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História Candor Lunar: Livro 2 - Capítulo 9 - Princesa Bella


Escrita por: Earendil

Notas do Autor


Bem, esta demora foi necessária.

A fic está passando por estudos estratégicos para o futuro. hahaha

Valeu gente.

Capítulo 10 - Capítulo 9 - Princesa Bella




Princesa Bella



O quarto era amplo e arejado, iluminado pelo sol da manhã, ficava em uma das várias torres deste palacete antigo e charmoso; o ar do dia recém desperto entrava fresco pelas grandes janelas de correr fazendo com que as cortinas de seda branca esvoaçassem preguiçosamente pelo quarto.
A cama era de dossel, alta e sólida, feita de carvalho enegrecido; havia cortinas brancas também suspensas pelos varões da estrutura, além de lençóis macios e imaculadamente alvos, dezenas de almofadas coloridas espalhavam-se pela superfície do móvel. Havia uma mobília elegante em estilo rústico, um grande guarda-roupa, e um grande baú aos pés da cama; uma cômoda e um divã de couro marrom completavam o ambiente harmonioso. No chão, um tapete caramelo de fios refinados e trançados se espreguiçava pelo chão de tacos lustrados.
No lado oposto à cama, uma lareira graciosa escancarava sua boca escura, não havia fogo, o ar estava quente e a primavera parecia fluir pelos campos afora e nas vozes dos pássaros animados que passavam em revoada pela janela aberta.
Seria um lugar de sonhos se não fosse uma prisão.

Este erra um dos vários aposentos de Volterra ao que eu e Alice fomos confinadas, havia um guarda a postos na minha porta do mesmo modo como outro tomava conta do quarto de Alice. Mas não seriam necessários guardas para me fazer ficar calada, Caius tomara Renesmee de mim através do feitiço de Chelsea, eu estava cativa da vontade dele desde então.
Quill era mantido numa cela do outro lado do pátio, Caius não gostava dele ou de qualquer um que pudesse se transformar num lobo gigante, mas Aro havia despertado um interesse clínico nos poderes dos quileutes e estava determinado a compreender qual era a origem deste poder. Parece que qualquer coisa que emane poder desperta a atenção dos Volturi, preferiria que nenhum de nós tivesse qualquer dom para alimentar a cobiça dos três.
Eu estava sentada sobre a cama, admirando o azul infinito do céu e perdida em meus próprios pensamentos; sentia saudade de minha casa, dos meus amigos, de minha família, de meu pai e, principalmente, de Edward. Eu sentia que ele estava vivo, não acreditava nem por um segundo que tivesse morrido naquela batalha sem propósitos... mas minha esperança começava a minguar.
Subitamente ouvi uma batida na maçaneta da porta e um segundo depois o guarda a abriu para que Alice entrasse, seus passos leves e delicados a trouxeram até mim, seu porte de fada-menina me desafiava a não conseguir sorrir quando eu a encarava... Alice era minha luz nos últimos dias.
- Como você está? – ela perguntou vindo até mim e sentando-se ao meu lado na cama.
- Eu não sei – respondi – É como se várias parte de mim estivessem faltando.
- Bella, você precisa fazer alguma coisa para trazer Renesmee de volta e libertá-la das garras daquela Chelsea nojenta.
- Mas o que eu poderia fazer? Cada movimento meu está sendo observado, desde aquela desastrosa tentativa de libertar as pessoas no navio os Volturi se tornaram algozes até mesmo de minha vontade.
- Você não consegue pensar em nada? – ela me perguntou com cuidado e eu percebi o tom ambíguo na sua voz.
- De que está falando, Alice?
- Bem, pelo que me contou... o grande rei demonstrou interesse em você.
- O quê? – eu disse alto demais e voltei a baixar o som e minha voz saiu sibilante e impaciente – Mas o que está tentando me dizer, Alice?
- Vou resumir – declarou ela com impaciência – Aro Volturi está interessado em você, sabe-se lá por que, deste modo, você deveria aproveitar e insinuar certo interesse no grande rei para poder conseguir alguns favores especiais, entendeu agora, cunhadinha?
- Você perdeu o juízo? – eu literalmente gritei para Alice e ela imediatamente tapou minha boca com sua mão.
- Por favor, não resolva ter um ataque agora! Escute-me, Bella você não consegue visualizar esta oportunidade? Aro Volturi quer você, isso foi deixado claro nas insinuações dele, se você fizer o jogo dele pode ser que consiga libertar Renesmee mesmo com Caius ordenando o contrário, afinal, quem manda aqui é Aro.
- Eu não posso fazer isso, você está louca? E quanto a Edward e...
- Ah, Bella, me poupe – resmungou Alice abanando as mãos na minha cara – Eu estou dizendo apenas para você fazer o joguinho do Aro dando a entender que é conivente com suas investidas, pode ser nojento e tal, mas não temos escolha! É um meio de melhorar nossa situação, a de Renesmee principalmente, até pensarmos num meio de escaparmos deste lugar.
- Isso não vai dar certo... ou você previu alguma coisa?
- Claro que não! Eu estou coibindo meu dom o máximo que consigo... sempre que uma visão insinua aparecer eu a evito instantaneamente.
- Por quê? – eu perguntei curiosa.
- Aro Volturi tem o poder de ver todos os pensamentos que alguém teve, Bella. Se eu tiver alguma visão, qualquer que seja, basta ele me tocar para saber o que eu vi, e se por um acaso, nossa família estiver vindo nos buscar em uma tentativa de nos libertar... imagine só o que aconteceria se Aro soubesse antecipadamente as ações deles através de mim.
- E você acha que eles estão...?
- Eu não sei, e na nossa situação é melhor que não saibamos de nada.
- Conseguiu mais alguma informação com Matheu? – eu perguntei, o guarda Volturi que nos guardava desde a captura parecia simpatizar conosco.
- Não muito, ele não tem acesso aos propósitos dos Volturi, é apenas um guarda, mas parece que Nessie está sendo vigiada de perto por nossa amiga Jane.
- Eu vou matá-la quando tiver a chance – vociferei.
- Sim – disse Alice baixinho – Mas não ainda, nós temos de ser cautelosas, Bella, a nossa situação está delicadíssima, por isso, vamos agir com a cabeça e não com os sentimentos. Leve adiante este plano com Aro e liberte Renesmee dos laços de Chelsea, é o que mais importa no momento... depois pensaremos em melhorar a situação com Quil. Mas por enquanto, não temos alternativa a não ser ficarmos quietas.

Uma batida na porta fez Alice se calar, o guarda entrou e isso significava que nosso tempo juntas havia terminado, depois do motim que armamos no navio, os Volturi ficaram mais precavidos com nós, não nos deixavam permanecer no mesmo lugar por muito tempo.
Alice deixou um beijo leve em meu rosto e partiu com seus passos sussurrantes me deixando sozinha neste quarto imenso, pensei por alguns momentos em tudo o que ela me disse e apesar de achar sua idéia absurda... talvez fosse a brecha que precisávamos.
Por algum motivo que desconheço, Aro Volturi vinha constantemente me agradando, desde as suas visitas estranhas no convés do navio durante a viajem para Volterra até o fato de me dar o melhor aposento de visitas que dispunha. Eu não compreendia suas intenções, apenas desconfiava levemente de que Aro estava interessado em mim.
Na verdade, desde que vim a Volterra pela primeira vez para salvar Edward de um suicídio, Aro parece ter despertado uma cobiça por mim, como se ele não me compreendesse e visse isso como uma afronta; ela parecia querer me conquistar como que para provar para si mesmo que é capaz de ter o que quiser e quando quiser. Usurpar a esposa de outro vampiro seria uma prova máxima disso.
Eu nem ouso imaginar que seus sentimentos sejam verdadeiros, seu modos refinados não me enganam de forma alguma, eu lembro perfeitamente quando chegamos a Volterra e ele me trouxe até este quarto, o sorriso exultante em seus lábios me irritava mais do que qualquer outra coisa que ele fizesse.
- Como pode ver, Isabella – disse ele com os braços abertos mostrando o aposento – Você estará acomodada em meu palácio como uma verdadeira princesa.
- Eu não preciso de sua hospitalidade, Aro. Meu único desejo é ter minha filha perto de mim.
- Isabella – Aro falava enquanto se aproximava de mim com seus passos flutuantes – Infelizmente seu comportamento do navio não me permite convencer Caius a deixar Renesmee livre dos encantos de Chelsea, entenda, meu irmão crê que seja a única forma de manter o controle sobre você.
- Então neste caso, não se esforce tanto em fazer parecer que sou sua convidada, afinal, eu não passo de uma prisioneira, não é mesmo?
- Não era esse o meu desejo – ele falou perto demais de mim e eu fui obrigada há recuar um pouco – Creia em minhas palavras, Isabella, eu poderia dar-lhe uma vida muito mais confortável, mas, infelizmente, nossa confiança em você foi seriamente abalada depois do incidente no navio. Por hora, aceite este aposento, quem sabe um dia eu ainda consiga libertar sua filha do poder de Chelsea.
E agora Alice quer usar este sentimento estanho que Aro nutre por mim para que possamos diminuir a vigilância sobre nós e para libertar Nessie das garras hipnóticas de Chelsea. Mas era um jogo perigoso, enganar Aro Volturi não era fácil, eu tinha o dom de bloquear poderes mentais, mas com Miguel por perto, meus poderes poderiam ser anulados e eu seria desmascarada.
E duvido muito que Aro reaja bem a traições tão descaradas assim.

Mas isso não aconteceria se eu usasse de uma sutileza inteligente o suficiente para que mesmo um Volturi não desconfie, além disso, eu tinha que fazer qualquer coisa para ter Renesmee longe do domínio de Chelsea, mesmo que para isso, eu tivesse que flertar com Aro Volturi.
Edward ficará furioso.
Para tanto, preferi imaginar que eu estava fazendo o que precisava ser feito, assim, sem pestanejar eu respirei fundo e me dirigi até a porta abrindo-a de leve e encarando o guarda que me olhou curioso.
- Giordano – eu comecei meio tensa – Preciso falar com Aro, neste momento.
- Meu mestre Aro não está disponível nos momentos em que precisa, senhora Cullen. Ele a requisita e não o contrário.
- Bem, eu tenho algo muito importante para tratar com o seu senhor e caso ele saiba deste atraso devido à sua recusa em me levar à sua presença, provavelmente você será açoitado. Ou estou enganada?
Giordano pensou por alguns segundos, ele sabia da inconstância das decisões de seus mestres, assim como tinha consciência que não passava de um vassalo e que os propósitos de seus mestres lhe eram totalmente desconhecidos. Desta forma, e graças às irritantes e constantes visitas de Aro ao meu quarto, ele resolveu que seria melhor me conduzir até a presença dos Volturi.
É difícil compreender o tamanho do palácio onde os Volturi moravam; seus corredores inimaginavelmente longos e ecoantes, o teto sempre entalhado em pedra de alto relevo, os arcos de granito bruto, as cúpulas altivas com pinturas barrocas emoldurando-as, tapeçarias atemporais, móveis sublimes e, espantosamente, em algum lugar entre aquele labirinto de corredores, eu podia ouvir o som doce e melodioso de um violino.
- É mestre Alec – disse Giordano parecendo notar meu espanto ante o som gracioso que chegava até nós – Ele não sai de seus aposentos desde o acidente.
- Acidente?
- A batalha na América.
- E por que ele não deixa seu quarto?
Mas Giordano ficou em silêncio, provavelmente era um assunto cujo qual ele não deveria falar, na verdade, os guardas eram mantidos para permanecerem em silêncio e não para pensarem. Eu começava a perceber que como Matheu, Giordano não era um vampiro malévolo, era apenas mais um vampiro domesticado pelos Volturi e obrigado a fazer a vontade insana de seus mestres; Giordano sempre fora educado e atencioso comigo e parecia demonstrar preocupação com meu bem estar, apesar de mais reservado e quieto que Matheu.
Finalmente, encontramos a porta de carvalho que conduzia para as escadarias que desciam em curvas até os níveis inferiores do palácio, eu detestava aquele lugar, quanto mais fundo se descia mais aspecto de cripta o lugar tomava. Além disso, nos níveis inferiores sempre habitava um cheiro nauseabundo de morte, como um antro putrefato e frio onde o hálito da morte pairava onipotente e onipresente.
Os meus passos e os de Giordano ecoavam nos corredores profundos, as paredes e o teto em arco eram feitos de rocha maciça e dava ao ambiente um aspecto levemente claustrofóbico; era tudo muito escuro, afinal, os vampiros não precisavam de luz para poder enxergar, ainda assim, em espaços longos, havia um pequeno archote fixado nas paredes de ambos os lados para dar ao menos uma leve luminosidade nestas profundezas mórbidas.
Depois de algum tempo, chegamos até um hall mais iluminado onde paramos defronte a uma porta dupla com motivos italianos e detalhes dourados, era ampla, alta e esplendorosa assim como toda a pompa Volturi. Dois guardas tomavam conta das portas, foi para um deles que Giordano se dirigiu em italiano.
- Ms. Cullen vuole parlare con il signor Aro.
O guarda encarou Giordano por alguns instantes para em seguida bater levemente na porta, abrindo-a; fiquei surpresa como uma porta daquele tamanho se moveu tão levemente, mas compreendi imediatamente que isso apenas acontecia devida à força descomunal do vampiro que a empurrava.
Giordano não me acompanhou e eu atravessei o portal sozinha e agradeci por meu coração não mais bater ou ele estaria extravasando por meu peito, tentei ao máximo controlar meus nervos para não dar sinal de fraqueza. Entretanto, minha respiração encurtou quando entrei no salão imenso e semi-oculta pela escuridão, no canto central mais afastado os três tronos estavam dispostos uns próximos aos outros.
Dois deles ocupados... um vazio. Caius não estava ali e tampouco Renesmee, no salão silencioso descansavam como estatuas de mármore com formas perfeitas, Marcus e Aro. A princípio eles não notaram minha chegada, Ato tinha os olhos fechados e as mãos pousadas tranquilamente sobre o respaldo de seu trono, seu irmão Marcus tinha os olhos vermelhos muito abertos, mas estava tão imóvel que não parecia possuir vida própria... se bem que nenhum vampiro possuía de fato.
O guarda que me conduzia subiu reverencialmente até o plano superior onde ficavam os tronos e com um leve pigarro inclinou-se para perto de Aro sussurrando que “la piccola Cullen” desejava vê-lo. Aro abriu instantaneamente os olhos e um sorriso desenhou-se em seus lábios finos e desbotados, pior ainda foi a certeza que tive que aquele sorriso fora sincero e que ele estava feliz em me ver.
Com um leve aceno de mão dispensou o guarda e em seguida ergueu-se de seu trono deslizando até mim, senti um frio no estômago me forçando a parecer forte quando Aro pegou delicadamente minha mão levando-a até sua boca e tocando minha pele fria com seus lábio mortos.
- Isabella, è sempre un piacere averti qui.
- Isto não é uma visita social, Aro – eu retruquei mantendo minha voz indiferente e levemente irritada.
- Sei bella – disse ele me fazendo um elogio em italiano à analogia do diminutivo de meu nome, pareceu não ligar para minha cara de impaciência.
- Eu quero ver minha filha.
- Ah, é uma pena, Isabella – ele falou com sua voz melodiosa – Mas Renesmee agora é muito chegada de Jane, e Jane saiu com Caius para resolver alguns assuntos de negócios que possuímos em Florença, creio que retornarão apenas no fim desta semana.
- Eu não quero minha filha caminhando com Jane, Aro – eu falei irritada e minha voz ecoou pelo salão, mas, novamente, Aro não pareceu se importar com minha fúria.
- Isabella, infelizmente é o único modo de manter Renesmee em segurança. Enquanto ela estiver com Jane e sob o controle de Chelsea, Caius não estará preocupado com ela, ou com uma futura tentativa de fuga de sua parte. Além do mais, não se preocupe, sua filha está ótima. Aliás, se me permite, você está linda... quase um pecado em forma de menina.

O guarda roupas em meu quarto estava abarrotado de todos os tipos de vestidos e roupas finas e elegantes que dariam inveja até mesmo no closet de Alice; se era uma forma de Aro tentar me cortejar ele errara feio: roupas nunca me chamaram a atenção. Mas para pôr em prática o plano de Alice, eu resolvi usar um dos vestidos no armário; tinha um tom marfim e o comprimento um pouco acima dos joelhos, levemente decotado com a saia plissada. Não deixava de ser um bonito vestido e combinavam exatamente com os sapatos de salto que eu encontrei... deixei o cabelo solto para parecer levemente mais a vontade.
Só Deus sabe o quanto tudo aquilo me enervava.
- Eu já pedi para poupar seus elogios, Aro – eu disse pensando em algo para direcionar a conversa, meu coração estava aflito por Renesmee estar acompanhando Caius e Jane em seus assuntos sombrios – Vim aqui apenas para ver minha filha, espero que ela esteja bem quando retornar e que nunca mais precise acompanhar Jane ou Caius.
- Isabella, sua filha está muito mais segura com meu irmão, acredite – disse ele sorrindo para mim – Mas diga-me, por favor, há algo mais que eu poderia fazer por você?
Normalmente, eu preferiria que ele apenas me deixasse em paz ou trouxesse minha filha novamente para mim, mas suspirei ao lembrar das idéias de Alice e xingando-a mentalmente resolvi tentar jogar este perigoso jogo.
- Eu gostaria de passear um pouco pelo pátio, se não se importar – eu disse cuidando para não parecer educada ou complacente demais ou obviamente ele desconfiaria – Não gosto de ficar enclausurada no alto de uma torre, prefiro caminhar pelos jardins um pouco e à luz do sol, mesmo que presa por trás destes muros de pedra.
- Mas com toda a certeza, minha querida Isabella, será um prazer poder suprir este seu desejo e, por ventura, eu poderia lhe fazer companhia?
Era exatamente este comportamento que eu esperava e temia, de alguma forma, Aro Volturi estava interessado em mim ou em alguma coisa que eu ainda não sabia ao certo. Como este era o seguimento do plano... agi como agiria normalmente.
- Eu preferiria caminha só, Aro.
- Por favor – ele disse erguendo minha mão e passando-a por seu braço direito para que eu o acompanhasse como as damas de antigamente faziam – Eu faço questão de não permitir que a opressão destes muros a deixem aborrecida, quem sabe eu não consiga espantar um pouco o tédio?
- Acho improvável, Aro.
- Tenha fé, minha linda Isabella... tenha fé.

Apesar de calafrios percorrerem meu corpo e da vontade de sair correndo, eu tive que aturar a companhia do Volturi para tentar ludibriar seus sentimentos, Alice estava completamente louca e isto com certeza custaria nossas vidas. Mas se isso ajudasse a libertar Renesmee e Quil, bem, alguém é obrigado a fazer sacrifícios de vez em quando e, infelizmente, sobrou para mim.
Ao passar pelo salão ecoante, uma ultima vez eu me virei para Marcus e o peguei encarando nós dois, Aro e a mim, e seus olhos ígneos estavam brilhantes e astuciosamente conscientes de tudo o que acontecia. Tive a impressão terrível de que Marcus sabia exatamente o que eu tramava, como se ele soubesse o jogo que eu estava tentando armar, entretanto, não fez qualquer sinal de que se importava... ou que tentaria alertar o irmão.

Os pátios estavam banhados pela luz solar, eu fiquei realmente feliz de poder caminhar livremente mesmo tenho um Volturi como companhia, o vento veloz tocava o meu rosto que fulgurava como um cristal multifacetado. Notei que o brilho na pele de Aro era diferente do meu, sua pele não era tão resplandecente, parecia uma jóia antiga que já perdera seu brilho de outrora.
Havia heras crescendo em abundância pelos muros do palácio, se ramificando pelas arestas da pedra gasta me fazendo imaginar qual seria a idade deste castelo; uma cigarra cantava em algum lugar, o cheiro de flores pairava pelo ar, seria um lugar perfeito e belo, se eu não fosse prisioneira e se o vampiro ao meu lado não tivesse dado a ordem de destruir minha vida.
- Está um lindo dia, não é mesmo? – ele falou logo que eu me afastei um pouco prestando atenção ao máximo num botão de rosa que florescia entre os vários canteiros do pátio.
- Um pássaro engaiolado não procura olhar para o céu, Aro – eu disse verdadeiramente triste – De que adianta possuir asas sem poder usá-las? Eu não aprecio um dia lindo sabendo que sou prisioneira e que jamais poderia ser livre novamente.
- Você me entristece quando fala desta maneira – disse Aro com uma expressão infeliz e eu fiquei ainda mais preocupada em constatar que ele falava aquilo com sinceridade – Sei que é difícil compreender os princípios que movem os Volturi, Isabella, e sei que é igualmente difícil você acreditar que eu desejava os Cullen dentro de Volterra para protegê-los acima de tudo.
- Nos proteger? – eu perguntei num rompante e acho que minha surpresa foi tão genuína em meio a este teatro que Aro me encarou com espanto, eu fiquei tão atordoada que não fui capaz de falar mais nada.
- Isabella, vampiros com a qualidade dos Cullen são raros – ele disse num suspiro como se explicasse algo a uma criança inocente – Belos, com seus olhos dourados e seu semblante feliz. Você nunca teve contato antes com os vampiros desgarrados, eles são intratáveis e mal educados, vadios, tolos, anarquistas e desprezíveis. Vampiros assim não sabem viver como vampiros e vagam por aí desperdiçando a imortalidade que possuem como crianças tolas.
“Não, sua família sempre foi a mais atraente para nós... para mim. Eu amava Carlisle e seus filhos e filhas, não queria que tudo tivesse terminado como terminou, mas acho que estamos fadados a realizar as coisas desta maneira. Como eu disse, não espero que compreenda.”
- Não espere nunca que eu compreenda isso.
- Talvez um dia você acabe dando um pouco mais de crédito à nossa filosofia e em particular, aos meus sentimentos – disse Aro se aproximando e tocando minha mão que segura a rosa.
Imediatamente eu me afastei com uma vontade louca de agredir aquele velho, mas lembrei do plano de Alice e tentei me concentrar... acabara de confirmar este absurdo fascínio que eu exercia sobre Aro.
- Você sabe que isso é impossível, eu jamais adotaria o pensamento dos Volturi e jamais confiaria em seus sentimentos, Aro. Como eu disse antes, você não liga para nada a não ser o poder.
- Eu posso provar que está errada, Isabella, posso provar que sou muito mais que um líder, sou apenas um homem que faz o que é necessário para conquistar seus objetivos... em alguns casos isso é chamado de obstinação.
- Eu chamo de tiranismo – falei confrontando-o.
- Então lhe darei uma prova de minha humanidade – ele disse rindo à ultima palavra como se o termo humanidade fosse estranho a ele – Todas as noites, de agora em diante, sua filha Renesmee será levada até você e permanecerá ao seu lado até o dia raiar... totalmente livre do controle de Chelsea.

Aquilo me pegou desprevenida e o fato de poder ter minha filha perto de mim fez com que as palavras de bravata não deixassem meus lábios; eu não pensei nem por um segundo na “humanidade” de Aro, mas seu gesto me possibilitava ter Renesmee em meus braços.
- É o mínimo que eu poderia fazer por você, Isabella – disse ele quando percebeu que as palavras em faltaram.
- Por quê? – eu perguntei sem compreender – Eu não deixarei de ser sua prisioneira e nem cogitarei seguir os seus pensamentos... não entendo o porquê desta sua atitude benevolente para comigo.
- Eu também não entendo – ele respondeu sério agora – Mas, quem sabe, Isabella... com o tempo você não aprenda que fazemos tudo para o bem de nosso povo e para que os vampiros continuem e perdurem para todo o sempre. Quem sabe de prisioneira, você não se transforme em uma princesa de Volterra?

O sol refletiu em seu sorriso tranqüilo e eu senti um calafrio percorrer meu corpo, as intenções de Aro se tornavam cada vez mais claras apesar de que eu ainda não conseguia compreender. Ele se virou e flutuou lentamente para longe de mim, sua presença imperiosa se afastando como um vento furioso deixando uma campina... eu o acompanhei com os olhos espreitando seus movimentos fluídos e tentando imaginar o que ele estaria tramando.
- Permaneça no jardim o quanto quiser – ele falou ao longe antes de desaparecer nas sombras no palácio – Sempre que desejar sair basta pedir para seu guarda trazê-la aqui ou a qualquer lugar do palácio, eu não quero que você se sinta triste de forma alguma... Bella.
E dito isso, sumiu pelos corredores ecoantes.



O plano de Alice era uma faca de dois gumes: agora eu teria Renesmee ao menos um pouco ao meu lado, livre do domínio maldito de Chelsea e, principalmente, distante da odiosa Jane.
Ao mesmo passo... eu estava permitindo que Aro Volturi se aproximasse demais e com suas intenções estranhas e insinuantes...
Não sei aonde este plano irá nos conduzir, mas eu tinha apenas uma certeza: brincar de gato e rato com o rei supremo dos vampiros não traria boas coisas.



Princesa Bella de Volterra... era só o que me faltava.

Notas Finais


Próximo capítulo: Tristes melodias de um vampiro cego


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