História Carrossel. - Você precisa ser alto para passear no parque.

Kagura e Sougo estão na cozinha, faziam uma macarronada. Enquanto Sougo botava o vinho branco para ferver junto com a carne moída e a linguiça, Kagura procurava o orégano nos armários.

- Porra, cadê essas merdas...?

Sougo riu, enquanto olhava para a bunda de sua namorada – Se você não limpar essa boca logo acho que meus planos de ter filhos com você irão por água abaixo, afinal, não quero ver meus filhos falando “porra” para qualquer coisa.

Kagura levantou-se rapidamente, virando-se para o loiro, detalhe, corada como um tomate – Filhos...?

Sougo riu mais, Kagura era uma mulher que o deixava louco, seu jeito sério, mas ao mesmo tempo tão graciosa. A única que não o deixa com vontade de matá-la. Ele tinha poucos amigos, na realidade, apenas Hijikata era seu amigo e nem outra pessoa, já que todos que se aproximavam dele morriam.

Mas ele era culpado pela maioria, não é que ele tinha ódio das mulheres, mas as mulheres que ele escolhia para matar eram bastante carentes e ele não gostava de cuidar de mulheres carentes, gostava de ver o sangue delas escorrendo pelo chão, pela pele, vê-las agoniarem e suplicando por pena, era uma coisa que amava ver. “Talvez eu seja realmente um sádico. ” Pensou enquanto via Kagura por orégano na panela da macarronada.

Sougo adorava cozinhar assim como sua irmã. Sua irmã, aquela que o criara enquanto seu pai idiota rejeitava sua mãe, um homem desprezível. Seu pai era um homem de negócios, sempre ocupado demais, nunca estava em casa e para Sougo era melhor daquele jeito, apenas ele e as mulheres que mais amava.

Um certo dia, seu pai chegara em casa, com os braços ensopados de sangue, mas não dele e sim de outra mulher.

“O que você fez pelo amor de Deus? ” Ele ainda se lembrava da sua mãe perguntando isso, mas ela estava tão chocada que não tinha expressão.

“ Eu já falei, matei alguém. ” Ele disse, como se fosse uma coisa normal “Já fez o jantar? ”

Sougo se lembra muito bem o que sua mãe fez, pois foi uma coisa que na época ele não entendeu e que passou semanas com raiva dela, ela apenas respondeu que ‘sim’ e foi ajeitar o jantar para ele.

Seu pai nunca amou sua mãe de verdade, foi tudo pelo dinheiro, mas sua mãe amava seu pai, de tal forma que começara a acobertar ele, mesmo que ele espancasse e esmurrace ela a mesma continuava a ama-lo.

- Ei Sougo, como sua irmã morreu? – Ele sentiu a curiosidade no tom de Kagura, mas sua expressão era de receio.

Sua irmã, Mitsuba Okita, ela era linda, todos diziam que Sougo era uma cópia dela por serem tão parecido, mas Sougo nunca admitiu isso, sua irmã era muito pura e bonita ao contrário dele, um garoto nada puro com uma beleza de matar, literalmente.

- Ela era muito doente, portanto morreu cedo. – Mentiu, em parte é claro. Ele observava as expressões da ruiva, ele viu que ela queria saber mais sobre a vida dele, portanto iria mentir para protege-la do monstro que ele era.

Kagura sorriu de lado – Você realmente não gosta de falar sobre sua família.

Ele viu ela triste, mas ele já sabia por que, ela era sua namorada e a poucos minutos atrás ele tinha falado sobre filhos, era obvio que Kagura queira saber mais sobre ele.

- Não é isso – Ele suspirou – Só acho que não é necessário falar disso agora.

Kagura afastou-se do loiro e voltou para a cozinha. Sougo ficou sentado na cadeira da mesa de jantar. Ele não havia mentido que sua irmã fosse muito doente, ele tinha anemia grave, mas não deu tempo de anemia virar uma leucemia, afinal, ela morreu antes que isso acontecesse.

Mas afinal, o que a matou? Em começo de conversa, quando os pais deles morreram, seu pai matou sua mãe e seu pai foi morto pelo seu tio por vingança, sua irmã cuidou dele e da economia da família, tentava sempre pôr as contas em verde, mas seu pai tinha uma dívida muito grande. Mesmo assim sua irmã cuidou e muito bem, nesse meio período Mitsuba conheceu um advogado que acabara de sair da universidade.

Seu nome era Hijikata Toshirou, na época ele tinha cabelos enormes e usava camisas de adolescente, com o tempo ele foi mudando, por conta de que Mitsuba queria um advogado bem vestido. No começo Sougo não havia gostado nem um pouco dele, estava com ciúmes na realidade, mas no dia que Hijikata disse que estava gostando de outro homem, Sougo acabou viram muito amigo do moreno.

Quando o loiro completou 7 anos, ele viu pela primeira vez sangue, mas era um sangue tão anêmico. No seu aniversário, alguns homens invadiram a casa atrás de dinheiro que seu pai inútil estava devendo. Sua irmã morreu por Sougo, os homens iriam mata-lo, mas sua pura irmã atirou-se na frente dele, o sangue jorrando por todo lado era fascinante para o loiro, mas ao mesmo tempo aterrorizador. Ele não se lembra muito bem, mas quando tinha acordado estava no hospital e Hijikata estava lá, seus olhos estavam pesados, parecia que havia chorado muito.

“ Eu irei cuidar de você pirralho. ”

“Teria sido melhor eu ter morrido, em vez dela. ” O loiro foi tirado de seus devaneios pela ruiva que bateu muito forte na mesa, ela bateu a panela da macarronada na mesa. Sougo olhou para a ruiva, ela parecia irritada.

- O que foi? Tá me olhando por que assim? – Ela deu uma pausa – Queria saber no que pensa, mas é claro que não vai dizer senhor “Só acho que não é necessário falar disso agora. ” – E continuou a reclamar.

Ele não fazia ideia da vida que sua irmã lhe dera, aquela aparência irritada, aqueles longos fios ruivos e aqueles olhos azuis opacos eram sua fonte de alegria, seu amor, a única mulher que amava incondicionalmente e que queria ter uma família com ele, ele estava tão feliz por ter Kagura ali, reclamando e se preocupando com ele.

Logo ele sorriu, mas as lágrimas que escorria pelo seu rosto fora a represa que se destruiu dentro dele, ele viu Kagura parar de reclamar e foi até ele, o abraçando de frente, por tanto, sentando em seu colo.

- Desculpa... – Ela pediu, cobrindo seu rosto no peitoral dele, mas ele sabia que ela apenas estava escondendo seu rosto corado.

Ele não disse nada, apenas levantou o rosto da ruiva e a beijou.

 “ Obrigado irmã, por me dar essa vida. ”