História Casta 6 - Perfumes que atraem

Jeongguk saiu correndo na direção da porta do castelo e se jogou nos braços de Taehyung, abraçando o mais alto pelo pescoço. O impacto fez com que a boina que o alfa usava caísse no chão, entretanto tudo o que o Kim fez foi dar risada e enlaçar a cintura do melhor amigo com seus braços longos e suspendê-lo do chão, girando-o no ar e fazendo com o Príncipe de Busan desse uma gargalhada animada. Atrás do visitante vinham seus pais, que observavam a cena como quem diz: “Eu não deveria estar surpreso. Por que estou surpreso?”. Seokjin e Namjoon seguravam suas bagagens e vinham muito bem vestidos, assim como seu filho.

Namjoon usava um sobretudo que mais parecia uma capa, chegava até um pouco abaixo de seus joelhos. Usava uma calça social, assim como seus sapatos e uma simples camisa branca por baixo do sobretudo preto. Por mais que já tivesse mais de quarenta anos, o ômega parecia ter parado no tempo antes dos vinte e cinco. Seokjin vinha ao seu lado com uma camisa vermelha e preta de listras e também usava uma calça social. Seus sapatos eram iguais ao de seu esposo. Os cabelos do alfa estavam divididos na lateral, mostrando apenas a metade de sua testa.

- Eu estava morrendo de saudades de vocês! – exclamou Kunpimook, que primeiro se jogou nos braços de Namjoon. O ômega mais velho deu risada, enquanto que o alfa levou um susto e quase jogou suas bagagens no chão. O rei ômega de Busan também cumprimentou Seokjin, que era também um bom amigo. – Seokjin hyung. Você não estava loiro? Namjoon hyung estava moreno antes, também. O que diabos aconteceu com vocês? Acho que Taehyung é o único que não mudou drasticamente de visual. Continua bastante... excêntrico? – perguntou o rei dando risada. Kunpimook caminhou até Taehyung e empurrou Jeongguk, este que fez um biquinho ao ser afastado de seu melhor amigo. – Está lindo, como sempre. Você só não é mais bonito que meu esposo e meu filho, Tata!

- Ya, Bambam-ssi! Eu também sou lindo, mais do que o seu marido – reclamou Seokjin com uma careta. Yugyeom revirou os olhos e então abraçou o amigo alfa, com aquele típico tapinha nas costas no final. Também abraçou Namjoon, que deu risada e bagunçou os cabelos do alfa mais novo, já que este era um pouco menor que si. – Nosso Jeongguk-ssi é um dos principais assuntos em Daegu. Há um selecionado de nossa província aqui na seleção, então lá a torcida é quase toda para esse selecionado, mas eu não diria que seja a maioria... enfim, depois falaremos melhor disso. Vamos apenas aproveitar que estamos juntos depois de tanto tempo, não é?

- Daqui alguns instantes os selecionados começarão a aparecer para o café da manhã. Vocês vão tomar café conosco, não é? – perguntou Jeongguk, que já estava mais uma vez pendurado no pescoço de Taehyung, este que o segurava pela cintura com o braço direito. – Depois do café da manhã, quero ficar com o Tae e conversar sobre algumas coisas – disse o Príncipe mais velho, arrancando um sorriso do melhor amigo. Os reis, tanto de Busan quanto de Daegu sorriram com a manha incomum que o jovem Jeon mostrava naquele instante. Era realmente difícil ver o rapaz agindo daquela forma, e até o momento, apenas Taehyung tinha aquele poder.

- Tomaremos sim. Porém antes vamos nos acomodar, não é? – disse Namjoon, sorrindo e se preparando para pegar suas bagagens e levá-las para o quarto onde sempre ficava com Seokjin. Os quartos da realeza eram bastante diferentes dos outros onde estavam os selecionados, inclusive ficavam em um corredor oposto. Quando o ômega começou a caminhar com sua mala, uma empregada do castelo correu até ele, que somente sorriu. – Não se preocupe quanto à isso, querida. Pode deixar que eu mesmo levo, tudo bem? – disse com bastante calma e a beta em sua frente corou, em seguida fazendo uma reverência. – Também não precisa disso, sim? Vamos fingir que não sou ninguém importante. Sou apenas um visitante por hoje, não é, Jin-ah?

- Definitivamente. Quem é rei aqui? Eu não, nunca vi algo do tipo – disse Seokjin, curvando os lábios para baixo, arqueando as sobrancelhas e balançando a cabeça negativamente. Taehyung riu dos pais e os Reis de Busan fizeram o mesmo, seguindo os “visitantes" e falando de coisas aleatórias. Dessa forma, os príncipes ficaram sozinhos no salão, por um tempo em silêncio, apenas aproveitando a presença um do outro. Apenas naquele momento Jeongguk percebeu que em cima da bagagem do melhor amigo estava a pequena “gaiola" acolchoada onde Yeontan dormia.

- Você vai dormir ao lado do meu quarto, tudo bem? – perguntou Jeongguk, com o tom de voz de quem claramente na verdade queria dizer: “Não escolha onde vai dormir, você está na minha casa". Taehyung quis dar risada da carinha que o hyung fez, mas se limitou a somente acenar com a cabeça em sinal de afirmação enquanto dava um sorriso pequeno, sem mostrar seus dentes. – No entanto, vai passar o dia comigo, no meu quarto. Nós dois precisamos conversar sobre muitas coisas, ainda mais devido ao fato de você nunca mais ter falado sobre aquela pessoa – disse o mais velho, o que levou Tae a contorcer seu rosto numa expressão mais séria.

- Não tenho muitas coisas para falar sobre aquela pessoa, Jeongguk-ah – explicou o mais novo, dando um sorriso de canto e abaixando a cabeça logo em seguida, como se quisesse desconversar. Jeongguk arqueou as sobrancelhas e então chegaram ao quarto onde Taehyung iria dormir. O Príncipe de Daegu deixou suas coisas sobre a cama e logo começou a abrir suas malas, revelando suas roupas exóticas e muito bem organizadas, logo as guardando no closet que havia dentro do grande e belo quarto. – Mas como sei que não tenho te dado as devidas satisfações, irei me abrir pra você devidamente. Não vou deixar nenhuma informação escapar.

- Como assim? Como assim, Taehyung? – perguntou Jeongguk, nitidamente confuso diante das palavras do melhor amigo. Taehyung gostava de Hoseok literalmente desde sempre, começara como uma extrema admiração e então, quando o garoto fora amadurecendo e envelhecendo, a admiração evoluiu. – O que mudou? Sua reação quando eu tocava no assunto até pouco tempo atrás não era essa, muito pelo contrário, você chegava a ficar tímido e constrangido, mas nunca tentou mudar de assunto ou desconversar. O que está acontecendo, o que você está me escondendo?

- Alguma vez eu já escondi algo de você? – perguntou Taehyung, com a voz grave e rouca ecoando pelo quarto grande e Jeongguk bufou, cruzando os braços. O Kim suspirou. – Olha, eu não estou escondendo nada, apenas não disse mais absolutamente nada a respeito de Hoseok hyung porque você nunca mais tocou no assunto, afinal de contas, ultimamente nossas conversas tem sempre sido sobre um certo alfa lúpus, e esse alfa lúpus não é Jung Hoseok. Não é, Gguk-ah? – o Príncipe de Daegu piscou apenas um olho e sorriu para o melhor amigo, que abriu a boca para falar mas desistiu. Iriam falar sobre aquilo mais tarde, de qualquer forma. – Posso deixar Yeontan solto por aqui, não é?

- Pelo amor de Deus, é claro que você pode deixar o Tannie solto – Jeongguk disse revirando os olhos e se aproximou de onde o cãozinho estava dormindo. Abriu a portinha da pequena “gaiola" e retirou com cuidado o corpinho adormecido de Yeontan, que bufou durante seu sono. Ambos os príncipes riram e Taehyung montou uma cama para o pequeno ao lado da sua. – Ele cresceu bastante desde a última vez, não é? Parece mais gordinho agora, também – apontou o mais velho, fazendo carinho no topo da cabeça do cachorrinho.

- Sim, ele está bem grandinho, e quanto mais ele cresce, mais ele dorme – disse Taehyung, rindo e se despindo, dobrando cada peça de roupa que retirava. Deixou apenas um conjunto azul e branco de seda sobre a cama enquanto Jeongguk brincava com Yeontan. – Vou ficar mais livre desde já, pois sei que se eu ficar o dia todo deitado com a roupa que usei para vir, vai ficar bastante desconfortável para mim – disse, abrindo a braguilha da calça e já se desfazendo da camiseta de mangas longas que usava por baixo do sobretudo que já havia tirado. – Não repare muito, eu emagreci bastante nesses dias que passaram. Desde que comecei a trabalhar com meus appas nos assuntos do Reino. Desde que é algo estressante, eu fui perdendo peso. Por sorte, nos dias que não era muito pesado, eu podia malhar um pouco.

- Você precisa se alimentar, mesmo estando estressado ou nervoso, Tae – Jeongguk disse, suspirando e balançando a cabeça negativamente, em seguida se levantou e caminhou até o mais novo, que não o olhava nos olhos por já saber o que viria a seguir. – Você já teve problemas com alimentação antes, deveria voltar a visitar seus psicólogos e nutricionistas, não quero que fique doente de novo – disse o mais velho, acariciando os cabelos do melhor amigo e observando de pertinho as sardas que Taehyung tinha espalhadas por seu rosto. – Espero que coma bem enquanto estiver aqui. Quero que se sinta bem.

- Não vou ficar sem comer hyung, eu prometo – disse Taehyung, abrindo um sorriso e batendo devagar a ponta de seu dedo indicador no nariz do ômega lúpus. – E também não vou ficar doente, não se preocupe. Não quero mais passar por aquilo, nem fazer meus pais passarem. Nem quero que as pessoas que amo tenham que ficar preocupadas comigo – disse e então tirou a calça que usava, ficando apenas de cueca e meias. Vestiu a roupa que havia separado e após abotoar a camisa do conjunto de seda caminhou até Jeongguk, o abraçando. – Apesar de não gostar de preocupar as pessoas, fico feliz que você se preocupe comigo, Ggukie. Agora vamos descer, pois estou com fome e... tem alguém que quero muito conhecer. Sabe quem é? – perguntou rindo e Jeongguk fez uma careta confusa. – Park Jimin! Ou eu deveria dizer... Jimin-ssi? – disse com lascívia e o Jeon arregalou os olhos, dando murros no peito de Taehyung. Triste; o ômega era bastante forte. – Ya, Jimin-ssi!

O café da manhã correu normalmente, exceto pelos seguintes pontos:

Primeiro: Outra família real presente no castelo não era bem algo com o que os selecionados estavam acostumados;

Segundo: Kim Seokjin era o alfa mais incomum da face da Terra, além de não parar de falar da comida também não parava de dizer o quanto era perfeito, e de arrancar risos dos selecionados com suas piadas horríveis;

Terceiro: Kim Taehyung era um dos homens mais bonitos do Oriente e mesmo alguns alfas lúpus pareciam embasbacados com a presença do príncipe ali, em outras palavras, estavam um tanto quanto distraídos com a beleza do mais novo.

Quarto e último: Jeongguk nunca aparecia de pijama na mesa do café da manhã.

O Príncipe de Busan ficou de olho no melhor amigo durante todo o tempo durante o café da manhã. Isso porque Taehyung chegou a puxar assunto com Jimin, até o chamando de hyung, o que chamou a atenção de todos os outros selecionados. Era óbvio que a desconfiança que já havia sobre o mais novo da seleção só havia crescido depois daquilo – não que os selecionados falassem disso, na verdade eles nunca se pronunciaram para que não houvesse um burburinho à respeito, ou simplesmente para que seus egos não fossem feridos em pensar que um rapaz mais novo e mais pobre estava agindo como um obstáculo para eles – e pelo fato de Jimin se afeiçoar realmente rápido por algumas pessoas e o Príncipe de Daegu ser alguém bastante longe do tímido, os dois alfas se tornaram amigos.

Taehyung e Jeongguk caminharam juntos para o quarto do ômega lúpus. Ambos estavam silenciosos mas não era nada desagradável, muito pelo contrário: o mais velho estava com o braço enlaçado ao braço do outro, que parecia distraído com alguma coisa. O mais novo passou em seu quarto e pegou Yeontan, alimentando-o e levando o cãozinho para o quarto do hyung. Então, o Jeon se lembrou de perguntar algumas coisas. Quando fechou a porta de seu quarto, Jeongguk riu ao ver Taehyung se jogar sobre sua cama, deixando o pet um tanto agitado e animado.

- Tata... eu quero que seja sincero com seu hyung – disse Jeongguk, suspirando profundamente e correndo para se sentar diante do seu melhor amigo. Taehyung piscou inocentemente e ficou em posição de lótus, tendo Yeontan entre o vão de suas pernas. – O que aconteceu? Você não gosta mais de Hoseok hyung? – perguntou, arrancando do Kim uma expressão que não foi possível de ser identificada: mesclava uma certa angústia, mas com um toque de alegria escondido.

- Acho que o que restou foi apenas um desejo, hyung. Sinto vontade de ficar com ele, sinto o desejo de beijá-lo, mas sinto isso por várias pessoas – Taehyung respondeu em um murmúrio, mantendo a cabeça baixa enquanto acariciava o corpinho de Yeontan, que já ressonava e começava a dormir. – Acho que deixei de sentir toda aquela coisas por Hoseok hyung já tem algum tempo... talvez até mesmo antes da última vez que você me perguntou se eu ainda gostava dele. Acho que isso tudo não passou de uma grande admiração infantil de minha parte... uma grande admiração que eu deixei ir para um lado que não deveria. Não sei como exatamente deixei de “gostar", talvez de tanto eu me sacrificar por alguém que claramente gosta de outra pessoa, meu subconsciente e meu coração entraram em consenso, e então, acabou. Fora isso, tudo o que eu sentia por ele se resume agora à admiração e... desejos carnais. Nada mais que isso.

- Você não parece feliz com isso, Taehyung – Jeongguk disse, cruzando os braços. O Kim passou a olhá-lo nos olhos enquanto ia se deitando devagar no colchão macio. Tirou Yeontan do vão de suas pernas e colocou em cima da poltrona que ficava perto da cama, logo esticando seu corpo sobre a cama do hyung.

- Eu estou na idade das crises existenciais, Ggukie. Meu medo é que eu não me apaixone mais, você entende? – perguntou Taehyung, agora com a respiração mais falha, como se estivesse tentando prender o choro. Entretanto o alfa não era acostumado a chorar, então logo sua respiração voltou ao normal. – Por mais que eu saiba que sou jovem e que pode ser que eu encontre alguém que realmente goste de mim... que realmente goste. E que eu goste dela ou dele de volta. Mas minha mente me prega peças, e eu não consigo deixar de pensar na solidão. Isso me entristece, me deixa com medo. Sei que poderão aparecer muitos pretendentes, homens e mulheres... por eu ser um nobre, sabe. Mas... eu não quero que as pessoas se interessem pelo Príncipe Taehyung, quero que se interessem apenas pelo Taehyung. Pelo Tata. Sem títulos...

- Ah, Tae... – murmurou o mais velho, se aproximando devagar de seu dongsaeng. Taehyung sorriu pequeno e acolheu Jeongguk em seus braços, já que este parecia querer confortá-lo de alguma maneira. – É impossível que não haja uma pessoa que não vá se apaixonar por você, Tae. Sem títulos, não é? Você tem uma aura apaixonante, meu amor. Você se lembra de ter me falado exatamente isso alguns dias antes da seleção começar, não se lembra? – perguntou Jeongguk e o mais novo acenou com a cabeça em afirmação. – Então você está vivendo de uma maneira diferente da que acredita? Você é incrível, Taehyung. Você é um dos melhores alfas que conheço, uma das melhores pessoas que conheço. Você é doce, atencioso, divertido, engraçado, inteligente... e ainda tira um tempinho extra para ser muito bonito – disse o mais velho e Taehyung riu, levando sua mão até a cabeça do hyung e acariciando seus cabelos. – Então não pense nisso agora. Apenas aproveite bem, já que agora você não sente mais nada pelo Hoseok.

- Não sinto mais nada romântico, mas ainda quero transar com ele.

- Pelo amor de Deus, Taehyung!

Os melhores amigos ficaram um longo tempo apenas aproveitando a presença do outro, trocando carícias e por um instante Taehyung quase dormiu devido ao cansaço da viagem – mesmo que falar com seu hyung fosse realmente incrível, Daegu e Busan eram reinos bastante afastados – entretanto acabou despertando com a voz de Jeongguk.

- Eu quero pedir alguns conselhos, Tae... – murmurou o ômega lúpus, desenhando pequenos espirais na barriga do mais novo com a ponta do dedo indicador esquerdo. Taehyung imediatamente abriu os olhos quando ouviu a frase dita por Jeongguk e buscou se manter o mais desperto o possível para que pudesse ser útil para seu melhor amigo.

- Você quer conselhos sobre Jimin, estou certo? – perguntou com cautela e ao receber a confirmação de seu hyung, Taehyung suspirou e olhou para cima enquanto ainda acariciava os cabelos de Jeongguk. – Da mesma forma que eu fui sincero com você, quero que seja sincero comigo, hyung – disse o Kim e o mais velho engoliu em seco, sem saber exatamente o que esperar de seu melhor amigo. – Você está gostando de Jimin mais do que simplesmente como um amigo, não está?

- NÃO! – exclamou rapidamente Jeongguk enquanto se afastava de forma abrupta do peito do mais novo, ficando então sentado em sua cama. Imediatamente agarrou a pelúcia de Cooky e abraçou firmemente, engolindo em seco diante do olhar perfurante de Taehyung. O Jeon então desviou seu olhar para algum canto aleatório de seu grande quarto e suspirou. – Eu não sei. Eu realmente não sei, Tae, eu... – o Príncipe de Busan mordeu o lábio de maneira um pouco rude e largou a pelúcia em seu colo, levando as mãos até o seu rosto. – Ele mexe comigo de uma forma que os outros homens com quem me relacionei não mexiam. Jimin é carinhoso, vejo isso mesmo que não conversemos em uma frequência absurda ou algo do tipo. Ele é doce, educado. É forte, não se deixa abalar por praticamente nada, sempre mostra ter um amor incondicional pela mãe e pela irmã... Além de tudo isso, ele é lindo. Park Jimin é um homem lindo, por dentro e por fora.

Taehyung ficou longos segundos encarando o melhor amigo com o rosto sem expressão. Jeongguk realmente odiava quando o mais novo fazia aquilo, pois era justamente daquela forma que o ômega não conseguia prever o que o Kim Faria logo em seguida. O alfa pareceu ponderar bem o que diria mas acabou dando uma resposta mais curta para o Jeon, que ainda o olhava com certa expectativa. Estava ansioso de certa forma para saber o que seria dito pelo outro.

- Chame Jimin para um novo encontro.

- O quê?

- Você ‘tá surdo, hyung?

- Aish-... me respeita, Taehyung!

- Então não se faça de sonso! – ralhou o mais novo, bufando e cruzando os braços. Yeontan se revirou em seu colo e bufou baixinho, como se pedisse pro seu dono calar a boca. – Se você está ficando confuso a respeito do que está sentindo por ele, a única solução talvez seja ficar mais próximo, assim as coisas simplesmente vão se ajeitando aos pouquinhos. Se os outros selecionados falarem qualquer coisa, a seleção é sua, você faz o que quiser. Sinceramente, não vejo nenhuma razão para você estar agindo na defensiva. É apenas um encontro, não é?

- Sim... – Jeongguk suspirou, levando seus cabelos para trás com uma das mãos. Se lembrou de vezes em que Jimin fazia aquilo sem sequer parecer notar e então suspirou mais uma vez, se amaldiçoando internamente pelos pensamentos que acabou tendo com o mais novo. – Apenas um encontro, huh – ponderou, voltando a se deitar no peito de Taehyung e deixando seu braço esquerdo em cima da barriga do mais novo. – Quando você acha que posso fazer isso?

- Quando você acha? Tem que ser no seu tempo, de qualquer forma. Você precisa estar se sentindo a vontade, ou todo o esforço será tido como desnecessário ou inútil. Então tente responder para si mesmo quando será um bom momento para um novo encontro – respondeu o alfa mais novo, novamente fechando os olhos. Dessa vez provavelmente não iria voltar a suspender suas pálpebras, estava exausto.

- Hoje à noite... – murmurou Jeongguk, para si mesmo. Por estar ainda acordado, Taehyung ouviu.

- Hyung... Se você quer ir hoje, excelente. Conversem e esclareçam tudo o que está acontecendo, ou somente falem de coisas superficiais, aja normalmente com ele se não quiser que seus “sentimentos confusos" sejam descobertos – disse o alfa, agora tendo a voz bastante rouca devido ao seu sono. – Entretanto, já tenho algo a lhe dizer, Ggukie. Você não sabe o que está sentindo mas eu sei perfeitamente, pois sei tudo sobre você. E definitivamente, hyung... Você está apaixonado por ele – disse o Príncipe de Daegu, fazendo com que as mãos do mais velho suassem e seus olhos ficassem arregalados. Os dois ficaram por mais um tempo em silêncio, e quando Jeongguk finalmente resolveu falar sobre a conclusão bastante precipitada de Taehyung, já era um pouco tarde: o Kim já estava adormecido naquele momento. O Jeon suspirou e também fechou os olhos, aproveitando para descansar aos pouquinhos toda a carga recebida devido ao trabalho no Reino.

Hoje à noite, murmurou novamente em seu subconsciente. Hoje à noite.

- Vocês? – perguntou Jeongguk, na frente de Chanyeol e Jongin. Os dois haviam pedido para conversar com o Príncipe de Busan pouco antes do jantar, no entanto, como o ômega estava ausente de suas obrigações, o jeito foi pedir para Yoongi passar o recado ao mesmo. Por um instante o Jeon pensou que algo estava acontecendo com Jimin, entretanto os dois alfas lúpus pareciam bastante tranquilos, por mais que mostrassem uma certa inquietação. Os três estavam na sala de estudos, onde o Príncipe costumava ficar para aprender mais coisas sobre o reinado e sobre Busan em geral. Ali, ninguém poderia atrapalhar os lúpus. – O que vocês queriam falar comigo? Tem algo acontecendo?

- Gostaríamos de perguntar... Majestade, quando será a próxima eliminação? – questionou Jongin, fazendo com que Jeongguk erguesse uma das sobrancelhas, ficando confuso. O que aqueles dois queriam, afinal?

- Eu não sei ainda, Jongin-ssi... Estou estudando bem cada selecionado e, como YiFan foi expulso, acho que irei eliminar quatro selecionados da próxima vez – disse o ômega lúpus, pensativo. Então, levou uma das mãos até o queixo e coçou ali, em seguida voltou a olhar para os dois em sua frente. – Mas por que vocês estão me perguntando isso?

- Iremos direto ao ponto... Queremos que você nos elimine da próxima vez, Majestade – disse Chanyeol, fazendo com Jeongguk arregalassem os olhos, extremamente surpreso. Ok... Isso não era nada do que o Príncipe estava esperando. – Jongin e eu temos um relacionamento, ainda não namoramos mas não nos sentimos bem estando dessa forma em um local onde supostamente deveríamos estar lutando para te conquistar – explicou o lúpus mais velho, o que causou um ofego no ômega lúpus ali. Aqueles dois haviam tirado o dia para surpreendê-lo. – Jongin e eu até estudamos a ideia de ficar aqui por mais tempo caso algo acontecesse com Jimin, mas conversamos com ele depois do café da manhã e ele faltou nos bater quando eu disse que estávamos aqui por ele – Chanyeol disse rindo e Jeongguk o acompanhou, mesmo que de forma discreta. – Ele sabe se cuidar muito bem, por mais que não tenha revidado naquele incidente com Wu YiFan. Jimin vai ficar bem, ainda mais agora que também fez amizade com o Coronel Hoseok. Acho que Jongin e eu não precisamos agir como pais dele aqui, pois sabemos que ele não está sozinho.

- Ele nunca vai estar sozinho se depender de mim – Jeongguk disse baixinho, mas foi o bastante para que Jongin e Chanyeol escutassem. Os dois alfas sorriram cúmplices e entrelaçaram seus dedos sem que o Príncipe percebesse. – Eu farei o possível para manter Jimin longe de problemas, vocês não precisam se preocupar. De qualquer forma, eu fico feliz que vocês dois tenham vindo me contar isso tudo, mostra que vocês têm confiança em mim e isso me deixa muito, muito feliz – o Jeon sorriu e os dois alfas o acompanharam. – Ainda não estou me sentindo confortável em eliminar alguém, mas quando estiver chegando o dia, irei avisar vocês. Tudo bem? – perguntou, se levantando da cadeira onde estava sentado e Chanyeol e Jongin fizeram o mesmo, se curvando em agradecimento e respeito. Logo, o Príncipe fez o mesmo. – Bem, eu preciso ir agora, pois terei um encontro. Quer dizer, irei convidá-lo – disse rindo e os alfas perceberam o nervosismo do ômega. – Vocês formam um casal lindo, fico feliz por vocês dois.

A última fala do Príncipe quase fez com que as pernas de Chanyeol derretessem, por sorte seu alfa o segurava com força e impediu que o mesmo caísse. Os dois lúpus mais velhos sorriram para Jeongguk e este sorriu de volta, saindo da sala de estudos e deixando os selecionados ali após uma última reverência. Ao estarem finalmente sozinhos, Jongin soltou sua respiração que sequer havia notado ter prendido em certo momento, para então dar um suspiro de alívio. Abraçou o mais alto pela cintura e depositou sua cabeça no ombro do mesmo, recebendo um selar em sua testa. Estavam livres.

Jeongguk por sua vez subiu as escadas e seguiu para o corredor onde ficavam os quartos dos selecionados. Após caminhar por algum tempo, parou na frente da porta de Jimin e respirou fundo, se lembrando do que Taehyung havia dito. O Kim deveria estar com seus pais agora, provavelmente pedindo dicas sobre o trabalho como Príncipe ou simples jogando conversa fora; o alfa mais novo simplesmente adorava Kunpimook e Yugyeom, e já que o seu melhor amigo estaria em um encontro, nada melhor do que passar algum tempo com os Reis de Busan. Agora, na mente do ômega lúpus, a frase: “Você está apaixonado por ele” ecoava sem pausas, como uma ladainha. Olhou em seu relógio de pulso e ao ver que faltava pouco tempo para o jantar e então logo aquele corredor teria alguns alfas caminhando, o Jeon decidiu deixar o nervosismo de lado e bateu na porta, esperando ansiosamente que a mesma fosse logo aberta.

Em alguns segundos, a imagem de Jimin surgiu em sua frente. Usando um chinelo preto, calças de moletom cinza e uma camiseta de mangas longas também na cor preta, mas em um tamanho um pouco maior do que o normal para o alfa, talvez dois números maior. A camiseta estava caída em um de seus ombros, deixando à mostra a clavícula extremamente bem marcada do Park. No outro ombro, uma toalha branca e aparentemente úmida estava pendurada e o alfa segurava uma das pontas da mesma para secar seus cabelos, que estavam molhados. Do incidente com YiFan havia sobrado apenas uma cicatriz fina no supercílio de Jimin, que estranhamente havia ficado com uma aparência mais madura graças à mesma.

- Hyung? – perguntou Jimin, confuso com a presença do mais velho ali. Entretanto se sentiu feliz em ver o ômega, seu coração já não parecia mais tão calmo como antes. – Entre, a casa é sua – disse bem humorado e Jeongguk deu risada, balançando a cabeça negativamente e olhando para o chão por um momento. – Aconteceu alguma coisa?

- Não, na verdade... eu só queria te pedir uma coisa – disse Jeongguk, em um tom de voz baixo. Sentia o suor minando na palma de suas mãos, mas ao menos sua respiração estava minimamente controlada. – Você pode jantar comigo essa noite? – perguntou com certo receio. Por mais que soubesse de alguma forma que o mais novo iria aceitar, ainda assim se sentia nervoso de uma forma que não se sentira da primeira vez. Jimin pareceu surpreso, mas sorriu pequeno, sem deixar de olhar nos olhos do mais velho.

- Com o perdão da expressão, que diabos de pergunta é essa? É claro que eu aceito, hyung. Eu sempre vou aceitar o que você me pedir. Não espere que eu te diga “não” – disse o alfa lúpus e Jeongguk quis se amaldiçoar por ter se sentido tão vulnerável diante da fala do mais novo. Jimin continuou sorrindo e então tirou a toalha de seu ombro, arrumando a camiseta para que a mesma não ficasse caída em seus ombros. – Irei apenas estender essa toalha para que ela seque, tudo bem? Já iremos – disse sorrindo e Jeongguk acenou positivamente com a cabeça. Quando o alfa lhe deu as costas, o Príncipe ofegou lentamente como se não quisesse fazer nenhum barulho.

Já Jimin estava exultante. O sorriso não queria de forma nenhuma deixar seus lábios e suas mandíbulas começavam a doer gradativamente de tão grande que era o sorriso que rasgava seus lábios. Por conta disso, não conseguia enxergar tão bem, já que seus olhos ficaram pequenos. Tentou se controlar e ao deixar a toalha no banheiro, pendurada, o alfa lúpus respirou fundo e sacudiu a cabeça, então caminhando até a porta e encontrando Jeongguk. Quando o mais velho notou sua presença, este sorriu e o Park sorriu de volta.

Os dois caminharam em silêncio até a pequena casa de vidro que ficaram da última vez, e quando chegaram lá, se sentaram de frente um para o outro. Em menos de três minutos, Yerin surgiu ali com o jantar dos dois, sendo ajudada por outras duas garotas. A ômega piscou discretamente para Jimin, que desviou o olhar e sorriu pequeno, tentando controlar o ímpeto de rasgar o próprio rosto com um sorriso maior. As três mulheres se curvaram juntas e então deixaram a casa, deixando Jimin e Jeongguk sozinhos. O mais novo foi o primeiro a quebrar o silêncio presente ali.

- Não imaginei que seria chamado para um segundo encontro, hyung – Jimin disse em um tom zombeteiro e Jeongguk riu, retirando as tampas prateadas e mostrando a comida. O alfa então serviu um prato e ao invés de comer a comida presente no mesmo, colocou o prato na frente do Príncipe, deixando o mesmo sem palavras. Ao invés de servir a si mesmo... havia servido o hyung. – Bon appètit, Jeongguk-ssi.

- Merci, Jimin-ssi – Jeongguk disse dando uma risadinha e levando a primeira garfada até a boca. Após mastigar e engolir a comida, o Príncipe suspirou e olhou para Jimin, que agora comia. – Também não imaginei que te chamaria... Por mais que já quisesse isso – confessou e o alfa o olhou parecendo surpreso. – Eu ponderei te chamar para um encontro desde que tivemos o primeiro, mas não imaginei que o faria tão rápido. De certa forma este é o nosso terceiro encontro, já que acabamos nos vendo na biblioteca a alguns dias atrás, não? – disse o Príncipe e Jimin sorriu, se recordando. Ao mesmo tempo se sentiu levemente nervoso, pois foi naquele dia que ambos quase se beijaram. – Sobre aquele dia... eu te disse que gostava de você, não é?

O garfo de Jimin parou no ar e ele imediatamente olhou para o Príncipe, sentindo seu lúpus interior tremer em ansiedade e outras coisas provocadas pelo dejavù. O alfa suspirou e colocou o garfo de volta no prato, deixando então as mãos sobre seu colo enquanto tentava engolir em seco com alguma descrição. No entanto, Jeongguk claramente percebeu o nervosismo do mais novo e suspirou. Suspirar... esse foi o terrível erro do Príncipe naquela noite... ou não. Foi durante aquele suspiro que o ômega percebeu que havia algo diferente ali, e devido à este “algo" o homem não conseguiu falar a frase que queria de imediato, pois acabou ficando travado diante do cheiro inexplicável que havia ali. Foi quando olhou para a mesa e viu que haviam também dois copos de uísque ali. Jeongguk adorava uísque... mas não era o cheiro da bebida que o Príncipe estava sentindo.

O cheiro vinha de Jimin.

Era como se fosse uma mistura de alguma fruta ácida com bebida destilada. O cheiro era forte, mas não era ruim. Era amadeirado, mas não era nem um pouco desagradável ao seu olfato. Era completamente diferente de todos os cheiros presentes no castelo, diferente do perfume de todos os selecionados e de todos os alfas – lúpus – que Jeongguk já havia conhecido. Ainda não havia conseguido distinguir exatamente o que era o cheiro do mais novo, mas em poucos segundos o ômega já estava se sentindo zonzo.

Embriagado pelo perfume do outro, essa era a expressão. Jeongguk estava bêbado e completamente sedento por cada substância presente em Park Jimin.

- Hyung – Jimin sussurrou, chamando a atenção de Jeongguk, este que havia ficado um tempo sem dizer nada. A expressão vazia do mais velho então mudou e este passou a olhar fixamente os olhinhos brilhantes do Park, que parecia preocupado. – Você... está sem dizer nada à algum tempo. Nossa comida até já esfriou. Aconteceu alguma coisa? Quer que eu te leve para dentro do castelo? Podemos terminar isso outro dia.

- Não... N-Não. Ah... me desculpe, Jimin, fiquei todo esse tempo sem dizer nada e você ficou esperando que eu dissesse algo... fiz nosso jantar esfriar. Me desculpe, sério... – murmurou exasperado o mais velho, levando as duas mãos até o rosto. Jimin sorriu e já iria tranquilizar o ômega lúpus quando este acabou intervindo. – Onde eu havia parado? Eu disse aquele dia que gostava de você... – ponderou como se estivesse falando sozinho. O tempo que o ômega ficou pensando, o Park usou para organizar os talheres para o canto, deixando bastante espaço livre em cima da mesa. Por sorte havia sobrado pouca comida, então não haveria muito desperdício. – Jimin, eu simplesmente quero que você saiba que eu não menti. Na verdade, eu ando bastante confuso... E é por isso que te chamei hoje. Eu quero tentar entender o que está acontecendo comigo. Quero entender o motivo que tem feito eu pensar em você mais do que o “necessário” – disse Jeongguk e o alfa em sua frente arregalou os olhos, parecendo estar completamente surpreso e confuso. O mais velho então voltou a falar. – Eu não havia me sentido dessa forma antes, sabe? Por isso estou tão confuso. Mas... eu precisava falar isso para você. Eu estou bem nervoso agora – disse dando um sorriso e Jimin fez o mesmo, apoiando o cotovelo sobre a mesa e se inclinando até que seu rosto estivesse apoiado em sua mão. – Eu só não quero que você pense que eu estava fazendo aquilo por interesse próprio. Eu realmente estou me sentindo afeiçoado e apegado à você, mas também existe algo além disso. – concluiu e Jimin suspirou, desviando o olhar do Príncipe.

- Eu acho que não é novidade para você que eu também me sinto apegado – Jimin disse em um tom de voz baixo e Jeongguk suspirou, sentindo o perfume do mais novo entrar novamente em contato com suas mucosas nasais. O ômega fechou os olhos e abaixou a cabeça, tentando controlar os ímpetos de seu próprio corpo. – Sabe, hyung? Eu acho que sinto interesse por você desde o primeiro dia, mas vim reprimindo ou tentando reprimir cada desejo, cada vontade... reprimindo tudo isso para que não me machucasse. E claro, para que eu não parecesse um interesseiro pervertido – disse fazendo careta e Jeongguk riu da nítida sinceridade do alfa lúpus em sua frente. – E quando eu percebi que não estava conseguindo controlar, acabei me sentindo completamente estúpido. Eu não sei se meu formulário chegou em suas mãos, mas eu sou uma pessoa bastante insegura. Então... Quando me vi encurralado por tudo aquilo que eu estava tentando evitar, obviamente pensei em cada um dos alfas aqui dentro. Por isso eu reagi daquela forma quando você disse que gostava de mim. Hyung, eu não sei como eu ficaria caso me sentisse mais livre a te querer e fosse rejeitado depois – disse simplesmente e Jeongguk quis sorrir pela incomum personalidade daquele alfa. E foi o que ele fez. – Veja... você só está sorrindo e eu já estou me sentindo completamente perdido. Você fica lindo quando sorri, Jeongguk hyung.

- Você também fica lindo sorrindo, Jimin – respondeu o Príncipe e Jimin ficou completamente sem reação. Era a primeira vez que o ômega lúpus o elogiava, e por mais que aquilo não costumasse ser algo realmente significativo para o alfa, foi o que causou mais aceleramento em seus batimentos. O maknae abriu a boca para falar mas acabou desistindo no meio do caminho, já que não sabia exatamente o que dizer. Acabou apenas sorrindo e abaixando a cabeça, o que fez com que o Jeon sorrisse também. – Posso me sentar mais perto de você?

- Novamente, com o perdão da expressão, que diabos de pergunta é essa? – Jimin perguntou rindo e Jeongguk deu uma gargalhada rápida, batendo palmas animadamente e se levantando, então indo se sentar ao lado do alfa lúpus. O cheiro do mesmo agora estava ainda mais nítido e isso mais uma vez desconcentrou o Príncipe de Busan, que lutava contra seu lobo naquele momento. Agora, podia perceber melhor o cheiro de Jimin. Não era como uma fruta cítrica, mas se assemelhava muito à hortelã. Em uma mistura bastante interessante e incomum, vinha um cheiro agradável de uísque, mas como se fosse uma bebida onde o aroma amadeirado sobressaísse o aroma alcoólico.

- Jimin, você usava supressores de cheiro, não usava? – perguntou Jeongguk, olhando nos olhos do alfa. Naquele momento somente era possível ouvir os sons dos insetos que ficavam nos arredores, perto dos arbustos. Além, é claro, dos sons das respirações de ambos os homens na pequena casa de vidro. Park e Jeon estavam bastante próximos naquele momento, tanto que não era necessário nenhum sobressalto em suas vozes para que pudessem dialogar. De tal modo, a voz de Jeongguk saiu baixa e rouca, arrepiando totalmente o alfa lúpus.

- Sim, eu usava. Parei quando fiz as primeiras suturas do ferimento em minha lombar, à pedido de Amber noona. Ela me deu um sermão por eu tomar esses remédios pois poderiam me deixar estéreis, mas por sorte fiz os exames antes de ter alta após ter brigado com YiFan e tudo está ok comigo. Os efeitos do remédio já devem ter saído do meu corpo – explicou Jimin, fazendo com que Jeongguk murmurasse um “ahhh" de entendimento. O alfa então arqueou a cabeça para o lado. – Mas afinal, por que a pergunta, hyung?

- É a primeira vez que sinto seu cheiro – Jeongguk disse e então tomou uma expressão mais séria. Jimin pareceu processar lentamente a informação e se lembrou do momento em que o Príncipe ficou estático em sua frente. Suspirou e engoliu em seco, olhando para as mãos do mais velho, estas que estavam sobre o colo do mesmo. – Seu cheiro é realmente diferente, Jimin. É único... como você.

- Hyung... – Jimin murmurou, parecendo envergonhado. Não era para tanto: Jeongguk já havia lhe surpreendido três vezes somente naquela noite que não havia começado – primeiro ao convidá-lo para jantar, depois ao elogiar deu sorriso e agora ao elogiar seu cheiro – então era totalmente natural que o alfa estivesse se sentindo inquieto. – Obrigado – disse simples e o Príncipe sorriu, logo se lembrando de algo que para si era importante naquele momento.

- Você ainda não conseguiu sentir o meu cheiro, não é? – perguntou Jeongguk, recebendo uma resposta negativa de Jimin, que acenou com a cabeça. – Eu uso uma loção que disfarça o meu cheiro, mas se as pessoas estiverem muito próximas de mim, elas conseguem sentir o meu cheiro real – explicou e Jimin suspirou como um sinal de entendimento. – Você... você se interessa em saber qual é o meu cheiro, Jimin-ssi? – Jeongguk perguntou com o timbre banhado em rouquidão e alfa sorriu, embriagado.

- Para poupar aquele bom e velho: “Que diabos de pergunta é essa?”, irei simplesmente dizer que sim – Jimin disse rindo e Jeongguk o acompanhou, respirando fundo e inclinando a cabeça para o lado, deixando o seu pescoço intacto a mostra. O alfa piscou desnorteado e então arregalou os olhos ao perceber o que o seu hyung estava propondo. - V-Você quer q-que eu...?

- Sim. Se você quiser, é claro – Jeongguk respondeu sorrindo e Jimin ofegou levemente, se ajoelhando no banco acolchoado da casa e apoiando seu corpo sobre seu braço direito, que estava firme ao lado da coxa esquerda do Príncipe de Busan. A tamanha proximidade de seus corpos fez com que ambos os homens se sentissem envergonhados, mas ainda assim era bom. Para o Jeon, ter Jimin tão perto de si era dolorosamente bom.

E ficou ainda melhor quando a pele do pescoço do Príncipe se arrepiou com o pequeno sopro causado pela respiração serena de Jimin. Entretanto, quando a pontinha do nariz do alfa tocou-lhe a pele, no início de seu pescoço e subiu até próximo a orelha, o ômega lúpus teve a certeza de que sua alma estava lentamente deixando seu corpo. Jeongguk precisou cravar a ponta dos dedos no material acolchoado e respirar profundamente para que nenhum som escapasse de sua garganta. Por um momento havia se esquecido do quão sensível era a pele daquela área e este esquecimento quase causou uma tragédia.

Ainda com seus olhos fechados – por mais que sequer tivesse notado o momento que os havia fechado – Jimin voltou a posição inicial, tentando controlar seu lobo à todo custo, já que este tinha literalmente perdido a sanidade quando o cheiro do ômega lúpus lhe invadiu o sistema respiratório. O alfa então puxou o ar pela boca e o soltou pela mesma cavidade como se o ar que respirava estivesse rarefeito. A combinação dos perfumes presentes na pele de Jeongguk era absurdamente deliciosa, e se antes já estava difícil para Jimin ter autocontrole, agora essa tarefa seria quase impossível.

- Jimin-ssi – chamou o mais velho, realmente curioso e ansioso em saber a opinião alheia sobre seu perfume natural. Era a primeira vez que Jeongguk mostrava seu cheiro para alguém que não fosse Taehyung ou seus pais, então realmente estava nervoso diante do mais novo. – Você... gostou?

- Baunilha, jasmim e canela – Jimin murmurou abrindo lentamente seus olhos. – É doce e amadeirado ao mesmo tempo, como isso é possível? – perguntou, olhando para Jeongguk. – É maravilhoso...

Jimin usou do mesmo tom de voz sôfrego que havia usado com o Príncipe na biblioteca. Os dois mais uma vez estavam próximos demais, então novamente Jeongguk sentiu os sopros da voz do outro contra o seu rosto. Se sentia malditamente desarmado diante daquilo, então para ao menos disfarçar que se sentiu nervoso, sorriu, sem conseguir usar palavras para agradecer o Park.

O olhar de Jimin então caiu para a boca de Jeongguk. Estavam perto demais. O sorriso do mais velho morreu lentamente ao perceber que o alfa encarava seus lábios, e assim, o ômega retribuiu o olhar alheio, descendo suas orbes para a boca carnuda que o alfa lúpus ostentava.

- O seu cheiro é o próprio pecado, Jeonggukie – Jimin murmurou, por fim.