História Catcher - Baekhyun

O caminho de volta foi silencioso. Os garotos não tinham percebido o quão longe tinham ido até constatar que precisariam pegar o metrô para voltar próximo ao estádio.

Sehun durante todo o caminho continuava a lançar rápidos olhares para Baekhyun, vez ou outra era flagrado e sem graça desviava rapidamente para qualquer outro lugar. Sentia-se ainda receoso com todos os recentes acontecimentos. Mesmo que o arremessador tivesse lhe garantido veementemente que seu passado não interferiria na relação de ambos, Sehun ainda tinha medo que repentinamente Baekhyun não quisesse mais estar próximo a si.

Foi com esse pensamento que percebeu algo.

Seu peito doía com a simples ideia de que Baekhyun poderia se afastar. Respirou fundo e soltou um riso contido com essa súbita compreensão. A companhia do arremessador sempre o fazia bem.

 – Tá rindo do quê? – Baekhyun perguntou ao seu lado.

– Nada... – Sehun respondeu balançando a cabeça, recebendo um dar de ombros do camisa 1. – Eu gosto de estar com você. – Completou, virando-se e olhando para o perfil claramente surpreso de Baekhyun.

Demorou alguns segundos para que o mais baixo absorvesse aquelas palavras e com um riso disfarçadamente tímido o arremessador respondeu:

– É o único então.

– Que bom não precisar te dividir. – Sehun disse com um sorriso realmente feliz sambando por seus lábios.

– Idiota. – Baekhyun empurrou o rosto do receptor para o outro lado.

Era estranho, mas naquele momento não estava conseguindo manter contato visual com aquele cara estranho.

Minutos de silêncio novamente até a voz feminina anunciar que finalmente estavam chegando na estação próxima ao estádio. Mais algum pouco tempo de caminhada e estavam seguindo em direção a imensa construção, um considerável aglomerado de pessoas saíam por todas as entradas.

Sehun sentiu o braço ser puxado, Baekhyun apontava para o estacionamento onde havia um ônibus branco e diversos garotos sentados no chão ou em pé. Ao se aproximarem todos olharam em suas direções, alguns com um humor claramente afetado, outros apenas com olhares cansados. Junmyeon se aproximou e respirou fundo antes de perguntar:

– Onde diabos vocês se meteram? – Massageou as têmporas cansado. – Sabem quanto tempo sumiram? Chung-Ho está alucinando tentando contato com vocês, podiam pelo menos atender ou ler as mensagens em seus celulares.

– Desculpa, capitão. – Sehun pediu, fazendo uma rápida reverência e puxando Baekhyun para baixo também, recebendo o já tão conhecido olhar mal-humorado.

– É... Foi mal. – O arremessador balbuciou com certa preguiça de toda aquela bronca.

– Sério, onde vocês se meteram? – Jongdae surgiu logo atrás do capitão. – Perderam o jogo inteiro... E olha que um jogo de baseball não é rapidinho.

– Sehun se sentiu mal, ele não está acostumado a tomar sol por tanto tempo. – Baekhyun inventou a desculpa rapidamente, lançando um rápido olhar para o receptor.

– A-Ah, sim! Me senti tonto e fraco, então Baekhyun me levou para–

– Hospital. – Baekhyun completou. – Ele já está bem, mas achamos melhor ele ficar por um tempo descansando.

– O que o médico disse sobre? – Junmyeon indagou preocupado.

– Nada demais, ele só é frouxo mesmo. – Baekhyun respondeu dando de ombros e sorrindo de canto enquanto olhava para o parceiro de bateria.

– É... Exatamente isso. – Sehun concordou rindo.

Junmyeon e Jongdae se encararam rapidamente, intrigados com aquela extrema proximidade entre os dois garotos.

– Certo... – Junmyeon disse reticente, mas sentindo-se confortavelmente tranquilo em ver os dois garotos rindo. Sempre se preocupava com seus colegas, nos últimos tempos aqueles dois tinham ganhado um lugar a mais na sacolinha de preocupações do capitão. – Mesmo assim é melhor avisarmos ao treinador. – Completou enquanto buscava o celular no bolso do uniforme.

– Falando nesse velhote, onde ele se meteu? – Jongin surgiu repentinamente, pendurando-se ao redor do pescoço de Baekhyun e recebendo uns fortes empurrões.

– Depois do nosso jogo ele estranhamente parecia transtornado com algo... – Jongdae deixou a questão no ar.

– Ele chamou Chung-Ho e sua irmã, Sehun, para discutir alguma coisa... – Junmyeon explicou enquanto digitava apressadamente uma mensagem para o homem. – Talvez eles estejam discutindo algo sobre o jogo.

– Com YangMi também? – Sehun perguntou confuso.

– Ela sabe muito sobre baseball. – Junmyeon respondeu rindo.

– Onde eles estão? – Baekhyun indagou buscando ao redor com os olhos.

– Em uma cafeteria aqui perto... Daqui a pouco eles estão de volta. – O capitão informou, levantando o celular e mostrando a tela, uma mensagem do homem dizendo que logo estariam de volta.

– Isso é inacreditável demais! – Chung-Ho exclamou dando um último gole em sua água.

– Sim... – O treinador concordou com o rapaz.

– Eu nunca podia imaginar que o pai de Sehun fosse o senhor, treinador. – YangMi comentou pensativa.

– E eu nunca podia imaginar que a única mulher que amei me escondeu um filho e que tudo isso que você nos contou aconteceu com ele. – Jordan estava completamente desolado ao tomar total conhecimento do passado de seu próprio filho.

Antes do jogo a garota havia lhe contado superficialmente o que levara Sehun a perder um ano de seu colegial, porém YangMi havia ocultado as questões mais pesadas de toda a história.

– Ele recém completou 17 anos... – Chung-Ho estava completamente estupefato. – E tudo isso aconteceu com ele. Ele é só um garoto...

– Mas apesar de tudo, ele é um garoto incrível. – YangMi disse com um sorriso enquanto brincava com o restante do conteúdo em sua xícara. – Eu sempre me perguntei a quem ele podia ter puxado, agora acho que entendo, treinador.

– Olha sinceramente, treinador, o que o senhor tinha na cabeça... Essa mulher, Sunhee... Que gosto horrível pra mulher, senhor!

– Chung-Ho! – YangMi estapeou o braço do rapaz.

– Desculpa...

– Eu nunca esperei que ela fosse se tornar alguém assim, nem que fosse permitir que tudo isso acontecesse com nosso filho. – O homem estava claramente abalado com toda a descoberta. – Eu queria tanto ter tomado conhecimento quando ela engravidou, eu jamais teria ido se soubesse.

– Bom... Não dá mais para voltar atrás, senhor. – Chung-Ho disse com seriedade. – O que vai fazer agora? Vai contar para Sehun?

– Eu não sei o que devo fazer... 

– Esperar. – YangMi respondeu. – Esse reencontro com Sunhee com certeza deixou Sehun extremamente abalado, essa maluca tem um efeito negativo nele. Vamos esperar alguns dias, semanas, até ele se acalmar totalmente. Eu vou manter essa infeliz longe dele. Quando ele estiver bem o suficiente, contaremos, treinador. A hora certa chegará.

Treinador Jordan acenou positivamente e checou o celular que vibrava em seu bolso.

– Parece que eles voltaram. – Anunciou.

– Eles? – YangMi indagou confusa.

– Sehun e Baekhyun. – Chung-Ho foi quem explicou.

– Baekhyun? – YangMi perguntou novamente.

– Sim. – Jordan concordou. – Foi Baekhyun quem o levou para longe de Sunhee.

– Baekhyun de novo... – YangMi disse baixinho para si mesma, um mínimo sorriso em seus lábios. – Interessante...

– Devemos voltar. – O treinador anunciou.

✖  ✖  ✖  ✖

Baekhyun estava deitado em sua cama, ainda sem camiseta, cabelos molhados e a toalha sobre sua barriga. Olhava para o teto e observava o nada, pensando em tudo.

Repentinamente lembrou-se que havia desligado seu celular antes do jogo e até aquele momento não havia ligado. Pegou o aparelho e esperou alguns minutos até finalmente ver a tela devidamente iniciada. E então as inúmeras mensagens e ligações.

– Merda... Esqueci deles! – Exclamou enquanto lia as muitas mensagens de seu pai.

Todas indagando onde estava e porque não havia ido encontra-los, mas a principal era:

Pai:

Já que furou conosco, se Jordan os liberar essa noite e não ser o costumeiro carrasco.... Estaremos no lugar de sempre. Venha nos ver.

Suspirou e jogou o celular longe, duvidava muito que o treinador fosse tão bondoso naquele dia. Estava surpreso por ter esquecido da promessa com seu pai... Aquela era a primeira vez. Fechou os olhos com força e soltou uma respiração longa e cansada. Sabia o motivo de tal esquecimento, afinal... Sua cabeça estava completamente preenchida por uma única pessoa.

Ainda martelava todas as coisas que Sehun havia lhe contado. Desde o início sentia muita curiosidade sobre os motivos do receptor ser um ano atrasado, mas aí a descobrir que envolvia coisas tão pesadas, inclusive a morte de alguém... Era coisa demais para se absorver.

E novamente aquela sensação esquisita tomou conta de si, a mesma que sentira no parque junto a Sehun. Um peso em seu peito, um incomodo esquisito em saber que aquele garoto, sendo tão novo, havia passado por tanta coisa e ainda conseguia estar ali, escondendo tudo e sorrindo com sinceridade todas as vezes, mesmo que seus olhos revelassem o que a sua alma carregava e desesperadamente buscava enterrar bem fundo.

– Eu não seria capaz de aguentar tudo isso... – Sussurrou para si mesmo. – Você é incrivelmente forte, Oh Sehun... você é... – Riu ao pensar naquela palavra. – Fascinante.

– Falando sozinho, que novidade é essa? – Jongdae disse ao entrar no quarto, secava os cabelos com a toalha e Baekhyun estranhou ao vê-lo de calça jeans. Jongdae costumava usar bermudas para ficar no quarto.

– Vai pra algum lugar? – O arremessador indagou, sentando-se na cama e observando o colega de quarto caminhar até o armário e escolher alguma roupa.

– Sim, e você também... Vai trocar de roupa e ficar bem bonitão, meu bebê. – Jongdae respondeu rindo animado.

– Por que caralhos eu deveria? – Baekhyun retrucou com uma das sobrancelhas levantadas em dúvida.

– Porque Chung-Ho e o treinador liberaram para nós irmos dar uma volta na cidade, uma aliviada em toda a tensão e para nos divertirmos um pouco antes do próximo treino. Todo mundo vai. – Jongdae esclareceu, borrifava um perfume suave em seu pescoço e depois no ar, passando correndo pelo local. – Temos que nos comportar e voltar antes da meia noite, todos bem princesas. – Completou rindo.

– Hm... Todo mundo vai? – Baekhyun perguntou com aparente desinteresse. Sehun também iria?

– Sim... – Jongdae respondeu olhando-o com curiosidade, logo abrindo um sorriso sacana. – Sehun está incluído nesse todo mundo.

– E-E daí?! – Baekhyun levantou-se apressadamente e foi até o próprio armário encontrar alguma roupa. Estava visivelmente constrangido.

– Hehe... Me diz uma coisa, meu bebê, onde vocês dois foram?

– O quê? – Baekhyun virou-se surpreso com a pergunta. – Para o hospital, já disse.

– Escuta, Junmyeon pode ter acreditado porque ele tem síndrome de pai babão e acredita em tudo, agora eu... Eu sou o mestre em enrolar aquele cara, então sei bem quando alguém está mentindo pra ele. – Jongdae retrucou encostando-se ao armário e cruzando os braços, as sobrancelhas levantando e descendo compulsivamente como se estivesse insinuando muitas coisas.

– Sehun passou mal já disse. – Bekhyun reafirmou, botava a camiseta com certa pressa. Aquele cara era sempre muito direto com tudo, isso deixava-o ansioso demais. – Só não fomos para o hospital. – Completou, entendendo que não adiantaria enganar ao veterano.

– Isso já está bom. – Jongdae disse rindo divertido. – Não vou me intrometer mais, pode guardar os seus segredinhos e do seu amigo.

– Amigo... – Baekhyun sussurrou para si mesmo, um sorrisinho surgindo no canto de seus lábios.

Era a primeira vez que se sentia daquela forma. Então era aquela a sensação de ter um amigo?

Sehun terminou de se arrumar e sentou-se de volta em sua cama. Estava bem arrumado, cheiroso e...

– Gostoso. – Jongin parou a sua frente e encenou uma lambida nos lábios, seguida de uma mordidinha.

– Tesão. – Chanyeol juntou-se ao moreno e repetiu as ações.

Sehun apenas suspirou e riu conformado.

– Igualmente. – Piscou para os dois garotos.

– Preparado para o seu primeiro tour pela cidade, sob as luzes noturnas com os dois caras mais gostosos e sensuais de todo o Miyusawa? – Jongin indagou, aproximando-se de Sehun e dando um cheiro rápido em seu pescoço.

O receptor arrepiou-se e encolheu os ombros, rindo do moreno.

– Você é tarado demais, não dou conta. – Sehun comentou, levantando-se e desviando a tempo de mais uma investida do moreno.

– Só um pouquinho. – Jongin deu de ombros, sorrindo de canto.

– Vamos? – Chanyeol chamou os dois garotos para fora do quarto.

Sehun seguiu a frente, Jongin saltou as costas de Chanyeol e foi carregado por um bom pedaço do caminho. Encontraram o restante dos garotos nas escadas que davam acesso ao campo A. O receptor passou os olhos rapidamente por todos os rostos ali presentes, Kyungsoo estava entretido em uma conversa com Jongin e Chanyeol. O garoto havia se aproximado consideravelmente dos dois veteranos, treinava muitas vezes com eles.

Suspirou e se contentou de que talvez naquela noite seria um pouco mais solitário sem seu amigo e colega de sala. Até encontra-lo. E aquele sorriso que insistia em surgir em seus lábios todas as vezes que via Baekhyun...

Aproximou-se do garoto que estava sentado a escada, ficando em pé atrás dele e abaixando-se ligeiramente.

– Então até o arremessador mal-humorado curte umas saidinhas de noite?

Baekhyun jogou a cabeça para trás, olhando para cima e encontrando o rosto do receptor, sempre aquele sorriso.

– O arremessador mal-humorado também é gente. – Retrucou sorrindo de canto. – Você está bem?

– Agora sim. – Sehun respondeu abaixando-se um pouco mais e se aproximando do rosto do arremessador. – Mas pode me ajudar a esquecer tudo totalmente?

– Posso ajudar, novato. – Respondeu, desviando o olhar e levantando-se apressadamente e espanando a roupa.

Os dois seguiram na frente, logo atrás vinham Junmyeon e Jongdae.

– Fico feliz que esses dois tenham se aproximado, eles se tornaram bons amigos... – Jumyeon comentou com um sorriso terno nos lábios.

– Você é mãe deles por acaso? Porque tá parecendo... – Jongdae comentou rindo.

– Cala essa boca, Jongdae.

– Então isso me faz o pai... Seu marido. – O vice-capitão virou-se para Junmyeon e piscou.

– Hã? – Junmyeon o olhava incrédulo.

– Qual é, Junmyeon... Eu não sou tão ruim, quando vai enxergar isso? – Jongdae soltou a reclamação que estava há tempos presa em sua garganta.

– Jongdae essa não é a questão–

– Então qual é? - Jongdae retrucou com seriedade, os dois ainda caminhavam. – Já faz dois anos, Junmyeon... Você sabe há quanto tempo, você já sabe como me sinto!

 – Eu sei, não é tão simples, eu...

– Você o quê?

– É só que tudo ainda é meio novo.

– Dois anos desde que me confessei e espero sua resposta, você realmente tá me dizendo que tudo ainda é meio novo?! – Jongdae segurou firmemente o capitão pelo braço, aliviando o aperto ao ver o rosto surpreso do garoto. – Desculpa, não foi minha intenção. – E por fim o soltou.

– Jongdae... Por favor, me entende.

– Eu estou tentando, eu juro que estou. – Respondeu com um suspiro.

– Eu ainda não sei, eu realmente estou confuso. Você é meu melhor amigo, desde sempre estivemos juntos e então do nada você vem e diz...

– Não foi bem do nada né... – Jongdae o interrompeu. – Desde os doze anos eu sei bem o que sinto por você, eu só não tinha coragem suficiente de me declarar.

– Pra mim foi do nada, Jongdae. – Junmyeon o retrucou. – Eu estou confuso, com medo, não é algo fácil de se considerar... Por favor me entende. – O garoto pediu realmente necessitado.

– Tsc... Está tudo bem. – Jongdae respondeu, forçando um sorriso enquanto bagunçava os cabelos do capitão. – Antes de tudo você é meu melhor amigo, eu não quero força-lo a nada, jamais. Eu não suportaria não te ter mais como meu melhor amigo também.

– Jongdae... Espera só mais um pouco, eu vou conseguir sair dessa confusão uma hora.

– Eu espero há sete anos. Eu vou esperar por você Junmyeon, mas eu já estou cansando, não vou prometer esperar para sempre. – O vice capitão respondeu, sorrindo como sempre fazia quando estava envergonhado ou triste.

Os dois continuaram seguindo lado a lado até finalmente estarem fora dos domínios do colegial Miyusawa.

Alguns metros atrás Jongin observava a tudo, Chanyeol e Kyungsoo o acompanhavam.

– Exausto dessa saga... – Comentou enquanto olhava para os dois garotos mais à frente.

– Que saga? – Kyungsoo indagou curioso.

– O capitão e o vice. – Chanyeol respondeu ao primeiranista que demonstrava ainda estar curioso.

– O capitão é realmente um cara legal, fico feliz de conhece-lo desde sempre, mas não aguento mais vê-lo fazer meu irmão sofrer. Sou eu quem escuto as choradeiras de Jongdae quando voltamos para casa! – Jongin resmungou indignado. – Me diz pra que ficar enrolando e dando esperanças ao meu irmão se não consegue se decidir? Acaba logo com todo esse drama.

– Isso é coisa deles, Jongin, você não tem que se meter. – Chanyeol respondeu seriamente.

– Eu sei, inferno, mas aquele idiota é meu irmão!

– Do que vocês estão falando? – Kyungsoo indagou ainda mais confuso.

– Jongdae e Jongin cresceram com Junmyeon, os três se conhecem desde sempre e Jongdae desde sei lá quanto tempo é completamente apaixonado por Junmyeon. – Chanyeol explicou resumidamente. – O nosso querido vice capitão se declarou durante o primeiro ano, mas Junmyeon até hoje não conseguiu dar uma resposta a ele. Então os dois vivem nesse dilema sem fim. – Completou.

– Mas o capitão e o vice são garotos! – Kyungsoo estava tentando processar todas as novas informações.

– Sim. – Chanyeol respondeu como se fosse o óbvio.

– Mas–

– Se é algo verdadeiro o que importa o que carregam entre as pernas? – Jongin o interrompeu. – Meu irmão ama esse cagão do Junmyeon, e é isso.  

– A-Acho que sim... – Kyungsoo concordou, ainda um pouco confuso.

– Espero que esses dois se entendam logo... – Chanyeol comentou com um longo suspiro.

Os garotos se dividiram em diversos grupos e foram para lugares diferentes, basicamente os rapazes do time titular seguiram juntos pelas mesmas ruas. Estavam todos em seus determinados grupos de amigos, inclusive Sehun e Baekhyun que caminhavam mais atrás.

Os dois andavam lado a lado, as mãos nos respectivos bolsos de suas calças e os olhares perdidos pelas vitrines ou pelo trânsito movimentado da noite na capital. O silêncio entre ambos sempre parecia se encaixar perfeitamente, apesar de finalmente terem muitos assuntos para botar em pauta, tanto um quanto o outro preferiam daquela forma. Parecia que naquele silêncio infinito Sehun e Baekhyun conversavam inúmeros assuntos, se entendiam da forma mais plena.

Porque estavam satisfeitos em simplesmente estarem na companhia um do outro, afinal respeitavam o espaço que delimitavam aos seus redores.

Passaram por uma porta incrivelmente iluminada, os garotos que seguiam a frente ficaram eufóricos e entraram, a dupla da bateria acompanhou-os.

– Um fliperama? Sério isso? – Baekhyun indagou já dando indícios de seu costumeiro mau humor.

– Vai ser divertido, vamos. – Sehun o puxou pelo pulso, os barulhos das inúmeras máquinas alcançando os ouvidos.

Os dois foram direto para uma das máquinas que replicava um carro de corrida, Baekhyun apesar de sua cara amarrada fora o primeiro a se sentar e começar a sua corrida virtual regada a muitos palavrões e xingamentos. Sehun estava ao seu lado, rindo e dando diversas dicas para auxiliar o mais baixo.

– Esses dois estão realmente próximos não?! – Yixing, que observava ao longe comentou distraidamente.

– Hã? – Minseok que estava ocupado demais em seu jogo Street Fighter virou-se rapidamente para ver sobre o que o colega falava. – Ah sim, eles formam uma bela bateria tanto dentro quanto fora de campo.

– Você não tem curiosidade sobre o que levou o Sehun a repetir um ano? – O receptor reserva indagou extremamente pensativo.

– Hm, um pouco, mas não é algo da minha conta então na realidade eu estou cagando pra isso. – Minseok respondeu dando de ombros. – Merda. – Resmungou ao perder aquela luta.

– Sehun é um cara bem cheio de mistérios... me faz querer saber mais sobre. – Comentou em um murmúrio para si mesmo.

Era já a terceira vez que Baekhyun perdia e seu humor estava completamente massacrado por aquela máquina maldita, enquanto Sehun saboreava a soberania de vencedor de três rodadas.

– Você é péssimo! – O receptor exclamou ao sair de sua última corrida e se aproximar do parceiro de cara amarrada.

– Não quero mais essa merda, vamos procurar algo mais decente. – Resmungou e empurrou ao mais alto para que seguisse em uma nova busca.

Ao passar por uma espécie de cabine, Sehun puxou Baekhyun pelo braço e sem aviso algum jogou o garoto para dentro. O arremessador só teve tempo de se escorar precariamente a parede do local e notar do que realmente se tratava ao reparar nos dois banquinhos e o que parecia ser uma câmera fotográfica. Depois de um minuto Sehun também entrou na cabine, sorrindo de orelha a orelha.

– Sempre quis entrar em uma dessas. – Disse animado, já se posicionando em um dos banquinhos e puxando Baekhyun para o seu lado. – Vamos sorria!

E a sequência de flashs iluminou o local. A cada um Sehun mudava sua cara e sua pose, enquanto Baekhyun permanecia estático e carrancudo, detestava tirar fotos.

Mas antes do último flash os atingir, o receptor se aproximou ainda mais do mais baixo e sussurrou:

– Obrigado por me fazer esquecer do mundo.

E o último flash acompanhado de um sorriso inédito.

Quando a sessão finalmente terminou, os dois rapazes saíram e Sehun apressadamente pegou a sequência de fotos e já guardando apressadamente no bolso antes que o arremessador ameaçasse rasga-las. Logo alguns garotos surgiram e anunciaram que estavam partindo para um karaokê. Ambos os acompanhavam quando repentinamente Baekhyun sentiu o celular em seu bolso vibrar.

Leu a mensagem rapidamente e sorriu feliz.

– Eu tenho outro lugar pra ir. – Disse baixo, apenas para que Sehun o ouvisse.

– A-Ah... Que pena. – A decepção era clara no rosto do receptor.

– Vem comigo. – Baekhyun disse com firmeza.

– Hã? Pra onde?

– Eu quero que você conheça duas pessoas. – Baekhyun respondeu, enquanto firmemente agarrava o pulso de Sehun e o puxava na direção contrária dos outros.

Correram por diversas ruas até Baekhyun – ofegante – parar diante de um charmoso restaurante. Ele virou-se para Sehun, os olhos do arremessador pareciam brilhar em ansiedade.

– Você me contou sobre seu passado, confiou em mim... Eu quero retribuir, quero que você conheça mais sobre mim. Eu espero que você goste deles. – Disse baixinho e então subiu os poucos degraus para a porta do local.

Sehun tomou um último suspiro, sorriu contente e seguiu o arremessador, torcendo mentalmente para não decepcionar de forma alguma ao seu parceiro.

Uma sensação extremamente aconchegante crescia dentro de seu peito. Baekhyun cada vez mais parecia deixar a carranca de lado e se aproximar. Sehun apenas queria conhecer o arremessador em toda sua totalidade, mas ainda não entendia ao certo o porquê de se sentir dessa forma. 

Mas entendia uma coisa: 

Cada vez mais gostava do sorriso de Byun Baekhyun e ansiava por vê-lo.  

“Me mostre quem é você Baekhyun.”