História Change. - Call

- você não pode ficar. – Scott diz ao Argent em uma das cabanas onde estamos reunidos.

- Scott, posso ajudar aqui. – ele argumenta.

- e você pode ir e cuidar da minha mãe. – Scott olha pra ele quase em suplica. – e o pai do Stiles e todo mundo.

Argent respira fundo considerando.

- ok. – levanta as mãos rendido. – ok. Mas vou sozinho e ser o mais discreto possível.

- não esperava menos de você. – Scott sorri orgulhoso pra ele, até parece que ele faz o papel de pai ali.

Me mantenho sentado, quieto, ouvindo, mas não tanto. Minha mente vaga e viaja, o rosto e as palavras do Theo girando e torturando.

Apesar de toda nossa discussão, Mason fica ao meu lado, quieto, mas ali. Ele melhor do que qualquer um sabe que preciso ficar quieto e calmo no momento, ou então socar algo, mas isso não é considerável.

- Liam, Liam! - me viro para Malia que me encara desconfiada. - precisa de um soco?

Quase sorrio para ela, mas o que faço é uma careta.

- Malia. - Scott a adverte e ela dá nos ombros.

- Só checando.

- Acho mais provável ele querer socar o Theo. - Stiles comenta pensativo e leva uma cotovelada de Lydia.

Não preciso nem olhar para ela para confirmar que ela sabe, ela sempre sabe.

Aperto os punhos pensando que não sei o que farei primeiro quando encontrá-lo, se soco ou beijo.

- Se serve de consolo Liam, eu quero socar a cara dele o tempo todo. – Malia diz e quero responder que não serve, mas fico quieto.

- Ok, podemos decidir quem vai socar o Theo depois de encontrá-lo. - Scott interfere. - não vamos muitos, sem chamar a atenção, sem levantar suspeitas.

- Vou para o aeroporto no fim da tarde, vocês podem dizer que vão me acompanhar apenas. – Argent sugere.

- E Maria vai nos guiar. - Scott completa assentando. - perfeito.

Sua escolha de palavra soa ridícula e improvável pra mim, mordo a língua para não comentar.

- Então quem vai? - Stiles soa receoso.

- E quem não vai? - Malia solta me fazendo apertar os lábios.

- Ninguém precisa ir. - digo sem pensar e todos os olhos vão pra mim. – aquele desgraçado me salvou mais do que gosto de admitir, mas vocês não. Não precisam ir.

Sinto o peso do clima como chumbo conforme os olhares passam de confusão e certa pena.

- Eu definitivamente não quero me arriscar pelo Theo. - Malia solta quase inocente e recebe uma série de olhares advertidos. - mas, - ela se apressa em dizer. - não é justo que vão rasgar alguns caçadores sem mim.

Scott sorri para ela, sabendo, provavelmente, tanto quanto eu que ela está tentando ser legal.

- De qualquer forma Malia, você não vai. - ele diz quase orgulhoso e ela lhe da um olhar misturado de alivio e irritação. - vai ser melhor você e a Lydia ficarem por aqui, de olho nas coisas, fazendo amigos.

Stiles da um riso cortado de deboche.

- Você tem noção de quem está falando, não é? Malia fazendo amigos é… - ela rosna pra ele que levanta as mãos rendido. - ok, parei.

- Eu posso fazer amigos, mas não significa que quero. - esclarece ela.

Enquanto eles discutiam meu celular tocou, o peguei e logo congelei, o nome no visor era de Theo.

Aquilo não podia ser bom, nada bom.

Olho ao redor e vejo que não estão mais distraídos, estão olhando para mim, esperando que eu atenda, ou que faça qualquer coisa. Não precisam dizer, ninguém precisa dizer nada porque meu coração já está na boca quando atendo colocando já no viva-voz.

- Liam. - a voz feminina arrepia todos meus pelos e sinto o estremecimento de todos ao redor. - até que você demorou para atender, Theo está um pouco decepcionado. - sua voz sai com leve sorriso. - não que ele consiga demonstrar muito bem no momento.

- O que você quer Monroe? - solto mais falho do que gostaria.

Ela solta um bufo cortado.

- Não me faça perguntas óbvias Liam.

- O que você quer de mim? - reformulo entre os dentes, minhas mãos tremendo ao segurar o celular.

- Isso sim é uma boa pergunta. - responde ela e então posso ouvir seus passos ecoados. - diga a ele o que precisa ouvir… - ela sussurra não tão baixo e então há um som elétrico misturado a um uivo.

Um uivo de dor que rasga meu peito, que queima minhas veias. O rugido de Theo se assemelha a “vá para o inferno”. Lydia se encolhe e Stiles a abraça de lado. Malia segura a mão de Scott agora perto e eles encaram o telefone, assim como eu, abalados.

- Se eu vou Theo, vocês irão estar la para me receber. - ela o provoca e então mais sons, altos e agudos que fazem todo meu corpo tremer dolorosamente.

- Pare. - peço fraco. - Pare!

Ouço o riso debochado dela antes de tudo ficar em silêncio.

- É incrível, não é? Como monstros sem alma como vocês podem nutrir sentimentos tão fortes. Sempre acreditei que era um instinto primitivo, porque afinal, vocês são mais fortes juntos. - ela respira fundo e de fundo ouço os ofegos de Theo. - mas vocês… - é quase como se eu a visse balançar a cabeça. - De qualquer forma é interessante, até porque ele é diferente de vocês, não foi criado, não foi mordido, foi um experimento.

- Você parece gostar de ouvir a própria voz. - a voz de Theo soa baixa, abafada e rouca. Meu coração parece estar sendo esmagado.

- Um experimento bem abusado e egocêntrico. - ela reflete. - bem Liam, eu só estou ligando para te deixar ciente da situação e sei que todo seu bando está ouvindo: seus amigos estão a beira da morte, seus Nemetons estão destruídos e logo nenhum existirá mais e com eles todo ser sobrenatural do mundo. E em meio a tudo isso eu tenho uma proposta para você, uma em que você pode viver livre.

Ela para de falar, esperando que eu pergunte, esperando que eu finalmente ceda. Não sei de onde vem minha força, minha firmeza na voz, mas respondo:

- Estou ouvindo.

- Você ja ouviu falar que tem uma cura? - sua pergunta faz todos enrijecermos, olho para Scott que franze o cenho e balança a cabeça em negativa para mim, desmentindo. - Ja ouviu, Liam?

- Não. - respondo, uma mentira calculada.

Ela bufa.

- Claro que não, Scott McCall não te daria ainda mais esperanças…

- O que quer dizer? - finjo confusão, mas estou tão tenso que nem sei como ela interpreta minha voz.

- Ele não vai… - a voz de Theo soa distante. - fazer isso.

- Talvez, mas ele quase fez uma vez e pode fazer de novo. - o silencio pesa no ambiente até que Monroe diga enfim as palavras que parecem me estilhaçar: - para se curar da licantropia, você tem que matar o alfa que te mordeu. - mais silencio e nem consigo levantar os olhos para Scott. - você ja pensou nisso Liam? Em como sua vida seria melhor sem aquela mordida?

- Eu estaria morto. - solto tão rápido que mal percebo, a raiva ja me cegando.

Seu sorriso na voz me deixa ainda mais enlouquecido.

- Não, não estaria. Sabe porquê? Porque se eles não existissem muitos não teriam morrido.

- Me poupe do seu discurso moralista, você só quer alguém para fazer seu trabalho sujo, o trabalho que você não consegue fazer. - Mason diz súbito o que me faz encolher de leve.

Aquilo deve estar sendo ainda pior para ele, reviver tudo o que aconteceu, o som da tortura…

- Mason. - Monroe o cumprimenta. - você deveria ter me ouvido na escola, deveria estar do lado certo.

- Eu estou. E você é uma péssima conselheira. - seu rancor se mistura ao sarcasmo.

Ela o ignora.

- Três horas Liam. Me dê uma resposta em três horas e eu os deixo viver. - ela parece pensar. - talvez só um, não sou tão generosa assim.

- Liam, não escute… - pede Theo mas grunhe provavelmente recebendo um golpe.

- Está mentindo. - acuso-a estremecendo.

- Estou? No momento só há uma pedra no meu caminho Liam, e você pode retira-la. - ela faz uma pausa. - Mate-o. Mate Scott McCall e eu deixo seus amigos em paz.

- Você é melhor que isso, melhor que eu… - Theo continua tentando argumentar.

- Será? - Monroe provoca. - mesmas garras e olhos amarelos…

- Cala a boca. - grunho irritado e eles se calam, mas ainda posso a ouvir sorrir, a satisfação em sua respiração. - em três horas.

Com isso desligo e demoro para levantar a cabeça e encarar os olhares em mim.