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História Capuz Escarlate - Legado do lobo - Capítulo 33


Escrita por: Na-Sama

Capítulo 34 - Capítulo 33


 

Chegaram ao caminho da floresta sem serem devorados, isso era um ponto positivo a ser comemorado. Victor podia notar que os ogros ainda o perseguiam, mas devido a sua pouca inteligência era bem provável que seriam incapazes de seguir seus rastros sem uma orientação. Obvio que aqueles ogros estavam sendo guiados por alguém. Aliás, ogros eram não-humanos que emboscavam suas vítimas, ficando escondido em pântanos ou cavernas, esperando que o momento que um presa em potencial se aproximasse para que assim atacassem. Não era comum ver ogros caçando ativamente, muito menos que eles formem bandos.

— Como os seguidores do Barba Azul conseguiram recrutar ogros? — questionou Sir Alfredo, o chefe da guarda limpava o suor do seu rosto, sendo que esse mesmo rosto tinha sofrido um corte pelo ataque do ogro momentos atrás. Assim, suor e sangue fresco se misturavam, ocultando a beleza do rosto jovial de Sir Alfredo.

— Eles devem ter feito panfletos bem didáticos com a propagada de dominação de Arcadia. Com muitos desenhos e carinhas engraçadas. Tendo em vista que Ogros não sabem ler...E tão pouco possuem muito inteligência para sequer serem enganados. — Sugeriu Malcom, recebendo um olhar crítico de Sir Alfredo.

— Eles não foram recrutados e sim “domesticados”, se posso dizer assim. Alguém os estão guiando como cães de caça... — Respondeu Victor analisando o ambiente, buscando outros inimigos a sua frente. Ali estava a bifurcação, o Caminho do Rio de um lado e o Caminho da Floresta do outro. Até mesmo a placa que indicava as respectivas direções estava ali. Não conseguiu identificar nenhum sinal de perigo eminente, isso em si só parecia suspeito.

— Não sei o que eles pretendem fazer... — Sussurrou Klaus — Digo, eles querem o Legado, tentaram me matar antes para nos impedir de alcança-lo...Mas e agora? Eles não têm “escolhidos” adequados para conseguir a parte do feitiço e não poderão ressuscitar o antigo rei.

— Eles podem não precisar de um Lobo. — Falou Malcom lançando uma mirada nada discreta para Victor — Mas quanto um Capuz Escarlate...Isso sim é essencial.

— Eles precisam sim de um Lobo, idiotas! — Resmungou Vicky — Esqueceram do que o guardião disse? Temos que ter uma ligação, caçador e Lobo, sem isso não funciona! E eu tenho essa ligação especial e é só com o Klaus Gallego! Outro Lobo? Não!

Malcom piscou meio impressionado com aquela declaração.

— Eu também te amo, Vicky. — Respondeu Klaus dando uma piscadela provocativa para o agora corado caçador.

— Então... A outra forma de pegar o Legado é destruindo o guardião. E isso eles não conseguiram depois de anos tentando. — Lembrou Malcom.

— Eles devem ter um plano... — Insistiu Victor, seu instinto dizia que havia algo diferente naquela tentativa. Diferente da época que sua mãe tentou adquirir o Legado...Diferente das outras vezes que os seguidores de Barba Azul tentaram...

— Er...Pessoal... — Sir Alfredo que presenciava toda a conversa com ansiedade e clara confusão em seu olhar — Eu não sei muito bem do que vocês estão falando, mas...Os ogros...

— Vamos entrar no Caminho da Floresta. — Alertou Victor para os guardas — Fiquem alertas...Podemos ter mais problemas.

— Mais problemas? — Sir Jerome iria soltar uma reclamação, mas decidiu se calar ao receber o olhar nada amigável partindo de Victor. O pior não foi o olhar e sim perceber que o jovem caçador estava apontando o seu revólver para o ex-chefe da guarda Real. Mais precisamente, para a sua cabeça.

— Vamos. Não temos mais tempo para jogar conversa fora. — A ameaça durou pouco, pois Vicky logo voltou a sua atenção para o caminho a sua frente. As árvores estavam curvadas formando uma espécie de túnel. Reverenciado a trilha que levava a antiga Alsfeld.

— As árvores não estavam assim antes... — Notou Klaus coçando o focinho lupino — O cheiro...

— Fede a magia. — Completou Malcom fungando e fazendo uma careta.

A floresta havia mudado. A trilha parecia ter se tornado mais larga. Na verdade, o termo trilha não devia ser mais utilizada, talvez estrada fosse o mais apropriado. Um carro podia passar por ali, tranquilamente. As árvores haviam se afastado? E com que objetivo? Quem fez isso? Seguidores de Barba Azul ou o Guardião?

“O que isso significa?” Infelizmente, não dispunham de tempo para uma análise mais profunda. Victor avançou em direção ao novo Caminho da Floresta com armas em punho.

~***~

 

Se antes armadilhas antigas estavam espalhadas pelo chão, agora não havia nada. Também não foram acionadas nenhuma outra armadilha, oculta nas margens da estrada. Victor estava apreensivo.

— Ainda está fedendo a magia? — Inqueriu para seus experts farejadores.

Klaus assentiu.

— Tudo está impregnado... É impossível sentir outro cheiro que não seja magia. É como se todo o Caminho da Floresta estivesse sobre o efeito de um encantamento...Mas eu nunca vi um encantamento dessas proporções.

— Isso é perigoso. Não podemos farejar nenhum inimigo desse jeito! — Rosnou Malcom, contrariado, fazendo Sir Alfredo que estava ao seu lado sobressaltar.

— Bem... — O Guarda pigarreou — Isso não parece ser mesmo um problema.

— Como não? — Agora Malcom rosnou para o rapaz, que tentou não parecer assustado por se tornar o alvo do olhar fulminante do ex-caçador.

— O fato de vocês farejarem, de nada adiantou contra os nossos inimigos anteriores. Tipo, a garota morta-viva e o ogro...Não vi nenhuma vantagem tática. O senhor Jägered foi mais útil do que vocês dois.

Malcom agora estava prestes a se transformar em sua forma Bestial, Klaus soltou um ganido e Victor deu uma tremenda cotovelada no mestiço, fazendo com que este soltasse um semi-uivo de dor.

— Não vamos ficar brigando entre nós. — Criticou Vicky — E se nós não podemos farejar nosso inimigo, tão pouco eles podem nos rastrear.

Se aquilo era uma vantagem ou não, o jovem Jägered não estava muito preocupado em saber. Sua prioridade era outra. Estavam quase alcançando as ruinas do vilarejo e nenhum sinal do inimigo. Nem os ogros pareciam estar os perseguindo. Não podia ser tão fácil assim.

— Alsfeld! — Exclamou um guarda que corria na dianteira do grupo — Chegamos!

— Shhh! Seu otário! — Ralhou Victor, ansioso por alcançar a cidade. Pelo menos, achava que estando dentro do território do Guardião as coisas poderiam ser menos funestas. O guardião, apesar de tudo, estava contra o Barba Azul.

Eles ainda não estavam no território do dito guardião, por isso não podiam baixar a guarda.

Um grito de desesperou só comprovou os temores de Victor. Mãos saíram do solo, logo abaixo do guarda que havia anunciando a chegada as ruinas. Tais mãos eram translucidas, dando uma ilusão de imaterialidade, mas elas eram matérias o suficiente para agarrem o guarda e o imobilizar no lugar.

— O que é aquilo? — A resposta dessa pergunta não foi ouvida, pois o que antes eram mãos agora eram pessoas. Serem translúcidos se ergueram da terra. Seus corpos exibiam ossos e carne decomposta, era como cadáveres se levantando de suas covas. Eles não eram de fato corpos pois faltava tangibilidade e até mesmo cheiro de podridão característico de um cadáver, ali eles só viam uma sombra de algo que já foi vivo.

— Fantasmas. — Sussurrou Klaus perplexo.

Os espectros dos mortos agarraram o guarda e começaram a mordê-lo, arrancando nacos de carne. Outros guardas tentaram detê-las, mas suas espadas e balas ultrapassaram os corpos dos inimigos. Eles assistiam, estarrecidos, o companheiro ser devorado vivo.

— A-Ajudem... — Clamou o guarda, estendendo sua mão a Sir Alfredo que com lágrimas nos olhos não sabia o que fazer.

Victor praguejou. Aquele tipo de monstro não fazia parte do repertório do seu treinamento fornecido pela Ordem.

— Sinto muito... — Iria atirar no agonizante rapaz, mas Sir Alfredo foi mais rápido, enfiando a sua espada na garganta do seu companheiro.

Os fantasmas, mesmo com um corpo morto em mãos, continuavam seu macabro banquete. Outras mãos começaram a emergir do solo, sentenciando o risco que o grupo se encontrava.

— Fantasmas? Isso não é possível! — Malcom estava deixando manifestar sua parte lupina, pelos nasciam de seus braços e seus olhos cintilavam. Logo estaria em sua forma bestial, mas isso não o salvaria dos fantasmas.

— E não deveria ser possível mesmo... Controle da alma não é só um feitiço proibido é impraticável! — Explicou Klaus — Nunca ouvi falar de uma bruxa ou bruxo que tenha conseguido dominar a essência imortal de alguém...Invocar os mortos sim, mas controlá-los não.

— Isso não é verdade. — Disse Victor sentindo um calafrio percorrer o seu corpo — Existe sim uma bruxa que fez esse ato abominável...

— Como você sab...

— Ah! Queridos! Finalmente nos encontramos, não? — Uma voz se fez erguer em meio os gemidos fantasmais das almas escravizadas. O grupo estava cercado pelos fantasmas e sem nenhuma rota de fuga.

Quem falara era uma mulher que estava sentada sobre um dos galhos das árvores da margem da estrada. Rosto redondo, lábios carnudos, corpo digna de modelo. Usava um vestido vermelho por demais curto e apertado, deixando amostra partes do seu corpo que deviam ficar escondidas, quebrando qualquer lei de atentado ao pudor. Ela tinha longos cabelos esbranquiçados, marca normalmente associada a idade avançada, mas o corpo jovem e cheio de volúpia da mulher demonstrava que tal marca era infundada. Ou era a ilusão que ela tentava passar.

— Cornélia. — Reconheceu Victor com pesar e raiva.

— Ora, você me conhece criança? — Disse ela enquanto lixava as longas unhas pintadas na coloração vinho — Pensei que eu não era muito famosa, sabe? Fiz questão de permanecer longe dos holofotes... Apesar de que iria adorar a atenção que meus fãs poderiam me dar.

Os fantasmas não avançavam, continuavam os rodeavam. Suas faces sem vida estavam congeladas em um berro silencioso. Estava claro que a tal Cornélia era quem controlava aquelas pobres almas.

Victor não se deixou esmorecer pela a presença de um novo inimigo.

— Eu sei quem você. Sei disso pela descrição que um amigo meu fez de sua aparência. Ele disse e eu repito: Existe uma bruxa que finge ser novinha, mas é uma verdadeira baranga velha carcomida engelhada, você irá reconhecer pelos cabeços brancos e a necessidade de parecer sexy, ela tenta demais, a coitada.

A serra de unha se partiu, a referida bruxa levantou os olhos para finalmente encarar as suas vítimas, ou melhor, a fitar Victor. Seus olhos tinham cor de vinho, tal como suas longas unhas.

— Quem te disse isso? — Sua voz antes melodiosa se tornou grave e seca — Quem é esse amigo?

— Você deve conhecê-lo. Hansel.

Os olhos da mulher se arregalar, por instantes rugas se formaram em sua face revelando a verdade por trás da discrição anterior. Mas as rugas se mantiveram por alguns segundos, logo a máscara da juventude se manifestou ocultado a verdadeira face da bruxa.

— Ele ainda vive... — Falou ela dando um sorriso grotesco — O garoto que sobreviveu ao meu feitiço ainda vive. E como ele está? Ou melhor, como está a alma dele? Imagine que deve ser uma tortura ter a alma constantemente escapando do corpo... A minha maldição não tem cura...Ele irá viver para sempre dessa forma!

Victor riu e balançou a cabeça.

— Claramente você não conhece o Hansel. Ele é bem mais forte que uma bruxa que mantem a juventude às custas de sugar a essência vital de criancinhas. Ainda tem sua casa feita de doces na floresta, velhota? Ah! Não...Hansel a destruiu, não mesmo?

Cornélia já não estava mais sorrindo, sua expressão era azeda.

— Devia tomar cuidado com o que fala, criança...Sou eu que estou impedindo que meus bichinhos te ataquem e te devorem.

— E o que te impede? — Quis saber Klaus interpondo na conversa entre o caçador e a bruxa necromante — Por que nos poupar? Obviamente que nos eliminar seria a melhor opção...

— E como você sabe, lobinho? — Riu Cornélia como estivesse se divertindo — Acha que vocês sabem o que nós, seguidores do verdadeiro rei, planejamos?

— Não tente parecer esperta. Vocês utilizaram crianças para enganar o Guardião. Foi uma ideia bem idiota... — Disse Malcom em meio a rosnados — Além de não conseguir o que queriam, atraíram a atenção da Ordem...Mesmo que nos elimine outros caçadores virão!

— Essa é a questão, mestiço. Não queremos eliminar vocês. Pelo menos nem todos... — Ela continuaria falando, mas era difícil falar quando recebe um tiro direcionada ao seu rosto. Cornélia desviou, mas parte de sua bochecha foi atingida, rasgando-a do canto do lábio até a orelha. Agora sim ela tinha um sorriso verdadeiramente grotesco estampada na cara.

— Droga, errei. — Disse Victor já preparando para atirar novamente. Cornélia choramingou, tocando a sua “bela” face, tentando conter o sangue que escorria do ferimento.

— Não... Eu tenho um escudo de proteção... — Falava em agonia e com dificuldade, se podia ver sua língua se movendo pela corte desfigurante — Minha magia...Devia ter me protegido...Como...

— Balas anti-magia, otária. — Victor atirou novamente, mas desta vez Cornélia desapareceu em uma nuvem de fedor podre.

Os fantasmas começaram a avançar, a paralisa lhes foi retirada. Os guardas gritaram apavorados. Victor escaneava o ambiente, buscando algum vestígio da bruxa. Se havia uma forma de libertar aquelas almas e seria destruído àquela que os controlava.

— E agora? — Malcom perguntou em meio a sua transformação, estava assumindo a sua forma bestial. Um Lobo bem maior que Klaus, algo magnifico que assustador de se ver.

— Estou pensando. — Disse Klaus — Deve existir uma solução! Deve ter algo que possamos fazer!

E as mãos gélidas dos fantasmas os alcançaram. Gritos foram ouvidos. Tiros foram dados, mas nada impedia o ataque dos fantasmas.


Notas Finais


Agora sabemos um pouco do passado de Hansel, melhor amigo de Victor. COnseguem saber de qual conto de fadas ele é baseado?

O final está se aproximando... Será alguns dos personagens irá falecer? TAM TAM DAM! (música de suspense).

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