História Chá e Uísque - Capítulo Único; equilíbrio

— Nem vou insistir mais em te convencer a não beber essa hora. — Hanzo murmurou, bebendo seu chá, enquanto olhava de relance para o seu namorado que estava tomando o uísque de olhos fechados. 

 Muitos diziam que eles pareciam que não iam dar certo e logo o japonês defendia o relacionamento de ambos com unhas e dentes, enquanto Mccree concordava que sério, eles realmente pareciam nada iguais. 

 Mas os dois eram equilíbrio, com Hanzo sendo um silêncio gritante enquanto Jesse parecia ser uma barulheira constante em silêncio. 

 De início a relação deles foi até bastante estranha, já que Mccree preferia falar demais enquanto o outro gostava de ouvir mais. Mas aos poucos, os dois foram se ajustando e o americano até se assustou quando interligou os pontos e percebeu que era o irmão mais velho de Genji, seu amigo na Blackwatch. 

 E com o término da Overwatch, ele voltou para a sua vida sendo um mercenário e como Hanzo também vivia assim, já era frequente que os dois viajassem para vários lugares e voltassem com alguns machucados. 

 — Que porra é essa? — Jesse resmungou enquanto o namorado usava uma técnica japonesa para alguns machucados no seu corpo. 

 — Cuidado com a boca. Ela ainda vai te matar algum dia, e seria melhor se você não se metesse nessas encrencas. — Retrucou, dando um chute na costela do americano, que soltou um grito de dor e se contorceu, xingando o Shimada de todos os nomes possíveis. Mas para compensar as brigas e as broncas que ele vivia dando, os dois tinham seu tempo juntos, com Shimada tomando seu chá e Mccree com seu uísque sentados em poltronas diferentes. Os dois não eram dos mais abertos, mas tinham vezes em que de noite, Hanzo beijava seu rosto e sussurrava em seu ouvido que o amava, e de manhã o americano o retribuía com seus apelidos em inglês que faziam suas bochechas ficarem levemente coradas, que pareciam até quando o japonês ficava bêbado. 

 E sério, seu namorado ficava muito engraçado quando bêbado. Os olhos caindo de sono, as bochechas coradas e lhe confessando coisas que nem por cima do seu cadáver falaria sóbrio. E no dia seguinte, ele reclamando de ressaca, tomando quantidades loucas de chá e mandando Jesse, educadamente, calar a boca. 

 Seu namorado era um cabeça-dura e ele amava isso. Se lembrava que uma vez, quando ia viajar, ele lhe falou:

 — Não vá morrer. — Alertou, de braços cruzados e o rosto virado para o lado 

 — Tá bom, mãe. — Riu, beijando sua testa, com um sorriso nos lábios, vendo um dos lados da boca do mais baixo repuxar para cima, orgulhoso demais para admitir que ficou feliz com aquele pequeno gesto. 

 Ele achava que mulheres eram complicadas já que havia se relacionado com várias, mas quando se descobriu apaixonado pelo japonês que adorava chá apenas pensou: 

 "É, eu estou fodido."

 Ambos se completavam de um jeito que ninguém entendia, e isso era o que fazia ser algo tão pessoal, apenas entre as quatro paredes do seu quarto onde trocavam carícias no escuro, palavras apaixonadas e sorrisos que surgiam espontaneamente. Enquanto de manhã parecia ser algo misterioso, bem ao estilo de Mccree, que o Shimada ainda tentava decifrar. 

 Mas naquela tarde, enquanto os dois estavam juntos, com Jesse do seu lado e ele conseguindo sentir o cheiro forte do uísque, que pareceu engolir todo o orgulho dentro de si quando disse 

 — Eu te amo. 

 E a resposta dele foi automática: 

— Eu tô bêbado e não sabia? — Perguntou com um sorrisinho convencido. Hanzo sabia que se havia um ego inflado, com certeza era o do moreno.