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História Cartas Para Thomas - Ciúmes? Parte I



Notas do Autor


Boa leitura ♥

Capítulo 13 - Ciúmes? Parte I


Fanfic / Fanfiction Cartas Para Thomas - Ciúmes? Parte I

“...Você sabe que eu não gosto de Daniel e nem ele de mim. Ele sempre diz aos quatro ventos que sou insuportável e que a minha personalidade é falsa por causa da maneira que eu ajo. Claro que ele me odeia por ser seu melhor amigo, eu nunca levei pelo lado pessoal as suas críticas por saber que era ciúmes. Você gosta dele? Porque é óbvio que ele gosta de você. E tem como não gostar?”

Isabelle pensou por um tempo antes de responder.

“Não, eu não gosto. Mas talvez possa aprender, não é?”

 

- Mensagens trocadas por Thomas e Isabelle um dia após ele descobrir que ela estava oficialmente ficando com Daniel.

- Então – Dra. Janine analisou e me interrompeu por um instante – namorou Daniel primeiro? Sua história com ele é tão antiga quanto Thomas, aparentemente.

- Não foi namoro. – Esclareci amassando o copo de plástico novamente naquele sinal claro de ansiedade. – Só umas ficadas. Saímos algumas vezes, demos alguns beijos, mas nada além disso.

A psicóloga me encarava interrogativa. Cruzou as pernas e se ajeitou na poltrona. Naquele dia ela me parecia mais uma amiga do que a profissional, e eu sabia que a maneira que estava lidando com as sessões até ali, os desabafos e o carinho eram praticamente de uma.

- Você disse que atualmente namora com ele, correto? – Voltou ao assunto.

- Sim. Namoramos há mais de dois anos. – Afirmei sem rodeios. – Nos aproximamos bastante nos últimos cinco anos e ele sempre foi muito claro em seus objetivos.

- Isso é bom. Mas me faz perceber uma coisa que pode ser um pouco triste para ambas as partes. – Ponderou e me fitou com ar sério. – Você não fala de Daniel com a mesma emoção e carinho que fala de Thomas. Levando em consideração o tempo que o conhece e o namoro, seria natural se ele tivesse um pouco mais de destaque.

Me senti paralisar na posição que estava e fora como se um manto descobrisse o meu corpo e me revelasse ali.

- Eu... – engasguei antes de conseguir formular uma frase. Ela se perdeu entre meus pensamentos e minha voz logo após isso e me senti envergonhada e um tanto perdida.

- Não precisa ficar com medo de falar nada, lembre-se que todos os seus segredos estão guardados comigo. – Garantiu e eu assenti. – Mas vamos explorar mais isso. Atualmente, você ama Daniel?

- Amo. Muito. – Assegurei e me senti intimamente bem com isso. – Ele é um homem maravilhoso e o mais lindo que conheço.

- Então, porque acha que ele acaba ficando de fora do protagonismo?

- Acho que é pelo fato de Thomas ter sido mais intenso em minha vida do que Daniel. Mas isso não significa que eu ame um menos do que o outro. – Confessei e engoli em seco. – Perdão, ame, amei, não sei como essa frase pode fazer sentido do que é real.

- Eu compreendi. – Janine sorriu e tentou me reconfortar em meio ao meu aparente novo desespero.

- A verdade é que sempre foi tudo tão tranquilo com Daniel, sabe? Desde cedo ele demonstra que gosta de mim e nunca foi segredo para ninguém. Demorou anos para conseguir me convencer a namorar e nosso relacionamento é... calmo, sem a mesma... – Procurava a palavra certa para definir. Sinceramente eu nunca soube dizer.

- Intensidade? – A psicóloga sugeriu.

- Eu não diria que ele não é intenso. – Argumentei. – Daniel é um homem que sabe fazer os momentos se tornarem inesquecíveis da maneira dele. Ele é forte, audacioso, e adora demonstrar o quanto me adora de uma maneira bem carnal.

Esperava que ela entendesse o que aquilo significava.

- Não quer dizer que seja tocante para você da mesma maneira. – Ela sugeriu e eu me senti um pouco incomodada. Não estava ali para comparar os dois, apenas focar no que me incomodava, e esse era Thomas, não Daniel. – A intensidade da sua história com Thomas pode ser negativa, nem sempre significa algo bom.

- Danny sempre me deu a certeza de um amor calmo. – Assegurei lembrando-me dos nossos anos juntos. – Nunca tivemos desconfiança um do outro, sequer problemas com relações extraconjugais. A única pessoa que ele sentia ciúmes era de Thomas.

- Isso ficou bem claro desde que o introduziu na história. – Dra. Janine observou. – Mas e você, Isabelle? Como é em relação aos ciúmes? Disse que Daniel tem uma melhor amiga.

Assenti com um movimento de cabeça.

- Sim, Beatrice. Eu não sinto ciúmes disso. – Afirmei pensativa. – Pelo menos, não com Daniel.

A psicóloga me aguardou continuar sabendo que eu tinha algo a acrescentar àquela frase.

- Vou esclarecer melhor...

 

Flashback On

 

Eu havia saído com Daniel algumas vezes já, estava prestes a fazer um mês que nós dois fazíamos isso com frequência. Ele era uma boa companhia para falar a verdade. Sempre tentava me deixar confortável em nossos encontros, e quase todos os dias mandava uma mensagem dizendo o quanto eu era especial para ele.

O problema é que, mesmo sendo incrível, ele e Thomas nunca estavam no mesmo lugar ao mesmo tempo me dando atenção. Se um estava por perto o outro estava afastado e isso estava ficando chato já. Como me dividir entre o melhor amigo de anos que passava tardes e noites comigo fazendo tudo o que queríamos e o garoto que tinha intenções amorosas sem um querer matar o outro?

E isso era constante. Na sala de aula eu e Thomas ficávamos juntos, mas quando batia o intervalo, Daniel queria a minha atenção. Era assim também durante a tarde e algumas noites, e eu tinha que marcar na agenda para quem iria a minha dedicação naquele dia. Estava ficando exaustivo e eu sempre sentia que Thomas saia decepcionado, afinal, nunca existiu outro garoto antes que dividisse o meu tempo com ele.

Aconteceu de nos afastarmos por uns dias, e esses dias foram praticamente ignorados por mim. Eu estava sendo uma péssima amiga, não é? Provavelmente sim. Mas isso iria acontecer de qualquer forma, afinal, estávamos virando adultos e isso significava novas experiências.

Eu estava deixando Thomas vermelho de ciúmes? Não sabia, mas Daniel apostava que a resposta era sim.

Às vezes ele parecia sentir um prazer oculto em provocar meu amigo. Eu estava ciente que existia uma rixa entre os dois que nem sempre tinha a ver comigo, mas eu era o foco principal na maioria das vezes.

Quando Thomas chegou na escola praticamente roubou e dividiu a atenção que Daniel tinha toda para si por ser uma pessoa mega extrovertida. Todos os que o conheceram, praticamente, gostavam dele e se tornavam seus amigos, os professores adoravam sua interação descontraída, as perguntas inteligentes e o humor leve. As meninas o viam como um cara incrível e ideal desde que notaram sua dedicação para comigo e à medida que ele fora crescendo ia ficando cada vez mais bonito.

Sim, eu admito que o achava bonito. Isso sempre foi muito claro para mim e eu sempre o elogiei.

Thomas participava de toda e qualquer atividade que ofereciam, desde clube de futebol ao xadrez e até aulas de música. Ele dançava no meio de todos sem vergonha nenhuma, se vestia de príncipe todas as vezes que eu o pedia para fazer teatro comigo em troca de uns pontos extras e era a pessoa mais hiperativa que existia naquela escola.

E isso Daniel nunca foi. Ele era o galã, na verdade. O garoto agraciado pela beleza dos deuses que se piscasse para qualquer um faria o seu coração inteiro se derreter por ele. Tinha um sorriso sedutor que encantava até as professoras! Nunca precisara fazer muito esforço para conseguir nada – a não ser, claro, ficar comigo.

E eu estava no meio de uma briga silenciosa entre os dois sem saber o que fazer.

Logo eu que nunca gostei de ser o centro das atenções tinha que lidar com duas pessoas populares travando uma batalha para conseguir ficar ao meu lado.

Até que um dia isso mudou. Não sabia o porquê, mas de repente Thomas parecia ao mesmo tempo nervoso e prestes a me xingar por algum motivo.

Estávamos uma tarde sentados na sala de minha casa fazendo um trabalho de matemática juntos super concentrados. Sairíamos de férias na semana seguinte por duas semanas e voltaríamos apenas no início de agosto como era costume.

- Quer ver filme hoje à noite? Estou cansada de apenas estudar. – Perguntei quebrando o silêncio "ensurdecedor" que estava pairado entre nós. Desde que Daniel e eu começamos a ficar ele estava mais calado do que qualquer coisa, e eu sabia que era por estar chateado com a minha quase relação com aquele que sempre o importunou.

- Não posso. – Respondeu com a voz mais fria que já ouvira até ali. - Estou ficando com a Beatrice. – Ele disse um pouco menos eufórico do que imaginava que um homem diria quando assumisse estar com alguém como ela. – Prometi que a levaria ao cinema hoje.

O encarei por longos segundos e senti a minha cabeça rodar. Em qual momento isso havia acontecido que eu não vi? Sempre soubera de todos os passos dele antes mesmo de acontecerem.

- O quê...? Que dia que isso... – Praticamente gemi tais palavras.

Era um baque que estava sentindo? Porque isso me faria mal? Thomas já havia beijado outras garotas e ficado com elas, era normal acontecer, afinal éramos adolescentes.

- Bem, já tem uma semana, na verdade. – Ele jogou a resposta no ar sem se dar ao trabalho de me encarar. – Você saberia se não estivesse o tempo todo com Daniel. Aliás, eu achei que ele a contaria, afinal é o melhor amigo dela.

- Ele não me disse nada. – Elucidei um pouco mais incomodada do que gostaria. – E eu acho que não deveria mesmo, afinal, quem tem que me contar é você.

Thomas me fitou desanimado e deu de ombros.

- Eu não achei um momento apropriado para isso até este momento.

Do que ele estava falando? Trocamos mensagens e conversamos todos os dias. 

Deixei a caneta de lado e cruzei os braços visivelmente chateada. Thomas largou seu lápis e voltou a me encarar, mas em silêncio agora.

- Pensei que você me contasse tudo. – Reclamei.

- Eu conto. – Admitiu ele. – Apenas demorei um pouco mais dessa vez.

- E por qual motivo? Sempre soube de tudo o que acontece com você antes mesmo de dar um passo. – Lembrei magoada. – O que mudou agora?

Thomas exibiu um olhar tipo “você está de brincadeira comigo, não é?”

- Nada mudou, Isabelle, eu só preferi guardar porque era segredo meu e dela na primeira vez que ficamos.

Segredo? Isso já era demais para mim.

- Desde quando guarda segredos de mim? – Questionei inquieta.

Thomas se voltou totalmente para mim agora, ficando frente a frente.

- Isabelle, – ele deu uma pausa e formulou uma frase que nem precisava sair de sua boca para eu saber qual era – o segredo não era só meu para poder conta-la assim.

Eu adoraria, naquele momento, gritar com ele. Um sentimento absurdo, diferente, estranho e possessivo parecia querer brotar de dentro de mim num fulgor intimidante.

Engoli cada palavra que estava presa na garganta. Eu tinha consciência que não estávamos nos nossos melhores dias, e possivelmente estragaria ainda mais a nossa amizade caso começasse uma briga por causa daquilo. Mas um segredo que não fora imediatamente compartilhado comigo me deixara estupidamente incomodada.

Afinal de contas eu era a melhor amiga dele!

- Tudo bem. – Suspirei para controlar a súbita raiva. – Você tem todo o direito de namorar em paz e não precisa mesmo compartilhar suas intimidades comigo.

Thomas permaneceu em silêncio. Seu rosto estático não estava nem um pouco feliz.

Eu tive medo que ele rompesse nossa amizade nessa hora e nem sabia o porquê. Thomas e eu já tivemos outras experiências com outras pessoas e nada parecido acontecera.

- Beatrice é a garota mais bonita que eu conheço. – Tentei sorrir para ele. – Vocês dois combinam.

O sentimento era real – ou pelo menos parecia ser para mim naquele instante. Queria ver Thomas feliz independente do que quer que acontecesse.

Aguardei ele dizer alguma coisa, qualquer coisa, contudo nada saiu dos seus lábios. Ele voltou sua atenção para a folha de papel e suspirou intensamente, podendo jurar que saíra um gemido errante de sua boca.

- Vocês dois... sabe... – Tentei montar uma frase sem que parecesse idiota saindo dos meus lábios. Quase nunca falávamos sobre isso e normalmente era para confirmar se ainda éramos digamos que puros, mas a curiosidade bateu forte naquele momento. - ...transaram?

Thomas me fitou e quase deixou uma risada sair da sua boca. Não sabia se estava feliz ou se ria da minha pergunta feita sem jeito.

- Não, claro que não. – Admitiu e eu sabia que ele dizia a verdade. – Você e o Daniel...?

- Não. – Interrompi antes que ele terminasse sua frase. Ele recostou no sofá e relaxou o corpo de uma maneira que parecia que um peso saíra de suas costas. – Não sei se estou pronta para isso ainda. Parece que falta algo que me impulsione a querer. – Admiti.

Ele me encarou profundamente e sorriu amável.

- Se você tivesse ido para a cama com ele me contaria? – Perguntou com sinceridade e eu me peguei pensando nisso. Nós precisávamos mesmo contar tudo um para o outro? Todos esses detalhes que não se diz respeito a nós dois?

- Sim. – Eu contaria e sabia disso. Não tinha nada que não compartilhasse com ele e sabia que isso não ficaria de fora.

- Eu também. – Reconheceu. – Apesar de achar que seria estranho e creio que você vá desejar não saber de detalhes.

Ri dele por um instante notando seu rosto vermelho e envergonhado. Ainda éramos os melhores amigos do mundo e eu tinha plena certeza que isso nunca mudaria. Como dividir tais coisas dessa maneira e uma amizade dessas romper? Era óbvio que havíamos ultrapassado as barreiras de todos os limites.

- Sabe, às vezes eu acho que... – Thomas recomeçou a falar enquanto fazia círculos em sua perna num ato envergonhado de mudança de postura. – Que nós dois pudéssemos...

Ele me encarou, seu rosto um pouco mais perto agora. Seu olhar parecia perdido em meus lábios por um instante que fora quase infinito. Poderia dizer que entendi o recado, mas talvez precisasse de mais clareza.

- Que nós? – Indaguei ansiosa pelo resto de sua frase.

Mas ele não a completou. Ao invés disso, aproximou-se um pouco mais e eu pude sentir a sua respiração contra a pele do meu rosto. Me aproximei também num ato quase involuntário, instintivo e certamente pronto para correspondê-lo com um possível beijo.

- Ah, hoje está um calor infernal! Nem parece que choveu ontem à noite e fez frio na madrugada. – Mamãe apareceu de repente na porta da sala e chegando da rua. – Trouxe maracujá para fazer um suco. Vocês devem estar com fome, não é?

E tomou o rumo da cozinha sem aguardar a resposta ou notar que atrapalhara alguma coisa.

- Thomas... – chamei a sua atenção novamente. – Eu fiz brownies. Tenho uma forma inteirinha esperando por você lá dentro. – Sussurrei e sorri com a mudança repentina de assunto.

Ele sorriu de volta com um brilho se acendendo em seu olhar.

- Você quer? – Ofereci, mas já sabia a resposta.

- Você precisa perguntar mesmo? – Ele disse levantando-se do seu lugar para irmos juntos à cozinha. 


Notas Finais


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Até a próxima


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