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História Caos - Capitulo 02


Escrita por: Alaskaros

Notas do Autor


"No momento que eu te vi me apaixonei e você sorriu porque soube"

— William Skakespeare

Capítulo 4 - Capitulo 02


Fanfic / Fanfiction Caos - Capitulo 02

 

 

 

Na semana seguinte, estou andando pelo corredor C, indo na direção da minha primeira aula, quando umas das meninas que faz ciência botânica comigo cola ao meu lado.

— Você é nova, né? — a loira pergunta, sem tirar os olhos do celular.

— Sim. — me limito a dizer.

— Me chamo Ino. — ela se apresenta, agora, tirando os olhos do celular e os trazendo para mim.

— Hinata.

— Então... Hinata, temos a mesma aula agora, vamos?

Ela não me dá brecha para uma resposta, Ino me puxa pelo corredor até pararmos na frente da porta da sala 106.

A sala não estava cheia, e dei graças a Deus por não estar chamando tanta atenção como nos primeiros dias.

— O professor Shino é gente boa, apesar de estar sempre perdido e tentando agradar os alunos. — ela faz uma pausa, entrando na sala e se virando para mim novamente. — Não se assuste se ele fizer você ir na frente se apresentar.

— Isso não vai rolar — digo, enfática.

Vou na direção da cadeira próxima à porta e, para o meu prazer — ou desprazer —, Ino senta logo atrás de mim.

Eu não sou boa com amizades, apesar de ter deixado apenas um namorado para trás, nunca fui de amizades. Me pergunto se é por conta do meu humor, ou apenas por ser melhor com amizades masculinas do que com femininas.

As vezes sinto falta de uma amiga. 

— Vai por mim, é melhor do que ele fazer você cantar — murmurou, atrás de mim, e eu sou obrigada a virar-me para ela.

— Ele não vai...

Ino me corta.

— Pode apostar — ela completa com um aceno de cabeça.

Santo Deus.

À medida que os alunos vão entrando e tomando seus lugares, a sala vai ficando cheia. O professor chegou e tentou manter a sala silenciosa, mas sua voz é ignorada pelos alunos do fundo. Segundos depois, a porta é aberta e o silêncio toma conta do cômodo, o ar só fica pesado quando, pela porta, passa um cara alto e todo mundo se cala.

O garoto passa os olhos pela sala e fecha a porta atrás de si.

Ele começa a caminhar despreocupado com os olhares que recebe.

O garoto é loiro, um tom amarelo vivo, que chego a me perguntar se aquela cor é realmente natural. Enquanto ele anda para o centro da sala, noto que definitivamente todos nós estamos o encarando.

Quando ele se senta na última cadeira, do outro lado da sala, seu olhar se cruza com o meu.

Ficamos um tempo assim, eu encarado e ele sustentando, até que desviou seus olhos para o professor, no meio da sala.

Eu faço o mesmo.

— Enfim, bom dia, turma. Como já sabem, me chamo Shino, o professor de história. — Shino anda pela sala com as mãos atrás do corpo. — Temos uma novata nesse ano. — ele se vira e seus olhos me encontram. Droga. — Aposto que ela quer se apresentar para a turma.

O professor tem um sorriso que pende nos lábios pequenos.

— Perdeu a aposta — digo, entre o sorriso forçado.

Alguns alunos soltam uma risada baixa e o professor fica sério.

— Acho melhor você se apresentar no meio da sala, então, o que me diz? — ele faz uma pausa — Ou prefere cantar? — sugere, com veneno.

Eu cerro os dentes junto com os punhos.

Todos os olhos estão em mim.

Eu me ergo da cadeira, lançando um olhar feio para o homem em pé próximo ao quadro.

A ideia que atravessa minha mente é ligeiramente deliciosa. E errada. 

Entretanto, se tem uma coisa que odeio mais do que ser o centro das atenções, é a pessoa que me expõe.

Fico parada próximo ao professor e encaro a sala, com os olhos em mim. Todos estão me observando. Consigo até mesmo ver o julgamento em alguns olhares, quando os olhos descem pelas minhas roupas.

Meus olhos voltam a encontrar o garoto loiro no fundo da sala.

Ele tem a cabeça sobre os braços cruzados em cima da mesa, os cabelos loiros caem preguiçosamente sobre sua testa, fazendo um belo contraste com a pele dourada; os olhos azuis claros como um céu em um dia de verão estão fincados em mim.

Eu aperto os lábios um no outro, antes de começar a falar.

— Olá, me chamo Hinata Hyuuga. — Minha voz é arrastada, todavia, sei que todos escutaram.

— Vamos dar "olá" para a Hinata, turma. — Shino fala na direção da sala.

Deus, isso é o quê? Uma sala de aula ou um círculo de superação?

— Olá, Hinata. — meu nome sai em uníssono.

— Fale mais sobre você, Hinata. Por que veio para Konoha? — Shino pergunta, dessa vez, me encarando.

Um sorriso maligno pende em meus lábios.

— Então, eu vim para Konoha depois de ser pega vendendo drogas na escola.— Vejo os olhos de todos se arregalando e risadas preenchem o cômodo. — Quem quiser drogas, é só vir até mim. Eu tenho de todos os tipos: ecstasy, maconha, coca, analgésicos. Também tenho...

Sou cortada pela voz grossa que reverbera em todos os pontos da sala.

— Chega, Hinata, pode se sentar. — O professor me empurra de leve para que eu vá para o meu lugar.

Dou passos para o lado enquanto tenho meus olhos em seu rosto.

— 'Pera aí, não terminei, eu também tenho loló e alco...

Ele me corta novamente.

— Vamos dar início à aula, turma.

Eu me sento no meu lugar com um sorriso vitorioso nos lábios.

(...)

Quando entro na casa, sinto cheiro de bacon.

Jogo minhas chaves na mesinha de canto e minha mochila no sofá.

— Hinata? — A voz do meu avô chega até mim.

— Sim?

— O almoço está pronto. Venha lavar as mãos.

Me arrasto pelo corredor, e o encontro de frente para o fogão.

— Como foi na escola? — Hizashi pergunta, ainda de costas.

Vou em direção à pia, erguendo as mangas da minha blusa até a dobra dos cotovelos.

— Você não precisa fazer isso. — Minha voz é cortante, porém, o tom é suave.

— Fazer o quê? — ele indaga, dessa vez, virando o tronco para encontrar meus olhos.

— Você sabe, esse lance de perguntar se eu estou bem, ou como foi na escola. — balanço as mãos e pego um pano de prato, secando-as e virando-me totalmente para o meu avô. — Não quero que se sinta obrigado a perguntar esse tipo de coisa.

Ele me analisa por um momento.

— Não estou sendo obrigado, faço porque quero saber. — ele dá de ombros.

Eu franzi o cenho.

— Está fazendo isso porque quer manter uma boa relação com a neta que caiu de paraquedas na sua vida sem mais nem menos? — questiono, desconfiada.

Os ombros largos de Hizashi sobem e descem de forma lenta. Ele desliga o fogo e se vira com uma frigideira em mãos, indo até a mesa, onde há pratos e talheres.

— Sim, quero manter uma boa relação com a minha neta que caiu de paraquedas na minha vida sem mais nem menos — ele proferiu devagar, colocando a comida em ambos os pratos. — Quero fazer com você o que não fiz com Hanna.

Aquilo me deixa em alerta.

— Não sou minha mãe. — arrasto a cadeira e me sento, encarando-o sério. — Não pense que sou sua segunda chance de consertar um erro do passado.

Um sorriso pequeno desenha em seus lábios.

— Você está longe de ser igual à sua mãe, e não quero consertar nada. — ele se senta na ponta da mesa, com os cotovelos contra a borda da madeira e os olhos cinzas em mim. — Não fui um exemplo de pai, deixei Hanna à vontade. Se ela se importava ou não com a escola: tudo bem; se ela estava bem, ou não: tudo bem também; se ela estava sofrendo como eu, ou não: estava tudo bem. Não queria ver minha filha, porque ela parecia com a mãe e toda vez que eu a olhava, me lembrava da mulher que eu amei, e perdi. E por conta do meu desleixo, perdi minha filha. — suspira. — Agora você está aqui, a cópia fiel das duas mulheres que eu mais amei e perdi. Mesmo que dure apenas um ano, quero fazer direito. Você não é algo que eu queira consertar, Hinata. Não é você quem está quebrada, sou eu.

Aquilo dói, porque sei como é perder as pessoas que amamos.

Há mágoa em seus olhos, mas o sorriso permanece nos lábios.

Suspiro, encarando meu prato.

— Acredita que o professor me fez ir na frente da turma para me apresentar? — eu falo, ainda não acreditando no que aconteceu mais cedo.

— Sério? Você foi?

Eu assinto, mastigando o delicioso bacon com ovos e arroz.

Hizashi me olha com o cenho franzido e os olhos semicerrados; algo que beira a desconfiança.

— Estou com medo de perguntar o que você disse.

— Continue com medo.

Eu bebo o suco, ajudando a comida a descer.

Ele negou com a cabeça em silêncio.

— Dei uma olhada no seu carro — comenta, de repente.

No terceiro dia de aula, quando cheguei em casa, Hizashi estava no jardim da frente e acabou me ouvindo reclamar do meu carro. O freio estava puxando para o lado, isso quando não brecava antes de parar.

Ele disse que daria uma olhada, e que eu poderia ir para a escola com seu carro. Desde então, estou indo com o Opala 78, vermelho, do meu avô para o colégio. E preciso dizer que eu até gosto do carro.

— O que era? — pergunto.

— Um dos pneus está murcho e seus freios não são ABS. Fora que está desalinhado, o ar está com problema também. Precisa levar na oficina.

Meus lábios torcem para o lado e eu me pergunto quanto isso tudo vai custar.

Meu avô tem os olhos em mim,

— Por sorte, tenho um amigo que pode resolver por um preço bom. — ele pisca em minha direção. — Podemos ir hoje, o que acha? — sugere.

— Claro.

Estamos indo na direção do meu carro quando meus olhos desviam para um cachorro do tamanho de um pônei, correndo pela rua, latindo. Assim que percebe nossa movimentação pelo jardim, o labrador corre na nossa direção e meu primeiro impulso é recuar passos para trás.

O cachorro continua vindo com a língua para fora e, de repente, ele se ergue, colocando as patas na cintura do meu avô.

— Oi, Kurama — meu avô diz para o cavalo disfarçado e passa a mão em sua cabeça. — Fugiu de novo, não foi? — Hizashi conversa com o labrador, que lambe sua mão no processo. — Essa garota atrás de mim, com medo de você, é minha neta. Ela é bem dócil, só não gosta de professores de história. — O velho brinca com o cachorro, que parece entender cada palavra.

Kurama traz os olhos âmbar em minha direção, baba escorre pelo canto da sua boca. 

— Que engraçadinho você — resmungo, cruzando os braços.

— Eu menti? — ele pergunta, me encarando por cima dos ombros.

Estou para mandá-lo ir a merda quando uma voz grave chega até nós.

— Kurama.

É cortante, como uma ordem.

O cachorro acata a ordem com precisão e corre em direção à voz. Sigo todo o trajeto que o animal faz, até meus olhos se depararem com o garoto na varanda. Não demoro muito para reconhecer os traços fortes e o cabelo pincelado de um amarelo vivo.

Ele também me encara de volta. Quase tão surpreso quanto eu ao vê-lo.

— Olá, Naruto. — Ao meu lado, meu avô acena para o garoto na varanda.

— Como vai, velhote? — ele pergunta de longe, se sentando na escada da sua varanda, alisando o cachorro.

Naruto, como o garoto da varanda se chama, acende um cigarro e solta a fumaça, trazendo os olhos para o meu avô.

— Estou bem. — ele faz uma pausa. — Essa aqui é minha neta, Hinata. — Meu avô aponta para mim.

— Para com isso. — resmungo ao seu lado, trazendo seu olhar confuso para mim.

— O que? não gosta de garotos? — ele pergunta, coçando a cabeça.

Junto minhas sobrancelhas.

— O quê? não, eu não... eu gosto de garotos. Não foi isso que eu quis dizer, eu só não...

— Então, o que tem em te apresentar para o vizinho? — sua mão vai para a cintura.

Respiro fundo, não acreditando que estávamos realmente tendo aquela conversa.

— Esquece.

Começo a caminhar na direção do carro, deixando meu avô e o tal Naruto para trás.

Alguns minutos depois, meu avô entra no banco do motorista do meu carro e, depois de colocar o cinto, ele me encara com a testa franzida.

— Por que ele disse que você é vendedora de drogas?

Mordo meus lábios reprimindo o sorriso.

Meu avô deu partida no carro, e eu observei o lado de fora da janela.

— Eu não faço ideia.

Enquanto ele dirigia, e eu olhava a cidade pela janela, Shania twain - man i feel like a woman tocava no rádio do carro.

Gosto dessa música. 

Pela primeira vez em meses, senti que estava tudo bem conosco.

Estava tudo bem comigo.


Notas Finais


Até mais
com amor, alaskaros <3


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