P.O.V David
Caminho ate ela, pelo visto não estava bem. Seus cabelos negros estavam jogados ao vento e sua face, inchada pelas lágrimas que há muito caíram.
- O que tem?- digo me aproximando de Abgail .
- Não é nada demais, apenas mais um de meus dramas . - ela diz baixando a cabeça, sem jeito .
- Já disse pra você que não sao dramas . - digo me pondo seu rosto entre minhas mãos. - Vem, vamos para aquele nosso canto especial, que só nós conhecemos. - digo e ela me segue , sem pestanejar .
Havia conhecido Abgail há um ano e meio atras, em uma aula de música que meus pais juravam ser a reunião do clube de natação, melhor assim .
....
Após quinze minutos chegamos a uma cabana, em frente à um campo de flores silvestres que amava admirar em meus dias mais solitários. Abgail, já familiar daquele lugar, se senta no balanço da varanda enquanto adentro o local e retorno com duas coca-colas . A sirvo uma, que é retribuida com um tímido " obrigada " de seus pequenos lábios.
- O que houve ? - pergunto com minha voz grave pela evidente preocupação.
- Você não devia estar na aula ? Não quero te prejudicar . - ela se esquiva.
- O que houve ? - torno a insistir ainda mais preocupado.
- Foi meu padrasto...
- O que aquele babaca fez agora ? - minha raiva é crescente .
- O seu jeito bruto e frio de ser comigo. Não suporto isso, não sei como minha mãe aguenta.
- Ele foi bruto com você de novo?
- Sim ... - ela acente com os olhos baixos .
- Eu vou acabar com esse folgado ! Não tolero o jeito como ele te trata ! - digo com a voz irradiava de raiva e ódio que ardiam em meu peito como ferro em brasa .
Me levanto de meu lugar brutalmente. Não ia mais permitir que maltratassem Abgail novamente . No fervor de minhas emoções, sou impedido por Abgail, que põe as duas maos sobre meu peito.
Vejo aquelas pequeninas mãos pálidas encostadas em meu tórax. Acompanhavam agora o ritmo de minha respiração. Como em um passe de mágica, todo o meu ódio se esvai. No auge de minhas emoções, sentia apenas o toque de seus dedos .
Subitamente a abraço. E permanecemos ali alguns instantes. Vejo que seus olhos estão fechados e sua cabeça encostada em meus ombros . A paz finalmente a invadiu . Gostava daquela sensação e gostava mais que ela sentisse esse sentimento, tão fraterno e contagiante .
Uma fina chuva começa a cair . Entramos no local feito de rústicas madeiras . Abgail se senta no sofa e eu fico no chão. Vejo que o silêncio invadiu suas feições e em uma subir a ação, a puxo para perto de mim, fazendo com que caia em meus braços. Ela ri com a situação e um tímido sorriso brota em meus lábios.
- Tenho que te mostrar algo. - digo animado enquanto me levanto .
Ela apenas concorda com a cabeça com seu jeito tímido que me atraia sem par . Era incrível o jeito como ela me fascinava . Se pudesse, ficaria o dia inteiro a contemplando, só para ter a chance de desvendar esse mistério de seus olhos.
Vou até uma vitrola próxima e puxo um vinil recém gravado por mim e coloco para tocar a música que há pouco Pamella tinha curiosamente pedido para a mostrar . Bem, esse era o momento exato para essa música nascer .
O hit começa a tocar e invade todo o ambiente. Pelo sorriso dela, sei que toquei seu coração . Extasiada pela música, ela se dieta no chão amadeirado. Me deito ao seu lado e dormimos agarrados ao som da chuva e de Starman.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.