinham uma diferença de altura muito grande e ficava mais perceptível quando ficavam juntos. – Eu quero me casar com você. Sabíamos que isso iria acabar acontecendo algum dia, eu só não esperava que acontecesse tão rápido. Está sendo uma surpresa com certeza. – Ele riu. – E os primeiros meses vão ser difíceis, mas, porra, eu amo você. Eu vou dar um jeito, você não tem com o que se preocupar.

  Nora abriu um sorriso lento e eu pude ver os olhos dela brilharem com lágrimas de novo.

 - E então? O que me diz? – Ela gargalhou e envolveu o pescoço dele subitamente.

 - Tudo bem. – A garota se limitou a dizer e a rir como uma boba. Mal percebi quando começou a chorar de novo.

 - Você ouviu bebê? Seus pais vão se casar. – John se afastou de Nora e se concentrou em sua barriga. Ela riu de novo.

 - Não acho que ele possa te ouvir, pelo menos não agora.

 - Ele? – John ergueu a sobrancelhas e acariciou o ventre da morena.

    Ótimo. Pensei. Eu nunca tinha visto o peão ser tão carinhoso e delicado. A maioria das vezes em que eu o via, ou estava xingando alguém ou falando alguma idiotice. Mas, eu nunca tinha ouvido nenhum boato dele traindo suas namoradas e aquilo era suficiente para mim.

   Pigarrei brevemente e me desencostei da bancada.

  - Eu vou... dar uma volta por aí. Vou deixar vocês a sós. – Dei um sorriso de canto e me direcionei para onde eu tinha deixado Chica. Me aproximei dela e acariciei sua cabeça.

  - A Nora tá grávida e vai se casar. – Disse para a égua. – Você não acha louco o fato da minha irmã mais nova se casar primeiro que eu? – Murmurei para a égua. – Não que eu me importe, você sabe que eu não ligo pra essas coisas de casamento. – Ela relinchou e ficou um pouco alarmada, mexendo o rabo. – Tudo bem, tudo bem, eu ligo um pouco, mas realmente não me importo. Eu pensei que iria, mas não. Estou feliz, na verdade. Mas não deixa de ser loucura pensar que ela vai ter um bebê. – Sorri e voltei a acaricia-la.

  Eu sei, eu sei. Era loucura conversar com animais e acreditar na remota possibilidade deles me entenderem. Mas, quando eu ficava levemente irritada, nervosa ou quando qualquer assunto me incomodava, Chica Rosa era minha melhor ouvinte, até porque ela não me repreendia, apenas me escutava.

  Depois de longos vinte e trinta minutos, não sei dizer quanto exatamente, escutei trotes no caminho de terra que vinha da fazenda Pé de Serra. Franzi minhas sobrancelhas quando percebi o cavalo acinzentado e tão familiar se aproximar de mim. Trovão diminuiu a velocidade ao tempo que Harry descia rápido e ofegante para falar comigo.

 - O que houve? – Perguntei preocupada.

 - É o Adam. – Ele disse com a voz entrecortada. – Ele contou ao seu pai sobre Nora.

 - Droga Harry! Eu disse pra manter a boca dele fechada! – Exclamei.

 - E eu disse que não seria uma tarefa fácil.

 - E agora? – Questionei.

 - E agora que o seu pai tá no portão da Pé de Serra com todos os outros caras da sua família, cada um com uma arma esperando vocês voltarem e contarem quem é o pai do bebê. 


Notas Finais


Eu queria agradecer suas lindas, por terem comentado e favoritado CP por todo esse tempo que ela não foi atualizada. Recebi MP, mensagens e Asks de vocês me perguntando se eu iria continuar e admito que só voltei a escrever por vocês. Obrigada pelo carinho e por tudo. Eu espero que tenham gostado do capítulo, não foi lá essas coisas, mas também não foi muito ruim. Me desculpem, pelos erros e pela demora kkkk. Amo vocês, beijos do Hazza e até a próxima :*
https://ask.fm/GiuBlue


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