1. Spirit Fanfics >
  2. Cartas para um Estranho >
  3. A Última Noite

História Cartas para um Estranho - A Última Noite


Escrita por: myka_mei

Notas do Autor


postar dois capítulos no mesmo dia para mim é uma espécie de novo recorde \o/ ainda mais que estou chegando na parte que gosto da estória \o/
Mds, acho que vou até escrever o outro já ehuehu
Ah, e desculpas pelo tamanho ;-; não desistam de ler por ter quase 3000 palavras e um título diferente dos outros, eu decidi contar um pouquinho sobre Seo Yeon porque ela é uma personagem importante ehuehue Mas eu espero que gostem ^^
Nos vemos nas notas finais, e boa leitura ~♥

Capítulo 15 - A Última Noite


Fanfic / Fanfiction Cartas para um Estranho - A Última Noite

Seo Yeon abriu os olhos, confusa. Aquele quarto branco e sem graça não era seu quarto.

-Você realmente não tem juízo. – Yoongi falou sentado á janela, indo até ela e tirando algo dos bolsos.

-O que eu tô fazendo aqui? – olhou ao redor, pousando a atenção no relógio da parede. Já passavam das seis da tarde, e ela não estava em casa.

Seu coração pulou contra o peito, desesperado. – Preciso ir embora. Agora. É lei eu estar em casa nesse horário.

Quase pulou para fora da cama, pegando tudo o que fosse pertence seu.

-Esqueceu disso. – Yoongi lhe entregou a caixa do remédio, fazendo a garota empalidecer –Você estava caída no meio da rua, era de se esperar que fossem mexer na sua bolsa procurando por sua identidade e telefone para ligarem pra alguém...

-Mais alguém viu? – o interrompeu guardando aqueles comprimidos no bolso da calça, procurando por um espelho onde pudesse melhorar sua aparência que deveria estar horrível.

Yoongi deu de ombros – Eu te tirei de lá antes então...

Ela suspirou aliviada não por finalmente ter encontrado o espelho, mas por saber que aquilo ainda era um segredo.

Seo Yeon tirou as várias maquiagens de dentro da bolsa e começou a apagar de sua pele do rosto alguns roxos que se formaram depois do que aconteceu na semana passada; aproveitou e disfarçou suas olheiras.

-Pode passar aqui atrás para mim, por favor?

Yoongi assentiu, sabendo ao que ela se referia e se virou, esperando-a tirar a camisa e virar-se de costas para ele.

-Só nesses mais escuros; os outros amarelados não aparecem por sob a renda da blusa.

O garoto suspirou e assentiu, indo até ela e abrindo a maquiagem para esconder os círculos roxos que enfeitavam sua pele clara.

- Você devia denunciar ele. – murmurou, como sempre fazia quando tinha que ajuda-la a esconder o que eles lhe faziam.

Seo Yeon balançou a cabeça – E para onde eu iria se a polícia realmente o prendesse?

-Ele é o dono de uma automobilística, Yeon, ele nunca seria preso; pagaria pela liberdade dele antes disso. Mas ao menos ele seria obrigado a te dar um dinheiro para que não dissesse mais nada que pudesse prejudicar a imagem dele, e com esse dinheiro você iria embora. Desculpa. – a garota se encolheu com um gemido de dor quando ele foi maquiar um machucado mais profundo.

Após digerir as palavras dele, ela riu – Você sabe que ele não faria isso.

Yoongi bufou, guardando a maquiagem – Terminei – e virou-se outra vez enquanto ela voltava a se vestir.

-Pensou na ideia que te dei mês passado?

Seo Yeon penteou os fios do cabelo descolorido da melhor maneira que pôde com os dedos – Eu não tenho qualificação pra trabalhar em um emprego decente; e mesmo se eu tentasse em algo como lanchonetes ou coisa do tipo, os donos dos restaurantes sabem que meu responsável não aceita ver alguém da família em um emprego “indigno”, então eles me recusam sem nem mesmo olharem meu currículo. Eles têm medo dele. – tocou uma mancha em seu pescoço que esqueceu de esconder – E eu entendo esse medo.

Yoongi assentiu – Sinto muito por... Você sabe. Eu não me importaria se você fosse para meu apartamento, mas...

-Mas se você mal consegue sustentar a si mesmo imagine se eu fosse morar junto. – completou por ele, sorrindo para sua imagem consertada no espelho.

Bonita. Radiante. Alegre.

A imagem da filha perfeita de um homem milionário.

-Agora só preciso entrar sorrateiramente em casa e será como se nada tivesse acontecido. – virou-se para Yoongi com os braços erguidos em comemoração.

-Essa sua imagem é tão falsa quanto a marca da bolsa que está usando. – Yoongi sorriu, sabendo o quanto ela se irritaria.

-Isso é o melhor que posso fazer até conseguir um emprego, seu idiota. – bateu nele com a bolsa – E isso aqui é produto original, ok?

Yoongi deu de ombros observando-a abrir a porta para sair do quarto. E se dar de cara com seu pesadelo encarnado.

O responsável por Seo Yeon estava ali, terno sob medida e sapatos lustrados, discutindo com o médico para que a garota fosse liberada.

-Ah, aqui está ela. – o homem virou-se para ela sem esconder o descontentamento em vê-la – Vamos embora.

Seo Yeon olhou rápido para Yoongi, quase implorando por ajuda, mas rapidamente voltou-se para frente e baixou a cabeça. Não havia nada que ele pudesse fazer. Nada que ela pudesse fazer. Nada que alguém pudesse fazer.

Arrastou-se para fora do quarto em passos lentos, como um prisioneiro no corredor da morte indo para sua sentença final.

-Anda logo porque você já causou problemas suficientes por uma vida inteira. – o homem a segurou no braço e puxou-a para acompanha-lo, sem se importar em maneirar na dor.

-Seo Yeon! – Him Lye a gritou saindo de um dos quartos, os olhos assustados e vermelhos, com Jimin a segurando para que não saísse correndo desesperadamente como ela queria fazer.

A outra obrigou-se a parar. Queria ouvir o que ela tinha a dizer, independente do que fosse. Ouvi-la era o mínimo que podia fazer por ela.

-Você é surda? Anda! – foi puxada com mais força ainda até que seus pés foram forçados a se moverem, dessa vez ainda mais apressados, sem lhe dar tempo nem ao menos de olhar uma última vez para o rosto de Him Lye.

Afinal, depois de hoje, ela provavelmente não poderia sair de casa por muitos dias.

Do lado de fora do hospital, foi praticamente jogada para o banco de trás do carro importado.

-Eu e você vamos ter uma séria conversa em casa. – o responsável avisou-lhe enquanto respondia alguns e-mails importantes assim que o motorista deu a partida.



 

-VOCÊ TEM IDEIA DO QUANTO ISSO ERA IMPORTANTE?! – ele berrou com tanta força que Seo Yeon teve certeza que seus tímpanos estourariam. Mas ela estava machucada de novo.

Ser jogada daquele jeito contra a parede tantas vezes seguidas.

Ser agredida daquele jeito tantas vezes.

Às vezes se perguntava como ele ainda não a havia matado.

Ele havia lhe feito alguma pergunta. Seria melhor responder.

Não, desculpar-se. Implorar por perdão. Humilhar-se para que ele parasse. Isso costumava funcionar. Mas estava tão fraca, tão dolorida... Não havia tomado o remédio quando saíra do hospital, e agora seu corpo mal aguentava mantê-la de pé.

Será que sairia viva daquela noite?

Será que aquela seria sua última noite?

Seo Yeon sorriu. Não seria tão ruim morrer nessa noite.  Him Lye logo descobriria a verdade, o assassino estava foragido, Min Sae Yi continuava cultivando suas mentiras, Jimin estava de volta e ainda não descobrira a verdade. Logo tudo isso explodiria e ela não queria estar por perto para ser atingida pelos estilhaços.

Sorriu de novo. É, seria bom morrer nessa noite.

-Sua vadia... – parecia um touro furioso indo até ela, o rosto suando de tanto xingá-la e gritar com ela, de tanto controlar a surra que queria dar nela, mas que não soube controlar direito – Acha isso engraçado? Por culpa sua fui OBRIGADO a sair da reunião! Era o contrato mais importante de toda a história da empresa! – segurou-a pela raíz do cabelo e ergueu o rosto sereno da garota para ele – Era a única chance de impedir uma crise na empresa! E fui obrigado a te tirar do hospital por que?

Empurrou-a para o lado, não suportando mais olhar para aquele rosto que não expressava mais nem dor.

O mundo ao redor girava na cabeça do homem. Os acionistas cairiam matando para cima dele no dia seguinte. Sua empresa perderia valor de mercado e suas dívidas aumentariam. Ele perderia tudo. TUDO.

-Tudo por causa de uma drogada! – pegou os remédios que o médico encontrara na bolsa de Him Lye antes do amigo ter recebido permissão para entrar no quarto da paciente. Atirou-os nela, que nem se importou em levantar do chão onde estava jogada.

Afinal, não era aquele o lugar em que ela deveria estar?

Him Lye estivera humilhada naquela mesma situação anos antes. E Seo Yeon ficou no colo do pai. Sentia-se, hipocritamente, compadecida pela garota. A verdade é que se sentia feliz.

Feliz por saber que o pai havia escolhido proteger a ela e não a sua outra família que vinha mantendo escondido.

Feliz por saber que ela estava segura no colo do pai e não jogada no chão pela própria mãe.

Feliz por ser amada pelo pai que desejava que sua outra filha estivesse morta.

Era tão amada que meses depois ele mandou embora ela, a mãe e o irmão. Mas ela queria ficar; queria ficar ao lado do pai que amava tanto.

Amou tanto que a vendeu para o primeiro rico que se ofereceu a pagar uma quantia o suficiente por uma garota bonita como ela. Quantia grande o suficiente para apagar todos os erros que o pai cometera no passado.

O homem foi até ela e agachou-se ao seu lado. Ainda sentia ódio dela. Ódio da empresa. Ódio da esposa que estava nesse momento num quarto de motel com seu secretário. Ódio por aquele rosto que não expressava mais a dor que lhe confortava sempre que ele a machucava.

Ela não entendia que ele a comprara? Que o próprio pai a vendeu? Que ela não era mais um ser humano, mas sim seu brinquedo pra prazer e descontração? O que ele teria que fazer até ela entender que não tinha direito de atrapalhar em nada em sua vida?

Ah, sim, tinha uma coisa que sempre a fazia entender. Que sempre a fazia gritar entre os gemidos. Que sempre a fazia chorar e implorar para que ele parasse.

-E então. – segurou o rosto dela pálido entre os dedos, perguntando-se se estava disposto o suficiente para fazer aquilo essa noite – Não tem nada a dizer?

A garota o encarou de volta, perguntando-se quando ele iria bater nela de uma vez para que ela perdesse a consciência e nunca mais a recobrasse.

Him Lye logo iria descobrir a verdade. Seria bom se ele terminasse aquilo rápido.

Mas ele começou a desabotoar a calça de grife e virou-a para que encarasse o teto; um teto que parecia brilhar com luzes que ela sabia que eram invenções de seu inconsciente.

-Ainda não vai se desculpar pelo o que fez? – ele subiu em cima dela, sem se importar se seu peso estaria sufocado uma garota magra como ela.

As estrelas no teta brilharam mais forte para Seo Yeon, como se estivessem se aproximando.

Será que se ela deixasse aquela luz lhe engolir tudo aquilo acabaria? Toda a sua culpa iria embora? Todos os machucados seriam encobertos por uma maquiagem que nunca mais sairia de sua pele?

Ela sorriu para si mesma, as mãos tateando a bolsa jogada ali perto.

Sim, ela mal via a hora de ser engolida por aquelas estrelas imaginárias, mas queria levar consigo uma coisa.

-Não acredito que está caçoando de mim. – o homem rasgou a saia que a garota vestia, usando a mesma brutalidade para se livrar da blusa que encobria os seios que ele já tanto maltratou no passado.

Ele segurou em sua peça íntima da parte de baixo no mesmo tempo que os dedos de Seo Yeon fecharam-se ao redor do colar de borboleta que o pai lhe dera.

Ela queria levar as memórias da família quando aquela estrela no teto chegasse até ela. Queria levar um pedaço das lembranças felizes que nunca tivera com Him Lye. Afinal, querendo ou não, ela era sua irmã mais nova, e queria muito que as coisas não tivessem tomado o rumo que tomaram.

Queria muito ter sido uma boa irmã.

Fechou os olhos que já lacrimejavam quando sentiu aqueles dedos ásperos do homem em sua genital.

Aquela seria sua última noite aguentando aquilo. Sabia que seria.

Não suportaria aquilo outra vez; seu corpo não estava mais sadio como era quando criança.

A estrela estava tão perto que quase a cegou. Segurava o pingente de borboleta tão forte que quase sentiu seus dedos serem cortados pelo metal.

Mas alguma coisa saiu errada.

O homem saiu de cima dela sem fazer mais nada e deixou o quarto com a calça nas mãos, falando ao telefone, incrédulo.

-Outra tentativa? Um reunião de emergência a essas horas? Não, não estou... Estarei aí em alguns minutos.

Voltou apenas para fechar a porta do quarto de Seo Yeon, deixando-a ali sem nem olhar para trás.

A estrela havia sumido.

Seu corpo estava frio e dolorido.

E logo Him Lye e todos os outros iriam desenterrar o passado.

Levou a mão em punho com o colar até o peito. Sentindo-se vazia.

Todos iriam odiá-la. Ela nunca mais seria chamada para sair. Nunca mais seria elogiada pelo cabelo bonito. Nunca mais teria uma família. Nunca mais teria amigos.

Sentou-se sem se importar em vestir-se. Estava sozinha. Ninguém nunca a veria naquele estado miserável. Ninguém nunca estaria ali para abraça-la e dizer que tudo ficaria bem. Essa era a função de seu pai.

Pai que a vendeu para aquele homem e a colocou naquela situação.

Situação que Seo Yeon via como um castigo. Castigo pelo alívio que sentiu ao ver que era Him Lye a humilhada e jogada no chão. Castigo por não ter tentado se livrar dos braços do pai e corrido até sua irmã menor para secar aquelas lágrimas.

Lágrimas das quais ela mesma tinha parte da culpa.

Culpa por ter nascido.

Se ela fosse quem tivesse sido abortada, ninguém teria sofrido com traição. Com acidentes. Com perda de memória. Com mentiras.

Mentiras que ela vinha ajudando a cultivar.

Era um monstro de rosto bonito e que agora estava abandonada.

Apertou ainda mais o colar contra o peito – Me perdoa Him Lye – soluçou, sem se importar em segurar o choro – Me perdoa por tudo – chorou mais alto – Me perdoa por existir. – chorou como há anos não chorava.

Seus soluções cortaram a noite que acreditou que seria sua última, durante dezenas de minutos que para ela lhe pareceram uma eternidade de dor.



 

De todas as vezes, aquela foi a que levara mais tempo para que os roxos diminuíssem de intensidade. Nunca ficara um mês inteiro sem dar sinal de vida. As pessoas sem dúvida lhe fariam muitas perguntas. Mas ela estava pronta para mentir.

Afinal, essa era a única coisa que sabia fazer.

Saiu do portão da gigantesca e elegante casa. Casa que para muitos era vista como um castelo saído dos sonhos, mas que para ela se parecia mais com a prisão subterrânea do castelo mal-assombrado de alguma espécie de ogro.

Sua mente estava tão distante, entorpecida pelos remédios de dor que tomou só por precaução, com medo de perder a consciência de novo, que acabou se esbarrando num calouro de sua escola.

-Desculpa, desculpa, desculpa. – ele pediu ao se abaixar para pegar seus papéis que se espalharam pelo chão. Seo Yeon o encarou amontoar as folhas sem se importar em ajuda-lo. Era só um novato e ela estava cheia de substâncias químicas correndo nas veias, não conseguia colocar a máscara e ser amável com ele.

-Você está na minha frente. – falou com a voz um pouco rouca por ter ficado um mês inteiro apenas chorando e sem conversar com mais ninguém.

-Desculpa, noona, eu realmente não te vi. – ele ergueu-se e sorriu tímido para ela, amassando os papéis ao segurá-los contra o peito e abrindo espaço que ela passasse.

-Eu conheço você. – falou inclinando a cabeça, buscando na mente entorpecida quem ele seria.

-Sou Jeon Jungkook, irmão do Park Jimin, ele estuda na mesma classe que sua amiga, não é? Vocês se conhecem?

Aquilo a despertou. Ah, sim, aquele era o famoso Kook de quem Jimin sempre falava quando eles podiam ser irmãos normais e viverem a vida sem medo. Antes de ele esquecer-se dela.

-Sim, eu sei quem é. – disse ela e lhe deu as costas, sentindo que teria dificuldades para mentir a alguém que era tão próximo de seu irmão.

-Hey, noona, você está bem? Eu não te machuquei quando esbarrei em você? – ele insistiu em lhe acompanhar mesmo quando ela acelerou o passo.

Ela precisava de um tempo se concentrando para poder voltar a popular Seo Yeon que todos conheciam e amavam. E aquela criança de 15 anos a seguindo não iria ajudar nisso.

-Estou bem, por favor, não se preocupe comigo; tome cuidado com esses papéis que está amassando, eles parecem importantes.

O garoto os encarou em seus braços, só então percebendo que realmente deveria tomar mais cuidado. Parou para arrumá-los, o que deu chance a Seo Yeon de correr e deixá-lo para trás, pronta para encontrar-se com Him Lye e sentir a culpa assentar sobre seus ombros.

Culpa que ela esconderia atrás de um sorriso bonito.

Afinal, mentir era a única coisa que sabia fazer. 

 

 

 

 


Notas Finais


E então...? Fiquei com medo daquela cena com o homem lá ficar meio "pesada" ou "exagerada", por isso reli uns par de vezes antes de postar ehuehu mas não sabia como escrever diferente ;-;
Mas espero que tenham gostado do capítulo e entendido um pouco mais sobre nossa Seo Yeon \o/Obrigada por quem leu as quase 3000 palavras ♥♥ amo vcs ♥♥♥ até mais \o/


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...