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História Cartas para um Soldado - FASE 3: Perdão


Escrita por: Pepper-chan

Notas do Autor


OLÁ MEUS AMORESKKKKKKKKKK

Primeiramente um feliz Natal pra vocês. Amo todos ❤️❤️❤️

Espero que gostem do cap, que era pra ter sido postado ontem, mas tamo aqui né firme e forte

Considerem um especial de Natal HAISHSJSHSUSJS eu não queria pegar tão pesado, então em suma o capítulo tá ok, com algumas partes tensas mas o final tá um amorzinho, eu juro

❤️ Esse capítulo começa com a continuação da conversa final do capítulo anterior, e logo de cara já descobrimos quem mandou as cartas para o Sasuke. ❤️

Boa leitura meus xuxus ❤️

Capítulo 27 - FASE 3: Perdão


CARTAS PARA UM SOLDADO

 

CAPÍTULO 26 — PERDÃO

 

Point of View – Itachi Uchiha

 

Sasuke me cedeu passagem, abrindo um pouco mais a porta. Ainda de costas para ele, ganhei tempo formulando tudo o que eu queria dizer.

 

O aperto no peito me deixava ainda mais nervoso com a situação.

 

Embora estivesse curioso para analisar o apartamento, meus olhos não conseguiam se mover porque eu estava preso na minha própria mente.

 

E foi o baixo pigarro do meu irmão que me trouxe de volta a realidade.

 

Sasuke passou por mim e seguiu até o sofá no centro da sala. Me senti convidado para repetir seu ato, visto que ele ainda continuava taciturno.

 

Entretanto, todas as palavras que eu ensaiei um dia, sumiram.

 

— O qu-que você achou das cartas? 

 

Me embaralhei em tantas dúvidas que acabei gaguejando a última coisa que eu queria e poderia questionar.

 

— Por que você fez isso, Itachi? — sua voz soava arrastada, com calma, como a de alguém que estava quase dormindo.

 

— Nunca consegui me perdoar pelo o que fiz com você. 

 

Balbuciei antes que pudesse perceber. Nessa hora não conseguia mais pensar em nada. Tudo fluiu naturalmente.

 

— Nem eu. — ele admitiu com sinceridade. Ao mesmo tempo que eu sentia o peso aumentar em minhas costas.

 

— Vim aqui pra te contar toda a verdade, Sasuke. — umideci meus lábios. — Não posso mais continuar assim. Não aguento mais.

 

Ele permaneceu calado, e eu respirei fundo antes de continuar.

 

— Quando a Sakura engravidou, o Fugaku surtou. Ele achou que ela queria dar o golpe da barriga e sofreu até um infarto por causa disso. Pouco tempo depois ele se mudou e levou a mamãe junto. — olhei para minhas mãos entrelaçadas, me lembrando de tudo. As memórias rodavam em minha mente como se fosse um filme. — Nessa época, eu e Ino estávamos começando o nosso namoro. Eu contei tudo que tinha acontecido para ela, e, mesmo sem conhecer a Sakura direito, Ino bateu o pé e disse que acreditava nela, que ela dizia a verdade e não estava querendo dar golpe nenhum. Foi aí que nós conversamos com Sakura e oferecemos ajuda, mesmo que por debaixo dos panos...

 

— Vocês ainda foram conversar com ela? — Sasuke perguntou com sarcasmo. — Não tinha ficado óbvio que ela estava falando a verdade?! Vocês viram quando Sakura saiu comigo do quarto naquele dia pela manhã! — meu irmão parecia ter se alterado com o que tinha ouvido.

 

— Sim, Sasuke. Mas o bebê poderia ser de qualquer pessoa, até porque ela só descobriu dois meses depois.

 

Num pulo, ele se levantou nervoso andando de um lado para o outro, passando a mão pela nuca e pelos cabelos. Talvez ele conseguisse visualizar as cenas de tudo que ocorreu naquela época. 

 

— Não fale assim dela! — ele esbravejou com a voz grossa e rude. 

 

As veias saltavam em seu pescoço, Sasuke estava furioso. E não era por menos.

 

— Tivemos certeza quando Sakura recusou ajuda financeira. Ela deixou bem claro que não queria nosso dinheiro e aquilo me alegrou, não por economizar, mas por saber que a mãe do meu sobrinho não era uma interesseira. 

 

— Ela jamais teria interesse no nosso dinheiro. — Sasuke praticamente cuspiu aquelas palavras com raiva.

 

— Nós não a conhecíamos! Mas bem, depois disso Sakura começou a escrever para você. — vi a expressão do meu irmão suavizar. — Todos os meses ela fazia uma carta, enviava, e você nunca respondia. — mas logo uma carranca tomou conta do seu rosto novamente. — Nesse tempo eu precisei ir para a base. Estava sem falar com Fugaku até lá, mas quando cheguei... ele me ameaçou... ameaçou tirar o cargo que eu tinha, me rebaixar e ocultar minha autoridade...

 

— Itachi, eu não acredito que você me escondeu tudo por isso! — foi a primeira vez que eu senti os olhos de Sasuke queimarem sobre mim. Ele ainda estava em pé e me observava de cima.

 

— Se coloque no meu lugar, Sasuke! — berrei de volta. — Sakura nunca precisou da minha ajuda financeira, mas eu sentia que precisava ter algo guardado de emergência para ajudá-la, e Ino estava grávida! Eu também tinha a minha família para cuidar! 

 

Ele se calou, pensativo. 

 

— Eu tinha esse dever! E por isso fiz a merda que fiz! — uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto sem que eu percebesse. — Sem contar que Fugaku me fez acreditar que você não tinha voltado por opção sua, porque queria se formar logo na guerra! Que tinha levado um tiro e...

 

— Realmente! Eu não quis voltar... e sim, levei um tiro. — ele admitiu me interrompendo.

 

— Por que você não voltou? — perguntei antes que me fosse propício. 

 

— Aquele país estava em apuros, pessoas morriam o tempo todo. Eu queria ajudar! Vocês estavam bem aqui, enquanto as pessoas lá sofriam. Nunca me passou ficar lá por egoísmo, para me formar logo ou receber condecorações... isso nunca me encheu os olhos. — ele explicou com sinceridade.

 

O rosto, antes nervoso, agora parecia mais ameno.

 

— Eu sempre soube que você nunca teria interesse nessas coisas. Mas na situação parecia real, que tipo de cara levaria um tiro e, invés de voltar para casa, escolhe a guerra? — eu o encarei e Sasuke fitou os próprios dedos, deixando de estar em pé para se sentar ao meu lado.

 

— Um inconformado. — ele se pronunciou baixo. — Mas agora eu quero saber o que te fez enviar as cartas...

 

— Você. Na verdade, quando voltou há quase 2 anos, eu estava lidando com o peso de nunca ter lhe contado nada antes. — meu peito doeu apertado. — Até que eu não aguentei mais e explodi. E a merda foi jogada no ventilador. Fugaku foi embora, mamãe foi abandonada em casa...

 

— Não sei como ele se tornou essa pessoa, não consigo entender... — Sasuke confessou pensando alto, o que me comoveu naquele momento, pois eu sempre soube que o nosso pai era o herói dele.

 

— Eu também não, mas se tornou isso. A mamãe chorou algumas noites, não acho que foi por culpa ou saudade, mas ela tem mudado... se ela ainda fosse a mulher de antes, já teria corrido de volta para ele.

 

Vi a cabeça do meu irmão balançar em concordância. E essa foi a brecha que tive para continuar com aquele assunto.

 

— Eu estava péssimo desde que você tinha descoberto a verdade. Me sentia cada dia pior quando parou de falar comigo... Então você admitiu que nunca me perdoaria... e aquele foi o meu fim. — sorri amargo lembrando do soco que recebi com as palavras que Sasuke me disse. — Não conseguia fazer mais nada, eu não era eu. Deixei de tocar minha esposa e de falar com ela, mal conseguia olhar para Shisui sabendo que eu fui a pessoa que escondeu dele que seu melhor amigo na verdade era seu primo, sua família… — as lágrimas escorriam lentamente pelo meu rosto. Era um choro de uma dor presa em meu coração, de arrependimento. — Não tinha mais ânimo para trabalhar, não conseguia falar com ninguém, nem mesmo com a mamãe… — senti Sasuke se remexer ao meu lado. — Mas Sakura foi a pior de todas para mim. Só de vê-la eu me remoía em culpa. E o que me matava mais ainda era o fato de que os olhos dela nunca me julgaram. Era como se ela estivesse esperando que a qualquer momento eu apenas me explicasse...

 

— Você ficou assim por conta do que eu te falei? — Sasuke questionou com a voz culpada. 

 

— Sim, e sabe porque, Sasuke? Porque você é o meu irmão, e antes de cuidar de todos eu sempre cuidei de você, e vai ser para sempre assim.

 

Ele permaneceu calado.

 

— Eu não quis ajuda psicológica, embora precisasse... Senti que não conseguiria sair daquilo, não tinha forças. Ino tentava conversar comigo, me aconselhava a pedir ajuda e tenho certeza que ela só faltou me arrastar para a terapia. — sorri com a lembrança da minha esposa. — Mas mesmo que tivesse feito tudo, eu tinha certeza que só precisava fazer uma coisa.

 

— Recuperar as cartas. — Sasuke me encarou sério. — Mas Fugaku disse que as queimou...

 

— Era a única forma que tinha de me redimir. Você perdeu anos da vida do seu filho por minha culpa, meu egoísmo, eu precisava me retratar! — minha voz saiu esganiçada. — Foi quando tive coragem de ir embora. Eu sentia que no fundo ele tinha mentido sobre ter queimado. Cheguei em West Point para a surpresa de Fugaku, e escondido, vasculhei o escritório dele. Mas ele sabe que eu peguei as cartas, a sala dele tem câmeras. Entretanto, no outro dia enviei o pacote pra você. — confessei e vi lentamente sua expressão receber tudo aquilo que eu despejei de uma vez nele.

 

Era muita informação. 

 

— Quando a caixa chegou no quartel achamos que era uma ameaça, tivemos que chamar o esquadrão antibombas. — Sasuke contou e foi a minha vez de ficar surpreso. Não imaginei que ia causar tanto transtorno daquela forma. 

 

— Eu não poderia me identificar. Se Fugaku soubesse quem era o remetente poderia tentar interferir de alguma forma. 

 

— Da próxima vez coloque pelo menos uma rubrica! — ele resmungou bufando. 

 

E ali eu soube que as coisas estavam se resolvendo. 

 

— Eu quero te pedir perdão, Sasuke, por não ter sido seu irmão quando mais precisou de mim. — consegui encará-lo para proferir as palavras. Queria que ele soubesse que era um pedido sincero e do fundo do meu coração.

 

Os seus antebraços estavam apoiados nos joelhos, as costas arqueadas e o olhar fixado na TV da sala que estava desligada.

 

Escutei ele suspirar e soltar um leve riso antes de dizer:

 

— Você é o meu irmão e sempre vai ser... Eu nunca tive cabeça para ouvi-lo, sempre odiei seus apelidos e suas brincadeiras sem graça, mas sempre fomos assim, Itachi… Somos sangue. — meus ombros relaxaram com sua fala e eu me senti mais leve. — Por isso eu te perdôo. — senti meus olhos arderem mais uma vez. — Mesmo você achando que não estava lá por mim, foi você que ficou cuidando da minha família enquanto eu estava fora.

 

— E no fim das contas, eu pedi para ocupar um cargo administrativo...

 

— Às vezes você é meio tapado, né? — ele riu junto a mim.

 

Meu irmão sorriu pra mim pela primeira vez desde que tudo tinha acontecido. 

 

— Acabei gostando da área. — expliquei dando de ombros.

 

Após alguns segundos em silêncio eu sabia que depois de tanto tempo tinha ganhado meu irmão de volta.

 

— Me desculpe também... — Sasuke falou tão baixo que me questionei se ele tinha mesmo dito aquilo.

 

Mas não quis insistir. Eu conhecia o meu irmão e sabia o quão difícil deve ter sido para ele processar todas as informações.

 

— Só se me deixar ficar com a sua moto por uma semana. — sugeri brincando e vi ele rolar os olhos.

 

— Ela está aposentada. — rebateu desgostoso. Na verdade ele tem ciúmes dela.

 

— Nunca se aposenta uma Harley! — impliquei e toquei sua testa com o dedo indicador e o médio, como nos velhos tempos. — Preciso ir, tenho que concertar outras coisas...

 

Meu irmão não me respondeu, ele ficou lá parado, com os olhos arregalados, me vendo ir embora.

 

Sasuke era o pontapé inicial para que tudo voltasse a ficar bem.

 

Agora, eu preciso ir atrás da minha mulher e do meu filho.

 

 

 

[...]

 

 

 

Depois de entrar e girar a chave para fechar a porta, eu ouvi os passos leves na escada.

 

Me virei lentamente para ver a figura que me esperava no escuro da casa. 

 

Os fios loiros caíam em seu ombro, o corpo estava coberto com um roupão de seda e os olhos examinadores que eu tanto sentia falta.

 

Ouvi quando sua respiração se alterou e um muxoxo de surpresa saiu de seus lábios. 

 

Ela permaneceu me encarando, e meu coração disparou em saudades daquela mulher. 

 

Fui em sua direção e ela desapareceu.

 

Ino seguiu o caminho para o nosso quarto, comigo atrás de si.

 

Fechei a porta assim que passei, e a loira estava de costas para mim.

 

A cama ainda nos separava.

 

Então ela se virou.

 

Os olhos azuis, estavam marejados e vermelhos.

 

— Você voltou. — ela acusou de braços cruzados, me examinando de cima a baixo.

 

— Voltei, meu amor... — sussurrei quase inaudível.

 

Se eu achava que Sasuke ia ser meu maior desafio, era porque eu não estava nem um pouco preparado para aquele reencontro.

 

— Itachi… — fungou. — Você voltou... — ela se aproximou de mim. — Eu pensei tanta coisa! Você me deixou aqui sozinha! Como você pôde...?

 

Meu peito foi atingido com vários tapas e murros, e por um tempo eu deixei que ela descontasse toda sua frustração naquele ato, mas cansado de vê-la nessa situação deplorável, segurei seus pulsos.

 

— Eu voltei pra você! Eu amo você, Ino Yamanaka! E eu jamais vou te deixar novamente! — seus olhos azuis me fitavam tão intensamente que eu só quis acabar com a pequena distância que ainda nos separava. 

 

Mas ela se afastou e puxou seus braços do meu agarre.

 

— As coisas não são assim Itachi! — berrou comigo. — Você tem noção que não foram “só esses dias”? Foi desde que seu irmão voltou! — acusou apontando o dedo pra mim. — Desde que Sasuke chegou aqui você foi embora. Seu corpo físico era apenas a recordação do homem que você foi um dia! Eu precisei de você, Shisui precisou de você! — sua voz continuava alterada, e naquele momento eu sabia que a casa toda deveria estar ouvindo. 

 

— Eu não soube lidar com a culpa que sentia em relação a Sasuke. Eu precisei ir embora, precisei me distanciar de vocês e me redimir com meu irmão! — expliquei exasperado, mas jamais levantando o tom de voz para ela.

 

— Você poderia ter conversado comigo! — ela explodiu mais uma vez com rosto completamente molhado de lágrimas. Ino se sentou na ponta da nossa cama e passou as mãos entre os fios loiros, estava nervosa. 

 

Eu a segui e me ajoelhei de frente para ela. Com delicadeza, toquei nas mãos macias que cobriam seu rosto.

 

— Me perdoe! Me perdoe pelo covarde que eu fui, Ino, pelas vezes que não te ouvi e não quis me aproximar de você... me perdoe! — apertei suas mãos nas minhas. — Eu... não conseguia ver você, olhar em seus olhos, tocar em você se tornou impossível... Eu precisava ficar bem com meu irmão primeiro, para poder ficar bem comigo mesmo e ser bom para você… — encarei a imensidão azul de seus olhos. — Não estou pedindo perdão por ter ficado do jeito que fiquei, mas por ter sido tão covarde ao ponto de fugir de você! — suspirei. — Estou te falando tudo que guardei aqui, tudo que pensei nesses dias! 

 

Suas orbes azuladas ainda me olhavam em silêncio.

 

Um leve aperto na minha mão foi o sinal que eu precisava para continuar a falar.

 

— Eu fui até West Point, enviei as cartas para Sasuke, cheguei hoje e fui direto para a casa dele, nós conversamos e eu tenho meu irmão novamente. — sorri sincero para Ino. — Sinto que agora estou em paz comigo... e se estou em paz comigo, posso finalmente ser bom para você e dar um jeito no imbecil que eu fui todo esse tempo! — prometi. — Você não merece metade de mim ou migalhas, você me merece por inteiro, Ino Yamanaka, e eu quero ser o melhor para você! Isso é… se você ainda me quiser...

 

Seus braços me rodearam de repente, interrompendo minha fala e me deixando surpreso com a atitude.

 

Minha esposa se aninhou em meu colo e me apertou como nunca antes.

 

Eu senti seus soluços e os solavancos que seu corpo deu enquanto ela chorava no meu ombro.

 

— Eu vou fazer terapia. — disse rente a seu ouvido. — Também quero me desculpar com Shisui. — acariciei seus cabelos dourados. — E vou amar você o máximo que puder, vou te fazer esquecer todo esse tempo que te fiz sofrer. Eu prometo, meu sol! — e então seus lábios macios finalmente encontraram-se com os meus.

 

Meu estômago queimou em sensações boas.

 

Nosso beijo foi recheado de saudade, cheio de amor e necessidade. 

 

Sentia tanta falta da minha mulher, do calor do seu corpo, do seu cheiro e carinho.

 

Mas antes que pudéssemos continuar, Ino se afastou e levantando-se do meu colo. Ela segurou minha mão e eu percebi que iríamos a um lugar antes.

 

Rumamos ao quarto no fim do corredor, e a loira abriu a porta em silêncio.

 

Na cama, o meu garoto dormia tranquilo.

 

Os cabelos levemente assanhados, as mãos apertando o travesseiro e o corpo meio coberto, com uma perna para fora e outra enrolada no lençol. 

 

Shisui era perfeito.

 

Me aproximei taciturno e beijei-lhe a testa, acariciando seus cabelos.

 

O menino abriu brevemente os olhos, sonolento.

 

Papai? Você voltou ou eu tô sonhando? — ele perguntou e eu sorri, acenando com a cabeça e dizendo um baixo “Sim”. — Tá bem, eu te amo, mas eu tô com muito sono, até amanhã! — respondeu e se virou para o outro lado puxando o cobertor dos pés até a cabeça. 

 

Tive vontade de rir com seu gesto, mas me segurei, e em seguida Ino me puxou para fora.

 

Voltamos para o nosso quarto, e no caminho eu ouvi quando a porta do quarto da minha mãe bateu de leve.

 

Ino tinha ouvido também, e ela confirmou minhas suspeitas quando me lançou um sorriso engraçado.

 

Mas ao entrar em nosso quarto aquela noite, nós não dormimos.

 

Eu amei a minha esposa até o amanhecer.

 

 

 

[...]

 

 

 

Point of View – Narradora

 

Naquela manhã de quarta-feira, a mulher de cabelos róseos tinha decidido ficar em casa.

 

Sakura estava apreensiva após passar a noite acordada.

 

Relembrou memórias, questionando-se muitas vezes se iria tomar a decisão correta, ou se estaria escolhendo alguém ou fazendo preferências. E todas as vezes sentia cada vez mais seu coração sendo esmagado.

 

Não por Sasuke ou Sai, mas por si mesma.

 

Se realmente iria tomar a decisão que estava prestes a fazer, não seria por preferir Sasuke, e muito menos para magoar Sai.

 

A verdade é que Sakura tinha tirado toda aquela noite para ser sincera consigo mesma.

 

Casar-se com Sai não a faria feliz, mesmo que Sasuke nunca tivesse existido em sua vida.

 

Porque o Shimura tinha sonhos diferentes dos seus. Suas metas e objetivos eram opostos a realidade da Haruno.

 

Sai queria investir em sua carreira. Queria sair por aí estudando coisas novas e aprendendo o máximo que podia para salvar a vida de pessoas, essa era sua paixão! Sem medir consequências, ele arriscaria sua própria vida para ajudar um paciente.

 

E Sakura não estava naquele sonho. 

 

Embora o Shimura quisesse compartilhar das mesmas alegrias que ela, seus objetivos pessoais estavam falando tão mais alto naquele momento, que a Haruno sabia que o relacionamento de ambos só se desgastaria cada vez mais.

 

E foi Sasuke quem a fez enxergar o que estava bem diante de seus olhos.

 

Um dia, ela e o melhor amigo compartilharam um sentimento incrível juntos. Tinham os mesmos sonhos, tinham o companheirismo... mas isso tinha sido no passado.

 

Amava a amizade de Sai, o quanto ele se preocupava e era carinhoso, até mesmo gostava da sensação de estar perto dele, mas gratidão e conformismo era diferente de amor.

 

Além disso, ela sabia que Sai estava cada vez perto de conseguir uma vaga definitiva no Congo.

 

E aquilo fazia seu corpo queimar em dormência, pois jamais conseguia imaginar sua vida fora de onde estava naquele momento.

 

Sua clínica, sua família por perto, a escola de seu filho e todos os amigos que ambos tinham ali.

 

A relação de Sasuke e Ryou.

 

Tudo era um combo grande o suficiente para prender seus pés firmemente no chão de Boston. 

 

E foi pensando naquilo, que ela finalmente tomou a sua decisão. 

 

Levantou cedo aquela manhã. Organizou suas roupas, retirando dentre elas, variados pertences de seu noivo.

 

Algumas camisas, um par de sandálias, o óculos de sol dele, um perfume, e outras coisas que já faziam parte da mobília da casa.

 

Reuniu também algumas fotos. Não todas, mas a maioria delas.

 

Juntou tudo numa caixa, e permaneceu derramando lágrimas enquanto fazia aquilo. 

 

As lágrimas de tristeza não eram pelo fim do relacionamento, mas pela possível reação do Shimura.

 

Sai provavelmente a veria com olhos caídos e vermelhos, ficaria nervoso ao esbarrar com ela na clínica e talvez até evitasse trocar palavras.

 

Porque eram os sentimentos dele ali, era a dor dele que ela estava sentindo.

 

Sentia-se uma megera, uma inútil, uma demente por ter deixado a situação chegar até aquele ponto.

 

Uma ingrata e covarde por nunca ter pensado em todas as circunstâncias antes de aceitar o pedido de casamento de Sai.

 

Mas os tempos mudam, e com ele, as pessoas também.

 

Não tinha sido a chegada de Sasuke o motivo do final do seu relacionamento com o médico.

 

Mas tinha sido o alerta do pai de seu filho que a fizera despertar para a realidade de seu futuro. 

 

Onde ela se encontraria sozinha em casa, com alguns filhos, provavelmente cozinhando, enquanto esperava o marido voltar numa noite e pela manhã partir em direção a outro país. 

 

E foi impossível não pensar também na proposta de Sasuke. 

 

Seu coração ganhava vida ao estar na presença dele, e saber que ele seria uma pessoa ancorada em sua vida a enchia de expectativas no momento mais errado!

 

Mas daquela vez Sakura não seria tola.

 

Sabia que o Uchiha era um militar e não estava aposentado, e que as chances de ser convocado a estar novamente em uma guerra eram enormes.

 

Entretanto, a fé que sentia em Sasuke era imensa.

 

Talvez fossem seus sentimentos agitados? Ela se questionava.

 

Mas no fundo, ela sabia que não era. 

 

Sakura tinha a certeza do quanto Sasuke prezava por sua família e naquele momento da vida do Uchiha, ela o conhecia bem o suficiente para dizer que ele faria de tudo para permanecer em Boston.

 

Começando por Ryou, e em seguida pelas crianças que ele conseguiu resgatar e provavelmente gostaria de estar por perto para acompanhar o crescimento e desenvolvimento delas.

 

E por último, ela pensava em si.

 

A rosada tinha certeza dos sentimentos que ele sentia por ela, e após a confissão saindo dos lábios dele, Sakura pôde perceber que depois do Uchiha ter voltado, ele estava presente em diversas partes da sua vida. 

 

Estava presente até no relacionamento que ela tinha com Sai, porque no final das contas era com Sasuke que ela desabafava seu cansaço e frustrações. 

 

Todavia, não era somente isso que bastava. 

 

Sakura tinha se apaixonado por muito mais do que a presença de Sasuke. 

 

Eram os olhos dele, as palavras que ele dizia na hora certa, os conselhos verdadeiros, as piadas internas, a personalidade, o respeito, a intensidade que emanava daquele homem.

 

E contudo, o amor que mesmo sendo encoberto por respeito, ela sentiu em todo momento desde que se aproximaram.

 

O cuidado, o carinho, a amizade.

 

E foi após analisar tudo que estava sentindo, que Sakura se deu conta de que seus sentimentos pelo o Uchiha não eram passageiros, e muito menos um fogo de palha. 

 

Na verdade, eles sempre estiveram ali, mas ela nunca os regou da forma certa. Pelo contrário, Sakura sempre ignorou aquelas flores que cresciam em meio ao deserto, na esperança de que secassem com rapidez.

 

Mas o que ela não sabia era que o amor de ambos era tão forte e intenso, que foi capaz de resistir à distância sufocante, ao frio das noites em claro, às tempestades de problemas superados e ao calor extremo do desejo reprimido.

 

Foi tirada de seus pensamentos quando viu um garotinho perambular pela sala. Logo tratou de ligar para Ino e pediu que a amiga compartilhasse uma carona para o sobrinho. 

 

Ainda naquela manhã, do lado oposto a residência Haruno, Itachi e Sasuke conversavam animadamente sobre a Harley Davidson do mais novo.

 

Puxavam a moto “aposentada” da garagem da casa, e se preparavam para mexer nela e depois lavá-la.

 

Itachi sorria ao ver o irmão animado com aquele “programa” de ambos, mas assim que virou-se brevemente ele viu uma cabeleira negra seguir o caminho até a casa do lado. 

 

O noivo de Sakura trajava um terno escuro e arrastava uma pequena mala de rodinhas com a mão. 

 

Sasuke se deu conta do olhar do mais velho e o acompanhou, vendo junto a Itachi a chegada de Sai.

 

E uma tristeza lhe bateu. 

 

As esperanças da conversa que tinha tido no dia anterior com Sakura, pareceram morrer naquele mesmo instante.

 

Após sumir da vista de ambos Uchihas, Sai foi recepcionado por uma mulher de olhos inchados e os cabelos totalmente bagunçados.

 

 

 

[...]

 

 

 

— Como assim acabar, Sakura? Nosso casamento é em duas semanas! — ele interpelou confuso. — E-eu… eu fiz tudo por causa de você, do nosso noivado... e de repente você não me ama mais?! — o Shimura estava incrédulo com o que a sua noiva lhe dizia. 

 

Bom, ex-noiva.

 

— Não amo como futuro marido e pai dos meus filhos! Amo você como um amigo. — ela sorriu triste para ele. Tinha grandes chances dele não querer ser mais seu amigo. — Se parar pra analisar vai ver que nosso relacionamento já está muito desgastado! Você viaja o tempo todo e eu fico aqui sozinha! Imagina isso no futuro. — tentou justificar seu ponto de vista sem machucá-lo ainda mais. — Eu não quero magoar você! Apenas quero que encontre alguém para seguir seus sonhos juntos contigo, e eu não sou essa pessoa. 

 

Ele permanecia silêncio, e após um longo suspiro, ela prosseguiu com a fala. 

 

— Encontre alguém que cuide de você, que faça as borboletas em seu estômago voarem, que acelere seu coração e...

 

Então ele levantou do sofá, onde estava sentado, de supetão, a fitou com o semblante surpreso e a interrompeu bruscamente.

 

— Está falando de Sasuke? Está me trocando por aquele cara?! — esbravejou irritado. Podia ver seu rosto pálido tomar um tom avermelhado. Era raiva.

 

— Não é uma troca, estou pensando em mim primeiro! — Sakura rebateu de imediato, também se levantando do sofá.

 

— E em mim?! Meus sentimentos? O que farei com eles?! HÃ?! — berrou com ela, descontrolado. — E todos os anos que eu estive aqui por você? Não valeu de nada?! — o pobre coitado estava desacreditado. 

 

— Claro que valeram! Mas não somos os jovens que fomos no passado! — ela berrou pra cima dele. — Você ama muito mais seus sonhos do que a mim, e eu jamais pediria que escolhesse entre! — gesticulou apontando para Sai e para si própria. — Por isso eu estou te encorajando a encontrar alguém que possa estar do seu lado em qualquer lugar e correr atrás dos seus sonhos com você. 

 

— Você iria atrás dos sonhos de Sasuke, junto com ele? — ele questionou com o tom de voz muito baixo.

 

— Eu não precisaria ir à lugar algum com Sasuke. — a Haruno admitiu sendo sincera, mas se arrependeu instantaneamente ao ver a reação do Shimura.

 

Num acesso de raiva ele passou como um foguete por ela.

 

— FIQUE COM AQUELE MISERÁVEL QUE TE ABANDONOU! — Sai gritava em ódio. As veias estavam salientadas no pescoço por causa da força que ele fazia. — O CAPITÃO DO EXÉRCITO E A DONA DAS CLÍNICAS SENJU, A FAMÍLIA PERFEITA! VÃO PARA A TURQUIA MAIS VEZES! — rosnou entre dentes enquanto descia os degraus de madeira pisando forte. 

 

Estava transtornado. 

 

Andou pelo caminho de cimento entre a grama, e, ao chegar perto da lixeira, ele jogou a caixa de seus pertences com tudo no chão, fazendo um estrondo enorme.

 

— EU NUNCA MAIS QUERO VER A SUA CARA, SAKURA! EU ODEIO VOCÊ! — Sai gritou uma última vez, chamando a atenção de todos ali.

 

Naquele momento Sakura estava em choque, totalmente petrificada na entrada de sua casa.

 

De imediato Sasuke largou as ferramenta da moto, pulou os arbustos e a cerca de madeira branca com uma facilidade que só ele tinha, e correu na direção de Sakura, ignorando os degraus de madeira, para segurar a mulher trêmula entre seus braços. 

 

— Sakura? Você está bem? — Sasuke questionou com a expressão contorcida. Não gostou nem um pouco de ver aquele babaca do Shimura gritando com a sua mulher.

 

Mas a Haruno estava assustada, e se manteve parada olhando para a frente, vendo o carro preto do ex-noivo começar a se mover para sair dali.

 

Entretanto, outra presença física se fez no local.

 

— Sakura? O que aconteceu? Ele te fez alguma coisa? Te machucou?! — Itachi perguntou.

 

— Sasuke… — ela pronunciou baixo quando viu o veículo sumir de sua vista, e voltou a realidade. — ...vai embora! Eu acabei de terminar o meu noivado!

 

— Sakura, não! Eu tô aqui, me deixa te ajudar! — ele insistiu, preocupado com o estado mental da rosada.

 

Com pesar, ela o olhou tristonha. 

 

— Eu terminei meu noivado, Sasuke! — as pequenas lágrimas começaram a marejar outra vez em seus olhos esverdeados e perdidos. — Eu sou uma pessoa terrível! Só vai embora por favor!

 

E aquilo morgou o moreno, fazendo as mãos que estavam circulando a mulher retesaram de volta para si.

 

— Cuide dela. — Sasuke disse sério a Itachi, se afastando dele e de Sakura.

 

Tornou ao jardim de casa, afastou as ferramentas da moto e montou na mesma. Em seguida, pisou na embreagem de uma só vez, dando partida com um arranque rápido. 

 

E deslizou pela rua na tentativa de seguir o carro preto.

 

 

 

[...]

 

 

 

A freada brusca fez o pneu queimar no asfalto.

 

Uma porta foi batida com raiva.

 

E os pés pisavam fortemente no chão.

 

— Que merda você tá fazendo aqui, Uchiha? Não bastou roubar a minha noiva?! — o Shimura questionou furioso.

 

— Vim aqui pra não deixar você fazer besteira.

 

Mas o médico na sua frente soltou apenas um riso anasalado e sarcástico.

 

— Tá escrito “otário” aqui na minha testa? Se manda, Uchiha. — rosnou antes de dar as costas para o moreno para adentrar o prédio que residia.

 

Sasuke abandonou a moto, e retirou o capacete, seguindo o homem que fumaçava em ódio e raiva. 

 

 

 

[...]

 

 

 

Com um copo de whisky na mão, ele tentava entender como tinha ido parar naquela situação. 

 

Após quase socar a cara de Sasuke, algo na frase que ele disse anteriormente fez seu corpo diminuir a adrenalina.

 

Estou aqui porque a Sakura se importa com você.”

 

— Como você conseguiu roubar ela de mim? — perguntou com a voz embolada e aéreo, pensativo, tentando encontrar onde tinha errado no relacionamento.

 

— Quer mesmo que eu responda? — Sasuke observou o Shimura rolar os olhos para ele. 

 

— Ela era a minha medalha, sabe? — Sai contou enquanto encarava o teto, como se a imagem de Sakura estivesse lá. — Eu demorei pra conquistar ela. A garota mais bonita de toda a faculdade. 

 

Sasuke suspirou, pedindo forças aos céus para manter a paciência e ouvir o homem um pouco alterado a sua frente.

 

Infelizmente queria garantir que ele não fizesse nenhuma burrada pelo término repentino com a mãe do seu filho. 

 

— ... E quando estamos à duas semanas de casar, para que eu possa finalmente exibir ao mundo o meu troféu, você aparece e me rouba o lugar. Ah eu te odeio m-muuuito. — o médico murmurou embolado, passando as mãos com raiva no rosto.

 

— Sakura não é um troféu, muito menos algo para ser exibido como uma conquista. Ela não é um objeto, Sai. — Sasuke rebateu irritado com o que escutou do outro homem. Se Sai já era um babaca sóbrio… bêbado ele conseguia ser bem pior.

 

— Mas era como se fosse. E depois que a conquistei, achei que só precisava mantê-la na estante… — começou a fazer uma comparação que, na cabeça embriagada dele, devia ter lógica. — Por isso eu não me importei muito com as viagens, sempre imaginei que Sakura era tranquila, ela nunca foi muito carinhosa ou amorosa…

 

— As coisas não são assim, Shimura. 

 

— Agora eu sei disso. — sorriu amargo. — Você roubou o meu troféu! Você pegou ele quando eu o deixei empoeirando na estante. — Sai falou dando outro gole em sua bebida.

 

— Acho que você já bebeu demais. — Sasuke repreendeu, tentando afastar o copo do médico. 

 

— Não! Eu vou beber até sentir meu coração dormente. — dramatizou.

 

— Pare com essa merda, seja um homem! Esse papinho de troféu não cola com ninguém, você simplesmente não deu moral e atenção para a mulher que tinha. — o Uchiha se pôs de pé, sem paciência para com as atitude do Shimura. 

 

Sai o encarou, dando ouvidos ao sermão do capitão. 

 

Ou não.

 

— Vá embora da minha casa, Uchiha, eu sei onde errei, mas tê-lo aqui em nome de Sakura me esmaga ainda mais. Saia daqui. — pediu com os olhos fixos e perdidos na bebida em suas mãos. 

 

Então, o capitão se voltou para a porta e passou por ela em silêncio, deixando para trás o ex-noivo de Sakura se afogando em amargura.

 

 

 

[...]

 

 

 

Sasuke se dirigia para voltar até sua antiga casa quando percebeu que seria melhor buscar seu filho na escola e deixá-lo no basquete. E embora seu corpo estivesse ali com Ryou, a sua mente era tomada por pensamentos voltados em Sakura Haruno.

 

A mulher estava tranquila em casa. 

 

Na verdade, tranquilidade não seria a resposta correta para o que estava sentindo.

 

Após chorar diversas vezes, ela tentou se acalmar aos poucos, e até pensou em ir buscar Ryou na escola, mas recebeu uma mensagem de Sasuke avisando que faria isso. 

 

Segundos depois, quando começava a se preparar para o tedioso silêncio da tarde junto ao turbilhão de pensamentos sobre o término do noivado, ela foi interrompida pela campainha da casa.

 

Fungando uma última vez, se dirigiu até a porta.

 

E ao abrir, se surpreendeu com quem viu em sua varanda. 

 

— Itachi. — ela o cumprimentou.

 

— Sakura, podemos conversar? Sei que não é a melhor hora, mas é muito importante. — o Uchiha foi direto ao ponto.

 

Com um assentir de cabeça, ela se afastou um pouco e deu espaço para que ele entrasse.

 

Indicou o sofá com um gesto de mão, e ambos foram até o mesmo.

 

— Pode falar. 

 

Ele respirou fundo e uniu as mãos, pedindo internamente que ela o escutasse, e então prosseguiu.

 

— Eu vim te pedir perdão, Sakura.

 

Surpresa a Haruno já estava desde o momento que recebeu o Uchiha em sua varanda, mas aquelas palavras a atingiram em cheio.

 

E a explicação que veio após aquele pedido foi ainda mais avassaladora.

 

Sakura sentiu as mesmas emoções que Itachi lhe descreveu, e pôde compreender os motivos dele para tomar as atitudes que tomou no passado. Embora não concordasse com a atitude do moreno, seu coração não era capaz de guardar mágoas de Itachi. 

 

Não quando ficou ciente de tudo.

 

— Eu mandei as cartas, e contei tudo ao Sasuke. 

 

Esfregando as mãos em suas pernas, num gesto nervoso, a rosada lembrou-se da situação que tinha acontecido com o Uchiha mais novo.

 

As declarações de Sasuke sobre as cartas que tinha recebido e as palavras proferidas sempre voltavam em sua memória como um looping. 

 

— Imagino a reação dele ao ler. — ela se pôs de pé enquanto caminhava de um lado para o outro. 

 

Um silêncio pairou no ar.

 

— Ele te contou que recebeu? — indagou Itachi. 

 

— Sim… — ela admitiu suspirando pesadamente.

 

Parecia ter tirado uma tonelada de suas costas.

 

— E por isso você terminou seu noivado com o Sai? — ele perguntou antes mesmo de pensar, arrependendo-se logo depois. — Desculpa, não é da minha conta, mas eu vi vocês juntos desde o começo, ele parecia ser uma boa pessoa…

 

E Sakura sorriu com aquilo.

 

— Ele é uma boa pessoa, mas hoje ele foi tão estranho que eu não sei o que pensar. — ela suspirou forte e Itachi ouvia tudo quieto. — Mas eu não terminei por causa disso. Nosso relacionamento tinha acabado há tempos, se eu me casasse com Sai… ele até poderia ser feliz, mas eu não…

 

— Entendo… — ponderou. — Você acha que vai se arrepender? 

 

Ela o fitou, sentando-se novamente ao seu lado no sofá.

 

— Não. Acho que o amor que eu sentia por Sai já tinha se transformado em amizade, porém agora...

 

— Dê tempo ao tempo, Sakura. — Itachi sugeriu sucinto.

 

E isso fez com que os dois sentissem uma nostalgia daquela época onde eram amigos e trocavam conselhos um com o outro.

 

— Às vezes eu acho que sou muito egoísta. — ela confessou cabisbaixa.

 

— Nesse caso você pensou no seu futuro. Se tivesse escolhido errado seria uma vida se lamentando disso. 

 

Itachi tentou confortá-la o máximo que pôde, e no findar da tarde ele a deixou, andando calmo até a residência ao lado.

 

No meio do caminho, o Uchiha acabou encontrando Ryou e Sasuke, que o encarava surpreso.

 

Arqueando uma sobrancelha, eles se aproximaram um do outro. 

 

— Na casa da Sakura? — o mais novo perguntou.

 

— Sim, estávamos conversando.

 

Wow tio! Faz tempo que eu não te vejo. — o garoto interrompeu os irmãos Uchiha, abraçando as pernas do mais velho.

 

— Oi Ryou! Você está bem? — Itachi agachou ficando na altura do menino. 

 

— Não! Tô morto de fome! Parece até que tem um monstrinho na minha barriga. — gargalhou achando graça da própria piada — Agora eu vou pra casa tio, xau. — Ryou falou se despedindo de Itachi, tentando puxar Sasuke pela mão. 

 

— Vai lá garoto. — o mais velho sorriu e retornou o seu caminho. 

 

Enquanto isso Ryou tinha corrido e já abria a porta de casa.

 

— Oi mãe, eu e o papai chegamos! Tô caindo de fome! Tem torta de tomates?! — o pirralha perguntava aos gritos, surpreendendo Sakura que estava sentada no sofá, fitando o chão. 

 

Parecia que naquele dia as coisas estavam cooperando para que ela não ficasse sozinha por muito tempo.

 

— Ryou, nada disso! Banho primeiro! — ela corrigiu o pequeno Haruno que girou os calcanhares prestes a entrar na cozinha. — Tome banho que eu esquento a torta para você. Vá!

 

Em passos fortes e um enorme bico manhoso, o menino subiu obedecendo a mãe.

 

Contudo, Sasuke pigarreou pouco centímetros após a porta. 

 

E Sakura foi até ele. 

 

Cruzando os braços, trocando o apoio das pernas, ela se escorou na parede ao lado do homem.

 

— Você tá melhor? — ele perguntou se virando para olhá-la.

 

Naquele instante um frio se instalou em seu estômago. 

 

— Sim… — sorriu fraco. — Você foi atrás dele? 

 

— Fui. Ele bebeu, falou umas merdas sem sentido… efeito do álcool, eu espero. — tentou explicar sem maiores detalhes. Não queria machucar ainda mais a Haruno. 

 

— Ele não é de beber. — argumentou aérea.

 

— Percebi. Ficou bêbado com dois copos de whisky. — ela apenas balançou a cabeça em concordância. 

 

Aquele momento era muito estranho para os dois. Não tinham o que discutir, e o silêncio insistiu entre eles.

 

 

 

[...]

 

 

 

Dois dias depois.

 

Point of View – Sakura Haruno

 

— O quê você vai fazer hoje? — Sasuke me perguntou.

 

As palmas apoiadas em minha mesa e seus olhos tão inquisitivos.

 

Ah, seus olhos…

 

— Trabalhar até mais tarde, chegar em casa exausta… ajudar na tarefa de Ryou… — respondi no automático enquanto ajeitava o óculos que insistia em escorregar pelo meu nariz. 

 

— Queria te chamar pra sair. — ele foi tão direto que eu senti minhas bochechas esquentaram na hora e fiquei sem reação.

 

O risinho de Shizune, que estava na outra mesa, ecoou pela sala.

 

— Ér bem, é… sabe, eu…

 

— Não tô falando de um encontro, Sakura, não foi isso que eu quis dizer! — ele se corrigiu ao ver meu estado. E eu pude jurar ter visto um leve rubor em suas bochechas. Ele tossiu e continuou: — Quero companhia para visitar as crianças… Digo, queria que você fosse comigo… Será uma passada rápida, mas são umas duas horas daqui pra lá, então…

 

Pense nessa cena: Sasuke Uchiha, que tem quase 1,90 de altura, uma parede de músculos, com um estilo bad boy único dele, motoqueiro, pai do meu filho, e aquela maldita cicatriz no rosto que o deixa mais sombrio e bonito junto aos cabelos pretos e os olhos ônix…

 

Pensou tudo isso?

 

Agora imagine esse mesmo homem todo atrapalhado e confuso para me chamar pra sair.

 

Tudo bem que não é um encontro, mas…

 

Olhei para Shizune, e ela parecia perdida olhando para Sasuke.

 

— Eu não sei, preciso resolver uns arquivos…

 

— Que nada, Sakura! — berrou a mulher. — Você terminou um noivado há dois dias. É melhor ir espairecer do que ter que cuidar da papelada do Sai. — ela advertiu, piscando um dos olhos em minha direção.

 

Mas algo chamou a atenção de Sasuke. 

 

— Ele não vai trabalhar mais aqui? — questionou curioso, olhando para minha amiga do outro lado da sala. Essa que, retribuía a encarada com os olhos brilhando em admiração.

 

Mas o quê...?

 

— Não, ele pediu demissão… — ela confirmou, suspirando apaixonada na direção do Uchiha.

 

Ah, claro. Esse era o efeito que Sasuke Uchiha tinha sobre toda a população feminina. E eu também não era imune a isso.

 

— Que pe-na. — ele deu de ombros. 

 

— Sasuke! — o repreendi.

 

— O quê?! Eu deveria ficar triste por ele se afastar de você, é? Saiba que eu tô bem feliz e não vou esconder isso. — o Uchiha disse com um sorriso de escárnio.

 

O que fez Shizune sair de sua bolha apaixonada-pelo-capitão-Sasuke-Uchiha e dar uma gargalhada alta. A mulher saiu da sala cobrindo a boca com a mão, enquanto tentava amenizar o riso. 

 

— Ok! Eu desisto de você. — me rendi revirando os olhos enquanto arrumava a bolsa em minha mesa.

 

— Desiste mesmo? — ele questionou presunçoso.

 

Miserável. 

 

Eu gostava do clima descontraído que Sasuke criava entre nós. Algumas vezes ele acabava me dando uma patada ou outra, que eu fazia o favor de revidar.

 

Porém, o mais reconfortante ali, era que ele estava respeitando meu momento, o meu tempo de aceitação e mudança.

 

Por isso, e outros mil e um motivos, que eu amava Sasuke Uchiha.

 

 

 

 


Notas Finais


EAIII QUEM TA VIVO????? JKKKKKKKKKKK

Sou suspeita a falar...mas acho que CPUS sempre vai surpreender em algo em cada capítulo hehehehehe

⚠️ Papo sério agora:
Como sabem minha co-autora maravilhosa, Rayane, saiu do projeto, e esse foi o último capítulo que fizemos juntas...
Vou ser sincera, CPUS vai demorar a atualizar, principalmente agora que estamos entrando quase na reta final e que esses próximos capítulos são um pouco polêmicos...
E também, eu não sou muito segura com o que escrevo. Já tive outras fics que acabei apagando (inclusive, estão sendo reescritas) porque achava que estava ruim e não acreditava no meu potencial.

MAS NÃO VOU FAZER ISSO COM CPUS! Eu amo esse projeto com todas as minha forças, e vou tentar dar o melhor de mim para terminá-lo.

Espero que vocês entendam isso. ❤️

Sem mais drama, me contem o que acharam do capítulo!

Até ano que vem!


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