História Cellbit, a vida com MITW - Destino ou coincidência?

- Pac, eu... – Ele para de falar assim que abre a porta.

Me afasto de Rafa e quando olho para a porta, vejo um Mike com os olhos marejados.

- Mike, eu... – Ele bate a porta com toda a força do mundo e vai embora.

Quando vou com a minha mão em direção à maçaneta, Rafa segura meu pulso.

- Pac... – Ele fala me encarando e entendo seu olhar. Era como se ele estivesse falando para mim “ Por favor não vá atrás dele, o deixe ir”.

Decido então fazer o certo pela primeira vez na vida. Abraço Rafa, tirando tudo e todos da minha mente e ele retribui, aparentemente aliviado.

- Precisamos voltar pra lá. – Digo me afastando do abraço e ele se senta na privada com a tampa fechada.

- Não posso ir pra lá assim. – Ele aponta para seu peito amarrado com a regata. – Vou pegar uma camiseta no apartamento do Felps pra você, ok? – Ele assente com a cabeça. – Já volto. – Falo colocando novamente o adesivo em minha média ferida e saio do banheiro.

- Felps. – O chamo quando chego ao seu lado na churrasqueira. – Me empresta a chave do seu apartamento?

- Tranca a porta quando sair. – Ele fala me entregando a chave.

Subo de elevador, destranco a porta e vou até o quarto de Felps à procura de uma camiseta para Rafa. Sinto uma presença atrás de mim e congelo. Fecho os olhos e sinto uma mão em meu ombro. Me viro e vejo... Mike?

- Por que? – Ele pergunta começando a soluçar e se sentando na cama de Felps.

- Mike eu... – Ele me interrompe.

- A-Agora que c-caiu a ficha... – Ele fala soluçando as mão no rosto, enquanto o olho em pé, de frente a ele. – V-Você m-me usou. – Ele fala tirando os óculos e me abaixo em sua frente.

- Moço, me perdoa... – Ele me encara com os olhos encharcados de lágrimas.

- Perdoar? A-Acha que vou te perdoar, Tarik? – Ele fala me encarando, então ajoelho onde estava apenas agachado.

- P-Por favor, moço... Eu estava... –Ele me interrompe enquanto começo a tremer.

- P-Para de falar. – Ele continua soluçando. – V-Você nunca gostou d-de mim. M-Mas eu não merecia o que você fez comigo.

- Mike... – Ele me interrompe.

- Eu me abri com voc... – Ele tampa o rosto e começa a chorar novamente. – E-Eu me declarei... Você falou que m-me amava! – Ele fala limpando suas próprias lágrimas com as costas de sua mão.

- Mas e-eu te... – Sinto meu rosto queimar. Mike acaba de me dar um tapa no rosto.

- Nunca mais fale isso, Tarik. – O olho surpreso com os olhos marejados.

Não posso chorar, não agora, não depois de tudo o que eu fiz. Eu mereço muito mais que só um tapa.

- M-Mas... – Ele me corta.

- N-Na verdade... Acho melhor só falar comigo sobre o canal. – Ele fala e eu simplesmente piro.

- Que? Nã-Não não, não, Mike, você não pode.- Digo segurando suas mãos e ele as puxa.

- E-Eu não posso, Tarik? Eu?! Você não percebeu que acabou comigo? Olha pra mim! – Ele aponta para si e começa a soluçar novamente. – Que merda você quer que eu faça?!! – Ele grita batendo as mãos nas coxas, deixando seus óculos caírem e me encarando.

- E-Eu não sei! Me xinga, me bate!! Só não se afasta de mim! – Digo pegando sua mão e a puxo para bater em meu rosto e ele a trava. – Por favor, Mike!! Eu sei que mereço!!

- Posso falar a v-verdade? – Ele pergunta e eu assinto, segurando minhas lágrimas enquanto ele não poupa as dele. – Nem isso você merece. – Ele se levanta, me fazendo desequilibrar e tombar para trás.

- O que vai fazer? – Pergunto ainda no chão.

- Acho que o único que te deve satisfações agora é seu namorado. – Eu nunca pensei que isso iria me doer tanto. Foi como uma facada em meu coração. Mas não posso chorar. Eu fiz a merda. Eu arco com as consequências.

Mike sai do apartamento de Felps e apenas me levanto, pego uma camiseta no armário e desço ainda em choque. Não acredito no que acabei fazendo.

Odeio minha vida.

- Pronto. – Entrego a camiseta para Rafa que sorri.

- Você está bem? – Ele me pergunta após a vestir e se levantar. Assinto com a cabeça. – Então vem aqui... – Ele acaricia meu rosto, delicadamente com as costas de seus dedos, como se reparasse em cada detalhe meu. Se aproximando cada vez mais até que sela nossos lábios. Mais um de seus beijos lentos, carinhosos e que me acalmam. Sua língua toca a minha, me fazendo colocar os braços em volta de seu pescoço e o sentindo puxar meu quadril, colando-o com o seu. Nos afastamos por falta do ar. – Vamos prometer que seremos só nossos? – Ele fala encostando nossas testas e assinto sorrindo. – Eu te amo, Pac. – Fala baixo fechando os olhos e sorrindo.

- Eu te amo mais... – Dou uma pausa e ele volta a me olhar. – Loirinho. – Sorrimos juntos e voltamos para o churrasco.

Não vemos Mike.

P.O.V Mike

Não acredito que depois de tudo, tudo o que fiz por ele, tudo o que passamos juntos, tudo o que fizemos juntos... Ele faz isso comigo.

Sou a pessoa mais destruída dessa merda de churrasco.

Quando saio mais que acabado do apartamento de Felps, vou para a escada de emergência e começo a chorar como nunca chorei em minha vida inteira, nesse escuro.

Depois de alguns minutos, meu celular vibra. Abro a conversa sem ao menos ler o nome.

Onde você está? – Batata :3

(02/08/2016 - 16:40 hs)

Decido responder Batista.

Escada de emergência. – Envio

(02/08/2016 – 16:41 hs)

(...)

P.O.V Pac

18/08/2016

Vinte e três dias.

Vinte e três fucking dias sem ele.

Dezesseis dias sem falar com ele.

Isso não pode ficar assim.

A situação nessa casa, nesses últimos dias? Bom...

Eu e Rafa estamos finalmente juntos como um casal. Mesmo não nos assumindo para ninguém, além de Alan e infelizmente Mike.

E Mike...? Bom... Ele sai todas as noites por volta das dez horas e volta no dia seguinte por volta das sete. Como sei? Não tenho conseguido dormir direito desde aquele dia. Então sempre o vejo sair e ouço a porta bater quando ele chega. Ele só fala comigo sobre o canal, as ideias dos videos e sobre os eventos que somos convidados.

Sobre os videos do canal? Ele postou alguns que tínhamos salvos no pc. Não gravamos nenhum depois daquele dia. Ou seja... Dezesseis dias sem gravar com ele. O único momento que o vejo é quando ele sai do quarto para ir ao banheiro, para comer algo ou quando vai sair para algum lugar. O resto do dia? Ele passa em seu quarto.

Rafa já tentou conversar com ele também, mas Mike o ignora.

Se eu soubesse que me mudar para São Paulo seria esse pesadelo, jamais viria.

Os dois estão fora nesse momento. Se passam de dez da noite, então não é novidade o Mike não estar aqui. Já o Rafa foi covidado para gravar um vídeo na casa do Alan. Portanto, estou sozinho.

Sento em minha cama e abro meu notebook.

Como seria vê-lo nem que seja por foto?

Devo?

Isso me mataria?

Entro no Google e digito lentamente “Pedro Afonso Rezendeevil”. Dou enter e a primeira foto que olho, clico em cima para aumentar. (Imagem 1 do capítulo ).

Eu me lembro desse dia. Posso estar sorrindo igual um idiota agora, mas é pelo fato de que antes dele tirar essa foto que era para sair sério, o fiz rir, atrás do fotógrafo e acabou saindo mil vezes melhor.

É Pedro... Acho que o destino realmente não nos quer perto um do outro.

Deslizo o cursor em direção do “X” para fechar a imagem e clico em “Visualizar página” sem querer.

Quando me preparo para voltar no navegador... Olho para o que está em minha tela e paraliso. (Imagem 2 do capítulo)

Ele não comentou comigo que faria uma apresentação aqui em São Paulo.

Será mesmo que o destino não nos quer próximos, Pedro?

Não posso apenas ignorar isso.

Seria muita coincidência...

Ou poderia ser um sinal.

Um grande sinal do nosso reencontro.

Clico em comprar ingresso, (Imagem 3 do capítulo) coloco o número do meu cartão de crédito onde pedem e...

É isso. Daqui dois dias... Estarei aí Pedro..

Continua...