História Captain Swan- True Love - Guilty

POV Emma 

Por volta das cinco da tarde no domingo nossas malas já estão dentro do carro. Vejo Regina, meu pai e Killian acertando as contas com o proprietário enquanto termino de agasalhar Amber para a viagem, colocando mais um casaco quente e a enrolando em uma manta grossa para não ser atingida pelo vento frio. 
"Vamos? Os meninos já estão no carro" Chama Killian se aproximando. 
"Vamos" digo colocando-a em seus braços. 
Os outros dois carros partem e eu os sigo. 
Duas horas depois quando chegamos a Storybrooke deixo Violet na porta de casa e sigo para a nossa. 
"Podemos pedir pizza para a janta?" Pergunta Henry entrando e colocando a mala que carrega no chão.
"Podemos" respondo colocando a outra ao lado e Killian sobe com Amber que dorme profundamente, a fim de colocá-la no berço. 
Nós esperamos a pizza chegar e comemos assistindo TV, mas devido ao fim de semana agitado não demora muito para que sejamos arrebatados pelo sono. 
"Henry" digo o balançando de leve ao notar que adormecera no sofá. 
"Me deixa dormir" ele resmunga sem abrir os olhos, se virando para o outro lado. 
"Vamos pra cama filho" insisto o fazendo levantar e o acompanhando até o seu quarto. Dou um beijo na sua testa antes de cobri-lo com o edredom e encosto a porta. Me dirijo até o quarto de Amber para fazer o mesmo e me deparo com Killian inclinado sobre o berço, ele sorri para mim e espera até que eu beije a nossa filha, me acompanhando para o nosso quarto. 
"Esse fim de semana foi maravilhoso" digo me despindo e observando ele fazer o mesmo. Confesso que ainda fico meio sem ar toda vez que ele tira a roupa na minha frente, por mais que já tenha visto essa cena inúmeras vezes, fico observando o corpo musculoso, os pêlos macios no peito os quais eu adoro correr com as minhas mãos e finalmente encontro seus olhos azuis brilhantes, a barba mal feita e o sorriso sedutor que lança para mim quando me pega o admirando, nunca vou me cansar de tal visão. 
Ele se veste e deita na cama enquanto eu coloco uma de suas camisas o seguindo e apago o abajur.
"Foi sim amor" ele responde me aninhando em seus braços. 
"Está tudo tão calmo. Por toda a minha experiência pressinto que não vai ficar assim por muito tempo" digo suspirando pesarosa. Esses últimos meses de paz têm sido os melhores da minha vida, saber que uma hora ou outra essa paz será ameaçada faz o meu estômago se retorcer. 
"Viva o momento Swan, o aqui e agora. Não fique pensando na próxima ameaça, não ajuda em nada e muito pelo contrário. Só te sobrecarrega" ele diz calmamente afagando o meu cabelo e sua fala me lembra o que meu pai me disse anos atrás. 
"Eu sei. Boa noite, Killian" digo virando o rosto o suficiente para alcançar os seus lábios em um beijo rápido. 
"Boa noite, amor" ele responde entrelaçando a sua mão na minha sobre o meu peito.
Amber acorda no meio da noite me convocando a ir ao seu encontro. Me sento na poltrona com ela em meus braços e canto baixinho até que adormeça novamente, voltando para o quarto lembro que nem olhei meu celular desde que chegamos. O pego e abro as mensagens, a primeira é de minha mãe perguntando se chegamos bem e a segunda é do meu pai perguntando se eu vou mesmo voltar para a delegacia amanhã. Os respondo e quando já estou indo para a cama novamente vejo uma mensagem de Regina que deixei passar. Nela ela pede que eu a encontre no Granny's pela manhã pois tem algo para me falar. Rapidamente o alerta surge em minha cabeça, pensando na infinidade de problemas que podem ter surgido em 3 dias que passamos afastados e isso me tira o sono, nem noto o tempo passar até Killian se mexer ao meu lado. 
"Você acordada essa hora... Está tudo bem?" Ele pergunta preocupado ao notar que já estou desperta. 
"Está, acordei cedo porque hoje volto para a delegacia" minto não querendo preocupa-lo e ele percebe. Até porque é ele que me acorda para o trabalho. Antes que tenha a oportunidade de contestar  me inclino até ele e lhe dou um beijo lento, sua mão desce para a minha cintura e ele suspira. 
"Tem certeza que você precisa voltar hoje? Nós poderíamos fazer coisas bem mais agradáveis aqui e agora" sugere arqueando uma sobrancelha com um olhar malicioso. 
"Eu sei que poderíamos, mas eu tenho que ir" digo colando nossos lábios rapidamente antes de me levantar.
 "Tem certeza que não vai te sobrecarregar ficar com Amber sozinho? Eu posso pedir para a minha mãe dar uma olhada em vocês..." Pergunto saindo do banho e escolhendo uma jaqueta para o dia. 
"Está tudo certo amor. Vai ficar tudo bem, não precisa se preocupar. Prometo não me aproximar do fogão nem nada do tipo" ele me acalma com um sorriso. 
"Tudo bem, o Henry volta para cá depois da escola. Tenho que ir" aviso me aproximando da cama para lhe dar um beijo de despedida, rápido o suficiente para que ele não fique satisfeito e me puxe, fazendo com que eu caia encima dele. Por um momento até esqueço o que tenho que fazer, apenas sentindo a sua língua macia percorrer toda a minha boca, me fazendo perder o fôlego. Já estou quase ficando ali mesmo quando ele nos separa. 
"Agora sim, muito melhor. Bom dia Swan" diz com um sorriso bobo. 
"Bom dia Killian" respondo revirando os olhos mas sem conseguir conter o sorriso, pegando a minha bolsa e saindo do quarto. 
Dou uma olhada em Amber e depois chamo Henry para que ele se levante para a escola.

Quando saio na rua a minha mente até então perdida nos lábios do meu marido volta a funcionar e o que não me deixou dormir à noite toda volta a me incomodar. Pego o carro e minha primeira parada é o Granny's, começo a digitar a mensagem até que noto Regina sentada à mesa dos fundos. 
"Bom dia" digo me sentando a sua frente. 
"Bom dia, pedi para trazerem o seu de sempre" ela comenta analisando uma papelada. 
"Trabalhando pesado?" Pergunto observando a sua carranca. 
"Não imagina o quanto, não sabia que personagens de contos de fadas poderiam ser tão exigentes" ela resmunga analisando o que, lendo por cima, concluo que seja uma petição por uma boate. 
"Então, o que é que você tem para me falar?" Pergunto ansiosa assim que a garçonete se afasta após ter deixado nosso café. 
"Primeiro se acalme. Não é nada ruim, ou pelo menos não parece" ela começa bebericando o seu chá. 
"Então fale de uma vez" peço impaciente. 
"Quando Amber nasceu, lembra quando eu pedi para segura-la no hospital?" Questiona. 
"Sim e o que tem isso?" Pergunto nervosa, o assunto é sobre a minha filha. As engrenagens da minha cabeça já começam a girar para diversas possibilidades de problemas e só de pensar em um problema envolvendo ela meu coração parece querer sair do peito. 
"Então, quando eu a toquei pela primeira vez eu senti uma espécie de magia nela, na época eu achei que fosse ainda um resíduo da sua magia. Tanto que não falei nada. Mas então quando eu cuidei dela no sítio... Ela acordou no meio da noite e quando eu a peguei tive a mesma sensação. O formigamento de magia, magia poderosa" ela narra e de repente me sinto tonta. Amber tem magia. Por essa eu realmente não esperava, eu sei que os filhos podem herdar magia dos pais, como Zelena e Regina herdaram da mãe, mas a minha magia provém do fato de eu ser a salvadora e além do mais Henry não possuí magia.
"Emma, Emma!" Chama Regina e percebo que me ausentei por um longo tempo. 
"Então, como isso é possível? É magia de luz ou magia negra? E porque ela possui magia e Henry não?" Disparo rápido com o coração acelerado. Se há uma coisa que eu sei sobre a magia é que ela sempre vem com um preço. E com toda a certeza do mundo sei que a última coisa que quero é que a minha filha pague por ele. 
"Sinceramente eu não sei como ela tem ou porque tem. O que eu senti é magia branca, posso lhe assegurar. Porém o que eu não posso lhe garantir é que vai ser sempre assim. Toda magia concedida é acompanhada de uma escolha, a de como usá-la. Igual seria com você se seus pais não interviessem, mas sabemos que essa não é a forma correta de proceder, portanto será responsabilidade sua, de Killian e de toda família garantir que ela siga no princípio da luz" ela explica com calma, tentando me transmitir tranquilidade.
 Porém a tentativa falha miseravelmente já que eu estou à beira de um ataque de pânico. 
"Por que você não me disse isso antes? No sítio?" Indago tentando normalizar a minha respiração e pensar racionalmente. 
"Eu não queria estragar a viagem para você. Até porque não iria fazer diferença você saber aquele dia ou agora" ela da de ombros. 
"Se fosse pelo fato de eu possuir magia Henry também teria magia... Pelo fato de ser fruto do amor verdadeiro? Neal não possuí magia... Então..." Começo. 
"Ela pode ser a próxima salvadora" completa Regina. 
"E salvadores só nascem com um propósito..." Continuo seguindo nesse raciocínio. 
"Especificamente um mal a combater" conclui. 
"Então está vindo outra ameaça? E a minha filha nasceu para combater essa ameaça?" Mais afirmo do que questiono. 
"Possivelmente. Mas você ainda está nova e forte para cumprir seu papel, então imagino que essa nova ameaça está em um futuro mais distante" diz pensativa. 
"Eu só queria que ela pudesse crescer em um mundo de paz. Eu nunca quis que a minha filha compartilhasse esse fardo" desabafo me afundando na cadeira. 
"Hey, Emma. Não é culpa sua. Seus pais também não teriam escolhido esse destino para você, isso está além do que vocês podem controlar" afirma tentando me encorajar. 
"E o que eu faço?" Pergunto me sentindo perdida. 
"Primeiro você precisa contar para Killian e depois vocês irão criar essa menina da melhor forma possível para que ela cresça e cumpra seu papel e seja feliz" responde com firmeza "E se ela é mesmo a próxima salvadora, o que é bem provável, existe uma profecia sobre isso em algum lugar eu me empenharei em encontrá-la" continua.
"Tudo bem. Eu vou indo, gostaria que essa conversa ficasse só entre nós, pode ser?" Peço me levantando. 
"Não direi nada" ela confirma com um balançar de cabeça. 
Eu saio de lá transtornada e caminho até a delegacia, aproveito que ainda tenho meia hora antes de meu pai chegar e me afundo na minha cadeira  pensando sobre o que fazer. Não consigo afastar o pensamento de que a culpa disso estar acontecendo com Amber é minha. Eu a sentenciei a isso. Como eu pude ser tão imprudente de colocar outra criança nesse mundo totalmente insano que vivemos? Não, afasto esse pensamento. Eu não abriria mão da minha filha por nada. Mas e agora? Como eu vou contar a Killian que graças a mim nossa filha está atrelada a esse mesmo destino, talvez fosse isso que queriam dizer com a afirmação de que salvadores não tem um final feliz. Talvez se eu não tivesse abraçado a minha felicidade pelo menos esse fardo se manteria só comigo. 
"No que está pensando?" Ouço a voz do meu pai sentado à mesa a minha frente. Estava tão perdida em meus próprios pensamentos que nem notei a sua presença, que bela xerife eu sou. 
"Ah, nada importante" minto "como está a minha mãe?" Pergunto tentando fazê-lo se distrair. 
"Está bem, hoje é o primeiro dia de Neal na escola" ele conta sorridente e tento retribuir com o máximo de sinceridade.
O telefone toca e aparentemente Will Scarlet invadiu o açougue.
"Eu cuido disso" digo sinalizando para que o meu pai continue sentado. Um pouco de trabalho fará bem para a minha cabeça, penso enquanto pego as chaves da viatura. 
Resolvo tudo e deixo Will dormir uma noite na delegacia para ver se aprende alguma coisa, mesmo sabendo que não vai surtir nenhum efeito. Fico enrolando o máximo para ir para casa até que se torna inevitável. Abro a porta e me deparo com Killian e Henry esparramados no sofá assistindo um filme acompanhados de grandes sacos de pipoca. 
"Boa noite, amor. Chegou tarde, aconteceu algo?" Pergunta Killian se levantado e vindo até a mim. 
"Não, só tive que resolver uma papelada" digo lhe dando um beijo rápido "cadê a Amber?" Pergunto notando sua ausência na sala. 
"Está no berço, acabei de dar a mamadeira para ela e desmaiou" responde com um sorriso. 
"Tá e o que nós vamos jantar?" Pergunta Henry com os olhos grudados na TV. 
"Vocês podem pedir algo? Comida italiana, japonesa... Qualquer coisa" respondo com um sorriso cansado. 
"Eba!" Ele exclama satisfeito com a quebra da regra, já que só deixo eles pedirem comida pelo telefone aos finais de semana. 
"Emma, está tudo bem?" Indaga Killian com o semblante preocupado erguendo o meu rosto para encarar seus olhos. Ao fazer contato direto com o azul oceano a minha vontade é de contar tudo para ele, só ele é capaz de me acalmar. Mas decido que não estou pronta ainda, não hoje. 
"Está. Só estou cansada, sabe como é, voltar à rotina e tal" explico forçando um sorriso e acariciando o seu rosto. Ele não parece convencido mas resolve me dar espaço "Eu vou subir para dormir um pouco, tudo bem?" Completo. 
"Tudo bem" ele suspira me dando um beijo na testa. E eu subo deixando os dois assistirem o filme, caminho para o quarto de Amber e a observo dormir tranquilamente em seu berço, o que me faz caminhar até ela, acariciando seus cabelos negros ralos.
"Me desculpa filha, eu só quero o melhor para você. Nunca pensei que você pudesse compartilhar desse destino, eu te amo tanto. Eu sinto muito" sussurro baixinho me inclinando sobre ela com as lágrimas brotando dos meus olhos e lhe beijando a face com cuidado, ela se mexe um pouco mas continua a dormir como um anjo. 
Vou para o quarto exausta e tomo um banho demorado, desejando que a água fosse capaz de lavar as preocupações para fora do meu corpo. Quando saio me deito na cama e finjo dormir quando Killian entra no quarto momentos mais tarde. 
"Amor, trouxe algo para você comer..." Diz ele e para quando nota que estou dormindo, então decide por deixar eu descansar me cobrindo com cuidado e me dando um beijo de leve antes de apagar a luz. Sinto o peso do seu corpo se ajeitando na cama ao meu lado e os seus braços quentes me envolverem com carinho, com o meu coração batendo pesado de culpa até ser vencida pelo cansaço.