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História Casos que Passei - Caso 1: Primeiro amigo.


Escrita por: grew

Notas do Autor


Divirtam-se ♥

Capítulo 2 - Caso 1: Primeiro amigo.


Estou no carro — mais necessariamente em um táxi — a caminho do trabalho.

Após dar as coordenadas para o motorista volto minha atenção ao retrovisor, onde vejo um terço de madeira; um cordão com uma foto e fitas coloridas.

Mas o que me chamou mais atenção foi as fitinhas coloridas, principalmente a fitinha azul...

Sorri com a lembrança que invadiu minha mente.

Primeiro amigo

Lá estava eu no carro em direção ao colégio. Estava insegura, pois no primeiro dia de aula passei o intervalo sozinha e eu sempre odiei estar sozinha.

Era o meu segundo dia de aula na primeira série.

Hora cutucava minhas unhas, hora mexia nas minhas tranças embutidas em uma falha tentativa de controlar a insegurança e ansiedade. Meu pai, Lee Doyoung, me observava pelo retrovisor.

Ele quem iria me levar para o colégio todos os dias agora que estou no primário.

- Ei? Está tudo bem? — ele tem o olhar carinhoso.

Apenas assenti, mas mesmo não sendo meu pai de sangue, ele me conhece como ninguém.

- Alguém mexeu com você na escola? — acenei novamente só que discordando — Fez algum amiguinho novo? — fiz o mesmo gesto negando — Se continuar com essa timidez toda não vai se enturmar com ninguém filha.

- Meus colegas de sala me olham estranho...

Finalmente falei algo enquanto fitava meus sapatos pretos que combinavam com meu uniforme; uma blusa social branca, um blazer azul escuro, uma saia e um lacinho no pescoço da mesma cor. Odiava a gravata borboleta do uniforme, então usava uma fita de cetim no lugar, fazendo um lacinho delicado. Minha mãe quem fazia o lacinho na verdade, e também fazia os mesmos lacinhos na ponta de minhas tranças. As tranças eram o que impedia o meu cabelo cacheado e comprido de ficar bagunçado e livre dos piolhos.

- Eles não são como meus colegas do jardim de infância — continuei fazendo um bico e encarando meu pai que me olhava compreensivo pelo retrovisor.

- Ah minha princesa... — disse assim que estacionou o carro virando o corpo para me encarar melhor no banco de trás — agora as coisas serão diferentes do jardim de infância, você vai ter que mostrar o quanto é bonita por dentro assim como é por fora — assenti sorrindo sem mostrar os dentes — mas elas só vão descobrir essa beleza toda se você for receptiva também. Você me entendeu?

- Sim — assenti freneticamente.

- Então abre um sorriso bem grandão! — meu pai disse rindo arrancando risos meus — você tem o sorriso mais lindo do mundo e nunca deixem que te digam o contrário, ok? Então ande, ou vai acabar se atrasando! E não esquece meu beijo.

Beijei sua bochecha e abri a porta do carro, tendo que dar um salto para fora por ser um veículo alto.

Em frente ao portão do colégio acenei com a mão para o meu pai em despedida enquanto ele me acenava de volta, girei os calcanhares e encarei a entrada do colégio, apertei as alças da mochila soltando um longo suspiro, entrando no prédio em seguida.

...

Durante as aulas de alfabetização as crianças ainda me olhavam estranho, mas na aula de artes tudo mudou.

Tudo mudou quando a professora de artes disse que faríamos um trabalho com massinhas e, por ter pouca argila, teríamos que fazer em dupla.

Um garotinho bochechudo e gordinho se aproximou da minha mesa. As mesas da sala de artes eram compridas, com dois lugares, e no momento eu estava sozinha em uma mesa enquanto havia uma algazarra de crianças escolhendo seus pares.

- Eu posso ser seu par? — o garotinho me perguntou e arregalei os olhos surpresa.

- Claro! — me endireitei na cadeira — Qual o seu nome?

- Você não lembra de mim? — disse jogando a cabeça para o lado e cerrando os olhinhos que já eram dois riscos.

- Desculpa, não lembro... — sorri de lado abaixando a cabeça por timidez.

- Éramos da mesma sala no jardim de infância, o boneco do homem aranha do meu amigo acabou acertando a sua cabeça um dia, lembra?

Levantei a cabeça e encarei o garotinho, acabei me lembrando do fatídico dia em que estava na salinha do jardim de infância, bebendo um suquinho de caixinha sabor uva, e de repente sou atingida por um boneco do homem aranha.

Lembrei que dois garotos vieram me pedir desculpas pelo ocorrido e me deram uma maçã, por eu ter perdido meu suco com o susto, ficando com a roupinha manchada de roxo.

- Ah... Me lembro de você e do seu amigo, mas não lembro seus nomes — sorri pequeno.

- Me chamo Jimin — o garotinho sorriu grande fechando os olhinhos e me estendendo a mão em um cumprimento.

- Meu nome é Hiujin — apertei sua mão sorrindo.

A professora deu as argilas e a aula foi muito divertida. Moldamos a argila em vários formatos, mas a maioria só tinha forma na nossa imaginação, porque na verdade parecia um monte de bolinhas ou minhoquinhas.

A partir daquela aula de artes, que não passou de uma brincadeira com argilas, não passei mais o intervalo sozinha.

[•••]

Estava olhando para o teto com as mãos na barriga, deitada na cama. Os únicos sons presentes eram a minha respiração e a respiração de Jimin, que estava deitado na mesma posição olhando para o teto também.

Senti uma lágrima rolar e suspirei, procurando algo para dizer.

- Ei — Jimin quebrou o silêncio e virou a cabeça para me fitar — não chore ou vou chorar também...

- Você promete que quando tiver autorização para ter um computador, vai me mandar notícias? — o fitei de volta.

- Eu prometo — disse erguendo o mindinho e eu logo entrelacei o meu ao dele.

- Não sei se conseguirei enfrentar o oitavo ano sem você.

Jimin ia se mudar para Busan e eu ia ficar longe do meu melhor amigo. Se os seus pais o deixassem ter um computador seria ótimo, assim não perderíamos contato. Mas os pais do garoto eram muito rígidos e preconceituosos, tanto que nunca gostaram da nossa amizade. Aquela foi a única vez que me receberam em sua casa, pois Jimin pediu para deixarem ele dar a notícia em um lugar que não fosse a escola. Ele sabia que eu iria chorar e já que não íamos mais nos ver, os pais deixaram.

- Você e o Namjoon ficaram bem — se deitou de lado e segurou a minha mão.

- Eu tenho medo do Namjoon me deixar também — me virei ficando na mesma posição que ele, o encarando com um aperto no peito.

- Ele não vai, os pais dele são legais — riu soprado.

Colamos as testas e suspiramos ao mesmo tempo, rindo em seguida.

Sentirei saudades...

- Hiujin? — sussurrou contra meu rosto.

- Hum?

- Eu posso te dar um beijo?

Arregalei os olhos surpresa com aquele pedido, mas não sai daquela posição, mantendo as testas coladas.

- Só temos doze anos — sussurrei de volta — e só namorados se beijam.

Aquilo era tão errado...

- Mas você nunca sentiu curiosidade?

- Sim Jimin, mas você é meu amigo, não meu namorado — disse como se fosse óbvio.

- Não vai ser um beijo de namorados.

- Vai ser um beijo de que?

- De despedida... — seu olhar ficou triste e eu quase chorei de novo. Suspirei.

- Tudo bem — fechei os olhos esperando pelo beijo com um bico.

Nossos narizes se tocaram e senti seus lábios tocarem os meus pressionando de leve. Foi um selinho longo e cheio de carinho. Um selinho inocente, puro, mas ao mesmo tempo, doloroso.

Puxa vida, meu melhor amigo estava indo embora!

Cortamos o selinho e separamos nossas testas, voltando a encarar o teto. Os olhos arregalados e bochechas queimando.

Agora só se ouvia suspiros e risos vergonhosos.

- Jimin?

- Hum?

- Não conta pro Namjoon.

Começamos a rir ainda encarando o teto.

E realmente foi um beijo de despedida...

Meu melhor amigo foi embora.


Notas Finais


E aí o que acharam? Comentem :)

Próximo capítulo não irá demorar a ser postado.

Até maixxx 💜


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