L U K E
Eu a esperei no corredor. Mesmo que sempre chegue atrasada por causa do ônibus vir de longe e pegar uma rota enorme, a espero. É quase que como um alivio pessoal saber que ela vem, aquela pequena adrenalina que bate no coração quando você conhece alguém que te diverte e quer passar mais tempo com a pessoa. Conversar com Andrômeda era assim: como conhecer uma pessoa incrível todos os dias.
Dias atrás ela me perguntou sobre as expectativas que teve e as que tenho, desde lá vem andado estranha, o que me deixa inseguro. Será que ela é quem teve as expectativas quebradas sobre mim? Andrômeda me diria se fosse o caso, mesmo que me machucasse, ela é do tipo de pessoa que gosta de falar do que não querem ouvir. Não de propósito.
Ela passou pelo corredor, me viu e sorriu. Estava ao lado de seu armário, me murmurou um bom dia quando pegava seus livros não-escolares para ler em aula. Respondi um bom dia e reparei o quão quieta estava, o que alimentou a ansiedade crescente da insegurança que tinha me desassociado da realidade anteriormente. Andy foi embora, olhou para traz me chamando, o que me deu certo alivio.
- Não é com você que ela está estranha. - Uma voz soou na minha lateral. - É com todo mundo.
A figura loira que eu vivia vendo ao lado de Andrômeda surgiu. Uma melhor amiga nunca apresentada, não propriamente. Tudo aconteceu tão rápido mas numa velocidade que para mim, ainda, parecia ser em câmera lenta, como dissecar as camadas de uma peça de roupa, fio por fio.
- É a época do ano, sabe? Andrômeda não trocou de escola meses atrás por, sei lá qual motivo possa ter te contado. - Nunca contou. - Nem deve ter contato.
- Por que?
- Ela tinha uma namorada na outra escola.
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