Em um reino atrás das enormes colinas de neve, cercado por montanhas e pinheiros com mais de quinze metros de altura, havia o latifúndio do enorme Castelo Real à deriva, mais conhecido como o Castelo da Neve.
O nome da construção tinha muitos anos de história, sobrevivera desde os seus primeiros descendentes da coroa, que adquiriram o saber de que naquela região, em 350 dias somente nevava. Os solstícios de verão ao ver pareciam invisíveis, já que quando acontecia o tal fenômeno sempre chovia granito.
O tempo gradativamente oscilava para o frio e o muito frio. Àquele que congelava a chaminé.
O grande ponto do Reino em questão, são os períodos que antecedem ao que tudo indica escuridão total. Nessa época do ano, o Sol parecia se camuflar entre as colinas que rodeavam a região gelada, deixando muitos dos moradores dos pequenos vilarejos desesperados para colher os poucos alimentos da plantação.
A população em si passava por um momento de descontentamento perante o Rei; que se chamava Luz. As florestas tinham cheiro de fumaça, e a névoa acinzentava os olhos alheios, que pouco se adaptavam a sensação de cegueira da estrela maior.
Tal povo tal Rei e Rainha acordaram no escuro. Abriram as exageradas cortinas de seda branca; estava negro o céu, a Lua e neblina presentes. Dormiram à espera das alamandas em seus muros.
O camponês de idade que cuidava do Jardim Real tinha fascínio por flores. Sua razão de vida eram ver as mesmas floresceram e crescerem audaciosas. Entretanto, as espécies da flora que mais amava, não florescem no inverno. Elas murcham, e junto delas, o dito trabalhador apelidado de Depressão, tinha menos disposição e mais vulnerabilidade em suas ações.
Com a pouca luz, seria perfeito para o sono da beleza da Rainha. Sua tarde de chá ensolarado havia sido rompida, por não haver a presença do Luz. E seu sono perfeito, não era tão satisfatório assim, mesmo tendo Luz dividindo a cama consigo todos os dias.
Além de estar insatisfeita com seu peso, suas emoções estavam falidas. Achava que Luz era inconstante. Uma hora marcava sua vida, e em outra, desaparecia. Deixando seu inconsciente negro.
O príncipe voltara de viagem das terras do Sul, trazendo junto a si sua amada. Ela era linda; cabelos platinados quase brancos sedosos, que refletiam tantas cores. Dizem que o branco era a mistura de todas as cores, porém, tudo ali era ausência, fora preto.
O recém casal não conseguia repetir a noite que desejavam. O sexo não funcionava. Enquanto seu marido, Melatonina, se mantinha exageradamente bem disposto como se estivesse acostumado, Sonolência, sua esposa, cada vez mais se encontrava no fundo do poço, desmotivada por não ter condições de dá-lo herdeiros.
Sem filhos, uma esposa exausta, o que mais Sonolência poderia se culpar? Será que poderia culpar a visão nublada que avistava rente a sacada com seus olhos azuis?
Ao longo de angustiados meses, luz resolveu aparecer, depois de uma temporada fechada. Luz sempre esteve presente, sua esposa, Melancolia que se perdeu numa tristeza que não era somente um estado. Fora a única que não o enxergava ao seu lado. Depressão, o camponês, passou por uma situação mais grave. Doente, o mesmo não resistiu nos últimas dias do fim, não conseguindo pela última vez admirar o nascer do Sol. Como suas flores, depois de murchas, morrem.
Melatonina agora estava mais equilibrado. De dia estava mais ausente por conta do trabalho no Reino e a noite, se fazia mais presente, mesmo que não conseguisse dormir sem ter um pesadelo com Sonolência.
Sonolência após se sentir culpada, se fechou para o mundo. Seu nome passou de Solidão e foi para Suicídio tão rapidamente que nem teve tempo para descobrir que carregava Saudade em seu ventre.
O Reino acordou do torpor. Nunca desejaram algo tão forte que não fosse a Esperança de se reerguerem mais uma vez.
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