História Cartas de Amor Anônimas de Tamaki Amajiki - Único.

Tamaki é um estudante terceiranista alto com pele bastante pálida. Suas orelhas são mais compridas do que a maioria, as pontas pontiagudas e um tanto parecidas com um elfo. Extremamente tímido, deprimido e introvertido, ele fica nervoso com muita facilidade quando fala com outras pessoas.

No entanto, mesmo estando sempre escondido nos cantos das salas, virado contra a parede e tentando se esconder, Tamaki tinha um desejo interior de ser notado. Não por todos. Não, não mesmo. Queria ser notado pela garota que amava há um tempo, que mantinha como amiga.

Mas ele não conseguia, ou não podia. Seu corpo não obedecia aos comandos de seu cérebro, era como se desse uma “pane” no seu sistema nervoso, e ele não conseguisse expressar o que sentia. Isso era-lhe horrível, pois a única coisa que queria era poder dizer à linda garota de seus sonhos o que realmente sentia por ela, e ouvir uma resposta, mesmo que não fosse positiva.

~ 次の行為 ~

Certo dia, desesperado para contar o que sentia, resolveu escrever-lhe uma carta. Pegou uma folha de papel, usou de sua melhor caneta e bela caligrafia e deixou as palavras fluírem. Saiu de casa em direção à escola, com a carta na mão, desejando entregá-la.

Porém, no meio do caminho, uma chuva começou a cair sobre sua cabeça. Ele tentara proteger a carta, mas era tarde demais: o papel estava encharcado, e manchado de tinta escorrendo por toda a extensão da folha, embaçando seus sentimentos cuidadosamente registrados no papel durante a noite anterior.

~ 次の行為 ~

Decepcionado com sua tentativa frustrada, Tamaki resolveu distrair-se um pouco em um site de fanfics. Tinha uma conta discreta, algo que o permitisse ler sem ser reconhecido, e observar a conta de sua amada sem ser identificado. Até que lá, vagando pelo site, encontrou uma conta destinada a “espalhar o amor pelo site por meio de cartas anônimas”

Passou minutos, horas, dias encarando a opção de “Enviar MP” do perfil, pesando os prós e contras em uma balança mental. Até que criou coragem, e escreveu uma carta anônima destinada à @Wave-Chan:

Olá, não sei como iniciar esta carta, nem como continuá-la. Na realidade, não tenho ideia de como dizer o que estou prestes a digitar: Eu gosto de você, e gostaria de te conhecer melhor, de alguma forma, e pelo menos... ter uma chance com você.

Sinto como se tu fosses meu farol, que me atrai para longe da escuridão dos cantos em direção ao centro, onde sempre estás, chamando a atenção de todos com seu brilho.

Espero algum dia ter coragem suficiente para lhe falar isto pessoalmente.

― Seu eterno admirador anônimo

Ela foi extremamente gentil e, além de respondê-lo carinhosamente, disse que manteria a conversa, se assim ele quisesse

A garota e ele seguiram, então, conversando por intermédio das cartas anônimas por um tempo, e depois, para terem mais privacidade, conversavam pelo próprio perfil de Tamaki, @Hungry-kun, que, além do nome, não tinha nenhuma referência à sua vida pessoal ou sua identidade.

Certo dia, a menina mandou-lhe uma mensagem, simples e direta:

― Sente-se preparado para nos vermos pessoalmente?

Tamaki não sabia o que fazer. 

Deseja, ou melhor, sonhava com isso? Claro que sim, havia mais de ano que esperava por um dia em que teria coragem suficiente para se declarar para ela pessoalmente, abraçá-la, ou talvez até mesmo beijá-la...

Mas não tinha coragem suficiente para tanto... Não se sentia pronto, mas não queria ter que admiti-lo, e nem perder essa oportunidade que lhe parecia única. Depois de um suspiro, enviou:

― Sim.

― Ótimo! Que tal... amanhã no Jardim das Borboletas depois da aula?

O Jardim das Borboletas era um local sobre o qual Tamaki contara-lhe alguns dias atrás, um pátio com um cipreste lindo onde, no fim da tarde, surgiam muitas borboletas e mariposas.

Ele sorriu aliviado. Era um local solitário e silencioso, como gostava.

Como ele realmente amava essa garota!

~ 次の行為 ~

Tocou o sinal avisando que os horários do dia haviam acabado. Tamaki suspirou e se levantou da cadeira com dificuldade. Abaixou a cabeça, já corado e tremendo, e seguiu em direção ao Jardim das Borboletas.

Caminhava lentamente, mas já a via. Via a garota de seus sonhos sentada debaixo do cipreste. Não tinha coragem suficiente para olhá-la nos olhos e ler a reação dela ao o ver caminhar.

Mas isso não se fez necessário, já que ela, assim que o viu, levantou-se e correu em sua direção, pendurando-se ao seu pescoço e surpreendendo-o.

―Tamaki, eu não acredito! Era você?

Tamaki maneou a cabeça lentamente, indicando resposta afirmativa.

― Ah, Tamaki, por que não me disse antes?

O garoto não conseguiu falar nada, apenas cobriu seu rosto.

― Ah, você fica tão fofo quando tá assim...

― E-eu q-queria poder manifestar a co-coragem de um leão a-agora...

― Não precisa, Tamaki. Eu prefiro você assim...

― N-Neji, e-eu não consigo, desculpa, mas... Vo-você é tão...― e suspira antes de aceitar a realidade. A realidade que, no fundo de seu âmago, ele já sabia. Mas agora, estando à frente dela. Teve certeza. Certeza que a amava? Sim, mas também tinha certeza que não estava preparado para conversar com ela pessoalmente. Pelo menos não sobre seus sentimentos. ― É melhor nos falarmos pelo celular.

― Tem certeza? Ah, tudo bem...

― S-Sério?

― Sim Tamaki, eu gosto muito de você para não fazer esse pequeno sacrifício

― O-Obrigado

― Espera, só mais uma coisa, antes de você ir

E então ela o beijou. Um beijo rápido, mas que ficou repetindo na memória de Tamaki, uma doce recordação de um dia com sua querida Nejire...

~ 次の行為 ~

Tamaki voltou para casa e olhou para a tela de seu celular. Sorriu ao ler sua notificação preferida.

― Nossa, que lerda que eu sou, desculpa... Quer namorar comigo?

― Nada me faria mais feliz

― Então, boa noite namorado, espero que nos falemos pessoalmente mais vezes

― Boa noite namorada, espero que você abandone essa ideia ― acrescentou, sorrindo. Como era bom estar com quem mais amava nesse mundo, e, além de saber que eram recíprocos seus sentimentos, sentir que ela o entenderia como mais ninguém! Afinal, eles foram melhores amigos durante 2 anos, e agora tornavam-se algo mais.

E tudo isso por conta de uma carta anônima em um site de fanfics, quem poderia imaginar?