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História Cena - Primeiro Capítulo


Escrita por: asadelta4

Capítulo 2 - Primeiro Capítulo


Fanfic / Fanfiction Cena - Primeiro Capítulo

De almas sinceras a união sincera

Nada há que impeça: amor não é amor

Se quando encontra obstáculos se altera,

Ou se vacila ao mínimo temor.

Amor é um marco eterno, dominante,

Que encara a tempestade com bravura;

É astro que norteia a vela errante,

Cujo valor se ignora lá na altura.

Amor não teme o tempo, muito embora

Seu alfanje não poupe a mocidade;

Amor não se transforma de hora em hora,

Antes se afirma para a eternidade.

Se isso é falso, e que é falso alguém provou,

Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.

William Shakespeare

 

  

 

   O dia mais longo de minha vida chegou atrasado. Perdi a hora, demorei muito no banho e acabei tendo que tomar meu café da manhã no banco do carona do mini fusca da minha melhor amiga, Jessica Stones. O que era pra ser um dia muito importante começou na verdade com o pé errado.

— Ansiosa para o tão esperado primeiro dia de faculdade? – Jessica é minha melhor amiga desde a infância, mas só começamos a levar tal amizade a sério quando minha mãe morreu e meu pai obrigou-me a voltar a ser civilizada como antes. Nossa amizade dura até hoje. Jessica também está indo pra faculdade por escolha dos pais, em Oxford. Prometemos uma à outra a sempre manter contato e em finais de semana fazer o possível para nos encontrarmos em nosso café preferido.

— Estou muito ansiosa, tanto quanto aquela vez em que você me fez falar com Billy rabo-de-cavalo. – nós rimos. Era bom vê-la sorrindo novamente, esses dias têm sido tão cruéis para ela. Jessica recentemente cometeu um aborto, o pai da criança, por assim dizer, sumiu assim que soube da notícia. No mesmo instante não pensou duas vezes antes de anunciar a família da decisão que havia tomado. Todos acharam que era o certo a se fazer. Eu não concordei. Independentemente de ser amiga dela ou não, concordar com um aborto vai totalmente contra meus princípios. Mas nada pude fazer.

— Você sabe que esse negócio de faculdade não é pra mim, mas quero que saiba que estou muito orgulhosa de você. Desde pequena sempre foi tão certinha, era um pouco chata, mas era uma menina de ouro. Meus pais não pensariam duas vezes se tivessem que escolher entre mim e você.

— Claro que não Jess, seus pais te amam. Aposto que tem muito orgulho de ter uma filha como você. Para de falar bobagem e pisa fundo, não quero passar má impressão justo no meu primeiro dia.

— Você que manda senhora sabe-tudo.

 

   A Universidade estava repleta de pessoas: professores, alunos, pais. Achava tudo isso interessantíssimo, meu pai diz que sempre fui muito observadora e muito crítica. Não que fosse de todo ruim, mas essa parte de criteriosa não era bem verdade.

— Agora que já está entregue vossa graça, peço licença para me retirar. – disse fazendo todos aqueles gestos exagerados que normalmente são usados para se dirigir a alguém importante.

— Pedido concedido. Obrigada pela carona Jess. Juro que assim que tirar minha carteira de motorista a levarei pra onde quiser.

— Vou cobrar! Agora me deixa ir, ainda preciso fazer as malas pra viajem. – nos despedimos com um longo abraço. E finalmente cada uma seguiu sua própria direção.

 

   Segui por um corredor de arvoredos ao qual muita gente sentava-se com uma pilha de livros, ou com amigos. Meia volta e meia olhava para o céu cheio de nuvens mais brancas que algodão. Voltei a mim e continuei a prosseguir por entre aquela multidão de pessoas. Logo cheguei à entrada do pátio, novamente havia ali muitas e muitas pessoas. Saboreando o momento aproximei-me lentamente de uma porta que havia ali, provavelmente levando para o interior da Universidade. Estendi a mão esquerda para a maçaneta; mas antes que a tocasse, a porta se abriu. Cem quilos imprevistos de vidro maciço se chocaram contra meu peito. A sensação era de que algo apertava fortemente o mesmo. Antes que pudesse encostar-me na parede alguém me pegou pelo braço afim que não desmaiasse ou algo do tipo. Foi só quando aquele alguém dirigiu sua voz firme, rouca e sensual que pude perceber que se tratava de um homem robusto de olhos negros e hipnotizantes. Fiquei ali, imóvel por alguns segundos agonizando por ar.

— Você está bem? – a voz perguntara novamente.

— Não... c-consigo... – minha voz quase não saia.

— Não consegue...? – ele parecia preocupadíssimo, estava mais vermelho do que as pessoas que correm em maratonas.

— Não consigo... respirar. A-asma. Preciso da... bom... bombinha.

Ele logo se pôs a vasculhar minha bolsa que com o impacto encontrava-se no chão.  Após alguns milésimos de segundos o vi agitar o frasco e logo em seguida o colocar em certa distância de minha boca. Estava tão desesperada que agarrei firmemente suas mãos e a pressionei. Depois de inalado e meus pulmões voltarem a funcionar de maneira correta, depositei minha cabeça no espaço vago entre seu pescoço e ombros.

— Você está melhor? – o homem de olhos negros perguntou-me com aquela voz calma e rouca que transpassou por entre meu ouvido provocando uma leve sensação de cócegas. Retirei minha cabeça com cautela e envergonhada por passar dos limites de intimidade entre mim e um total estranho. Bastou este movimento pra causar um frio em minha barriga, sua barba roçava pelo meu rosto ao passo que ele também se afastava. Finalmente sai do transe.

— Sim, estou. Obrigada! – sorri meio encabulada.

— A propósito meu nome é Pedro, sou professor de Literatura Inglesa.

— Que coincidência. É o que estou cursando, ou melhor, vou começar a cursar.

— Você é Maria Luísa? – olhei para o mesmo surpresa, de onde ele me conhecia? Acho que ele entendeu o que estava pensando e se adiantou a dizer. — Ah, me desculpe. É que todos os professores recebem uma ficha com todos os dados dos alunos, para assim termos uma melhor vivência.

— Ah sim, como sou burra! Prefiro que me chamem de Mallu...

— Então está bem, Mallu. – ele me sorriu e poderia jurar que seus dentes piscaram para mim.

— Acho melhor eu ir agora, ficar com os outros alunos. Mas, obrigada pela ajuda apesar de ter sido um tanto constrangedora, não é todo dia que sou acertada por uma porta de cem quilos. – ele desatou a rir.

— Vou tomar mais cuidado da próxima vez.

   Entrei no interior da Universidade, quase me surpreendeu tanto quanto o fato de não tirar aquele episódio anterior da minha cabeça. Pedro era o seu nome. Ponto positivo: generosidade, beleza grega. Ponto negativo: critica excessiva, meu professor. Não dá pra ficar pior. Quer dizer, eu nem o conheço e já estou imaginando um futuro? Jessica saberia exatamente o que fazer. Não vou conseguir sobreviver nem um dia a mais sem ela do meu lado. 



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