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História Capuz Escarlate - Legado do lobo - Capítulo 6


Escrita por: Na-Sama

Notas do Autor


Ola!
Mais um capítulo!!!

Capítulo 7 - Capítulo 6


 

As ruas da cidade Real, capital do atual maior reino de Arcadia, ou melhor o único reino do mundo, formado depois da primeira grande guerra, também conhecida como a guerra da unificação. Estava localizada sob o a foz de dois grandes rios, Tan e Ennes, as principais rotas fluviais utilizadas por Arcadia, conferindo a cidade Real, além de centro político, também econômico e estratégico, sendo o maior porto e também distribuidor de mercadorias do mundo. Em resumo, era uma cidade importante. Lar da família Real e também dos principais acontecimentos históricos.

Um dos gostos de Victor, fora a caça, sempre foi a história. Afinal, Arcadia tinha um passado sangrento e sombrio envolvendo combates, torturas, traições, governos totalitários e canibalismo, de certa forma, o jovem caçador se identificava com aquele tipo de drama.

Em geral, a cidade era formada por casas com grandes janelas e vários andares, construídas muito próximas umas as outras e que de certa forma lembravam mini-castelos comprimidos em um pequeno espaço, talvez os construtores tentassem, de alguma forma, copiar o estilo da monarquia. O moderno e antigo se misturavam o que resultava em algo meio confuso. Um claro exemplo disso são as Torres de pedra, com suas minúsculas janelas aonde, no passado, deveria ter arqueiros e protegiam a cidade dos possíveis e constantes invasores, agora eram aonde serviam de base para a implantação de outdoors com diversas propagadas, além das pichachões. No alto, aonde deveria estar um telhado pontiagudo, agora é uma cúpula de vidro a qual serve de local de vigia dos Guardas Reais, lá eles observam tudo e a todos. A cor padrão da capital era o vermelho e suas variações de tonalidade, simbolizavam a família real, mas aqui e ali se podia ver ainda vestígios do antigo governo, a cor azul turquesa em alguns tijolos ou ruinas, cor que representava o rei louco não-humano que governou Arcadia ao fim da segunda grande guerra, seu nome causava repulsa a todos os seres, sejam humanos ou não-humanos, Barba Azul. O irônico é que mesmo que atualmente a rainha Vermelha tentasse esconder ao máximo o passado “azul” da cidade, não podia ocultar a triste verdade, corria em suas veias o sangue de Barba Azul que era seu pai, mas graça a ele, a família real, antes humana, agora era mestiça e ganhou algumas habilidades especiais, como a longevidade.

Em frente de seu apartamento, Victor fechou o seu casaco escarlate, protegendo-se do vento frio matutino. Mesmo sendo cedo, a rotina urbana já a muito tempo tinha se iniciado. Os bondes movidos por magia soltavam faíscas púrpuras enquanto se locomoviam velozmente pelos os trilhos, em seu interior, uma verdadeira multidão parecia estar tentando se rebelar contra a famosa lei física que postulava que dois corpos não podem ocupar o mesmo local no espaço. Lembravam, e muito, sardinhas dentro de uma lata de conserva.

“Por isso, quero um carro!” Pensou o jovem caçador ajeitando a sua mochila nas costas.

-Já está pronto? – A voz de Klaus o fez sobressaltar, não que tenha se assustado, um caçador está sempre atento para possíveis ameaças, e aquele lobo podia ser classificado como uma grande ameaça.

-Você está atrasado. –Disse carrancudo, mas mesmo forçando seu rosto para parecer irritado, não pode conter a surpresa ao ver o lobo saindo de um carro 4x4 de coloração prateada –Você tem um carro?

Klaus, que agora usava óculos escuro, apenas sorriu.

-Excelente observação, meu caro caçador. Suas habilidades me surpreendem mais a cada dia. –Comentou abaixando levemente óculos deixando amostra seus olhos de íris douradas.

-Não me provoque, hoje estou armado! –Ameaçou, tentando não permanecer fitando por muito tempo o rosto do outro. Aqueles olhos... Sempre lhe davam estranhos calafrios.

-E quando não estás armado? –Aquele lobo não sabia que sua vida estava apenas por um fio? Talvez devesse dar uma amostrar de suas reais habilidades. Seus revolveres estavam na parte de trás de sua cintura, parcialmente ocultos pela sua jaqueta escarlate. Tardaria menos de 2 segundos para pega-las e mira-las na cabeça de Klaus e atirar. Contudo, logo descartou essa ideia, seria imaturo da sua parte estourar os miolos de seu suposto parceiro unicamente por ser provocado. Haveria outras formas de se contra-atacar que não envolvesse a violência... Só bastava descobrir como seriam essas “outras formas” já que sempre usou os punhos e armas para expressar seu descontentamento.

Victor tentou focar sua mente em outra coisa, como por exemplo o carro. Viu o volante, sua irritação anterior agora estava sendo substituída por ansiedade.

-Posso dirigir? –Logo depois de ter feito a pergunta, sacudiu levemente a cabeça. Não devia pedir permissão! Tinha que impor seus desejos – Quero dirigir! –Falou em seguida mais convicto.

Como Klaus reagiu ao pedido, Victor não o sabia, pois as lentes escuras do óculos o impediam de ver como aqueles olhos dourados se mostravam agora. Porém pode identificar o levantar das sobrancelhas. Talvez aquele sinal fosse de surpresa. O lobo retirou o seu famoso computador portátil e mirou a tela de relance para depois voltar a encarar o humano.

-Não acho que essa seja uma boa ideia.

-Por que? O que você está vendo aí? Se vamos ser parceiros, mesmo que temporários, acredito que devemos começar a impor limites sobre o que as pessoas comuns chamam de “privacidade”! Em outras palavras, não pode me hackear!

-Você me responderia com honestidade se te perguntasse se tens uma habilitação para dirigir?

O caçador abriu e fechou a boca. Como que medindo as suas palavras, por fim revelou:

-E-eu responderia que... Bem... Eu ainda estou na auto-escola.

Klaus deu um meio sorriso.

-Pelo o que vi você foi expulso de quase todas as auto-escolas da cidade Real.

-Expulso é uma palavra muito forte.- Resmungou, nervosamente.

-De fato, o termo certo seria que por medida judicial você está proibido de adentrar em qualquer instituição de ensino para condutores.

-Isso é um exagero!

-Aqui diz que você atirou no pé de um instrutor.

-Ele tentou pegar o meu pint...-Mordeu o lábio inferior e avançou em direção ao lobo tentando pegar o computador maldito –Quer saber? Isso não é da sua conta!

“Por que os lobos tem que ser tão altos?” Pensou enquanto, inutilmente, tentava alcançar o objeto mantido longe de seus dedos por Klaus que simplesmente levantou o dispositivo para o alto, esticando o seu braço.

-Você quer dirigir o meu carro e ainda mais está armado. Acho que isso tudo indica que sim, é da minha conta.

Victor, só então, notou o quão perigosamente próximos estavam. Seus peitorais estavam se tocando, praticamente estava pisando nos tênis do lobo. Os óculos tinham escorregado pelo nariz de Klaus. Olhos quase elétricos amarelados agora cravavam sua mirada nos olhos azuis do caçador.

-Está tão preocupado assim com a sua segurança? Estando ao meu lado, acho que deve saber que sua vida só irá se tornar ainda mais perigosa. –Disse isso lambendo os lábios, pode ver que o olhar do outro acompanhava o movimento de sua língua. Isso fez seu coração acelerar. Seu corpo, sem dúvida, estava reagindo estranho aquela manhã, quem sabe o leite já vencido que bebeu como café-da-manhã esteja começando a fazer efeito –Creio que chegou facilmente a essa conclusão me hackeando.

-O que? Sei muito bem o quão perigoso e explosivo és, Victor Jägered. Li sobre suas detenções e suspensões na Academia Real. De como apresentou incrível e até mesmo assustadora destreza na avaliação feita pela Ordem Capuz Escarlate para que fosse aceito como caçador. Como evoluiu rápido no curso de capacitação e treinamento dado pela a Ordem o que resultou em seu avanço rápido e o termino do mesmo curso em apenas seis meses. Um recorde. Também li seu perfil psicológico...

-Como é? Isso é pessoal! – Victor, em um movimento instintivo, pegou sua arma e a pressionava abaixo do queixo do lobo.

-Te consideram instável, apresenta sinais crônicos de transtorno pós-traumático e perda de memória seletiva . Você devia ir a sessões de terapia, mas as tem faltado, seus tutores têm pleno conhecimento disso, mas acho que não querem te pressionar quanto ao tratamento.

-Cale a boca...-Rangeu os dentes. Estava prestes a puxar o gatinho. Tinha um motivo por não querer ir a sessões, odiava ser analisado. Eles o viam como um pobre órfão doente. Não queria ser alvo de pena ou de compaixão! Isso era tudo mentira. Sim, tinha pesadelos recorrentes. Às vezes, até alucinações. Podia até ter paranoia. Mas sabia que tudo isso iria terminar quando capturasse e matasse os lobos que atacaram e devoraram os seus pais.

Klaus não parecia nem um pouco amedrontado, na verdade, abaixou a mão que segurava o computador lentamente. Com sua outra mão livre tocou o cano frio da Colt. Suas unhas negras arranhavam o metal.

-Creio que eles te avaliaram de forma errada. Não és louco e tão pouco um pobre coitado.

Victor sentiu a tensão em seu dedo indicador, aquele que estava sob o gatinho, relaxar aos poucos.

-E como você me avalia, então?

-Um igual.

O caçador franziu o cenho, confuso.

-Não és o único órfão a perder os pais de uma forma horrendo e estar marcado pelo o resto de sua vida com as cicatrizes do evento.

Victor abaixou o revolver e deu um passo para trás.

-Você...Também? –Balbuciou, surpreso.

Klaus apenas deu um sorriso triste.

-Você está certo, parceiros não devem adentrar na vida pessoal de um e do outro. Devemos ter limites. Não irei te hackear mais.

O humano ainda estava meio perdido. O lobo tinha acabado de indicar que aquela conversa tinha terminado. Mas Victor tinha tantas perguntas! Sua curiosidade tinha sido atiçada! Não se pode terminar uma discussão daquela magnitude desta maneira! Ainda mais, Klaus sabia de sua vida e seus segredos e ,em contra partida, Victor não sabia nada sobre o lobo! Isso era injusto!

-Guarde a arma, sim? Está assustando as pessoas.

Victor mirou a sua Colt e logo notou o olhar assustados de alguns pedestres. Perfeito. Só esperava que ninguém tenha chamado a guarda Real. Guardou o seu revolver de forma casual, para demonstrar que não era uma ameaça. Ainda mais, a jaqueta escarlate deveria, pelo menos, indicar que eles eram membros da Ordem e ainda mais um caçador, andar armado e parecer assustador estava nos requisitos do emprego.

Klaus abriu a porta do passageiro de seu carro indicando que o jovem adentrasse.

-Se você se comportar, quem sabe eu te deixe dirigir.

-Me comportar? O mesmo vale para você! Se você for um bom garoto talvez eu não atire no seu pé. –Resmungou adentrando no veículo.

-Quanto a isso não precisa se preocupar, não cometerei o mesmo erro que seu instrutor da auto-escola. –Klaus entrou só então que Victor avaliou as vestimentas do seu “parceiro”, casaco de couro negro, camisa com logotipo de uma banda Punk/Rock famosa do momento, “Os cavaleiros sem-cabeça”, uma calça jeans negra e , por fim, o tênis surrado.

O humano sentiu, inesperadamente, seu rosto esquentar, indicando que provavelmente estava corando. Sua mente, de forma estranha, imaginou o lobo tocando a sua coxa e seu movimento subiria lentamente rumando para o espaço entre as suas pernas. Tal como o maldito instrutor tinha feito anos atrás. Contudo, ao invés de sentir nojo e desprezo, sentiu ...Excitação?

Klaus coçou o nariz e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. Isso incomodou ainda mais Victor, como se de alguma forma o lobo tivesse farejado a sua fantasia.

-Voltando ao nosso assunto inicial, sobre você ser perigoso e que o sensato a se fazer era me afastar. –Falou enquanto ligava a máquina.

-Eu já apontei a minha arma para a sua cabeça duas vezes em apenas três encontros. Acredito que uma pessoa sensata já tinha, no mínimo, se cagado de medo e fugido.

O lobo soltou uma risada.

-Eu sempre gostei de desafios. E, talvez, sua personalidade inflamável me atraia.

Se Victor ainda tivesse algumas dúvidas sobre se tinha rosto rubro ou não, agora tinha total certeza que estava totalmente vermelho. Aquilo era algum tipo de cantada? Não sabia ao certo, afinal, nunca fora alvo de algo assim, todos os outros garotos a qual tivera contado tinham medo demais para se aproximar até mesmo para dizer um “Oi”. Hansel era seu amigo , um dos poucos que tinha, senão o único, e ele nunca tentou flerta-lo, apesar de ser bi, mas isso era um ponto positivo... Victor não conseguia imaginar algo romântico ocorrendo entre eles. Seria errado e nojento! Hansel, na verdade, tinha muita experiência nessa área, afinal, quando compartilhavam o mesmo quarto no alojamento dos caçadores, durante os meses de treinamento, muitas vezes encontrava o seu amigo em companhia de algum rapaz ou mulher, cada noite era alguém diferente... Pena que não podia pedir conselhos amorosos a Hansel, já que o mesmo estava em missão pela a Ordem, ele sim podia decifrar as estranhezas que Victor estava sentindo no momento.

Sua barriga parecia revirar.

Como estivesse prestar a explodir ou...

Klaus emitiu um gemido e rapidamente abriu a janela do seu lado do carro.

-Lobos tem o olfato sensível, creio que você sabe disso! –Pela a primeira vez ouviu o outro rosnar –Na próxima vez que queria soltar uma bomba em meu carro avise!

Victor deu uma risada nervosa.

-Ops... Desculpe...-Disse sorrindo. Ok. Talvez o que sentira na barriga, pelo menos, deve ser consequência do leite fora da validade. Mas havia outras estranhezas ocorrendo em seu corpo e que não estavam relacionados com seus hábitos alimentares pouco saudáveis.

De qualquer forma, aquele lobo lhe era confuso e misterioso. Sabia que sua missão envolvia encontrar as garotas desaparecidas em Alsfeld e também descobrir mais sobre o passado de sua família e que de alguma forma pode auxiliar a desvendar o seu próprio passado. Contudo, agora, tinha acabado de adicionar mais um objetivo a ser alcançado...Descobrir quem era, verdadeiramente, Klaus Gallego.

Um igual.

As palavras de Klaus persistiam em ser repetidas em sua mente. O que eles tinham em comum para serem considerados iguais? Ambos eram órfãos e tiveram os pais mortos de forma horrenda? Tinha que descobrir mais...

 


Notas Finais


Espero que tenham gostadoooooooo!
Para mim, Victor é um fofo... Apesar de ser meio esquentatinho e querer explodir a cabeça de todas as pessoas que o irritam.

bem, vejo vcs na próxima!


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