1. Spirit Fanfics >
  2. Changes >
  3. Dont stop thinking about tomorrow

História Changes - Dont stop thinking about tomorrow


Escrita por: pattiers

Notas do Autor


No capítulo anterior:

- POR ACASO VOCÊ BEBEU? DE ONDE TIROU TANTA MERDA PRA ME FALAR? – gritei, enquanto ela tocava o local atingido com feição de horror – Eu entendo você ficar brava pelo fato dele ser um traficante, mas isso não quer dizer que ele seja um doente que sai estuprando as pessoas por aí! E você não é minha mãe pra ficar me cobrando das coisas desse jeito. Cuide da sua vida, eu sei cuidar da minha! – bradei com os olhos em brasa, saindo da cozinha e indo para o meu quarto.

Não me virei para ver sua reação. Apenas entrei no quarto e tranquei a porta. Dessa vez ela foi longe demais... Eu fico concentrada só em mim? Charles estuprador? Cadê aquela amiga compreensiva que ouvia e analisava os fatos antes de julgar? Peguei os fones de ouvido, colocando Fleetwood Mac para tocar. Talvez eu não devesse ter lhe dado um tapa, talvez eu fosse a culpada da briga. Mas nesse momento, só queria ouvir a voz da Stevie Nicks.

Capítulo 23 - Dont stop thinking about tomorrow


Fanfic / Fanfiction Changes - Dont stop thinking about tomorrow

Acordei com a cabeça rodando. Não bebi, não fumei, nem nada do tipo. Por que minha cabeça está assim? Putz... A briga de ontem. Bem que dizem para você não deitar sua cabeça no travesseiro antes de resolver um conflito. Levantei, escovei os dentes, lavei o rosto 3 ou 4 vezes para ver se aquela sensação passava. Observei meu reflexo no espelho, meus cabelos estavam ressecados e arrepiados, uma aparência de fragilidade. Certeza que isso é consequência da merda do estresse que estou passando nas últimas semanas. Aguente um pouco mais cabelinho, preciso me entender com a Alice.

Procurei pela casa toda, mas a garota não estava em lugar nenhum. Provavelmente havia saído cedo para não ter que me ver. Brigamos pouquíssimas vezes, mas toda vez era assim... Ela se fechava e me ignorava totalmente. É claro que nunca havia ocorrido agressão, mas em minha defesa, dessa vez ela abusou da minha paciência. Procurei pelo celular na mesa ao lado da cama, precisava falar com ela.

 

Olívia – 09:14

Bom dia baby girl. Sei que errei ontem e queria conversar. Quando puder e quiser... Me avise.

 

Esperei por alguns minutos... Mas como já imaginava, não obtive resposta. Mordi os lábios, apreensiva, odiava ficar nesse clima com a Alice. Ela é minha melhor amiga, meu porto seguro, apesar de encher minha paciência as vezes. De qualquer maneira, teria que esperar, pois não seria possível fazer as pazes sozinha. Abri o whatsapp para ver as outras mensagens e logo vi a foto do Charles. Puta merda, só agora parava para pensar novamente em tudo o que ele havia me dito ontem na cafeteria. Charles mudaria por mim? Ele seria realmente capaz disso ou era apenas mais uma mentira apenas para não nos afastarmos? Respirei fundo, jogando o corpo na cama. Tanta coisa acontecendo... O emprego novo indicado pelo professor, a briga com Alice, a declaração de Charles, o ataque à Grazi... Grazi! Levantei de sopetão, quase voando pela porta para chegar ao quarto da loira, encontrando-a encolhida no canto da cama, toda enrolada no edredom.

- Grazi? – chamei, batendo duas vezes na porta que já estava entreaberta. Provavelmente Alice havia passado ali antes de sair, pois senti o cheiro do Floratta in Blue no batente da porta.

A garota pálida apenas me dirigiu os olhos, voltando a fitar a parede. Puta merda, como vou falar com ela sobre algo tão delicado? Abanei a cabeça, voltando à cozinha. Deveria ao menos levar algo para ela beber, acalmar e aquecer o corpo. Preparei um chá de erva cidreira rápido, em sua xícara preferida de panda. Voltei ao quarto lentamente, cuidando para não derrubar a xícara e o prato com biscoitos amanteigados. Empurrei a porta com o bumbum para ter passagem e me aproximei da cama. Grazi apenas me fitava, os olhos inchados e com olheiras muito profundas. Depositei o prato na mesa do computador e entreguei a xícara a ela, que demorou alguns segundos para pegar.

- Como está se sentindo? – perguntei com cautela, sentando-me na beira da cama.

- Um lixo. – sussurrou a garota, olhando fixamente para dentro da xícara em suas mãos.

Me aproximei mais, acariciando suas costas. Não sabia o que ela realmente tinha passado e não queria assustá-la ou despertar outra crise. Era óbvio que Grazi estava aterrorizada e eu tinha medo de ser muito invasiva. Aos poucos fui deitando sua cabeça em meu ombro e a garota logo se agarrou à mim, chorando e soluçando. Apenas continuei ali, em silêncio, dando apoio e deixando que ela liberasse as emoções e tudo de ruim que estava sentindo. Após alguns minutos, Ana apareceu na porta com um olhar preocupado. “Alice me contou” silabou ela, aproximando-se de nós. Ficamos mais um bom tempo assim, apenas confortando a loira enquanto ela adormecia aos poucos.

- Acho que ela não pregou os olhos essa noite... – sussurrou Ana, colocando a xícara na pia – Você viu as olheiras dela? – perguntou, meneando a cabeça com expressão de dor.

- Ela chegou dormindo... Mas provavelmente o efeito dos remédios deve ter acabado no meio da madrugada, o que a fez acordar. – suspirei profundo, colocando os biscoitos de volta no pote – Precisamos ajuda-la, Ana. Não sei como... Mas precisamos. – continuei, fitando meus pés descalços.

Cris me ligou para saber sobre a loira, aparentemente Alice também a havia avisado. Liguei para os pais de Grazi para informar o que havia ocorrido... Muito triste ter que informar algo assim. A mãe da garota chorava inconsolavelmente no telefone e me avisou que viria o mais rápido que pudesse. Eu deveria avisar Julia? Acho que sim... Voltei ao quarto de Grazi para procurar o número do telefone de sua namorada. Só nos víamos de vez em quando, então nunca me preocupei de salvar nos contatos. Procurei pelo celular da loira, mas não encontrei. Será que havia perdido durante o ataque? Observei-a enquanto dormia. Quem em sã consciência teria coragem de fazer mal a ela? Uma garota tão gentil, tão doce! Argh, meu rosto voltou a queimar de raiva, se eu pego um filho da puta desses... Saí do quarto, deixando-a descansar.

Continuei vigiando, cuidando e tentando alimentar Grazi, até que Gláucia, a mãe de Grazi apareceu. Era uma senhora muito simpática, de cabelos curtos e loiros, da mesma cor que os de Grazi. Não se pareciam muito, mas podia ver que havia puxado os olhos da mãe.

- Agradeço por tudo que vocês fizeram por ela. Vou leva-la para o nosso sítio, ela precisa se recuperar emocionalmente... – disse Glaucia, após passar um tempo com a filha a sós no quarto -  Ainda não quer falar sobre o que aconteceu...  Acho que foi muito traumático, sabe? – continuou, com as lágrimas escorrendo pelo rosto – Bom... Já separei algumas coisas, vou leva-la para o carro. Mais uma vez, obrigada! – concluiu, abraçando Ana e eu e em seguida saindo com as malas e com Grazi.

Suspirei, me jogando no sofá. Espero do fundo do coração que ela se recupere. E que nos conte logo o que aconteceu para que possamos fazer justiça! Eu já tinha minhas suspeitas de quem seria... Mas não podemos acusar sem provas. Fechei os olhos, tentando abstrair a mente por alguns segundos. Era muita coisa acontecendo. Muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. O boy magia de Ana tocou a campainha e logo os dois se enfurnaram no quarto para fazer você-sabe-o-quê. Meu celular tocou e atendi de imediato, sem nem verificar quem era, afinal de contas, estou esperando para conversar com Alice.

- Olívia? – oh céus. Charles. Não tive nem tempo de ler a mensagem que me enviou de manhã.

- Sim... – permanecemos em silêncio por alguns segundos, apenas ouvindo a respiração um do outro – Pode falar, Charles.

- Você... Você pode descer, por favor? Estou aqui em frente. – pediu cautelosamente, com uma voz triste. Ponderei por alguns momentos e então respondi.

- Vou trocar de roupa, já desço.

Vesti minha calça jeans, calcei um tênis branco e troquei a camiseta preta por uma branca com a frase “Fight like a Girl”. Coloquei meu colar skull vitoriano como sempre, sem ele me sentia pelada. Olhei no espelho e me arrependi no mesmo instante. Que pele pálida é essa? Passei uma base suave, rímel e batom, não teria tempo para nada muito elaborado. Escovei os dentes, obviously, pois estava decidida a ter uma noite tranquila, com muito carinho, porque ninguém é de ferro. Hoje não quero discutir, não quero decidir nada difícil, nem pensar em coisas ruins. Passei um perfume na nuca, um spray de day after no cabelo e desci.

Charles estava com uma calça verde escuro, all star preto e uma camiseta da Janis Joplin, encostado no carro vermelho (como sempre). Toda vez que caminho até ele tenho a sensação de ouvir uma trilha sonora ao fundo, daquelas que tocam em filme quando aparece o bad boy, sabe? Quase conseguia ouvir a guitarra de “Don´t sit down, ´cause I´ve moved your chair” do Arctic Monkeys tocando. Eu devia estar adivinhando, porque né... ele realmente é um bad boy. SAI DEMÔNIO, NÃO VOU PENSAR COISA RUIM!

Ele sorriu fraco ao me ver, apagando o cigarro no chão. Abracei o quase ruivo tão forte que acho que até o assustei.

- Liv? Tá tudo bem? – disse ele com uma voz preocupada enquanto era vigorosamente esmagado por mim.

- Uhum...  respondi com os olhos fechados, sentindo seu aroma delicioso de banho e Charles. Ô homem cheiroso da porra, assim fica difícil desistir de você. Franzi a testa assustada quando ele me afastou levemente para enxergar meu rosto.

- Olha... – parou para fitar meus olhos com um olhar preocupado e respirou fundo - Eu sei que tenho muitas coisas pra – interrompi, colocando a mão em sua boca.

- Shhhhhhh, não fala nada. Depois a gente resolve isso. Hoje eu só queria ter uma noite normal e agradável perto de quem eu gosto. Pode ser? – perguntei, arregalando os olhos como o gato de botas no filme do Shrek.

Ele permaneceu alguns segundos com os olhos arregalados na minha direção, acredito que sem entender direito o que se passava. Compreensível, já que brigamos feio, depois transamos, brigamos feio de novo, ignorei todas as suas ligações e mensagens por várias semanas e agora estou pedindo para não falar sobre o assunto. Seus olhos se tranquilizaram e pude perceber que ele estava sorrindo por baixo da minha mão. Retirei minha mão de sua boca e o trouxe à mim, beijando seus lábios com tranquilidade, aproveitando cada segundo. Acho que amo este homem. Me queimem na fogueira.


Notas Finais


Quantos anos será que vou demorar para terminar essa fanfic? Kkkkkkkkkk

Comecei a fic em 2016, estava no último ano da faculdade. TCC, estágio, trabalho e os caralhaquatro. Em minha defesa, sempre desejei um cara como o Charles. Não traficante, obviamente kkkkk mas com essa atitude e pegada, sabe? Carinhoso, charmoso, romântico, mas que desce o coro nos momentos calientes HAHAHAHA
Na metade de 2016 eu conheci esse cara que me tirou do chão. Agradeço ao universo por não ter o mesmo destino que a Olívia, ele não tem segredos como o Charles e nós nos damos muito bem. Mas é engraçado que com o tempo, com tudo que comecei a viver (com ele e o tumulto da vida adulta), perdi a inspiração para escrever, pois a minha idealização, meu sonho de consumo já estava materializado ao meu lado. Nesses 4 anos me formei, passei em alguns concursos, ficamos noivos, compramos um apartamento, estamos morando juntos e desde então fico pensando que essa fanfic merece muito ter um fim digno. Afinal de contas, a felicidade acontece! Se aconteceu pra mim, vai acontecer pra Olívia <3
Não farei promessas com datas, mas no meu tempo, conforme a inspiração, vou terminando. Espero que gostem :)

Beijos :*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...