Quando nossos lábios se afastaram, estávamos sem fôlego algum. Todos que estavam ao redor de nós já haviam voltado à atenção para outras coisas mas Ambre ainda estava boquiaberta ao nosso lado.
Nathaniel me encarava de um jeito apaixonante.
Eu o peguei pelo pulso e segui até o grêmio. Fechei a porta atrás de mim e perguntei:
- O que foi aquilo?
- Não era para parecemos namorados?
- S-sim mas você tinha que me avisar antes!
- Ata! Então da próxima vez eu falo "Vou te beijar agora"!
- Assim eu me sinto muito mais confortável.
Ele levantou as mãos e disse:
- Você não sabe o que é sarcasmo?
Me sentei em uma cadeira e coloquei o rosto entre minhas mãos.
- Eu vi o Castiel... - disse com a voz falhando.
- M-me desculpa... foi por impulso.
Ficamos calados por um tempo até eu resolver quebrar o silêncio.
- Por que você resolveu vir?
- Achei melhor por que se não a curiosidade ia falar mais alto.
Meu coração gelo na hora.
- V-você não foi lá, né?
- Claro que não - ele falou ofendido - Eu prometi que não ia!
- Eu sei, desculpa - falei levantando os braços como se estivesse me rendendo.
- Em todo caso, eu não tava...
Alguém abriu a porta do grêmio, fazendo ele parar de falar.
- Bom dia. É... a diretora me mandou aqui procurar o Nathaniel.
Era um homem alto, de cabelos negros e olhos castanhos. Suas rugas e linhas de expressão eram salientes mas não o deixava menos bonito. Tinha por volta de 35 a 40 anos.
- Sou eu - Nath falou se levando e fazendo um gesto com a cabeça para que ele entrasse.
- Eu sou o novo professor de português - dissera o homem para o Nathaniel e então pousou os olhos em mim. Ele começou a me encarar.
- E-eu te vejo mais tarde - falei para o Nath e ele assentiu me dando um beijo na testa.
Sai do grêmio e o sinal do fim do intervalo bateu. Putz... queria falar com o Castiel. Em todo caso, terei a chance de falar com ele no final da aula.
Entrei na sala e faltava metade das pessoas. Me sentei com o Alexy, já que a Rosa sentou com a Íris.
- Mulheeeer! - Alexy sussurrou em meu ouvido - Que beijo foi aquele?
Senti minha bochechas queimarem.
- Nem me fale - dei um sorriso tímido.
- Não estou convencido de que você gostou... - ele me olhou preocupado.
- É complic...
O novo professor apareceu acompanhado pela diretora. A maioria das meninas estavam quase babando só de olhar pra ele.
- Bom dia, alunos - disse a diretora com um sorriso largo no rosto.
- Bom dia - dissemos todos em uníssono.
- Esse é o Victor, o novo professor de português de vocês.
Ouvi murmúrios de várias pessoas na sala. Olhei pra Rosa e ela estava com um sorriso de orelha a orelha. Ela fazia um sinal de o.k. com uma das mãos discretamente. Ri baixinho.
- Já que essa aula - falou a diretora - vocês teriam história, pedi ao professor Faraize para que trocasse o horário com o professor Victor.
Olhei para trás e a Rosalya dava pulinhos na cadeira. A Iris parecia se divertir com a reação da Rosa.
A Diretora saiu da sala e um silêncio mortal caiu sobre todos.
- Bom dia, turma - disse o professor determinado.
- Bom dia - dissemos novamente.
- Bom... Eu queria que nessa aula conhecêssemos um pouco, o que acham?
Conhecêssemos? Sério? Quantos anos ele acha que temos?
A Melody levantou a mão.
- Sim, senhorita...
- Achei a ideia ótima.
Puxa saco, pensei.
- Então... - ele começou a mexer em uns papéis - Quero que vocês escrevam uma coisa que vocês nunca fizeram e uma que já fizeram.
- Não é mais fácil - resmunguei - dizer que vamos fazer "Eu já, eu nunca"?
- Algum problema?
O professor se virou para mim e me olhou fixamente. Dava pra sentir minha bochechas pegando fogo.
- N-não senhor.
- Ok, vamos começar?
Ele entregou uma folha de papel para cada um.
Não estava muito afim de escrever nada então continuei encolhida na minha cadeira enquanto ele dava outro papel escrito "Eu já" e no verso " Eu nunca" e recolhia o outro com nossas experiências escritas.
Quando ele chegou em minha mesa, viu o papel em branco e perguntou:
- Você não vai escrever?
- Não estou afim - falei baixo para que só ele ouvisse.
Eu esperava que ele me obrigasse a escrever qualquer coisa mas ele só disse "tudo bem" e sai de perto.
- Ok pessoal! Eu vou ler algum papel de vocês, sem anunciar quem escreveu, e vocês vão levantar o papel se vocês já fizeram ou nunca.
Todos concordaram com a cabeça e o professor pegou o primeiro papel.
- Eu nunca babei por... - ele parou e ficou vermelho - Por um p-professor.
Quase todas as meninas levantaram o papel escrito "Eu já". Então todos estavam olhando pro papel do Castiel que também estava do lado "Eu já". Ele ria freneticamente.
- Vai dizer que - ele disse - vocês nunca tiveram um sonho erótico com a Delanay?
Todos gargalharam, até o professor.
Castiel olhou pra mim e colocou aquele sorriso de canto que me deixava louca. Sorri de volta e me virei para frente. O professor pegava outro papel.
- Eu nunca gostei da Alice? - ele falou confuso e levantou os olhos pra a sala - Quem é Alice?
Levantei a mão trêmula. Sabia que tava na cor de um tomate.
A Ambre e suas cadelas, digo, amigas, levantaram o papel "Eu nunca" e deram risada. A maioria levantou o papel "Eu já", o que me deixou muito feliz.
- Quem não gosta dela? - a Pryia falou se levantando - Além das meninas malvadas. Alice é uma pessoa incrível - ela me olhou - e uma amiga maravilhosa.
Todos concordaram com ela balançando a cabeça. Olhei discretamente para o Castiel que deu um sorriso de canto. O papel dele também estava no "Eu já".
- Ok - disso o professor - Próximo.
Ele pegou um papel e anunciou:
- Esse será o último - ele olhou o papel e leu - Eu nunca tran... transei... - ele ficou vermelho.
A sala ficou divididas entre isso. Ninguém fez comentários. Eu não consegui levantar o papel.
- Alice?
O professor me olhou com um olhar curioso.
- Você ouviu a pergunta? - ele me olhou fixamente.
O olhar dele me intriga.
- S-sim, professor - falei finalmente - Só não me sinto confortável para responde-la.
Ouvi os risinhos da Ambre e de suas amiguinhas.
Olhei discretamente para cada pessoa a minha volta. A Rosa me olhou do tipo "Foi com o Nath?" O Castiel fechou a cara mas no seu papel tinha "Eu já".
- Tá bom então - disse o professor.
Ele começou a falar algo sobre tentarmos conhecer uns aos outros mas eu só pensava na última pergunta. Uma pessoa que já foi estuprada, ainda é virgem? Que dúvida...
A aula foi rápida e interessante. O professor Victor realmente sabe ensinar. No final, eu chamei a Rosa para acompanhar Alexy e eu até o portão.
- Que gatooo! - Rosa sussurrou em nossos ouvidos.
- Sabe o que eu notei? - Alexy disse se virando para nós - Ele me lembra você, Alice.
- Oi? - perguntei arqueando uma das sobrancelhas.
- Se você deixasse seu cabelo preto natural, você seria ele versão feminina.
- Vocês estão loucos.
- Ah tá! - eles dizeram em uníssono.
Começamos a conversar sobre coisas aleatórias e perto do portão vi uma silhueta familiar. Me aproximei da pessoa. Ela estava de costas para mim. Quando vi o seu cabelo tinha certeza que era ele.
- Dajan!
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